Despedida escrita por Danieru


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Algumas pessoas queriam saber como é minha escrita e como estava animado, resolvi escrever essa one-shot.Desde já agradeço a todos que vierem a ler.Tenham uma boa leitura.



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Eram lembranças. Simples lembranças. Sim, era isso que assolava a mente e o coração do cavaleiro de Fênix. Lembranças que corroíam seu peito. Teria de se conformar com apenas elas, pois só poderia ter isso do homem que amara. Caminhava pelo santuário imerso em seus devaneios, vez ou outra chutando alguma pedrinha que encontrava em seu caminho. Estava alheio; nada mais importava. Culpava-se. Sim, fora ele o culpado. Se ao menos tivesse insistido. Não havia outra explicação, ao menos era assim que pensava. Seu coração estava despedaçado; sua alma dilacerada. Jamais se recuperaria de tal dor; tal sofrimento; tal angústia. Levaria para o resto de seus dias, as lembranças dos últimos momentos ao lado dele.

 

 

Tentava ao máximo conter o choro, mas era quase impossível. Não se deixaria levar pelo momento. Não abriria seu coração, expondo totalmente seus sentimentos. Não adiantou fazê-lo no passado, então não seria agora que faria. Lagrimas não se faziam necessárias. Por mais que chorasse; que gritasse; nada mudaria aquele fato. Não se pode voltar atrás; não se pode mudar o passado. Ele sempre estará lá para nos atormentar. E não seria diferente com Ikki de Fênix. Teria de alguma forma que esquecê-lo. Era isso que deveria fazer. Mesmo que levasse muito tempo. Só lhe restava isso; esquecer; esquecer aquele que descobriu tarde que devotava bem mais que atração. Não era uma simples paixão. Algo carnal; era muito mais que isso. Era amor, um amor que jamais sentira por ninguém.

 

 

A noite estava fria. Fitou o céu por alguns instantes se lembrando de algumas das poucas vezes que pode conversar com seu amado, enquanto uma lagrima escorria por sua face.

 

 

Flash-back on

 

 

Incomodando. Sim, era dessa maneira que Fênix se sentia. De uma hora para outra ter seus pensamentos voltados para o guardião da sexta casa. Isso era ridículo, principalmente se tratando de Ikki. Sempre tão seguro, independente, solitário. Não fazia sentido. Por que não consigo tirá-lo de minha mente?O que esta acontecendo comigo?Por quê? Eram essas as perguntas que semeavam na mente de Ikki. Nunca fora de nutrir sentimentos facilmente, além disso, mal conversava com o virginiano. Na verdade quase ninguém no santuário conversava com ele. Sempre muito recluso; distante. Quase como uma estrela intocável.

 

 

Se mal falara com o virginiano, como poderia pensar tanto nele?Fazia algum tempo que não o olhava com os mesmos olhos. Aquela batalha entre eles resultou em algo mais; algo bem mais profundo, depois dela Ikki não era o mesmo. Algo havia mudado. Mas o que?Começou a reparar nos detalhes do homem mais próximo de Deus. Nas poucas vezes que teve o prazer de vê-lo, não pode deixar de reparar em seu semblante sempre inabalável, frio; os cabelos sedosos geralmente soltos, tendo seus fios sendo levados pelo vento da Grécia; a pele branca coberta por um roupa tipicamente indiana.

 

 

Sentia vontade de tocá-lo, de falar com ele, mas o orgulho era maior, sempre fora. Mais uma vez pensava no virginiano. Quando se desfez de seus pensamentos, percebera que estava em frente ao templo dele. Como vim parar aqui? Era a pergunta que se fazia. Por algum motivo parecia que algo o atraia ao virginiano; uma força maior que ele não poderia resistir. Inicialmente hesitou em entrar no templo. Era incrível. Ikki não era um homem de hesitar, mas quando se tratava de Shaka parecia que perdia suas forças. Como se estas fossem sugadas, pelos sentimentos até então desconhecidos. Resolveu que tentaria desmascarar seus sentimentos e adentrou a sexta morada do templo de Athena.

 

 

Durante o trajeto, pensava sobre o que falaria?Qual a desculpa?Será que o indiano o receberia bem?No entanto não pode se ater aos seus pensamentos,pois fora surpreendido pela voz de Shaka atrás de seu corpo:

 

 

_O que faz aqui Fênix?-Perguntou calmamente sem transparecer nenhum tipo de emoção.

 

 

Virou-se abruptamente. Fitava o outro com admiração, respeito, desejo. Na mente de Ikki só podia ser isso que sentia. Não havia outra explicação. Um simples desejo pelo indiano. Imaginava que seu desejo pudesse estar relacionado ao fato dele ser intocável; o fruto proibido, pois haviam rumores de que Shaka jamais havia se envolvido com qualquer pessoa.Queria poder possuí-lo para si em uma noite fervorosa de paixão. Como sempre para Ikki aquele ser a sua frente estava lindo, deslumbrante. Balbuciou uma palavra:  

 

 

_Eu....- Tentou responder,mas ainda recuperava-se,pois fora de certa maneira surpreendido pela presença de Shaka.Como não notara a presença do mais velho?Estava tão distraído a esse ponto?Antes que pudesse raciocinar para responder a pergunta Shaka disse:

 

 

_Sim, você. Não vejo propósito para sua presença em minha morada. -Ponderou um pouco, avaliando Ikki de cima a baixo com os olhos fechados e complementou. _Além disso, você esta agindo de forma estranha. Aconteceu alguma coisa Fênix?

 

 

_Eu precisava conversar com você. -Respondeu com firmeza. Não poderia demonstrar fraqueza diante de Shaka,mesmo sendo um adolescente de quinze anos,não queria de forma alguma que Shaka o visse como um garoto e sim como um homem.Se sentia maduro o suficiente para encará-lo de igual para igual.Jamais pensou que fosse inferior a Shaka.

 

 

_Conversar?-Repetiu com certa duvida, já que Ikki e Shaka não costumavam manter diálogos. _Entendo, mas sobre o queria conversar Fênix?   

 

 

_Sabe muito bem por que estou aqui. –Resolveu não ficar usando subterfúgios. Seria rápido e objetivo, olhava serio para o indiano e reparou que em nenhum momento ele alterara seu semblante.

 

 

_Não sei do que esta falando Fênix. –Não estava mentindo. Percebia que o mais jovem o olhava de uma maneira diferente nas poucas vezes que se viam, mas aquilo não tinha importância. O que não era de relevância para Shaka deveria ser ignorado. Além do mais pensava que isso não passava de um desejo de um adolescente. Algo passageiro._Se não tens nada de importante a me dizer, acredito que nosso dialogo se encerra aqui. -Falou isso enquanto dava as costas para Ikki, ignorando totalmente a presença do menor, no entanto não pode dar mais que três passos, pois seu pulso fora segurado com certa brutalidade por Ikki, que falou: 

 

 

_Não se faça de tolo!-Gritou impaciente._Você sabe muito bem que há algum tempo eu tenho desejado a sua presença.

 

 

_E...?-Perguntou não dando a mínima importância para o que Ikki acabara de falar.

 

 

_Como assim e...?-Começara a ficar irritado com a situação._Não pense que sou idiota, pois vejo que sou correspondido!-Soltou o braço do mais velho, pois conseguiu o que queria. Tinha que terminar aquela conversa. Aquele desejo o incomodava. Não queria viver mais com aquela duvida.

 

 

Aquela revelação de certa forma pegou o indiano de surpresa, mas não deixou que tal sentimento transparecesse em sua fisionomia. Naquele momento teve a certeza de que Ikki não era tão infantil quanto pensara, pois conseguira perceber que de alguma forma ele não o via como um simples companheiro de batalha. No entanto para o virginiano era evidente que aquele sentimento não deveria existir, mas como não conseguira se livrar do mesmo, o melhor seria ignorá-lo. Além disso, Ikki era muito jovem e Shaka deveria seguir seu destino sem poder perder tempo com coisas “desnecessárias”. Sim, Shaka via que tais sentimentos só serviriam para afastá-lo de seu objetivo; afastá-lo de seu caminho. Não eram necessários. Ikki viu que não fora respondido e insistiu:

 

 

_Responda-me Shaka!

 

 

_Não há o que responder Fênix. –Mas pela expressão facial que Ikki fez, percebeu que tal resposta não faria com que Fênix fosse embora. Teria que fazer com que Ikki desistisse dessa idéia absurda, então completou dizendo:

 

 

_Realmente sinto que devoto a ti algum sentimento, mas isso não significa que me entregarei a ele. -Shaka não poderia mentir, então resolveu falar a verdade. Não sabia qual sentimento tinha por Ikki, mas era evidente que não o via com os mesmos olhos que via as outras pessoas. Duvida?Impossível; na mente de Shaka jamais houvera espaço para que estas perpetuassem. Em sua mente só deveriam ter certezas e isso o incomodava profundamente. Desde sempre Shaka teve controle absoluto sobre sua vida e seus sentimentos, entretanto essa era a situação que mais temia. Resolveu ser enfático para acabar com aquele dialogo inoportuno._Não haverá nada entre nos dois Fênix.

 

 

Aquilo era ridículo na visão de Ikki. Como Shaka poderia dizer que sente algo, mas que não se entregará a esse sentimento?Sabia que Shaka tinha uma visão diferente das outras pessoas, mas não passou pela sua cabeça que tomaria atitudes que provavelmente ninguém tomaria. Por um momento, lhe veio à mente que Shaka poderia ter outra pessoa. Só podia ser isso. Por que o rejeitaria? E isso incomodou Ikki profundamente. Somente a possibilidade de saber que o indiano tinha outra pessoa, já o deixava desesperado. Ele seria dele; somente dele, nem que fosse apenas por uma noite. Jamais havia sido rejeitado. Enfurecido com tal possibilidade disse a primeira coisa que lhe veio à mente:

 

 

_ Entendi. Então você só pode se deitar com outras pessoas, não é mesmo Shaka?!

 

 

_Não seja tolo!-Disse sem se alterar com o comentário de Ikki._Não tenho nenhum tipo de vinculo sentimental com ninguém, apenas Ágape. Não ouse dizer que já profanei meu corpo, pois jamais o fiz!

 

 

Ikki calou-se, mas o silencio entre os dois não perdurou por muito tempo. Shaka tinha que fazer com que qualquer tipo de sentimento que Ikki sentisse por ele se esvaísse. Se aquela situação continuasse, tudo que restaria entre eles seriam as marcas do sofrimento. Shaka tinha plena consciência do seu destino, nascera para esse propósito. Não se desviaria do seu caminho agora; não o fez antes; não o faria agora. Essa foi a sua decisão. Então disse:

 

 

_Me desculpe Ikki, mas não posso me entregar aos meus desejos. –Era palpável a tristeza impregnada nas palavras do virginiano, mas não se deixaria abater._Não posso desfrutar desses sentimentos ao seu lado. Na verdade não posso desfrutar desses sentimentos ao lado de ninguém. –Complementou seu raciocínio dessa forma, pois se desse margem a algum pensamento errôneo,provavelmente Ikki pensaria que ele tivesse outra pessoa.

 

 

Ikki sentira certo alivio por saber que Shaka não tinha ninguém, mas ao mesmo tempo sentia uma dor dilacerante em seu peito. Fora rejeitado. Além disso, seu orgulho fora ferido e como todo leonino que se sente fraco e abatido, resolveu desistir e curar suas feridas longe dele. Se não poderia tê-lo o melhor seria afastar-se. Era isso que faria.

 

 

_Então tenha uma boa noite Shaka de virgem. - Não consegui deixar de transparecer sua decepção e irritação. E se sentia idiota por fazê-lo.

 

 

_Boa noite Fênix. –Disse sem se abalar, percebeu que Ikki saia desolado de sua morada, mas não há volta em certas decisões tomadas na vida. E Shaka já havia tomado a sua.

 

 

“Será que esta foi à melhor decisão a se tomar?” Questionava seu mestre, que sempre tentava lhe aconselhar, fazendo com que Shaka refletisse sobre seus atos e chagasse a uma resposta.

 

 

_Não há duvidas. Sabes muito bem que a duvida é o prelúdio para o arrependimento. Além disso, em minha mente só devem perpetuar certezas e Ikki não é uma delas.

 

 

“Se é assim que pensas...”

 

 

_Isso não envolve pensamentos. Isso envolve aquilo que deve ser feito e aquilo que deve ser ignorado. Um grande mal está se aproximando, não posso ocupar minha mente com coisas desnecessárias.

 

 

Foi assim que encerara o dialogo mental com seu mestre, enquanto via o cavaleiro de Fênix sair de seu templo. Não poderia se arrepender de seus atos.

 

 

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Algum tempo se passou e Ikki de certa forma conseguira esquecer Shaka,pois vieram batalhas horrendas; a mais sangrenta fora a de Asgard na qual quase perdeu sua vida.Mas isso não tinha muita importância para Fênix,pois por mais que seu corpo doesse a maior dor que sentia era o amor devotado a Shaka.Sim,conseguira finalmente se dar conta que o que sentia pelo virginiano não era só carnal;não queria apenas possuí-lo;queria amá-lo;queria fazê-lo feliz.Mas isso era impossível,pois não importava se seu sentimento havia mudado em relação ao homem mais próximo de Deus,já que os sentimentos de Shaka não mudaram.Sentimentos?Não, na visão de Ikki isso era algo que aquele homem não possuía. Ou se possuísse não dava nenhuma importância.

 

 

Os dias estavam enfadonhos. Ikki não tinha praticamente nada para fazer depois de enceradas as batalhas e quando menos percebia seus pensamentos estavam novamente voltados para o indiano. O que o incomodava muito, pois diante desses sentimentos Ikki se mostrava fraco; uma fraqueza que nunca vira antes. Era muito perturbador para Fênix saber que não tinha controle sobre esta situação; sempre tivera controle sobre tudo.

 

 

Um homem sempre seguro e destemido fora derrubado por um amor avassalador. Sua tristeza era tão clara, que nem mesmo Shun não pode deixar de perceber o sofrimento do irmão,mas por mais que Shun quisesse ajudar o irmão, este se recusava. Jamais admitiria para o irmão que estava sofrendo por amor. Se nem mesmo ele admitia para si mesmo. Ele faria como Shaka.Ignoraria seus sentimentos;o esqueceria;o arrancaria de seu peito custe o que custasse.No entanto em uma noite bem fria teve um pesadelo tenebroso,onde seu amado estava morto.Não conseguira assimilar muito os fatos;tudo estava muito confuso,mas estava claro que algo de ruim estaria por vir e que Shaka estava envolvido.

 

 

Por mais que sua consciência dissesse que não deveria voltar a vê-lo, pegou o primeiro avião em direção a Grécia. Uma agonia tomava conta de seu ser. Por mais que aquele loiro orgulhoso tivesse o rejeitado, não conseguia fingir indiferença. Importava-se com ele e muito. A viagem parecia interminável. Mal havia desembarcado e foi em direção ao santuário. Tinha que conversar com ele o mais rápido possível. Sentia que aquele não havia sido um simples pesadelo, tinha algo por trás e era algo terrível. Correu em direção as doze casas zodiacais; atravessando-as rapidamente.Não queria perder tempo;na verdade não podia.Pouco tempo se passou e mais uma vez estava enfrente ao templo daquele que finalmente admitira que amara.

 

 

Tentou não pensar muito e entrou no templo de virgem mais uma vez. Se ficasse banzando provavelmente não teria coragem de entrar lá e encarar o virginiano. Além disso, Ikki não era do tipo de homem de refletir antes de agir, ele agia e depois refletia. Isso quando refletia. O que geralmente o levava a arrependimentos futuros. Caminhava a passos rápidos, mas não via o virginiano. Onde ele está?Era a pergunta que se fazia, porem esta não perpetuou em sua mente, pois quando olhara com atenção viu que havia um portão dourado que possuía o desenho de uma grande flor de lótus.Aproximou-se do portão e empurrou vagarosamente.Seus olhos se iluminaram quando viu um imenso jardim,porem não teve tempo de admirar tal beleza,pois havia encontrado algo mais sublime;algo que atraia totalmente sua atenção.

 

 

Viu ao longe que Shaka estava sentado próximo a duas arvores, sendo que suas costas estavam recostadas em uma das gigantescas árvores. Diminuiu a velocidade de seus passos, no entanto ainda continuavam firmes. Shaka olhava o céu tranquilamente, estava tão absorto em seus devaneios que nem mesmo sentira a presença de Fênix. Só se deu conta da presença do mais jovem quando este estava se aproximando. Não pensava que o veria novamente. Se estava em sua morada significava que tinha algum motivo bem forte. Sabia que Fênix era orgulhoso demais, provavelmente não voltaria nunca mais lá depois da ultima vez que se virão. Indagava-se qual o motivo faria com que Fênix abandonasse seu orgulho e viesse até ele.

 

 

Shaka levantou-se e limpou alguns resíduos de poeira que residiam em suas vestes. Não tardou muito e ambos estavam novamente frente a frente. Dois homens fortes, destemidos, orgulhosos. Cada um com seus ideais. Que por mais que não quisessem admitir, se amavam loucamente. Um momento de silencio se fez perdurar, nenhum deles ousara interromper aquele momento. Os olhos de Ikki fitavam o indiano que estava com os olhos fechados. Não se conteve e acabou admirando o corpo do indiano de cima a baixo. Ele estava usando uma túnica laranja que deixava parte de seu peito exposto, uma calça branca de tecido bem leve, seus cabelos como sempre soltos ao vento inebriante e estava descalço. Perfeito, era esse adjetivo que Ikki usaria para descrevê-lo. Parou de admirá-lo e resolveu ir direto ao assunto falando:

 

 

_Shaka aconteceu alguma coisa?Você está bem?-Perguntou deixando transparecer preocupação.

 

 

_Não Fênix. Não aconteceu nada. Haveria de ter acontecido?- Não entendia o motivo de Ikki lhe fazer tais indagações. Porem passou algo por sua mente. Será que...?Será que ele percebeu?Não! Não haveria como!Resolveu que deixaria Fênix prosseguir com seu raciocínio. Queria sondá-lo para saber de onde vinha essa preocupação repentina de Ikki.

 

 

_Não Shaka,mas a algumas horas atrás tive um pesadelo horrível.Sinto que algo se aproxima do santuário;algo terrível.E sinto que você estará diretamente envolvido.

 

 

Shaka ficou admirado e perplexo ao mesmo tempo, mas não deixando que isso transparecesse ao mais jovem. Ele não poderia saber o que estaria por vir; ninguém poderia. Resolveu que o melhor seria que ninguém fosse envolvido. Era a melhor decisão a se tomar, deveria evitar que muito sangue fosse derramado.

 

 

_Não está equivocado Fênix?-Suas palavras transpareciam ironia pura. Mas sabia que Fênix só se daria por vencido se ele fosse mais enfático e o fez._Além disso, não sabia que você se importava tanto comigo. -Um meio sorriso se formava na face do indiano.

 

 

Ikki conhecia muito bem aquele sorrisinho. Por inúmeras vezes durante sua luta com o virginiano presenciou aquele sorriso irônico. Estava começando a se irritar. Como aquele loiro era arrogante a ponto de pensar que ele havia se deslocado apenas por preocupação com ele?Por mais que fosse verdade Ikki jamais admitiria isso. Seu orgulho não permitiria.

 

 

_Você se acha não é Shaka?!-Gritou enfurecido._Vim aqui para alertá-lo de um mal que provavelmente assolará o santuário e não por você. -Mentiu descaradamente.

 

 

_Não é isso que está transparecendo Fênix. –Disse calmamente._E mesmo que algo esteja vindo em direção ao santuário, não vejo motivos para tanta preocupação. Não tem por que se preocupar Fênix. O que acontecerá aqui é algo que sempre esteve escrito no meu destino e não será você a interferir no mesmo. -Shaka se recriminou por ter falado demais.

 

 

No momento que tais palavras entraram em contato com os ouvidos de Ikki seu coração falhou; sentira o medo. Jamais havia sentido medo com tanta intensidade. Então era esse o sentimento que os seres humanos sentiam quando estavam prestes a perder algo que tinha importância em suas vidas?Já tinha ouvido os rumores que rondavam o santuário sobre o destino de Shaka.Um destino que na visão de Ikki era cruel.Diziam que a existência de Shaka só se fazia necessária ao longo de sua missão,que quando essa estivesse concluída,ele deveria morrer.Começou a ficar desesperado com tal possibilidade.

 

 

_Então confirma que algo esta por vir?-Shaka apenas fitou o chão desviando seu olhar de Ikki. Aquilo foi bem mais que um sim para Ikki. Aproximou-se até ficar a centímetros do indiano, segurou sua face com certa brutalidade para que pudessem manter contato visual e disse:_ Shaka o que quer que esteja pensando em fazer, não faça!Esta entendo?!Não faça!

 

 

_Humph!É muita ousadia a sua pensar que pode ordenar algo a minha pessoa. Cai em si Fênix!-Disse tentando demonstrar desprezo. Não se importando com a maneira que Ikki segurava seu rosto.

 

 

_Seu louco!Não acredito que vai renunciar sua vida em prol dessa ridícula missão!-Estava incrédulo com as palavras de Shaka.Como ele podia não ter apego a sua vida?Todos os humanos tinham. No entanto não podia se esquecer que Shaka não era um humano qualquer, logo não agiria como tal.

 

 

_Eu já me desapeguei de varias coisas ao longo de minha vida é natural que em algum momento me desapegue também dela. Não concorda Fênix?-Já estava conformado com o que provavelmente estaria por vir. Desde sempre soube que seu destino era a morte e não faria nada para mudá-lo.

 

 

_Não!Não concordo!Porque tem de fazer isso?Por quê?!- Estava com os sentimentos a flor da pele, tanto que segurou Shaka na parte de cima da túnica. Tentava manter a calma e não chorar diante dele, mas estava quase impossível. O sofrimento de ambos estava no ar.

 

 

_ Já lhe disse que esse é o meu destino. Agora vá.

 

 

_Não Shaka eu não vou. Não posso abandoná-lo porque eu....-Hesitou um pouco,mas achou que já era hora de demonstrar seus sentimentos e completou._Eu te amo Shaka,como jamais amei alguém.-As ultimas palavras foram quase que balbuciadas.

 

 

_Eu sei Ikki. –Revelou enquanto abria os olhos, já não agüentava mais e a tristeza transparecia no rosto do indiano. Ikki ficou feliz ao perceber que pela primeira vez Shaka havia lhe chamado pelo nome. Aquilo soou em seus ouvidos como a mais bela das melodias. Sua alegria fora bem maior quando escutou daqueles lábios carnudos: _Eu também te amo, não deveria, mas amo. Te amo como homem, mas não posso me entregar a Eros, por mais que sinta vontade de fazê-lo. 

 

 

Sempre haveria um porem entre eles. Estavam tão próximos que acabaram encostando suas testas uma na outra ficando um olhando intensamente para o outro.

 

 

_Não pode reconsiderar? -Fenix se apegava a qualquer fio de esperança que surgisse, principalmente agora que sabia que seus sentimentos eram correspondidos pelo virginiano. Mas já imaginava qual resposta receberia.

 

 

_Me desculpe Ikki, mas eu não posso. Se pudesse o amaria com toda a intensidade de meu ser.

 

 

_Entendo. -Ikki fingiu possuir uma compreensão que com certeza não possuía. Não agüentou a proximidade dos corpos e suplicou:_Um beijo Shaka,tudo que te peço é um beijo,e não lhe incomodarei mais.-Aquele pedido não impressionou Shaka devido a situação em que se encontravam.Resolveu ceder ao desejo do mais jovem.Não,também desejava beijar Ikki,por mais impuro que aquilo lhe soasse.Queria sentir o gosto daqueles lábios morenos.

 

 

O olhar de Shaka já dizia tudo, não era necessária uma resposta verbal. Por mais que tivessem se encontrado poucas vezes, sentiam que conheciam profundamente a alma um do outro. Como se já tivessem se conhecido em vidas passadas. Ikki entendera a resposta que Shaka lhe deu e lentamente foi aproximando seus lábios dos do indiano. Um toque. Sim, foi dessa maneira que o beijo começara, não havia pressa. O momento era saciado lentamente por ambos. Os lábios se tocavam com ternura e desejo, deixando evidente que aquele não era um beijo qualquer, ele estava impregnado de sentimentos.

 

 

Ikki deslizava suas mãos pelo corpo do indiano parando em sua cintura, Shaka que não estava acostumado com tamanho contato físico,não deixou que o brilho do momento se perdesse, imitando vagarosamente os movimentos de Ikki. O que fez Ikki em meio ao beijo dar um meio sorriso, impressionado com a atitude dele. O beijo continuava deixando ambos inebriados. Ikki se deliciava naqueles lábios que sempre desejou,tanto que não estava se controlando,aprofundando cada vez mais o beijo, chegando a alguns momentos a ser selvagem. As línguas se tocavam incansavelmente.

 

 

O beijo agora voltava a se tornar mais calmo, pois Shaka não estava acostumado com contatos tão íntimos como um beijo. Vez ou outra paravam o beijo e recomeçavam dando pequenos beijos, Ikki mordiscava levemente os lábios de Shaka puxando-os, isso fazia com que o mesmo soltasse pequenos gemidos de prazer e isso atiçava o leonino. Sentia-se envaidecido por poder proporcionar tamanho prazer a Shaka com um simples beijo e vê-lo assim diante de si quase o levava a loucura. Tão entregue; tão puro. Não queriam que aquele momento se findasse.

 

 

A sintonia entre as bocas e os corpos era incrível. Ikki já não se agüentava mais, abandonou os lábios de Shaka e começou a descê-los em direção ao pescoço delgado de Shaka começara a lambê-lo e a dar pequenas mordidas quando ouve a voz do mais velho chamando sua atenção entre gemidos.

 

 

_Ahhh...Ikki pare.É melhor pararmos com isso.-Estava ofegante e sua voz saia aos poucos,tentava se recuperar dos espasmos de prazer que Ikki proporcionava com sua boca.

 

 

_É isso que deseja?

 

 

­_Sim. -Disse com firmeza em sua voz._Tu me pediste um beijo e eu o fiz. Agora quero lhe fazer um pedido Ikki. -Os dois se afastaram lentamente.

 

 

_ Qual?-A tristeza transparecia em sua voz que saiu fraca, já imaginava o que Shaka pediria.

 

 

_Não me procure mais Fênix. Não importa o motivo, não quero que venha a minha morada. –Por mais que tenha se deixado levar pelo momento que a pouco se sucedera, não deixaria de ser quem era. Continuaria a ser a estrela inatingível que Ikki só pode tocar uma única vez. Jamais voltaria a fazê-lo.

 

 

Por mais que Ikki não quisesse tomar essa atitude, não podia voltar atrás. Havia pedido um beijo a Shaka e sabia que para ele um beijo envolvia muito mais que simples roçar de lábios, ele teria que abandonar por algum tempo seus conceitos para fazê-lo. O que provavelmente fora difícil para o indiano fazer. Resolveu que também deveria abdicar de algo como Shaka fez. Abdicaria seu amor por ele; abdicaria a necessidade ferrenha que tinha em possuir o indiano em seus braços; abdicaria tudo que tivesse relação com Shaka de Virgem. E assim o fez.

 

 

_Se é isso que deseja. Que assim seja. -Não rastejaria pelo amor do virginiano. Tinha seu orgulho.

 

Olhou novamente para o indiano e deu-lhe as costas começando a ir em direção a saída. Não voltaria mais naquele templo. Pelo menos era assim que pensava, até por que tinha para si que não veria mais o indiano. Essa fora a primeira e a ultima vez que pode se deleitar nos lábios do mais velho. Não voltaria a vê-lo nunca mais. Tinha esse pressentimento.

 

 

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Alguns dias se passaram e Ikki novamente teve o pressentimento de que algo de muito sombrio estava indo em direção ao santuário. Resolveu que voltaria lá, no entanto apenas como espectador; não se envolveria; não falaria com ele. Ficaria ao longe observando a batalha mais sangrenta de todos os tempos. E assim o fez quando chegou ao santuário.

 

 

Sentiu cosmos familiares adentrarem no santuário. Aqueles eram Saga, Camus e Shura.Pouco tempo depois,pode sentir a batalha de cosmos que se travava entre Saga e Shaka.O poder de ambos eram incríveis,principalmente o de Shaka; chegava a ser aterrador.Quando sentiu que os cosmos dos principais inimigos haviam se extinguido,agarrou-se a um fio de esperança.Talvez ele pudesse sobreviver;talvez a batalha houvesse terminado.Ledo engano.Teve suas expectativas frustradas quando sentiu novamente os três cosmos que não queria sentir na morada do indiano.A verdadeira batalha começaria agora.Não uma batalha física,mas sim uma batalha de sentimentos.

 

 

Não se passou muito tempo e teve uma sensação horripilante. O ar no santuário estava diferente, carregado, melancólico. Não só Ikki, mas todos os cavaleiros de Athena, inclusive a mesma sentiram seus corações apertarem. Sabiam que aquilo era o pressagio de algo muito ruim. Aquele era o momento da morte de seu amado. E foi assim que Ikki sentiu a maior de todas as dores; uma ferida que jamais se cicatrizaria; aquelas marcas o acompanhariam até a morte. Sim, o indiano estava morto.

 

 

Sem conseguir controlar seus sentimentos Ikki correra em direção à casa de virgem. Sentia ódio daqueles traidores que ousaram matar Shaka;desejava vingança, mas quando estava próximo ao templo de virgem sentiu os cosmos dos cavaleiros de ouro enfrentando os traidores do santuário. Algum tempo depois Ikki viu uma enorme massa de energia subir em direção aos céus. Resolveu esperar um pouco, percebeu que estava quebrando sua promessa, mas não agüentava mais ficar de braços cruzados. O leonino era impulsivo, genioso.

 

 

Sentira que os cosmos não mais habitavam a sexta morada. Não agüentou a angustia e subiu até a casa de virgem. Quando chegou lá, vira o estado que se encontrava aquele recinto; destroços por todos os lados, o que deixava evidente a sangrenta batalha que ali se travou. Mais uma vez entrou naquele jardim, pôr agora desabitado. Estava pensando nele, quando novamente sentiu um frio passar por seu corpo,todavia dessa vez não era Shaka que tombara e sim Athena. Mas finalmente compreendera que a morte de ambos não era em vão, elas tinha um propósito.

 

 

Não poderia perder tempo com lamentações, a verdadeira batalha estava apenas começando. Agachou-se pegando em suas mãos um punhado de areia que se encontrava no jardim da casa de virgem e percebeu que não deveria ficar se lamentando pelo passado. A vida das pessoas era como aquela areia que jazia em sua mão, não poderia prendê-la a si. A vida segue seu curso, não importando qual seja o nosso anseio. Ergueu-se indo em direção a saída daquele tempo, desfazendo-se daquela areia que ainda perpetuava em sua mão. Deveria seguir seu caminho, como Shaka seguiu o seu e por mais que seus corpos estivessem separados Ikki sabia que sempre estariam juntos. Suas almas, suas mentes, seus corações seriam um só por toda a eternidade. Por que não importa o que aconteça,quando duas almas se amam verdadeiramente,nada pode separá-las.    

 

 

Flash-back off

 

 

Fim

 


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Notas finais do capítulo

Notas do autor: Bom gente essa fic me veio de supetão (Do nada), daí resolvi desenvolver a idéia. E como gosto desse casal, resolvi desenvolver minha idéia em cima dele, pois acho que tem uma certa harmonia.Minha intenção era fazer algo mais reflexivo,bem leve.Sobre os sentimentos,atitudes e como isso ocasiona o sofrimento.

Ah!O meu Ikki esta com quinze anos logo puxei ele para um lado mais adolescente, tentando conciliar entre o garoto que esta se transformando em homem. Ok?Foi um custo escrever a “cena” do beijo. Acho que vocês sabem por quê. Queria que comentassem sobre a mesma.

Quem me conhece um pouco sabe que gosto de dramas e sofrimento, alem disso para os mais íntimos deve ter ficado evidente resquícios de minha personalidade nas narrativas (Como o meu jeito meio antiquado de falar.Meu jeito esquisito não passaria despercebido).

Não tenho intenção de ser escritor ou algo do tipo. Sou um matemático. Então só consertarei possíveis erros, se eu souber fazer isso. Ou se estiver atrapalhando na compreensão do texto. E ai gente como me sai?Não se acanhem!Falem a verdade! Sou uma pessoa muito compreensiva, por isso podem criticar, discordar, elogiar e etc.

Dedico essa fic a todas as pessoas que tive o prazer de conhecer nesses seis meses de Nyah(Foram muitas).Principalmente a aquelas que estão passando por algum momento difícil.Por isso digo que a fic não é minha e sim de todos,pois me inspirei nos sentimentos de algumas pessoas que conheci aqui.Então os créditos são deles.Não sou merecedor deles.

Por Danieru(Daniel).Iniciada em 08/04/2010 .Finalizada em 16/04/2010