POV Jemma

Lou nem perguntou nada quando cheguei em sua casa com os olhos vermelhos e uma mala ao meu lado. Apenas me abraçou e deixou que eu chorasse mais alguns minutos antes de tentar entender o que aconteceu.

—Jemma, baby, o que aconteceu? - ela tirava os fios de cabelo que caiam no meu rosto.

—Fitz me dispensou hoje. Disse que não poderia me buscar. - respondi, quando minha respiração voltou ao normal. - E quando eu cheguei em casa, ele estava com a Samantha.

Lou pareceu surpresa com a informação durante alguns segundos. E logo em seguida, raiva apareceu em seu rosto.

—Samantha? Do prédio de engenharia? - eu confirmei com a cabeça. - Meu Deus, ela é uma vadia! Hoje de manhã mesmo, ela conversava com uma das meninas falando sobre como vocês formariam um bonito casal - ela fez um barulho de nojo.

Porém, fiquei completamente confusa com a nova informação.

—Como assim?

—Desculpa Jemma, mas a notícia sobre vocês dois se espalhou na academia...

—Ah não! - minhas mãos tamparam meus olhos, tentando evitar o peso da vergonha sobre meus ombros.

—Vai ficar tudo bem Jemma. Ainda acho que vocês dois vão se entender.- Lou passou as mãos nas minhas costas tentando me acalmar.

—Acho que não, Lou. Eu creio que eu perdi meu melhor amigo.

Acabei ficando por ali mesmo, no sofá. Louise queria que eu fosse para o quarto de hóspedes, mas nem vontade de levantar eu tive, apenas fiquei observando as mensagens de Fitz caindo na caixa postal. Na manhã seguinte, quando ela acordou, eu já estava de pé há algumas horas.

—Fitz sai às 10. - olhei rapidamente no relógio. - Eu vou voltar no apartamento, e pegar minhas coisas. Provavelmente alugar algo perto da academia...

—Não, Jemma. Você fica aqui! Está na hora de eu arrumar uma colega de quarto mesmo. - ela sorriu animada. Não pude evitar me contagiar com sua animação.

Um pouco mais tarde tomei um táxi a caminho do apartamento, que como esperado, estava vazio. Recolhi alguns pratos que estavam na sala, apenas prova que Fitz tinha passado a noite na sala, provavelmente esperando que eu voltasse.

Dispensei os pratos na lava-louças, percebendo um pedaço de papel preso a um imã na geladeira, com um bilhete claramente na caligrafia dele.

Jemma

Por favor, venha até a oficina... Eu sei que você está brava, mas ontem não era nada que você estava pensando.

Rasguei o papel em pedaços antes de jogá-lo no lixo. Nunca é o que estamos pensando, realmente.

Entrei em meu quarto, também percebendo a presença dele ali. Juntei mais algumas coisas pessoais e alguns livros, percebendo que não ia conseguir levar tudo hoje.

De lá, acabei indo para o laboratório. A casa estava cheia, e todos me olharam quando entrei no prédio. Ignorei a maioria e segui para meu laboratório.

Samantha estava sentada na minha cadeira. Ela observava minhas amostras dispostas na estuda com um olhar curioso.

—Samantha? O que faz aqui? - nem me dei ao trabalho de ser gentil.

—Fitz me contou que você saiu do apartamento.

—Claro que ele te contou. - eu respondi cansada. -Então, o que te trouxe aqui? Me visitar não é um motivo, nunca fomos amigas.

—Não mesmo. - ela me olhou com desdém. - Estou aqui para dizer que você está fazendo uma burrada, e das grandes.

POV Fitz.

Jemma não atendia minhas ligações e isso me deixava cada vez mais preocupado. Queria ligar para Louise, para pelo menos saber se ela estava bem, mas não o fiz. Apenas continuei ocupando o espaço da sua caixa postal.

Na manhã seguinte, nenhum sinal dela ainda. Sabia que ela voltaria em casa algum momento, provavelmente depois que eu fosse para a Academia.

Ela realmente não tinha entendido nada da noite anterior. Eu tinha saído com Sam, mas ela não deixara meus pensamentos nenhum momento. Eu estava viciado em Jemma Simmons e não havia mais nada o que fazer.

E Samantha percebeu. Quando ela atestou que eu falara de Jemma a noite toda, perguntou diretamente há quanto tempo estávamos transando. Fiquei algum segundos surpreso com a pergunta e tentei mentir sobre isso, mas a garota apenas riu, dizendo que não tinha nascido ontem. A convidei para tomar um vinho e lhe contei a história.

—Essa garota é meio cega não é? - Samantha resmungou quando terminei o relato. - Eu e mais metade da academia sabemos sobre vocês...

—Não tem nada pra saber Sam. - neguei veemente. -Nós somos apenas amigos, sempre vamos ser apenas amigos.

Nesse momento a porta abriu e Jemma entrou, reclamando algo sobre deixá-la na Academia. Ela se calou assim que viu Sam, sorriu torto e foi para o quarto.

—Bem, essa é minha deixa. - Sam pousou a taça na mesa de centro. -Converse com ela, Leopold.

Ela saiu, e eu fui para a porta do quarto de Jemma, alguns segundos antes dela sair de lá, com uma mala.

E essa cena se repetia em looping na minha cabeça. A dor nos olhos dela quando ela gritou que não significava para mim, erroneamente. E eu simplesmente não fiz nada a não ser olhá-la partir. Esperava que ela atendesse meu pedido e viesse me encontrar.

No final da manhã, eu desisti de fazer qualquer trabalho. Meus olhos não deixavam a porta, esperando que ela entrasse, meu estômago se remexia a cada sinal de movimento no prédio. Acabei descendo, decidindo voltar para casa e esperar Jemma por lá.

Me deparei com ela sentada no capô do meu carro. O tempo estava fechado chovia um pouco. Seus cabelos castanhos já estavam ensopados e seus olhos encaravam a porta assim como os meus estavam minutos antes. Suspirei e sai do prédio ao seu encontro. Ela sorriu torto assim que me viu.

—Você devia sair da chuva. Vai pegar um resfriado... - eu disse, parando na frente dela. Jemma me encarou por longos minutos, sem dizer exatamente nada. - vamos focar apenas aqui tomando chuva?

—Fitz. - ela sussurrou. - Eu conversei com a Sam. Ela acabou de sair do meu laboratório.

—Jemma olha, nada disso tem imp... - ela se aproximou e pousou um dedo nos meus lábios, me calando.

—Leo, eu sei de tudo. Eu sei que não aconteceu nada entre vocês. Segundo ela "ele só falava de você, e das coisas que você fazia, e de como você era esperta. Até quando eu tentei beija-lo, ele falou de você. Jemma, o Fitz te ama!" - ela repetiu com uma voz meio alterada. Eu congelei com a escolha de palavras.

—E você acredita nisso? - eu perguntei, querendo entender onde ela queria chegar.

—Eu acredito. - ela suspirou

—Então você acredita nela... Mas nem me dá a chance de explicar? - eu disse, indignado. - Jemma, nós somos amigos há 2 anos e você acredita em alguém que não tem nem um semestre com a gente! - reclamei, minha voz um pouco alta. A rua estava deserta devido a chuva, que a cada momento ficava mais intensa.

—Ugh Fitz. - ela gemeu. - Desculpa se eu não conseguir adivinhar que você estava falando de mim com uma outra garota... Afinal, falar comigo você não veio.

—Você disse que íamos ser apenas amigos depois de tudo! -eu acusei.

—Mas as coisas mudaram Leopold! Você apenas me deixou acreditar que podemos ser apenas amigos.

—Jemma, eu nunca faria nada que você não quisesse. Eu te amo!

—Eu também te amo- ela falou nervosa, alguns tons acima. Assim que percebeu o que falara, cobriu a boca com as mãos.

Eu sorri. Aquelas eram as palavras que eu sempre imaginei saindo dela. Para mim.

Me aproximei a puxando para perto, e beijando seus lábios no meio daquela chuva torrencial.