Leiam as notas finais...

Pov. Peeta.

Eu tenho uma teoria... diferente daquela teoria que eu apresentei no Distrito onze durante a Turnê da Vitória junto de Katniss... uma teoria sobre momentos. A vida possui vários momentos, dentre eles: os ruins, os bons ou até mesmo os “mais ou menos”. Para mim existem também aqueles momentos de impacto, aqueles simples segundos que podem mudar toda a sua vida e definir quem você é.

Com essa teoria ainda em mente, abro meus olhos deparando-me com a luz forte do quarto de Hospital... Hospital? Tento buscar em minha mente algo que denuncie o porquê de eu estar nesse ambiente. O acidente. Ah, sim. O terrível acidente que eu e Katniss sofremos, após o impacto, tudo de que me lembro é de ver o corpo de Katniss ser projetado para fora do carro e depois bater a cabeça fortemente no volante. Ouço vozes e alguém entra no quarto.

— Oh Peeta! – Clara veio em minha direção com uma expressão cansada no rosto.

— Cla-Clara... – Minha voz saiu rouca e falha.

— Como se sente querido? – Ela passa a mão por meus cabelos e vejo lágrimas em seus olhos. Sinto meu sangue gelar instantaneamente.

— Ka-Katniss... – Sussurro e ela nega com a cabeça.

— Apenas me diga como se sente. – Ela pergunta.

— Bem, muito bem. – Minto, a verdade é que parece que minha cabeça vai explodir, mas só quero noticias de Katniss agora. — Agora me fale, como está a Katniss?

— Descanse Peeta, falamos sobre ela mais tarde. – Ela faz menção de virar as costas para mim mais eu seguro sua mão. Meu coração bate rápido e estou ofegante.

— Por favor... – Imploro, mas ela parece decidida a não me dar notícias agora. — Tudo bem, então pode me dizer onde estamos?

— Na Capital. – Ela responde.

— Onde está Rye?

— Na mansão presidencial. Assim que eu fiquei sabendo do acidente avisei o pessoal e viemos de aerodeslizador. Paylor nos ofereceu a mansão e colocou várias pessoas para cuidar dele enquanto eu ficava aqui com vocês. – Ela suspira com um ar triste.

— Quanto tempo estamos aqui?

— Dois dias. Você não se machucou muito, alguns ferimentos foram internos, então te mantemos desacordado por causa das dores. – Assim que Clara termina de falar, um médico entra na sala.

— Como vai Sr. Mellark? – Ele pergunta pegando a minha ficha.

— Ótimo! Quando posso sair desse quarto? – Pergunto.

— Ao que tudo indica, depois do almoço. Vamos apenas fazer mais alguns exames e pronto, está liberado. – Ele sorri. — Vou assinar sua alta.

Dito isso ele sai do quarto, Clara me guia para uma sala e lá eu faço vários tipos de exames como, exame de sangue, pressão arterial, raio x e outros. Assim que termino volto para o quarto e tomo um banho, vestindo um terno de roupas deixado por Clara em meu quarto.

— Seus exames foram ótimos, você já está pronto para outra. – O médico brinca e eu sorrio amarelo.

Saio do quarto seguido por Clara.

— Antes de qualquer coisa, eu quero que você me diga o que houve com Katniss. – Digo e ela me encara, andamos até a lanchonete e compramos um lanche.

— Primeiro, você precisa me prometer que vai manter a calma, você sabe que independente de qualquer coisa, Rye precisa de você. – Ela dá uma pausa.

— Sim, eu sei. Agora me diz, onde está a minha mulher?

— Peeta... – Ela suspira. — Katniss está em coma, e infelizmente não temos certeza se ela vai voltar.

*-*

E então, minha teoria vem à tona, cada um de nós é a soma total de todos os momentos que já experimentamos com todas as pessoas que conhecemos.

Uma semana depois...

— Deixarei você ficar um tempinho a mais hoje. – Clara me diz com um sorriso triste.

Já com as devidas roupas entro no UTI. Encaro o corpo de Katniss, sua pele está pálida, e sua boca ressecada. Nunca a vi num estado tão desesperador.

— Oi minha caçadora linda... – Digo deixando uma lágrima cair de meus olhos, está sendo assim todas os dias da última semana. Eu venho e converso com ela, fico aqui o máximo que os médicos permitem. — Eu só quero que você saiba, que o nosso filho está bem, Johanna tem cuidado bem dele sabia? Está sendo uma ótima madrinha. – Sim, escolhemos Johanna e Gale para serem padrinhos dele. — E eu também quero que você saiba, que eu te amo demais Katniss. E esses dias sem você tem sido uma tortura, e eu estou os comparando com aquelas que eu sofri nas mãos dos capangas de Snow. Só... acorda logo ok? Precisamos de você.

— E então, como ela está? – Johanna pergunta assim que saio da UTI.

— Na mesma, ela não acorda! – Passo a mão pelos cabelos.

— Ela vai acordar Peeta, ouviu o que a mãe dela disse, é só uma questão de tempo. – Annie diz tranquilamente.

— Eu sei... é só que... – Paro um pouco. — É difícil ver ela assim sabe?

— É difícil para a gente também padeiro. – Gale suspira. — Conheço aquela garota a anos, ela nunca ficou tão parada assim, sinto falta da sua inquietude.

E é assim que temos vivendo essa última semana, o pessoal vem aqui e fica algum tempo, mas logo voltam para a mansão, principalmente as meninas que precisam amamentar, esse é outro problema que enfrentei quando pude deixar o hospital, Katniss não pode amamentar nessa situação, então Rye tem se alimentado de um tipo de leite que Paylor arrumou, segundo ela os bebês se alimentam disso quando suas mães morrem ou quando não dão leite o suficiente para alimentá-los. É claro que não faz bem para ele tomar isso, não tem as proteínas que ele precisa, mas é só uma questão de tempo até Katniss acordar e as coisas voltarem ao normal.

*-*

Saio da mansão às pressas, Clara que estava fazendo plantão hoje à noite, acabou de me ligar avisando que Katniss deu alguns sinais de melhora e que todos acreditam que ela acorde essa noite. Procuro manter minha respiração calma e não atropelar ninguém durante o percurso até o Hospital. Assim que chego, estaciono o carro de qualquer jeito na garagem e entro correndo encontrando uma Clara sorridente na recepção.

— E então? Ela acordou? – Pergunto animado.

— Não, mas vai acontecer em breve, vem comigo, já colocamos ela no quarto.

Saímos da recepção e entramos em um quarto, Katniss está deitada sobre a cama, agora tem apenas um aparelho ligado a ela, o medidor de batimentos cardíacos, graças a Deus ela pode respirar sozinha. Abaixo meu olhar para sua mão esquerda e vejo sua aliança no dedo anelar, assim como o colar que eu lhe dei no pescoço.

— Achei que fosse gostar de vê-la assim, com seu presente e com a aliança. – Clara sorri.

— Sim, eu gostei. – Digo sorrindo. — Obrigado.

Ouvimos alguém ressonar e Katniss se mexe na cama. Ela está acordando, depois de uma semana, minha Katniss está acordando. Sua medica entra no quarto com um sorriso no rosto.

— Sei que não querem sair de perto dela, mas não se aproximem muito, ela vai estar zonza quando acordar. – Ela murmura.

Katniss passa a língua sobre os lábios ressecados para umedecê-los e começa a abrir os olhos lentamente.

— Oi! – É a única coisa que consigo dizer, apesar de que meus lábios estão rasgados em um sorriso largo.

Katniss observa o lugar onde está e depois se volta para mim. Seus olhos cinzas cintilam fortemente.

— É muito bom te ver acordada. – Digo ainda sorrindo.

Ela me olha e uma expressão confusa atravessa seus olhos cinzentos.

— Katniss, está tudo bem filha. – Clara se aproxima dela. — Você sofreu um acidente e bateu muito forte com a cabeça. Mas agora está tudo bem... você só dormiu por alguns dias.

— Como você se sente? – Pergunto calmamente.

Katniss me olha novamente, eu não estou entendendo essa reação, conhecendo ela como eu conheço eu diria que ela estaria arrancando todos aqueles aparelhos e se lançando em meus braços.

— Minha cabeça dói, e minhas mãos também. – Ela responde olhando para mim.

— Isso é normal. – A medica diz e eu e Clara trocamos um olhar confuso. — Vou te dar um medicamento.

Quando a medica faz menção de sair Katniss olha para a mãe.

— Mais alguém se machucou? – Ela pergunta.

Eu a olho incrédulo. Como assim? Mais alguém se machucou? Eu estava no carro com ela. Isso não está me parecendo nada bom. Ah não ser que... não! Isso está fora de questão. Ou não?

— É... – Pigarreio sentindo a voz falhar. — Katniss, você sabe quem eu sou, certo? – Pergunto com receio na voz, mas isso só pode ser coisa da minha cabeça. Seria impossível Katniss me esquecer, ela só está lesada por causa dos dias em que passou desacordada e por causa dos medicamentos fortes. Tem que ser isso...

— Mas é claro que eu sei... – Ela responde me encarando. Não vejo mais amor em seus olhos, na verdade não vejo nada. — Você é Peeta Mellark, o filho do padeiro do nosso distrito.

Continua...