The Cog Workers escrita por AllBlueSeeker


Capítulo 6
Sarah - A Rosa


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Nussa, que velocidade a minha :v
Mal lancei um e já vem outro? É que assim, cês já perceberam que eles estão separados. Então, eu vou ter que lançar 2 caps por vez. Então, vou pedir um favor a vocês: Não falem que eu tô fugindo da continuidade da história. Fiquem atentos com as linhas de cada um deles, porque mais pra frente elas vão convergir de novo. Por favor, prestem atenção!

Sem mais, só vamo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697813/chapter/6

Ainda abalada com a morte do pai e do irmão, Sarah tinha um olhar desolado pela janela do vagão. Lady Marian preparava um chá para a garota e Shauna dormia recostada num canto:

[Marian]-Querida, pode me ouvir?

Os olhos verdes fitaram a monarca, prontos para chorar como uma fonte. A jovem não disse uma palavra, mas sua expressão foi mais do que a resposta que Marian buscava:

[Marian]-Você é uma garota forte. Admirável. Aqui, vai fazer bem -ela estendeu a xícara de porcelana para a garota - Está adoçado.

Bebericou. Um bom chá, com sabor suave. Aquilo pôde confortar Sarah por alguns instantes. O bastante pra que ela pudesse falar:

[Marian]-E então?

[Sarah]-Obrigada... Eu...

[Marian]-Eu sinto muito. Você não precisa falar muito, se não conseguir.

[Sarah]-Vou conviver com isso... Só quero um tempo.

[Marian]-Sozinha?

[Sarah]-Eu não sou uma garota depressiva pra isso. Eu só... Não toca nesse assunto, por favor.

[Marian]-Tudo bem. Shauna, querida, você poderia...

Aparentemente dormindo, o braço direito da guarda-costas estendeu-se e puxou uma alavanca. A locomotiva deu um tranco e escapou vapor:

[Marian]-Chegamos. Por favor, me acompanhe.

As três saíram do vagão e foram recebidas por soldados de casacos roxos cruzando suas espadas. No meio, um jovem de roupas justas e chapéu com penas estava sorrindo:

[Herman]-Oh, milady! Bem-vinda, bem-vinda! Vocês demoraram e... Mais uma pobretona no Fragatto? 

Os olhos negros de Shauna encararam o pequeno, que estremeceu como um terremoto de escala continental:

[Marian]-Ela está comigo. Herman, arrume um bom quarto para ela. Ela precisa de um banho e quero as costureiras prontas para vesti-la o mais rápido possível.

[Herman]-Um quarto? Temos o...

[Marian]-Isso, é esse que eu quero. Vamos, rápido!

[Herman]-V-venha comigo, piveta.

[Sarah]-Olha essa boca, seu anão. Meu nome é Sarah.

Ela foi conduzida até um aposento mais alto, na ala leste do castelo. Era um quarto de veludo vermelho e belas pinturas. Tinha uma suíte própria, revestida em pedras. Uma banheira esmaltada no meio, um tacho para lavar o rosto e um sistema de saneamento básico. Um belo armário, uma cama e uma penteadeira, todos estes de sucupira. O quarto tinha classe, o que constrangia Sarah de certo modo:

[Herman]-Anastasia e Molly virão aqui em alguns minutos. Tome seu banho com calma, elas esperarão por seu tempo. 

[Sarah]-Certo. 

Assim que o pequeno deixou o quarto, a jovem fechou a porta na chave. Deixou o vestido no meio do caminho e jogou-se na banheira. O banho quente fez seu corpo relaxar... Assim como sua força para reprimir a vontade de chorar. Juntou os joelhos e pousou a testa sobre eles, deixando seu sentimento esvair como vapor. Ela estava furiosa por ter perdido sua família e não ter feito nada a respeito. Ela estava triste por estar sozinha no mundo. Quando conseguiu ficar estável, terminou de se lavar e limpou também seu cabelo. O ato de virar a bacia nos cabelos lembrou quando Thomas jogou ovos podres em seu cabelo depois de tê-los cuidados e cortados pelo barbeiro amigo de Olaf.

Secou seu corpo com alguns panos dispostos em uma prateleira. Momentos depois, dois toques foram dados à porta:

[Sarah]-Ãh... Pois não?

[Anastasia]-Oh, que bela voz! Somos as costureiras, pode por favor abrir a porta?

[Sarah]-M-mas eu não tenho o que vestir. Meu vestido está todo sujo.

[Anastasia]-Não se preocupe, meu bem. Temos algo pra você.

Envolta nos panos, a garota caminhou na ponta dos pés até a porta. Destrancou e correu para detrás da divisória de troca de roupas:

[Sarah]-P-pode entrar!

Uma senhora gorda e uma negra alta, ambas trajando vestidos brancos e aventais marrons, adentraram o quarto. As duas ficaram paradas, de olhos fechados:

[Molly]-Pode nos dizer seu nome? -a negra proferiu 

[Sarah]-Sarah. Sarah Rayzen.

[Molly]-É um belo nome. -ela abriu os olhos e mostrou suas pupilas esbraquiçadas - Eu sou Molly. E, como pode ver, não enxergo. Mas sou uma costureira.

[Sarah]-Como sabe onde estou?

[Molly]-Sua voz está vindo dos armários. Você está aí, não está?

A garota estava boquiaberta. Depois, Anastasia abriu os olhos:

[Anastasia]-Eu sou Anastasia Abade. É um prazer conhecê-la, senhorita Rayzen. Não sou cega como a Molly, mas estou a anos luz do talento dela como costureira.

[Molly]-Não diga bobagens, querida. Seus vestidos são resistentes e macios. E devem ser lindos. 

[Sarah]-Se você é cega, como consegue costurar sem errar?

[Molly]-Eu não sei explicar. Apenas ouço as medidas e respiro fundo em frente à máquina de costura. Tudo isso graças à Equipe Técnica daqui. 

[Anastasia]-Eu não gosto de tecnologia. Prefiro tricotar.

[Molly]-Se fizer frio, peça um suéter à Anastasia. Você vai se sentir confortável como se estivesse sendo abraçada por sua mãe.

A senhora gorda cutucou a mais alta. Aparentemente, elas sabiam sobre Ashley. Sarah não se deixou abalar por isso, e saiu detrás da cobertura:

[Sarah]-Me desculpem, eu morro de vergonha de pessoas novas pra mim. Por favor, será que vocês podem começar? 

Anastasia apressou-se em medir o corpo despido da garota. Com uma folha e uma caneta, escreveu-as numa folha de papel amarelado que trazia no bolso do avental. Sarah estava de olhos fechados e respirando fundo:

[Molly]-Você está com medo de nós. 

[Anastasia]-Não vamos e nem podemos machucar você. Devemos dizer, Molly?

[Molly]-Ela já deve ter percebido que está na Ala Nobre. E que é uma nobre.

[Sarah]-N-nobre? Mas eu morava em uma oficina como uma pé rapado qualquer.

[Molly]-Olha... Nós fomos babás de sua mãe. Ashley Rayzen era uma nobre quando criança. O nome dela era Emily Rosablanca.

[Anastasia]-A pior família de nobres daqui. Mas Emily, melhor, Ashley tinha pureza e doçura no seu jeito de ser. Por ser bondosa, foi chutada daqui. E seu pai a acolheu. Ele era um pobre trabalhador, e a conheceu com 15 anos. 

[Sarah]-Mas como vocês sabem disso?

[Molly]-Ela nunca nos deixou de escrever. Ela está morta para a nobreza. E já tem mais de 15 anos que ela não envia nada. 

[Sarah]-Minha mãe está morta.

[Anastasia]-Você tem certeza disso?

[Sarah]-Não... Eu não sei! Argh! -mais uma vez, tocar naquele assunto fazia a jovem pensar profundamente - De qualquer forma, vocês já acabaram?

[Molly]-Anastasia?

[Anastasia]-Sim. Diga uma cor.

[Sarah]-Quero azul escuro. E um chapéu.

 

[Molly]-Muito bem. Aqui, vista isso. -ela estendeu um vestido amarelo simples à jovem - Não é muito, mas você vai conseguir se misturar. Nos dê um dia, e vá até nossa loja. No setor Norte. 

[Sarah]-Obrigada, vocês duas.

[Anastasia]-E se precisar de nós, estaremos ao seu lado. A filha de Emily merece nossos cuidados.

As duas deixaram o quarto. O choque de informações fez a garota cair de joelhos sobre os tacos do piso. Seu corpo tremia de frio, apesar da agradável temperatura. Inconscientemente, Sarah deu um tapa no próprio rosto:

[Sarah]-Não, Sarah. Não fraqueje. Você pode! Foi só... Um pouco demais pra aguentar. 

Saiu do quarto já arrumada. Suas botas foram limpas por ela mesma, com um pano úmido. Decidiu caminhar pelo jardim à toa e admirar a grandiosidade daquele lugar. Sentou em um dos bancos do jardim e fitou o céu por um tempo:

[Shauna]-O que foi?

[Sarah]-Hã? Você?

[Shauna]-Sim, eu. 

[Sarah]-O que foi? É proibido olhar pro céu?

[Shauna]-Não. Estou esperando a Lady.

[Sarah]-E veio pro mesmo jardim que eu? Que coincidência. 

[Shauna]-Tsh.

À frente, havia um laguinho. Sarah pescou algumas pedrinhas e começou a acertar as folhas onde ficavam os sapos. Eram no total 7 folhas, e a garota conseguiu acertar todas. Um feito impressionante digno de palmas até mesmo da mulher inexpressiva:

[Shauna]-Você tem uma boa mira. Já usou uma arma antes?

[Sarah]-Não. Só essa. -exibiu a chave dentro da manga e bem presa para não escorregar - Ganhei do meu irmão. 

[Shauna]-É uma bela chave de grifo. Mas o seu talento é à distância. 

[Marian]-Meninas, vocês estão se dando bem? -a monarca apareceu, em trajes menos chamativos - Que cena bonitinha.

[Shauna]-M-me perdoe, milady. Foi culpa minha. 

[Marian]-Você não é feita de ferro, Shauna. Sentimentos são legais, já te disse muitas vezes. -ela sorriu - Agora, sobre sua mãe...

[Sarah]-Emily Rosablanca, da família mais odiada daqui e foi chutada lá pra Silverblock por eles. Já sei.

A expressão de Marian era um claro "Como foi que descobriu tudo isso?". Ela não sabia como continuar:

[Sarah]-Ela morreu mesmo?

[Marian]-Nos foi dito isso.

[Sarah]-Quem disse isso?

[Marian]-O Jonathan, que na época era um soldado raso.

Estranhamente, o sangue da garota ferveu ao lembrar do casaca dourada. Ferveu como a caldeira da oficina quando ficava fora de controle:

[Sarah]-E cadê ele?

[Marian]-Não sei... Ele não se apresentou a mim até então.

[Sarah]-Majestade, eu seria uma traidora se matasse esse homem?

[Marian]-Uma traidora? Por que está dizendo isso?

[Sarah]-Eu só quero bater muito nele pelo que ele fez ao papai, e se descobrir que ele matou minha mãe, quero a cabeça dele. Aquele sujeito pisou nos calos errados.

[Shauna]-Vingança não é algo bom. Mas seus motivos são justos. Milady, sua constatação.

[Marian]-Eu... Eu não sei. Essa foi uma pergunta deveras repentina. Eu... O que eu responder pode comprometer minha imagem como Imperatriz. Prefiro me abster. Mas tenho uma proposta pra você.

[Sarah]-Qualquer coisa pra ter aquele desgraçado morto.

[Marian]-Se eu tiver contato direto com você, seria muito suspeito. Mas... Já que você quer tanto ficar boa em combate, eu sugiro que você e a Shauna fiquem mais próximas. Não confio em um único soldado tanto quanto confio na minha guarda pessoal. E você pode trabalhar pelo castelo, caso sinta muito tédio sendo uma nobre. 

[Sarah]-Certo. Mas antes, eu preciso ter algum contato com a família da mamãe?

[Marian]-Acho melhor não. E por favor, seu sobrenome é um pouco... Ameaçador. Se um deles descobrir você, vão cobrar uma reação de mim. 

[Sarah]-Certo... Eu vou pensar em algum desígnio melhor pra mim mesma. 

[Marian]-Shauna, se tiver alguma ideia, por favor diga a ela. Por ora...

[Shauna]-Milady, nos dispense. Quero testar o potencial dessa garota o quanto antes.

[Marian]-Uau! Querida Sarah, o que foi que fez pra deixar a Shauna tão empolgada assim?

[Sarah]-Eu sei lá, só acertei algumas folhas e... Ela ficou impressionada.

[Marian]-Parece que você encontrou a adversária que tanto queria... Ela vai te superar?

[Shauna]-Eu vou ensinar tudo o que ela saberá, mas não tudo o que eu sei. Preciso de uns truques pra poder vencê-la quando chegar a hora. -ela sorriu. Pela primeira vez, o rosto inexpressivo da guarda tornou-se um sorriso de confiança

[Sarah]-Certo, então vamos nessa! 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Cog Workers" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.