Interativa - Survivors: Terceira Temporada escrita por Luan Hiusei


Capítulo 11
S02CAP05 - Some Fixing


Notas iniciais do capítulo

Então, Olá leitores.
Capítulo novo hoje, espero que gostem.



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Yara dirigia um carro pela estrada de terra simples, Agnes estava ao seu lado, gemia de dor e um filete de sangue escorria pelo seu braço. Marina e Kwon estavam nos bancos de trás, o pé do homem também sangrava, mas não muito.
— Dodaeche. – Kwon disse, não expressava tanta dor quanto Agnes.
— Nem sei como agradecer... – Yara virou os olhos por um momento para Agnes, que apertava o braço.
— Não foi nada. Acontece todo dia. – Agnes falou entre gemidos de dor
— Temos que voltar pro Rio. – Kwon interrompeu, olhou para o rosto concentrado de Yara pelo espelho do teto.
— Eu sei... Minha mãe... Será que ela está bem? – Yara parecia falar mais consigo mesma que com os outros. – Naneun uli leul saeng-gaghanda. – Ela parou o carro em frente a um portão simples de madeira. Formava uma cerca enorme ao redor do que parecia ser uma fazenda. Capim crescia em toda área dentro do arame enfarpado, exceto na trilha de pedras do meio, que dava para uma casa de madeira meio grande. A casa não chegava a ser pintada, mas a madeira era bem cuidada e parecia intacta.
— É aqui mesmo. – Agnes fechou os olhos com a dor, tentava não chorar mas as lágrimas eram involuntárias.
— Meu Deus, como vamos levar eles... – Marina abriu a porta do carro e saiu, observando o local. Calculou a dificuldade em carregar Agnes pelos metros que faltavam até a casa, provavelmente ela não conseguiria caminhar tanto.
— Não é mais fácil um de nós ir na frente, só pra checar mesmo...? – Yara olhava para o ferimento de Agnes, parecia pensar em alguma solução já.
— Marina e eu podemos ir. – Kwon quase se levantou sem demonstrar dor, mas a pequena contração em seu lábio mostrou que estava realmente ferido. Yara tentaria impedi-lo, mas sabia que alguém teria que ir, ou teriam uma mulher morta com eles.

Yara simplesmente suspirou, entrou no carro enquanto os dois saiam, provavelmente estavam desarmados, o que a preocupava mais ainda. Mas novamente, apenas aceitou.

Kwon saiu do carro, seu pé parecia realmente machucado, mas ele se concentrou em coisas felizes. Não funcionava tão bem quanto morfina ou algo do tipo, mas era sua única solução.
Marina verificou sua arma, três balas apenas, não podia arriscar perder um alvo. Sentiu falta das aulas de tiro que todo mundo havia feito e ela desistiu.

Eles caminharam a trilha de pedras e chegaram a porta da casa em pouco tempo, tudo parecia quieto. Marina e Kwon se olharam, estavam decidindo fazer uma abordagem violenta ou pacífica, e pelos olhares era a pacífica escolhida.

— Por favor, não queremos problemas, tem alguém aí? – Marina disse, esperou uma resposta.

Kwon percebeu logo que quem estava na casa tentava se esconder, mas não era muito eficiente, pois as sombras no chão da porta eram visíveis.
— Já sabemos que tem gente aí. – Kwon falou, também esperou resposta. – Estamos com gente machucada e esse local já tem dono.

☆ ☆ ☆ ☆

Quatro pessoas estavam dentro da casa. O primeiro a falar foi uma homem, tinham que tomar uma decisão.
— Não vamos deixar ninguém entrar. – Tinha cabelo castanho, curto e arrepiado, com mechas loiras. Provavelmente tinha vinte e seis anos. Usava uma camisa comum preta e calça jeans azul. Tinha os olhos verdes.
— Mas Pablo, eles precisam de ajuda, e esse lugar era deles. – O que falava era seu irmão gêmeo, pois a única diferença aparente entre eles era as luzes no cabelo que um tinha e outro não.
— Ricardo, a gente não pode simplesmente... – Ele foi interrompido por uma jovem.
— A gente não pode simplesmente negar abrigo para todos, ainda mais por que o local é deles. – Loira, provavelmente dezenove anos. Usava uma camisa rendada branca e uma saia da mesma cor, além de um sapato preto. O cabelo era longo e levemente ondulado, descendo pelas costas. Os olhos eram verdes.
— A Leticia tem razão... – Ricardo voltou a falar, os olhares se voltaram para a única que não havia falado ainda. Uma mulher ruiva, de olhos verdes que usava uma roupa toda preta, um vestido curto rendado e uma bota longa preta. Seu cabelo era longo e uma franja caia pelo olho até metade da testa.
— Pra Jhess aqui tanto faz, podemos mandar eles embora depois. – Ela deu sua opinião, que foi mais decisiva do que ela achava, incrivelmente Pablo concordou rápido demais.

Percebendo a movimentação na casa, um cachorro, huskie de tamanho médio desceu as escadas. Seu pelo era dourado e branco. Sentou-se ao lado de Ricardo, que fez carinho em sua cabeça.

Quando a porta se abriu, outras quatro pessoas se revelaram. Um tinha o pé sangrando, a outra o braço.
— Eles foram mordidos? – Pablo interceptou Marina. Yara dava o ombro de apoio para Agnes.
— Não! – Marina quase empurrou Pablo, ele olhou com um pouco de raiva para ela, mas baixou a cabeça. Seu irmão ajudava a colocar a garota deitada no sofá da sala.

Yara baixou a camisa de Agnes sobre o ombro, tinha uma grande marca roxa.
— Meu Deus. Como você não desmaiou ainda? – Ela analisou que um osso havia se deslocado, e um corte enorme havia se formado. Decidiu rapidamente quem precisava ser cuidada primeiro. – Olha paizinho, vai ter que esperar.

— Tudo bem. Diga o que precisa. – Ele se sentou, estendeu a perna sobre o sofá.
— Preciso que fique parado aí. Marina, ache uma cinta ou alho do tipo. Alguém vê uma fita e um pano. – Apenas Marina se mexeu, os que estavam na casa se olharam, se perguntando se era com eles que ela falava. Mas Ricardo, se prontificou rapidamente. Já havia localizado tudo na casa e em meio minuto voltou do segundo andar com uma fita branca e um pano da mesma cor.

— O iluminado ali, segura ela. – Pablo teria ignorado a ordem, mas o olhar de seu irmão fez com que ele caminhasse até lá e colocasse uma mão sobre o ombro e outra sobre o braço dela.
— Olha Agnes... Obrigado por salvar... – Aproveitando que ela se distraiu, Yara forçou o osso para baixo. Agnes não sentiu nada no começo, depois, a dor veio como um trem. Primeiramente lenta e inofensiva, aumentando a cada segundo, e no quarto segundo ela gritou e mexeu o corpo, mas não conseguiu levantar nada além das pernas e do outro braço. – Meu pai.
— Acabou? – Agnes perguntou entre lágrimas de dor.
— Eu acho que... – Mais uma vez de surpresa ela forçou o osso, agora para cima, dessa vez para Agnes pareceu o dobro da dor, e ela gritou com o dobro de intensidade. – Acabou mesmo. Olha, até que foi mais simples do que eu esperava.

Yara ainda ficou mais uns minuto enfaixando o ombro de Agnes, o pequeno cachorro dos irmãos se sentou perto delas e observou a situação com olhos apreensivos.

Com Kwon fora mais fácil, era apenas um pé distorcido e ela consertou em segundos também, dessa vez o animal não mostrou muito interesse ou preocupação.

☆ ☆ ☆ ☆

Jhess subiu as escadas sozinha, mas já pressentia o "batalhão" chegando, e assim que bateu a porta de um dos quartos, ela abriu, confirmando suas suspeitas. Pablo foi o primeiro a entrar, não parecia muito feliz. Com cara de cú, como diria ela.
— Vocês estão doidos, é sério. – Ele disse e sentou em uma cadeira. Ironia, pensou Jhess. Não que fosse uma boa pessoa, não se achava uma, mas a casa era de Agnes afinal.
— Irmão, a casa é deles. Loucura seria a gente não ajudar. – Ricardo veio logo atrás. Eles lembravam Big Jim e Andy Sanders, daquele livro do Stephen King, Alguma Coisa Redoma. Com exceção que Pablo não parecia tão perverso quanto o Big Jim.
— Mas é pelo bem do grupo, se nos expulsarem, vamos sair por que a casa é deles? – Pablo argumentou, Jhess achou bem convincente, embora não fosse ficar nenhum segundo ali mais do que o necessário.
— Olha, não vamos ficar também. Temos famílias no Rio, e essa é a única coisa que nos mantém juntos. Então simplesmente vamos sair daqui e encontra-los. – Leticia falou, era uma pessoa bem mais inteligente do que poderia parecer, e provavelmente seria líder dali se precisassem de um, claro, Pablo não deixaria. Mas ela era mais sensata que ele.

E para completar o único que era realmente decente ali, Eclipse, o pequeno huskie veio ao lado de Jhess, que fez carinho nele, já eram bons amigos.

— Vocês vão para o Rio mesmo? – Para surpresa de todos, um dos recém chegados apareceu a porta, Marina. Pablo a olhou de canto.
— Vamos sim.
— Não vamos.

Pablo e Ricardo se olharam, os dois diziam pelo olhar: "Como assim?".
— Nós vamos também. Acho que nenhum de vocês tem uma médica, Yara pode ser útil. – Marina não costumava tomar a frente das coisas, nunca, mas dessa vez, somente dessa, ela quis resolver tudo rapidamente. Sabia que Yara precisava da mãe.

Pablo deixou a dúvida aparecer em seu rosto, mas logo a dúvida foi substituída por decepção, quando os três aceitaram sem nem pedir a ele sobre aquilo.

☆ ☆ ☆ ☆

Dois dias depois estavam todos prontos.

Agnes encontrou o corpo dos avós, haviam sido pegos, ela chorou por algumas horas. Se sentia culpada, mas ninguém a viu chorar. Agora, com um ombro enfaixado, ela parava na frente de um dos carros. Yara a convidou para ir junto, sabia que ela não duraria muito tempo por ali, sozinha e meio ferido. Se bem que Agnes era bem durona, mesmo contra os avisos de Yara, ela voltou a usar o braço direito, e não mostrou dor alguma.

Seu pai também se recuperou rápido, já não tinha nada além da dor muscular de uma distensão e uma cicatriz pequena no pé. Tanto que, para a infelicidade da jovem, ele que dirigiria. No carro dele iam os irmãos também, Pablo e Ricardo. E o cachorro, que havia sentado no colo de Yara, colocando a cabeça para fora enquanto eles davam a partida no carro.

Agnes se sentou no banco de trás, teria dirigido, mas a dor em seu braço voltou e ela achou melhor dar um longo descanso ao membro. Ao seu lado, Jhess se sentou. Na frente Leticia no volante e Marina ao lado. O carro ligou, em resposta ao da frente, que saiu também, sendo seguido pelo de trás.

Marina relaxou os ombros, pendeu a cabeça sob a janela. Ali parecia tudo tão intocado, ela poderia sentir se bem, se não soubesse que o mundo estava acabando. Deu um suspiro longo, enquanto observava a paisagem natural do local.
— Como acha que eles estão? – Leticia perguntou, na tentativa de começar uma conversa. – Suas famílias?
— A Isabela deve estar bem. Sabe se virar. – Marina disse e concordou mentalmente.
— Olha, eu preferiria que a minha estivesse morta já. Mas não é assim que funciona. – Jhess parecia mais estar falando sozinha. Marina e Agnes quase xingaram a garota, mas ela deveria ter suas razões para pensar daquele jeito. E tinha, mas preferia que ninguém soubesse.

No carro a frente, Ricardo e Yara conversavam alegremente, Yara ainda preocupada com a mãe, mas havia percebido que não havia outra escolha além de esperar. Ricardo a perguntou muitas coisas sobre medicina, ele era um tanto curioso e Yara percebeu rapidamente que ele só queria ver todos bem. Ele falou sobre o cachorro também, como ganharam o fiel companheiro como herança e a guerra que fizeram sobre ele destruir qualquer tecido. Ela viu também o olhar estranho de Pablo, provavelmente era contra Ricardo ter contanto com outros e quase fez um discurso sobre isso, mas preferiu ficar quieta. Kwon murmurava palavras em coreano, músicas provavelmente. Yara as vezes interrompia sua conversa para acompanhar ele por dois segundos e retornar a falar. Ricardo sempre achava graça disso, ao que parecia, estavam se dando muito bem.

E a viagem prosseguiu sem atrasos. Eles viram os carros parados ao chegar perto da cidade onde pretendiam chegar, já esperavam um pouco daquilo. Mas sentiram muito pelas pessoas que morreram ali, mas não podiam fazer nada. E enquanto se aproximavam do prédio de vidro em que Isabela Mantovani morava, finalmente encontraram o que estavam evitando esse tempo todo. Aquelas criaturas estavam ali. Por toda rua.

Kwon pisou no freio imediatamente e tentou dar a volta, mas foi notado pelos monstros. Leticia também parou o carro, viu que a movimentação começava a aumentar e os corpos jogados pelo chão começavam a se mover.

— Droga! O que a gente faz agora? – Leticia gritou perguntando a qualquer um de seu grupo. Kwon parou o carro ao lado dela.
— Não podemos voltar. Vamos ter que lutar com eles. – Kwon tinha uma arma em mãos. Yara desceu do carro também.
— Agnes! Você está... – Antes que Marina terminasse de perguntar, a mulher já estava fora do carro, tinha um rifle meio velho em mãos. Yara segurava uma faca extremamente afiada.

Pablo tinha um pé de cabra como arma e Jhess achou aquilo bem criativo, ela também tinha um revólver simples. Ricardo estava armado também.

— Que ótima recepção. – Jhess foi a última a se posicionar. O cachorro preferiu ficar no carro.


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Notas finais do capítulo

Então gente, é isso.
Esperando os comentários dos meus amados :v
Enfim, até mais.



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