Safe and Sound... escrita por Day Alves


Capítulo 30
Carrinhos de bate-bate...


Notas iniciais do capítulo

Oii tributos! Quero agradecer aos comentários do capítulo passado, você são perfeitos!

Boa leitura! ♥



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Eu passei o resto da tarde no último vagão, não tinha vontade de ver ninguém, nem falar com ninguém. Minha mãe, Annie, Johanna e Effie foram até lá várias vezes tentar me animar, mas não deu muito certo. Somente pedi para que mandassem alguém me trazer o almoço aqui. O sol já estava quase se pondo quando ouvi alguém entrar.

— Eu já disse que não vou sair daqui... – Digo olhando o horizonte através das janelas.

— Tudo bem, prometo que não vou te incomodar. – Diz Peeta se sentando ao meu lado, também encarando o horizonte.

— Eu pensei que fosse a Effie. – Digo o encarando.

— Eu só queria vê-lo. – Ele aponta e eu vejo o sol de pondo. — Não é mesmo lindo?

— Sim... Apesar dele me apavorar um pouco. – Digo encarando o tom amarelado do céu.

— Por que ele te apavora? – Peeta pergunta.

— Porque significa que o sol está indo embora e que em breve vira a escuridão. – Paro um pouco. — E com isso, meus pesadelos.

— Você também tem sofrido com isso?

— Oh sim, tenho passado as piores semanas da minha vida. E não pense que eu estou te cantando. – Digo e Peeta ri.

— Não, acho que depois de ontem, você deve estar morrendo de raiva de mim. – Ele diz e me encara.

— Estou com mais raiva do que você me disse hoje, do que o que você me disse ontem. – Digo.

— Por que?

— Porque ontem você estava bêbado, não sabia o que estava dizendo. Hoje não, hoje você estava bem sóbrio. – Digo deixando toda minha frustração transparecer em minha voz.

— Desculpe-me Katniss, eu não quis te magoar.

— Você nunca quer.

— E mesmo assim magoo.

— É como eu disse uma vez... somos carrinhos de bate-bate. – Digo me levantando.

Caminho até a porta e a abro, paro uns instantes esperando que Peeta me peça para ficar, como ele não diz nada eu vou para meu quarto.

Assim que entro em meu quarto vou direto para o banheiro, depois de vomitar todo o meu almoço, escovo os dentes e entro no boxe. Tomo um banho relaxante, apesar de me sentir muito fraca. Visto-me e me deito na cama. Logo ouço batidas em minha porta e minha mãe entra.

— Já vamos ir jantar. – Ela diz.

— Eu não vou. – Digo com a voz falha.

— O que você tem Katniss? – Ela pergunta.

— Não sei, me sinto fraca.

— Quer que eu te examine?

— Não, não se preocupe, eu estou bem. Depois do jantar você passa aqui. – Digo sentindo um forte cansaço me abater.

— Tudo bem, mas tente dormir um pouco.

Minha mãe deposita um beijo em minha testa e sai do quarto. Alguns minutos depois, deixo-me levar pelo sono.

*-*

Acordo-me sobressaltada no meio da noite, havia acabado de ter um pesadelo com bestantes e Prim. Eles corriam atrás dela, e eu tentava ajuda-la mais no fundo eles a pegavam e dilaceravam seu corpo. Quando vejo já estou chorando desesperadamente, deito-me novamente na cama tentando abafar meu choro com o travesseiro. E como todas as vezes depois de ter um pesadelo eu penso nele. Peeta. Penso como eu estaria agora se ele estivesse aqui. Mas ele não está, e pelo jeito nunca mais vai estar. E mais uma vez como todas as noites a realidade me cai como uma adaga no peito. Ele não vai voltar para mim, nunca mais. Levanto-me da cama ainda chorando e encaro meu rosto ao espelho. A marca do corte que Peeta fez em mim ainda permanece em meu pescoço, mesmo depois de dias. Volto para a cama e tento voltar a dormir, mesmo sabendo que isso será impossível. Horas se passam e nada do sono voltar, quando olho para o relógio já são 5:00, então eu levanto-me e vou para o banheiro. Após tomar um longo banho de banheira, visto-me e vou para o último vagão, vejo o nascer do sol e em seguida me encaminho para o vagão que será servido o café da manhã. Assim que entro percebo que ainda não tem ninguém por lá. Alguns funcionários vêm até mim e começam a me servir com o café. Logo Haymitch e Effie entram de mãos dadas, sorrio ao vê-los e eles se sentam comigo, logo depois chega Johanna e Gale, minha mãe junto de Annie e Beetee e por último Peeta e Enobaria que parecem estar em uma conversa super descontraída.

— Tudo bem, docinho? – Haymitch que até agora não tinha me proferido uma palavra se quer, me pergunta. Eu o encaro um pouco sem entender e ele sorri. — Ouvi seus gritos a noite.

— Estou bem... – Digo encarando meu prato.

— Você tem falado com o Dr. Aurelius? – Haymitch pergunta.

— Não...

— Você tem tomado seus remédios? – Ele pergunta novamente e eu me irrito.

— Não Haymitch, não tenho.

— Você sabe que precisa... – Ele diz também se irritando.

— A única coisa que eu preciso é morrer! – Digo já sentindo as lágrimas inundarem meu rosto.

— Eu ouvi você chamar o nome dela. – Encaro Gale e vejo que ele tem lágrimas nos olhos.

Agora todos nos encaram, eu me levanto jogando o guardanapo sobre a mesa e indo em direção ao último vagão, o único lugar dentro desse trem que realmente me acalma. Depois de uns minutos lá dentro, eu finalmente avisto a estação da Capital, um pânico excruciante toma conta de mim e eu me seguro para não chorar novamente. Vou para meu quarto e vejo que minhas malas já estão prontas, pego-as e vou de encontro aos outros.

Assim que descemos na estação, Haymitch e Effie conversam com algumas pessoas, é claro que a estação está cheia de repórteres e câmeras. Tento não parecer muito desconfortável e finjo sorrir algumas vezes. Logo Haymitch e Effie nos encaminham para alguns carros, teremos que nos dividir para ir em três carros então logo Effie decide: Peeta, eu, Enobaria e Annie iremos em um carro. Ela, minha mãe, Haymitch e Beetee irão em outro e por último Johanna e Gale. Annie senta na frente com o pequeno Finnick e eu me espremo no carro ao lado de Peeta, e Enobaria fica do seu outro lado. Eles conversam o trajeto inteiro, e ela passa a mão em torno de seu pescoço enquanto sorri para ele. Assim que paramos de frente para um grande portão sinto meu sangue gelar e minha cabeça doer.

— Pare o carro. – Eu digo com a voz trêmula. O motorista parece não entender. Mas eu entendo, estamos de frente para o portão da mansão Presidencial. A mansão de Snow.

O motorista para o carro e eu desço já com lágrimas caindo de meus olhos. Assim que encaro o portão a minha frente caio de joelhos no chão. Eu estou em cima do lugar onde minha irmã foi morta. Meu choro passa de um murmuro para gritos de desespero. Soluços agoniantes saem de minha garganta, até que sinto alguém se ajoelhar do meu lado, sinto os braços de Peeta me apertarem em um abraço que deveria me acalmar, mas do contrário só piora as coisas. Vejo os outros carros pararem e minha mãe parece não acreditar, mesmo assim ela corre até mim e tenta me acalmar. Mas eu pareço ter entrado em uma crise de choro bem profunda.

— Katniss... – Haymitch se ajoelha diante de mim. — Vai ficar tudo bem.

Ele levanta minha cabeça e eu vejo o quão triste ele está.

— Olha para mim, você confia em mim? – Ele diz e sinto uma pontada em minha cabeça. Logo vários flashes passam diante de meus olhos, primeiro Peeta e Johanna sendo torturados, depois Prim morrendo, tudo nessa maldita mansão.

— Prim, Peeta, Johanna. – Falo ainda chorando. — Tudo aqui Haymitch.

Ele me encara e depois desvia seu olhar para alguém atrás de mim.

— Katniss, eu devia ter lhe falado. – Effie se põe na minha frente. — Paylor nos ofereceu para ficar aqui, Katniss... amanhã vocês darão a entrevista e depois de amanhã bem cedo iremos embora. Eu prometo. – Ela diz.

— Não posso Effie... não posso! – Digo em desespero abaixando a cabeça. Outra pessoa se põe em minha frente, está por sua vez pega em meu queixo fazendo eu encarar seus lindos olhos azuis.

— Pode sim, veja. Eu posso, depois de tudo. Sinto-me forte para entrar lá dentro. Confie em mim Katniss, vai ficar tudo bem. – Ele diz limpando minhas lágrimas.

— Da última vez que você me disse isso... no outro dia você me deixou, como posso confiar em você? – Pergunto tirando sua mão de meu rosto.

Levanto-me com dificuldade e abro o imenso portão com um estrondo, sou recebida por Paylor assim que termino de subir as imensas escadas até a porta da frente da mansão.

— Katniss...

— Depois daquele portão... eu ainda sinto o cheiro do sangue da minha irmã lá fora. Como podem pedir para que eu fique aqui? – Digo.

— Eu sei que é muito difícil para você, como também é para os outros vitoriosos. Inclusive Peeta e Johanna. Mas peço a colaboração de vocês, será por pouco tempo. – Paylor diz.

— Isso não está mais em discussão, ficar ou não aqui... A Capital nunca muda, ela sempre nos obriga a fazer o que ela quer. – Digo passando pela porta da frente.

— Vocês podem ficar em seus respectivos quartos, onde vocês ficavam antes, antes de... Katniss assassinar Coin. – Ela me encara, mas não tem medo, raiva ou desconforto em seus olhos.

Vou para o meu quarto e jogo-me na cama, não saio de lá até minha mãe vir me avisar que está na hora do almoço. Andamos pelos corredores da mansão até a sala de jantar, todos já estão a mesa, sinto um imenso desconforto ao ver Enobaria e Peeta conversarem e rirem um para o outro, será que ele é retardado ou o quê? Afinal, ela nunca foi torturada ou algo do tipo, ela esteve ao lado de Snow o tempo todo. Os funcionários começam a nos servir e começamos a comer em silêncio. Até Paylor entrar e começar a almoçar conosco.

— Será que eu posso sair depois do almoço? – Pergunto para Paylor que me olha de forma gentil.

— Claro que sim, pode ir aonde você quiser Katniss, você não é minha prisioneira. Nenhum de vocês são. – Ela sorri.

Terminamos de almoçar e eu chamo as meninas para dar uma volta na praia, no final vamos todos juntos. Haymitch e Effie andam de mãos dadas pela areia da praia, assim como Johanna e Gale, já Enobaria está agarrada no braço de Peeta e Annie anda junto de mim e minha mãe com Finnick nos braços. Andamos assim e conversamos sobre coisas aleatórias, até eu chamar a Johanna e mostrar para ela um pequeno penhasco de no máximo uns dez metros de altura.

— Temos que pular dele! – Ela diz sorrindo.

— Pular de onde? – Gale pergunta mais já é um pouco tarde, começamos a correr o mais rápido que pudemos até a beira do penhasco enquanto os outros veem correndo até nós.

— Você não vai pular daí com um filho meu na barriga. – Gale diz quando Johanna já está na beirada, ela suspira contrariada e volta para trás.

Eu também estou na beirada, um passo e eu despenco. Olho para baixo e só vejo água. O que pode ter de mais? Tiro minha blusa e minha calça, e olho para os demais. Levanto meus braços como fiz no dia em que mostrei meu vestido de casamento do programa do Caesar. O vento bate frio em meu rosto e a adrenalina toma espaço.

— Katniss... – Ouço a voz de Peeta estremecer e vejo ele, Gale e até mesmo Hatmitch virem até mim. Mas já é tarde, tomo impulso e me jogo.

Ainda posso ver eles debruçados na beira do penhasco antes da água me atingir com força e eu afundar.


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Notas finais do capítulo

Oii de novo! Espero que tenham gostado, não deixem de comentar! Beijos... *-*

E que a sorte, esteja sempre ao seu favor! ♥

Até breve! ♥