—Mamãe,você pode ficar no meu quarto, eu vou dormir na sala. – disse, assim que cheguei no apartamento.

—Ah,querido, não se importe comigo aqui. Sei que você e Jemma devem dormir no mesmo quarto, eu não ligo para essas coisas, já sou bem moderna.- minha mãe puxou a mala pela sala, a colocando no meu quarto. Eu virei e sorri amarelo para Simmons. – Agora, se vocês não se importam, eu vou me recolher um pouco, descansar da viagem.

—Tudo bem, Senhor... Quer dizer, Mary - Jemma se corrigiu assim que mamãe a olhou feio.

Quando a porta do meu quarto foi fechada, imediatamente o sorriso da Jemma sumiu:

—Agora vamos ter que dormir no mesmo quarto também! - ela sussurrou estressada.

—Ainda bem que você tem uma cama de casal- eu disse,tentando melhorar a situação.

—Você ainda acha que vai dormir comigo na cama? Eu tenho um colchão extra, você vai estar bem nele.

—No chão?? - ela me olhou como se aquilo fosse óbvio.

—Vou tomar banho, se você quiser, sinta-se a vontade. - Jemma acenou a cama e se dirigiu ao banheiro.

Acabei deitando para esperá-la, vendo um episódio de Doctor Who. Acabei dormindo poucos minutos depois.

POV Jemma

Depois de ter certeza que fechara a porta, comecei a me despir do vestido que usava essa tarde. Fazia um pouco mais de uma semana que eu concordara em ser a namorada do Fitz enquanto a mãe dele estivesse aqui, mas fazia pouco mais de uma hora que ela estava aqui e já estavam acontecendo coisas fora dos planos.

Claro que eu não deixaria ele dormisse em um colchão no chão com uma cama enorme no quarto. Mas nós dois dormindo na mesma cama nas próximas três noites me assustava.

Liguei o chuveiro, entrando na água escaldante. Demorei com o processo  de me ensaboar e me enxaguar e hesitei por alguns minutos antes de me convencer de sair. Era apenas o Fitz, certo? Já dividimos a cama várias vezes, dessa vez não vai ser tão diferente.

Apenas depois de já está do lado de fora do box, enrolada na toalha, percebi que não tinha trago roupas para me trocar. Isso implicava sair apenas vestindo isso aqui. Respirei fundo e girei a maçaneta, espiando o lado de fora.

Fitz dormia jogado na minha cama, de forma bem espaçosa. Fui andando até meu guarda-roupa e peguei algumas peças. Voltando para o banheiro percebi que a cabeça dele estava completamente caída, o que iria fazer que acordasse com torcicolo. Pousei minha roupa na cama e fui tentar apoiar seu pescoço com um dos travesseiros.

—Jemma. - ele abriu os alarmado, me assustando também.

—FITZ! -eu acabei pulando para traz, segurando a toalha com mais força em volta do meu corpo.

—Já terminou seu banho? - ele disse, me olhando desde os pés até a cabeça.

—Ugh- apenas reclamei, pegando minhas roupas e voltando para o banheiro.

Devidamente vestida, fui para o quarto, encontrando Fitz ainda na mesma posição que eu havia o deixado:

—Então, quer fazer o que durante a tarde? - ele me perguntou, claramente decepcionado com o que eu vestia agora.- E ah, mais tarde vamos sair para jantar com a mamãe.

—Acho que podemos não fazer nada. -respondi - E jantar? Porque só fui informada agora? Eu sempre sou a ultima a saber?

—Não, mamãe decidiu isso quando chegamos. Saímos a oito. - Fitz se levantou, indo para sala. - Vou jogar videogame. Quer vir?

Acenei e o segui para a sala.

********

—Jemma, babe, você sempre morre na primeira fase de super Mario, como consegue? - Fitz ri, quando eu perdia pela quinta vez no mesmo ponto da fase.

—Eu não consigo passar e você não quer passar pra mim - joguei o joystick no colo.

Estávamos sentados como de costume: ele com pés na mesa e eu com as pernas sobre as dele. Por alguns momentos esqueci que Mary estava em casa, até a fechadura do quarto dele - claro, emperrada - fizesse barulho.

—Mamãe está vindo, eu vou te beijar, okay? -Fitz não esperou minha resposta, apenas me puxou para ele.

Nossos lábios se tocaram e fiquei alguns segundos sem reação antes de retribuir o beijo. Ele apoiou as mãos nas minhas costas e eu levei as mãos no seu cabelo, tentando trazê-lo o mais perto possivel. Eu queria mais. Um pouco antes que eu aprofundasse o beijo, Mary conseguiu sair do quarto e tossiu levente para anunciar sua presença. Eu e Fitz nos separamos e eu sentia as bochechas vermelhas, assim como os lábios os lábios dele.

—Olá, mamãe! - Fitz disse, tentando parecer desconcertado.

—Olá crianças. - ela respondeu, a voz divertida. - Acabei de acordar, estou com um pouco de sede. E vocês, o que estão fazendo? - ainda desnorteada, olhei para meu colo lembrando do joystick.

—Jogando videogame. Fitz ganhando, claro. - sorri para ele. De fora, qualquer um acharia que era um sorriso simpático, mas ele sabia que significava "não te mato agora porque teria testemunhas." A expressão vitoriosa dele se reduziu há uma de criança culpada.

A mãe dele observava tudo isso com um sorriso discreto, como se não acreditasse na nossa competição no jogo. A músiquinha de Super Mario tocando no fundo começava a me irritar e quando percebi que as mãos do Fitz estavam nas minhas coxas. Delicadamente as desci.

—Então acho que podemos nos arrumar para o jantar. - Fitz disse, depois no meu gesto- Mamãe, você vai adorar o restaurante que nós vamos. Foi no mesmo restaurante que eu e Jemma tivemos nosso primeiro encontro. - enquanto eu descia do sofá, tentava lembrar desse restaurante. Com certeza ele devia está falando do restaurante que fomos depois que recebemos nosso primeiro A em química. Era um restaurante chique.

—Parece bom, bebê- Mary disse, saindo do comodo com um copo de água na mão. 

Eu me levantei sem dizer uma palavra e fui para meu quarto. Fitz percebeu meu estado de espirito e me seguiu calado. Assim que ele fechou a porta atrás de si, eu me virei para ele.

—Tudo bem Jemma? - ele perguntou cauteloso.

—Nada bem, nenhum pouco bem. - reclamei. - Fitz, você não pode sair me beijando assim.

—Mas nós combinam..

—Eu sei o combinado. Mas você não pode me pegar de surpresa assim. Foi meio assustador. - eu mexia nos meus dedos, como fazia sempre que estava nervosa.

—Assustador? - ele se aproximou de mim, eu recuei, até encostar na parede. Ele chegou mais perto até seu corpo pressionar o meu levemente na superficie fria e seu rosto estar insuportavelmente perto do meu.- Me diga que você não gostou nenhum pouquinho...

Eu pisquei algumas vezes tentando raciocinar e podia sentir minhas bochechas voltando a queimar. Eu nunca fora muito boa com meninos, muito menos tinha visto Fitz assim, tão provocante. Nem quando ele me beijara pela primeira vez, há quase dois anos atrás.

Flashback: picnic no gramado da academia, uma semana depois da primeira aula de química.

Eu tinha feitos sanduíches(presunto e mussarela de buffalo, com um toque de pesto aioli. Eu e Fitz tínhamos acabado de passar uma semana como amigos, depois de algumas competindo irracionalmente. Ele, apesar de dois anos mais novo, me surpreendia a cada dia, e aquele especialmente ele estava estranho.

—Fitz, está tudo bem? - ele disse que não com a cabeça e se aproximou de mim.

—Eu só quero tentar uma coisa...- ele se aproximou e me beijou

O beijo foi doce, e eu fiquei de olhos abertos pelo susto, mas logo os fechei. A sensação era ótima, até que ele começou a rir nos meus lábios.

Fitz se afastou ainda rindo e eu não pude não acompanha-lo.

—Isso foi totalmente errado- ele exclamou. - Parece que vamos ser só amigos mesmo.

—De onde você tirou essa fala? De Crepúsculo? - eu completei, desconcertada. - Sim, melhor assim.

Flashback off

—Ah, você até que não beija mal. - consegui responder depois de um tempo.

Fitz me fitou por alguns minutos com aqueles olhos azuis que estavam me perturbando.

—Okay, vou ir tomar banho no meu quarto. - ele se afastou e saiu do quarto.