— Qual a motivação do extermínio? – Indagou um homem de pele pálida, possuidor de madeixas extremamente negras, similares as agourentas asas de um corvo.

— Ah, você sabe...Hiashi pode tornar-se um delator a qualquer momento. – Rebatou o outro, ao passo em que sorvia um gole de chá verde, comportado por uma bela peça de porcelana chinesa.

— Se este é o caso, por que não o aniquilaram, logo quando ele declarou sua saída da organização? E ainda o deixaram de sobreaviso acerca das consequências que enfrentaria...qual a razão disto, Nagato?

— Ora, você conhece o velho Hiruzen, por puro capricho, decidiu brincar um pouco com Hiashi... – O ruivo repousou a xícara vazia, e recostou-se na cadeira giratória, procurando sentar-se de maneira mais confortável, prosseguindo imediatamente. – Uma espécie de jogo entre “gato e rato”. – disse enquanto sinalizava aspas com ambas as mãos. – Hiruzen propôs ao mesmo, que ele e sua família sumissem para sempre, de modo que todos vivessem, porém se houvesse algum boato a respeito da presença dos Hyuugas, todos sem exceções, estariam na mira da organização novamente. – Deu uma pausa, e observando a expressão confusa do homem à sua frente, suspirou, logo dando continuidade. – Acontece, que há dois dias atrás, a filha mais velha de Hiashi, Hyuuga Hinata, foi vista em Shinjuku, por um de nossos agentes, pelo que sabemos, estão habitando numa mansão, em um local mais afastado do bairro, e ao que parece, aquele idiota não se importou com as condições propostas, portanto, foi decidido que a situação deve ser resolvida, em específico, por você, Sasuke.

O moreno encarou um ponto qualquer do escritório, analisando minuciosamente a explicação estapafúrdia que acabara de ouvir, decidiu-se por ignorar e acatar. – Então devo eliminar Hiashi, correto?

— Sempre objetivo, hein Uchiha? Não exatamente meu caro, trata-se apenas de um homicídio em massa, no qual todo o clã Hyuuga, deve ser trucidado. Estas são ordens expressas de Hiruzen-san.

— Espere! O único alvo deveria ser Hiashi, não a família dele por completo, os demais não possuem ligação alguma com a Akatsuki, não há porque mata-los! – Exclamou Sasuke, atônito devido a ordem recebida.

— Os seus descendentes, carregam o fardo de seu erro, não há escolha! O clã deve ser dizimado a qualquer custo! Espero que esta, não seja uma missão além de seus limites, levando em consideração o seu trauma de infância... – Soltou cautelosamente, com um leve tom exasperado na voz, tentando captar alguma reação de desconforto ao assunto, por parte do homem, notando no entanto um sutil travar da mandíbula por parte do mesmo, diante disto, preferiu tratar de dissuadi-lo e continuou: -  pelo que me lembro, você busca incessantemente informações sobre a Kuroyume, não é? Colabore conosco, e terá sua vingança em breve.

Sasuke ponderou por alguns instantes, assentiu com um gesto vertical de cabeça, dizendo: - certo, hoje à noite, a missão será realizada, até. – Disse por fim, virando-se rumo à porta do escritório, partindo depressa daquele tenebroso recinto.

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Faltavam exatos nove minutos, para às onze, numa quente manhã de sábado em Shinjuku, em seu singelo apartamento, o toque estridente do celular - do qual fluía a melodia contundente de Butchered At Birth – irrompia pelo ambiente antes silencioso, fazendo com que a jovem outrora adormecida, despertasse irritadiça, resmungando enquanto se direcionava ao aparelho, sentindo um imenso desejo de proferir diversos impropérios à pessoa que perturbava seu sono, porém desistiu da ideia, ao imaginar que talvez pudesse se tratar de algo relevante, logo atendeu a ligação:

— Escute, espero que esteja me ligando por algo realmente esplendoroso, caso contrário, utilizarei métodos de tortura, nada agradáveis contra a sua pessoa, seja lá quem for! – Despejou de uma vez, em tom relativamente alto, ao mesmo tempo em que massageava sua têmpora esquerda.

— Yare, yare, vejo que não teve uma noite muito boa...acredito que isto se deva pela árdua missão de ontem, foi muito para você, Haruno? – Soltou zombeteira, rindo abafadamente do outro lado da linha.

Reconhecendo a voz, a jovem prontamente se pronunciou: - Tsunade, essa definitivamente não é uma boa hora para me satirizar, okay? E sim! Estou cansada por ontem, tive trabalho na captura do alvo, e ainda não recebi minha recompensa, portanto, vá se ferrar! – Disse ríspida, enquanto deitava-se novamente, cobrindo os olhos com o antebraço.

— Certo, então não vou lhe informar sobre a missão, que irá lhe rendar uma excelente verba, vá descansar até porque o sono irá te enriquecer, talvez até você consiga comprar algum carro de luxo, com o dinheiro conseguido. – Falou o mais sarcasticamente possível. A rosada apenas bufou em resposta, e revirou os olhos, porém preferiu ao menos ouvir, o que a mulher tinha a dizer. – Vejo que resolveu dar atenção a mim...ouça, estou te ligando, pois descobri que a Akatsuki cometerá uma chacina esta noite, pelo que soube, toda família Hyuuga será exterminada. – Anunciou a loira, conferindo informações em seu computador.

— Ah, muito legal...mas que raios eu tenho a ver com isso? Isto é trabalho da polícia! – Exclamou sem compreender o que a mais velha pretendia com aquele diálogo.

— Malditos jovens precipitados! Me escute primeiro, depois tire conclusões! – Esbravejou, entretanto se recompôs quase no mesmo instante. – Hyuuga Hiashi, é um criminoso muito procurado por diversas infrações como sonegação, compras de paraísos-fiscais, e até mesmo por vendas de informações sigilosas do FBI e CIA. – Disse checando caixas de diálogo, com textos e imagens, acessadas com segurança através da deep web. – É uma missão com duas opções de resolução com sucesso, seja astuta Sakura! O homicídio tem por objetivo eliminar todo o clã, você pode interferir no crime, e tanto salvar a todos, e assim receber uma recompensa do próprio Hiashi, como simplesmente impedir a chacina, capturá-lo e entrega-lo ao Distrito Policial de Tóquio...intercepte o plano da Akatsuki, para então ser bem remunerada. Desde já, aviso que irei querer quarenta e cinco por cento do valor recebido, estas são minhas condições como informante, e neste caso acompanhante. – Replicou, amassando o que restou de seu cigarro no cinzeiro.

— Parece que não possuo escolha, isto é o que dá lidar com mercenários, tsc...embora eu ache sua proposta muito abusiva... – Retrucou insatisfeita, e pôde ouvir a loira, dizer algo em protesto, porém não deu atenção. – Acordo feito, termos acertados, venha me buscar às vinte e três horas, ok? Estarei te esperando na rua do Ramen Ichiraku, como sempre. Agora, preciso descansar, pois esta será uma noite muito longa, até mais! – Deu por encerrada a ligação, sem esperar pela resposta de Tsunade -  já que aquilo era algo frequente, e portanto a loira assentiria, e estaria pontualmente no horário e local marcado para buscá-la – arremessando de maneira desleixada, o aparelho móvel sobre a poltrona negra que havia em frente à sua cama de solteiro, pondo-se a deitar de imediato, e inevitavelmente pensou: - longa demais... – para então cair em sono profundo.