Interativa - Survivors: Terceira Temporada escrita por Luan Hiusei


Capítulo 4
S01CAP04 - Masks Fall


Notas iniciais do capítulo

E então gente?
Tudo certo?
Na verdade vou começar tentar postar os capítulos nos domingos, mas fica oscilando entre domingo e segunda as atualizações.
Capítulo focado em outro núcleo. Meio sem ação também, mas espero que gostem.



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20 de dezembro de 2023.

Miller abriu os olhos. A droga do barulho de sirene havia acordado ele em plenas seis da manhã. Não que fizesse muita diferença, aquilo não era muito importante. Usava uma camisa listrada de laranja e branco, uma calça de tecido laranja e um chinelo branco.
Pessoas corriam de um lado para o outro, presos eram algemados e levados para fora.
— Algum problema, senhor? – Ele perguntou ao primeiro guarda que passou por ele, carregava dois detentos. Tinha uma voz grave, e uma postura séria.
— Miller, não? – O policial parou e olhou seu nome no crachá se identificação, o primeiro e o último nome estavam riscados. Atirou um par de algemas dentro da cela. – Coloque as algemas.
— Sim, senhor. – Ele respondeu educadamente. Prendeu as algemas rapidamente nas mãos. O policial abriu a cela dele e sinalizou para o seguir.

Miller caminhou silencioso pelos corredores. Seus olhos pareciam observar tudo cautelosamente. Podia notar um certo desespero nos olhos de todos. Algo estava acontecendo ali.

A prisão era um local comum, celas idênticas e apertadas, o pátio tinha um chão de concreto, um pequeno campo de grama e muros extremamente altos.

Ele estava sendo conduzido para lá, quando ouviu vários tiros. Incontáveis tiros, acompanhados de muitos gritos.
— O que está acontecendo? – Miller perguntou novamente. Silêncio. Odiava essa resposta. – Você é surdo?

O policial cerrou os punhos, com velocidade sacou sua arma e apontou ela para Miller.
— Dá pra você calar essa porra de boca?! O mundo vai acabar e você vai ficar aí enchendo o saco? – O guarda gritou, destravou a arma e estava prestes a atirar, quando um dos dois presos atacou, jogou seu corpo por cima do guarda, o empurrando contra a parede, este bateu com a cabeça e desmaiou.

O homem que fez aquilo era alto, provavelmente teria uns quarenta anos. Olhos verdes, cabelo loiro e bem raspado. Tinha uma aparência forte, usava as mesmas roupas de Miller. O outro homem deu um passo para trás, um pouco assustado, tinha um cabelo longo, algumas mechas pretas caiam sobre os olhos pretos, provavelmente uns vinte e cinco anos.
— Obrigado, Marcos. – Miller se abaixou, com certa dificuldade pegou as chaves e abriu suas algemas. Mais tiros, mais gritos, dessa vez por todo local.
— Vamos, me dê as chaves. – Marcos disse, olhando desconfiado para a direção dos tiros.
— Calado. – Miller deu um soco extremamente forte em Marcos, seu corpo girou para trás e se chocou contra uma parede. – Como você pode ser útil, Bruno? – Ele se virou para o outro homem, que recuava assustado.
— Eu sei o que está acontecendo! – Ele respondeu desesperado, enquanto Miller caminhava em sua direção. Parou assim que ouviu o que Bruno disse. – Tem uma doença, alguma coisa... Ela faz com que os mortos virem monstros que comem carne humana!
— Não tenho tempo pra contos infantis. – Miller voltou a caminhar na direção dele.
— Por favor! Acredite, pode me matar se estiver mentindo! – Miller se deteve mais uma vez.
— Tudo bem. Vamos, se é assim vou precisar de ajuda para sair daqui.
— Obrigado. – Bruno disse enquanto era solto pelo outro. – Minha mulher me disse que eles morrem se forem acertados na cabeça...

Os dois correram para fora, mas a cena que viram lá era horrível. Corpos, totalmente ensanguentados no chão, o mais incrível era que os policiais também estavam mortos. Miller identificou o motivo rapidamente, a maior parte não tinha sinais de balas na cabeça. Se abaixou e pegou uma submetralhadora Thompson do chão, parecia carregada, mas ele pegou mais alguns cartuchos. Bruno fez o mesmo, mas escolheu um revólver preto como arma. Eles voltaram para dentro, agora um estranho silêncio tomava conta do local.

Correram até a porta, estava aberta. O presídio ficava no topo de uma área residencial, um lixão envolvia o local e apenas uma rua dava para as casas, que eram basicamente iguais, com exceção das cores. O sol estava nascendo e dava uma coloração laranja para a terra.

As casas pareciam completamente desertas e não havia ninguém nas ruas, até o som do vento era possível ouvir.
— Devem ter ido para os abrigos... – Bruno sussurrou sozinho, mas Miller ouviu.
— Como assim?
— O governo organizou abrigos, estavam chamando todos para se protegerem dos infectados. Deveríamos ir para lá.
— Pode ir se quiser. Mas aqueles lugares não vão durar muito tempo, são muitas pessoas. E não precisa ser um gênio para saber disso. – Miller terminou de falar e Bruno ficou em silêncio. Parecia pensativo.
— Eu sei que não aprecia minha companhia... Mas podemos nos ajudar por um tempo, até sabermos o que fazer. – Bruno disse após Miller começar a caminhar na direção de um carro.
— Sabe, você é mais inteligente do que parece. Me diga, o que mais sabe fazer e que pode te fazer ficar vivo? – Miller se virou para trás e olhou para Bruno.
— Ligação direta. – Ele abriu um leve sorriso e começou a andar na direção do carro.

☆ ☆ ☆ ☆

Agora Cam não tinha muito do que reclamar, enquanto caminhava com uma arma em suas mãos, solitária caminhava pelas ruas vazias do Rio, Ipanema não parecia tão bela agora, mas o silêncio dava uma beleza melancólica ao local. Estava em estado de alerta, muitas coisas aconteceram nas últimas horas, coisas horríveis. Seu terror era a quantia de sangue enorme que viu na última hora. Cam era uma garota loira, seu cabelo liso tinha algumas mechas escuras. Usava uma saia rendada e preta, uma camisa rendada também da mesma cor. A bota de cano alto e couro era da mesma cor. Seus olhos eram verdes, usava um bracelete largo da cor preta também. Teria vinte e um anos.

Um carro, ela ouviu um som de carro e seu instinto mandou correr e se esconder, e foi o que fez.

Na última hora, muita coisa aconteceu, realmente. Seu bairro foi atacado pelas criaturas conhecidas já, mataram muita gente. No começo ela teve medo, mas não deixou isso a abalar, reagiu rapidamente e aprendeu a matar eles. Ainda tinha três balas no revólver, e um cartucho com quatorze sobrando. O carro se aproximava, não muito rápido. Parou, ela quase tremeu, olhou cuidadosamente pelo pequeno muro onde estava escondida. Dois homens saíram do carro. O de cabelo longo estava usando uma calça jeans azul e uma camisa preta. O outro tinha uma calça preta e uma blusa fina branca.

Saíram do carro, os dois estavam armados. A arma do mais velho parecia mais letal, bem mais.
— Não acredito nisso... – Ela olhou para a arma e se levantou, destravou ela enquanto os dois olhavam. – Para trás!

Bruno recuou imediatamente e soltou a arma, levantando os braços.
— Quem é você? – Miller se manteve inerte, segurava sua arma mas evitou fazer movimentos bruscos.
— Não interessa. O carro de vocês funciona? – Ela disse sem mostrar nervosismo.
— Podemos negociar... – Miller olhou para Bruno por cima do ombro. – Não vou te matar.
— Melhor assim... Não quero parecer uma ladra desesperada, mas é o que temos que fazer. Sei que temos mais chances juntos. – A mulher disse e baixou a arma.
— Bom, as pessoas são mais inteligentes do que parecem realmente. – Agora Miller deu um sorriso irônico enquanto olhava para Bruno e depois Cam.

Os três entraram no carro, quem dirigia era Bruno, Miller estava de braços cruzados, observando as ruas desertas. O silêncio era a maior marca do local, mas não parecia realmente incomodar nenhum deles. Discutiram um plano de ação, mas realmente não sabiam o que fazer. Podiam se considerar pessoas de sorte, a essa altura todos estariam mortos, muitos já estavam. Nenhum deles estava realmente feliz com a companhia do outro, planejavam se separar em pouco tempo e nunca mais se olharem na cara.

O curso decidido por eles foi decidido depois, Miller falou que estava procurando por alguém, semelhante a Cam. Bruno não disse o que pretendia fazer, mas uma comunidade era sua opção.

Não demoraram muito para chegar, Miller simplesmente se despediu, abriu a porta do carro e saiu, Cam e Bruno não reclamaram, nem disseram nada. Cam desceu logo depois, Bruno seguiu viagem sozinho.

☆ ☆ ☆ ☆

Dia vinte e três. Natalie se esforçava para continuar contando os dias. Seus cabelos castanhos e levemente ondulados estavam arrumados ainda. Tinha os olhos de uma cor verde clara. Usava uma calça branca e uma camisa folgada florida. Sua arma estava em suas costas, pendurada por uma alça. Era uma arma longa de precisão, mas parecia um tanto antiga.
Estava se acostumando a nova vida rapidamente, e o fato de ser a cozinheira da casa o ajudava a manter boas relações. Ela lembra da ligação que recebeu, estavam tentando encontrar pessoas vivas pela lista telefônica, algum sucesso tiveram. Era ela, em seus vinte e quatro anos mexendo uma panela com carne. Era uma casa simples, em um bairro residencial. Era azul por fora, igual a todas do bairro, o primeiro andar tinha uma sala, com dois sofás, um tapete e uma mesa de madeira baixa. A cozinha tinha uma mesa, uma pia e quatro cadeiras, além do fogão e a geladeira. No segundo andar ficava os dois quartos e o banheiro. Um quarto tinha uma cama de casal e um roupeiro enorme, o outro tinha uma cama de solteiro e dois colchões no chão, o banheiro era simples mas limpo.

Claire era uma mulher meio fechada. Tinha vinte e sete anos e um cabelo loiro e longo, liso. Na ocasião usava uma roupa comum, calça e blusas azuis escuras. Tinha olhos castanhos e escuros.
— O que temos para hoje? – Ela desceu do quarto, estava distraída com o celular, ainda não havia desistido de procurar sinal, mas não consegui nada.
— Estou fazendo uma carne cozida com arroz e legumes. – Natalie respondeu sem desviar os olhos.

Bruno era meio estranho, mas Natalie percebeu que era uma boa pessoa, se sacrificou para encontrar os donos da casa que saíram buscando alimentos, levou um tiro no ombro, se não fosse Cam o encontrar, estaria morto. E Cam também era estranha, mas permanecia quieta e recolhida o tempo todo, desceu para a sala, lutavam muito nas tentativas de contatar outras pessoas, com exceção de da mulher obscura.

— O jantar está servido! – Ela gritou assim que terminou, com a ajuda de Claire, de colocar os pratos na mesa.
Cam pegou o seu prato e subiu para seu quarto. Bruno e Claire se sentaram na mesa.
— E então? Algum assunto? – Natalie tentou iniciar uma conversa amigável.
— Devíamos nos conhecer melhor. – Bruno entrou no clima de amizade da mulher.
— Não gosto de falar do passado. – Natalie respondeu um pouco séria.
— Não digo isso, por exemplo, minha profissão era engenharia, mas fui preso por roubo. – Bruno não parecia muito preocupado com o passado.
— Eu era atriz. Estava indo gravar minha primeira série quando começou essa droga toda.
— Eu sou a única que não tinha futuro? – Claire disse bem humorada.
— Você me lembra meu irmão as vezes, sabe, eu tentava encontra ele, mas agora não vai ser tão fácil. – Ela terminou de falar e baixou a cabeça.
— É estranho, também busco meu irmão... Mas sei que ele vai me achar uma hora... – Claire tinha um tom depressivo, mas levantou os olhos em seguida forçando um sorriso.
— Gente, tenho certeza que tudo vai dar certo... – Bruno disse, distraindo os dois.

Terminaram de jantar e limparam tudo, Bruno explicou que ainda tinham água e energia porque se os engenheiros de lá tivessem deixado os equipamentos de um certo modo, teriam luz e água por um bom tempo. Isso aliviava Natalie, mas isso era preenchido pela preocupação sobre o que fariam quando tudo parasse.

Cam comeu rapidamente, desceu e largou o prato quase sem ser notada. Bruno ainda tentava usar o celular, Claire se distraia com a televisão, embora todos os canais transmitissem apenas estática. Natalie lavava os pratos, concentrada.

Cam subiu as escadas de volta para seu quarto, estava deitada no colchão do chão, foi a última da casa a chegar. Se surpreendeu em ser aceita, mesmo estando toda ensanguentada. Lembrava do desgraçado que a encontrou na rua, tentou atacá-la. Atirou umas três vezes nele, deixando o morto em cima dela. Bruno que ouviu os tiros, confiou nela, e como consequência ele levou um tiro enquanto voltavam do amigo do homem. Chegaram a brigar, briga que terminou com esse amigo morto e ela tendo que arrastar Bruno até sua casa.

Claire também havia sido trazida pelas circunstâncias, quando foi obrigada a fugir de sua tia-mãe, que se transformou após um ataque de um homem que não foi identificado. A garota estava dormindo, e quando acordou viu sua mãe de criação daquele jeito, lembrou das notícias e não pensou muito antes de correr, sua primeira ação foi contatar o irmão, mas não conseguiu. Então foi encontrada pelo casal dono da casa, que a acolheu.

Bruno havia chegado ali com seus conhecimentos, conseguiram usar o telefone fixo para chamá-lo, foi o primeiro a chegar, lembra quando o telefone de rua tocou e ele correu desesperado para atender. Em um dia todos estavam reunidos, não tinham tantos alimentos assim, então os donos da casa saíram para procurar, no dia seguinte Bruno saiu atrás, encontrou eles e muita comida, infelizmente estavam mortos e transformados, e ele teve que os apagar com muita relutância.

Agora, unidos pelo acaso estavam ali, Claire e Natalie procurando seus irmãos, Bruno e Cam sem saber o certo o que queriam, mas só sabiam de uma coisa, queriam viver, e quando as luzes se apagaram repentinamente, eles perceberam que seu objetivo havia acabado de ficar muito mais complicado.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Aliás, pedir novamente pra que me ajudem a completar as oito fichas logo antes do fim da temporada, fica meio estranho entrar gente nova nas outras temporadas, mas que seja.
Enfim, espero que tenham gostado, comentários bem vindos. Até mais.



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