Rujo para o Sol enquanto ele vai embora. É uma espécie de tradição entre eu e ele, você não entenderia.

Solto fogo pelas paredes enquanto volto para meu ninho, na pirâmide de Yherizan, meu calor é grande demais para ser mantido dentro de mim o tempo todo. Aqui, só há espaço para mim e minha fúria. Assim como falcões são vendados antes de irem a caça, esse lugar tem o mesmo efeito em mim. Quero estar sempre com os instintos aguçados, nunca se sabe quando será necessário pôr meus dentes em alguém.

Sou Rhaegal, o dragão verde. Preferiria muito mais algo como o dragão esmeralda, mas o que posso fazer, não é mesmo?

Escuto as pessoas abaixo de mim. Pequeninos. Pequeninos e frágeis. Facilmente destruíveis, basta uma mordida. Engraçado como esse pensamento é recorrente. Viserion diz que sou sanguinário, um assassino. Bem, não vejo problema nisso, ele é o inteligente, Drogon é a selvagem, nada mais justo que eu seja o lutador, sempre fui o melhor caçador de nós três (eles não sabem esperar o momento perfeito enquanto se ronda a presa). Mas é bem verdade o que ele diz, eu sinto prazer de matar. Muito perspicaz da parte dele.

Não existe sensação que traga mais poder, do que a de incinerar algo com sua chama, estraçalhar com suas garras... É o que somos, dragões. Fortes, poderosos! Para isso nascemos. Além do mais, o cheiro da gordura humana é delicioso demais para resistir. Acho que todo dia a palavra que mais espero ouvir é "dracarys". É como ter permissão para fazer o que se ama.

Imagino como era quando muitos de nós estavam vivos, será que eles também falavam com o Sol? Pensando bem, deixemos o passado para os mortos. Gosto de olhar para frente, para o futuro, é nisso que gosto de pensar. Essas terras não viam algo como eu e meus irmãos há muito tempo, é o momento de criar novas histórias, de dominarmos esse mundo.

Claro, não sozinhos. Temos nossa mãe, é lógico. Mas para mim, além de mãe ela é uma líder. Ainda me ressinto por ela ter me prendido, mas acho que foi preciso, um líder deve mostrar quem está no comando e isso ela faz com perfeição.

É um dos poucos humanos que gosto, junto com Tyrion e Sor Barristan. Homens espertos, tenho que dizer, sabem reconhecer o perigo em nós. O resto é como Quentyn, merecem uma morte honrosa por minhas patas. Admito que tive certa pena dele devido o que houve com sua família (ao contrário do que Viserion diz, eu ouço as histórias, mas apenas as partes interessantes, ou seja, as com sangue), porém ele foi ousado demais, querer nos domar, imagine só! Meu irmão tudo bem, ele é praticamente domado mesmo, mas eu? Há!

Infelizmente é impossível culpá-lo por querer, ter qualquer um de nós deve ser tentador, especialmente em tempos de guerra como agora. Ah, guerra... Mal posso esperar para me envolver em uma de verdade, estou cansado das pequenas batalhas, quero a grandiosa guerra! A guerra que venho esperando desde o dia em que soubemos da morte do rei e pude sentir o sabor da vitória entre meus dentes.

Todos pensam mais em Drogon, mas ela é movida demais por seus objetivos, muda rápido demais de ideia, não é como eu. Sei o que quero e irei atrás. Não é apenas o dragão negro que merece ser temido e ter canções com seu nome, temos nosso valor também.

A cada dia fico ansioso para ir para Westeros, o que estamos esperando afinal? Apenas me aponte uma direção, mãe, e eu voarei para lá como nenhum dragão jamais fez!

Já senti o sabor de escravos e homens livres, agora quero o de grandes guerreiros que assim como eu tem sangue em suas mãos.

Vamos! Farei o que Rhaegar não foi capaz, serei o príncipe que você tanto deseja e que fará seus inimigos tremerem só de pensarem em sua presença.

Quer chamar novamente a Pedra do Dragão de sua?

Você a terá. Expulsarei de lá qualquer um que não proclame "Fogo e Sangue".

Você quer conquistar esse reino? Devolvê-lo aos Targaryen?

Então eu o darei a você.