Inequações do Amor escrita por May Winsleston


Capítulo 14
14. Xeque-Mate


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas, e provavelmente chateadas comigo >.< Eu sei, por isso, primeiramente, peço perdão. Sei que desapareci por meses, mas eu realmente estava preocupada com o fim desta história, não gosto de deixar coisas inacabadas e isto estava realmente me remoendo, então aceitem, por favor, minhas desculpas. Segundamente, este é o penultimo capítulo. Está na hora de dizer adeus :( Bem, não os impeço mais, boa leitura!



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— Joane, e-eu não sei o que fazer. – falei, fingindo a voz mais chorosa possível – A Kiara é uma megera – senti minha amiga me dar um tapa de leve no braço e rir – e eu me sinto tão só e...

— Eu te disse pra não falar com ela amiga... Quer que eu passe mais tarde em sua casa? Podemos tomar sorvete e assistir a algumas novelas mexicanas.

— Mas e o Zack? – estava assustada com a resposta, mas precisava parecer convincente se quisesse que tudo desse certo.

— Eu desmarco. Amigas são mais importantes que namorados. – riu, fazendo Kiara soltar um palavrão baixinho.

— Obrigada, amiga. – encerrei a chamada e me virei para Kiara que olhava o telefone e sussurrava algumas ameaças.

— Não acho que o Zachary tenha feito alguma coisa com ela, sendo sincera. – falou, por fim, se levantando da cama e indo até o armário. – Não conheço muito o nerdzinho, mas, ele não parece ter a Joane como alguém que ele fosse beijar, imagina mais que isso.

— Não foi bem isso que ela contou...

— E desde quando a Joane é a pessoa mais sincera do mundo, hein, Elizabeth? Pelo amor... Às vezes sinto vontade de entrar na sua cabecinha só pra tentar entender como é o mundo pra você. As pessoas são ruins, e elas mentem quando querem. Como ainda não percebeu isso? – ela suspirou e puxou um vestido preto de seu cabide. – Então, qual é o plano?

— Que tal uma festa? – perguntei, observando a loira se deslocar até o banheiro.

— Hmm.. Estou com cólica e no modo gótica trevosa que pode acabar com qualquer um que se meter no caminho. Quer mesmo saber se estou afim de uma festa? – ri assentindo – Tá. Me convenceu.

Após o banho, fizemos os preparativos e convidamos uma boa parte da escola, incluindo o Zachary. Não podíamos fazer em minha casa, então sobrou para a Kiara, já que os pais dela ficariam no hospital a noite inteira, e a Joane não desconfiaria se a Kiara não a chamasse. Elas provavelmente já se odeiam.

Com todos os convites já enviados – obrigada, querida internet – fomos atrás dos alimentos e de umas coisinhas mais, que fariam parte do ápice de nossa comemoração. Quando acabamos tudo já era cerca de 16:00. Foi aí que algo chamou atenção de minha amiga.

— Liz, parando pra pensar, o Zack viria para uma festa que eu o chamasse? Sabe que ele é uma parte indispensável de nosso plano, não é?

— É verdade. Da ultima vez ele estava na minha casa, mas duvido que o Zack seja o tipo de garoto que iria pra uma festa voluntariamente. – bufei. Tudo tinha que dar certo hoje e o Zack seria uma peça chave para desmascarar a Joane. E tudo parecia ter voltado a estaca zero, até que uma luz surgia no meio do breu. – Mas, eu sei de alguém que iria. – falei, minha face sendo tomada por um sorriso largo. – Vamos!

¨ ¨

— Como me encontraram? – o garoto perguntou, sem tirar a atenção do computador.

— Com um GPS é que não foi ne... – Kiara cochichou, talvez um pouco alto demais.

— Perigosa... – Jake comentou, virando finalmente a cadeira em nossa direção – Gosto mais dessas. – sorriu devasso.

— Nem vem, estranhão. – minha amiga revirou os olhos e se afastou, sentando na cama do garoto.

— Isso é um convite? Eu meio que li que quando as garotas dizem ‘não’ elas querem dizer ‘sim’.

— JAKE! – gritei, não aguentando mais a tagarelice do garoto.

— Quê? Não viu que ela estava quase na minha? – sussurrou.

— Não estava não! – Kiara replicou, olhando os pôsteres do garoto.

— Já vou, princesa! – bufei, fazendo com que o garoto me notasse – Mas, enfim, vocês não responderam. Como me encontraram?

— Não foi tão difícil. Só fomos até a escola e pegamos seu endereço com um dos nerds. O nome dele era... Como era mesmo o nome dele, Liz?

— Alberto! – disse, orgulhosa pela minha ótima memória.

— Tá, mas como sabiam que eu estaria em casa? – suas sobrancelhas estavam arqueadas. Ele parecia não entender a situação dele.

— Bem... – comecei, tentando ser o mais gentil possível, mas logo fui interrompida pela sempre sincera, e agora um tanto irritada, Kiara.

— Olha, você vive fazendo piadas idiotas, só tem amigos nerds, sempre está grudado no computador da biblioteca, não seria a escolha mais óbvia? Quer dizer, a Liz ainda tinha algumas dúvidas, sei lá o que passa nesse imaginário dela, mas para mim era obvio que você estaria jogando no seu quarto, ou nos sites proibidos para você. E olha só, eu estava certa. – ela levantou da cama do garoto e caminhou até ficar de frente para ele, se agachando um pouco – Mas eu já estou ficando estressada. Vamos direto ao ponto. Festa em minha casa hoje. E por um milagre da vida, você está convidado, ou melhor, estou convidando você desde que seu amiguinho metido a herói também apareça.

— O Zack?

— Esse mesmo. Agora precisamos ir. – falou, me puxando pelo braço – É melhor que apareçam! – antes que pudéssemos ouvir a resposta do garoto, Kiara esticou meu pulso nos fazendo sair da vista do Jake, não sem que antes eu pudesse ouvir seu suspiro acompanhado de um “Wow, estou amando?”, o que me fez rir.

— Acho que ganhou um admirador. – falei, enquanto saiamos da casa creme.

— Que ele me admire de bem longe. Garoto irritante. – revirou os olhos e seguiu para o carro.

— Ele até que é boni...

— Quer desistir do Zack e ficar com ele então? – fui interrompida. Apenas neguei com a cabeça e entrei no carro, tentando esconder o riso que queria sair. A minha Kiara tinha voltado a todo vapor, e eu realmente amava isso.

¨¨

— Como conseguiu tudo isso? – perguntei, observando os microfones e fios que se entrelaçavam e sumiam entre os moveis e objetos do quarto de minha amiga.

— Kyle. – respondeu breve, dando de ombros.

— Kyle? – perguntei mais pra mim mesma do que para ela. Eu já tinha ouvido aquele nome antes, mas de onde... Ah! – Kyle é o garoto do cinema? O loiro...

— De olhos verdes. Sim, esse mesmo. – ela tirou nossa foto da escrivaninha e a escondeu numa gaveta. Logo depois tirou de lá uma foto de família e colocou no lugar. – Apesar de pertencer ao grupinho de populares e do time, o Kyle é um super nerd tecnológico. Ele realmente ama essas coisas e todo seu conhecimento e conversas chatas sobre cabos e resolução vieram a calhar. Ah, e não vamos esquecer dessas belezinhas – falou, enquanto escondia o microfone atrás do CPU. Liz, lembre-se que você deve conversar o mais próximo possível do meu computador e da cama, mas não deixa a irritante da Joane tocar nos meus travesseiros, o microfone está escondido atrás deles.

— Eu ainda estou tentando entender essa sua proximidade com o Kyle...

— Ai! – bufou, logo rindo. – Você não existe, Elizabeth. É uma longa história que merece tempo para ser contada e ouvida e o que a gente menos tem agora é isso. Marquei a festa para as 20:00, e agora são – ela olhou o relógio em seu pulso – 19:12! É melhor ir se arrumar, esteja aqui logo, não quero que esse povo bagunce minha casa toda. Pedirei que o Kyle mande uma mensagem pra Joane assim que a festa começar e você faça o seu papel, prove que herdou algum talento de sua mãe!

— Pode deixar! Mais algum comando capitã? – perguntei, batendo continência. Kiara riu.

— Vai pra casa e tome um banho, soldado! Fique o mais linda que conseguir e prepare-se para agarrar seu homem e desmascarar uns filhos da...

— Okay! – interrompi – Não desonre os pais dessas duas pestes, eles não pediram para ter filhos assim. – minha amiga deu de ombros.

— Tanto faz. – disse, me empurrando para a porta – Agora eu também preciso ficar linda, afinal tenho uma festa para dar. Assenti, saindo da casa e pegando meu celular na bolsa, logo abrindo o aplicativo de chamadas e selecionando o contato mais recente. – Alô, Jo? – falei assim que a garota atendeu – Não estou nada bem. Posso te encontrar no seu trabalho? – E em pouco tempo, o encontro já estava marcado.

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— Eu sabia que a Kiara era uma falsa, mas tentar te jogar contra mim, aí já é demais... – falou.

— Sim. Eu não aguentei, me perdoe porque eu nem pude te defender direito, eu apenas disse que ela era uma mentirosa e saí correndo de lá. Me perdoe, Jo, mas eu realmente não quero mais ver a cara da Kiara. – chorei.

— Não se preocupe, vou cuidar bem de você, tá. Eu até iria sair com o Zack, mas acho que não posso deixar minha amiga na mão numa hora dessas, certo? – apenas assenti, enxugando algumas lágrimas que, com muito esforço, caíram – Devemos nos animar, eu realmente odeio este clima triste! Podemos ir pra um karaokê, ou talvez uma boate, o que acha?

— Acho melhor não. – neste momento pude ouvir o som de notificação do celular da garota, era o momento em que saberíamos se o plano da Kiara iria dar certo ou não. Joane rapidamente pegou o telefone e dividiu sua atenção entre eu e o aparelho. – Eu não estou bem o suficien...

— Já sei. – interrompeu.

— Han? – questionei, por dentro eu apenas desejava que a mente observadora de Kiara estivesse correta nos seus palpites.

— Já sei para onde podemos ir! – bradou, desapoiando os braços do balcão da lanchonete, que já ia fechar. – Vamos para uma festa.

— Festa? Quem daria uma festa no meio da semana? – perguntei, já sabendo a resposta.

— Uma pessoa que merece vingança por fazer minha amiga sofrer tanto! – Joane sorriu, uma expressão que eu nunca havia visto antes brotou em sua face, antes tão angelical. O que poderia ser aquilo? Felicidade? Não... A felicidade não deveria ser tão macabra e vingativa quanto aquela expressão.

— Kiara? – chutei.

— Obviamente! Ninguém deve mexer com um amigo e sair impune. Vamos dar um jeito naquela garota e fazer com que ela nunca mais queira aparecer em nossa frente! – riu. Eu acho que riria também se eu fosse a Liz de alguns dias atrás, mas agora tudo parece tão diferente, tão distante do que costumava ser. Será que algum dia poderemos ter aqueles bons tempos de volta? Suspirei.

— Acho melhor não. – Apesar de fazer parte do plano, parte de mim realmente não queria ir até lá. Eu estava com medo, afinal, apesar de todas as coisas Joane era alguém que eu amava e, apesar da traição, existem sentimentos que são difíceis de apagar, independente do quão dolorosos eles podem ser. O que eu sentia por Joane era um desses sentimentos, uma mistura de dor e amor, e tudo isso fazia com que as pequenas feridas ardessem ainda mais dentro de mim.

— Ah, qual é! Não me diga que está com pena da Kiara. – Não, estou com pena de você. De nós. – Vai me dizer que não quer tirar esta história a limpo? Não seja boba, Liz, se fosse ela no seu lugar faria o mesmo, ou até pior. – Faria? Ela não fez quando eu matei os sonhos dela... Ela realmente iria me humilhar na frente de toda a escola? Ela realmente iria num nível tão baixo como eu estou indo? Droga, Elizabeth, decida-se!

— Tá! – me levantei, enquanto secava as lágrimas que já não eram mais resultado de uma atuação. Peguei a chave do carro na bolsa e tentei parecer o mais alegre possível, enquanto dirigia, rumo a uma decisão.

¨ ¨

“Mãe.” – enviei. Sem resposta. Ainda assim decidi continuar. “O que eu devo fazer quando não sei ao certo o que fazer? Pareceu confuso? É que eu preciso tomar uma decisão, onde eu posso acabar machucando alguém. E, eu não quero machucá-la, mas ao mesmo tempo eu quero e... AH! Isso está me corroendo... Mãe, assim que ler esta mensagem, me responde, por favor!” – logo que a mensagem foi enviada, o sinal que indicava que ela havia sido lida apareceu e com ele a indicação de que a pessoa do outro lado estava digitando.

“Sua mãe está no banho agora, princesa, mas seu pai pode te ajudar?”

“Por favor!” – pedi, clicando rapidamente nas letras na tela.

“Como diretor renomado de cinema e como bom espectador de filmes eu diria siga o seu coração, porém como pai, e como espectador da vida real eu te digo, faça o que queria que fizessem com você.”

“Han? Eu acho que gostei mais do siga seu coração, papai >.<.”

“Mas seu coração está bem agora? O coração pode ser bem estupido de vez em quando. O coração faz com que as pessoas hajam por impulso, e às vezes o impulso é a pior decisão possível. Portanto, nessa hora, é melhor que faça com que esses dois órgãos teimosos trabalhem juntos. É hora de juntar sua razão e emoção, então tome essa decisão pensando em como você se sentiria no lugar da pessoa.”.

“No lugar dela? Mesmo que tenha sido eu a machucada?” – aquela conversa não parecia fazer sentido para mim.

“Filha, uma coisa que eu aprendi durante esses anos da minha vida foi que as pessoas não fazem as coisas sem um motivo. Até mesmo serial killers tem um motivo, seja esse motivo seu próprio transtorno. Não estou dizendo que seja certo machucar os outros ou que esse tipo de ação não mereça uma punição. Merece. Mas ela também merece uma razão para ter acontecido. Você sabe qual é a razão?” Não. Eu não sabia. Parando para pensar, tinha muita coisa que eu não sabia. Eu não sabia da revolta da Kiara, eu não sabia das traições do Kai, eu não sabia das mentiras da Joane, eu não sabia que eu havia sido uma heroína para alguém, eu não sabia de nada. Tudo isso porque eu estava vivendo no meu próprio mundinho, fingindo prestar atenção nos outros, quando tudo que me importava era eu.

“Acho que agora eu entendi. Obrigada, pai. Te amo.” – digitei, por fim.

“Também de amo, minha pequena princesa. Ah! E se for um motivo ruim, sempre existem espaços para figurantes em filmes de terror. Estarei disposto a convocar qualquer um que machuque minha princesa! Haha!” – Ri. A Joane tinha um motivo? Bem, eu nunca saberia se eu não perguntasse. Abri um pouco a janela do carro e deixei o ar frio entrar, enquanto observava a casa da garota que eu esperava. Logo, ela apareceu, vestindo um tubinho preto e com seus cabelos cacheados soltos.

— Desculpa a demora, eu queria ficar bonita para um garoto. – riu, e aquilo me incomodou. Ela queria ficar bonita para o Zack ou para o Kai? Eu precisava saber aquela resposta, mas eu faria isso do jeito certo.

— Tudo bem, vamos logo. – ela assentiu e eu dirigi rapidamente até a casa da Kiara. Assim que chegamos fomos atendidas por um garoto loiro e alto, logo o reconheci, Kyle, mas onde estaria a Kiara? Ainda na porta, o garoto fez um sinal para mim, era como se dissesse “Está tudo certo!”, então o Zack já deveria estar em qualquer canto da casa e a Kiara preparada para todas as etapas do plano. Me senti mal pela minha amiga, mas ao invés de sorrir e concordar com o garoto, apenas sibilei um “sinto muito” discretamente, enquanto seguia a Joane porta adentro. E de imediato, me arrependi de ter metido minha amiga naquilo. A casa estava uma bagunça. O barulho era alto e as pessoas pareciam tão bêbadas que não me surpreenderia se o hospital tivesse uma superlotação hoje. Os pais da Ki iriam enlouquecer se vissem isso.

— Até que a loirinha sabe dar uma festa. Eu vou procurar o Zack. – falou, mas antes que ela pudesse dar o próximo passo a puxei para perto.

— Eu estou meio tonta. Será que você poderia vir comigo bem rápido? – ela concordou e eu segui para o andar de cima. De acordo com o plano, eu deveria ir para o quarto da Ki e lá fazer a Joane confessar para todos, através dos microfones, as coisas que ela havia feito e os motivos por trás de tudo aquilo. Se eu sentia vontade de fazer isso? Sim, mas não me perdoaria se o fizesse, e odiaria se as consequências fossem mortais.

Talvez a Kiara fosse me estrangular por estar estragando todo o plano que demoramos horas para preparar, mas eu não iria conseguir seguir em frente se continuasse com aquilo, então, assim que subi as escadas, ao invés de virar à direita e seguir para o quarto combinado, fui em direção ao quarto de hospedes ao lado esquerdo. Eu conhecia bem a Kiara, e a casa, para saber que aquele quarto estaria trancado e a chave estaria pendurada atrás do quadro que ficava ao lado da porta, ou talvez eu estivesse errada, mas ainda assim decidi tentar a sorte. E quando afastei um pouco o quadro da parede, uma onda de alivio me atingiu. Rodei a chave na tranca e entramos no cômodo, provavelmente um dos poucos lugares ainda silenciosos daquela casa. Repeti o processo e guardei a pequena chave no bolso da calça.

— Não acha melhor ir ao banheiro? – perguntou – Talvez tenha sido algo que com...

— De que garoto você estava falando? – soltei, enquanto abaixava meu rosto, tentando reunir toda coragem presente em mim, eu precisava ser forte e a hora era agora, não dava mais para voltar atrás.

— Han?

— Você disse no carro que demorou porquê queria ficar bonita para alguém. Então, você quer ficar bonita para quem? – a olhei. Pude sentir seu vacilo quando a garota soltou um suspiro alto e mordeu o lábio inferior. Ela sempre fazia isso quando estava nervosa.

— Do que está falando, Liz. É obvio que para o Zack.

— Também estava pensando no Zack enquanto transava com o Kay?

— O quê? – pude ouvir seu tom de voz aumentar – Só pode estar de brincadeira. Olha, Liz, a gente conversa quando você estiver no seu perfeito juízo, agora me dá essa chave. – se aproximou.

— Não. – recuei – Eu não saio daqui até ouvir toda a verdade.

— Já te disse a verdade, se não quer acreditar não é problema meu!

— Porque me traiu? – questionei, me aproximando. – Porque estava com o Kay? Acha que eu não sei o real motivo da Kiara ter parado de dar as aulas? – eu enumerava cada pergunta com um dedo – Porque escolheu o Zack? Sabia que ele gostava de mim, não sabia? – e naquele momento minha voz já estava embargada pelo choro – E porque a mim? Hein? De todas as pessoas que te rejeitaram quando você chegou aqui, porque escolheu ser tão má comigo? Eu achei que eu tinha sido a única a...

— Como é chata! Sabe como é difícil te aturar? – me afastei, à medida que a garota levantava a voz e se aproximava mais de mim – Eu transei sim com seu namoradinho e, sinceramente, foi um saco ficar escutando ele falar o quão difícil era pra você ceder e o quão maravilhoso ele era e blá blá blá... Que garoto idiota, e a mais idiota era você que não percebia que ele já tinha te traído com metade da escola. E o Zack, ah, finalmente um desafio! Mas aquele garoto tinha que ser integro demais, respeitoso demais, eu realmente não sei o que ele viu em você. Ah, sim, tem você. Meu maior e mais chato empecilho. – neste momento eu já sentia a parede atrás de mim e procurava pela chave no meu bolso, não sem que antes a Joane percebesse meu plano – Nem pense garota. – ameaçou, tomando a chave de minha mão à força – Agora sou eu que quero ficar aqui. – ela rodou a chave na mão e a jogou por cima do ombro. – Eu tinha tudo que eu queria no México, mas de repente fui forçada a vir para cá, esse país cheio de pessoas preconceituosas. Foi realmente horrível andar pelos corredores da escola e ser xingada somente por ser quem eu sou ou então se sentir um pedaço de carne no meio de leões famintos. E quando você falou comigo eu pensei “Ah, finalmente alguém que me enxergue como um ser humano”, mas aí eu conheci sua casa, seus pais, a Kiara, o Kay e eu percebi que você tinha tudo. E eu comecei a pensar “Porque ela tem que ter tudo?” Me diz o porquê! – bradou, deixando lágrimas caírem de seus olhos castanhos.

— E-Eu não sei. – gaguejei, sentindo como se meu coração fosse pular pela minha boca a qualquer momento.

— E então apareceu o Zachary. Ele foi o único garoto daquela escola a enxergar a Joane e não uma garota para levar pra cama. Ele me ouviu, riu de minhas piadas e até me protegeu, sabe o quanto eu amei aquilo? Eu estava feliz, até perceber que ele só tinha olhos para a Elizabeth. Então eu percebi. O problema não era eu ou o Zack ou até mesmo aquelas pessoas ignorantes da escola. O problema era você. O problema sempre foi você. E de repente, eu não queria mais ser a Joane – ela me lançou um olhar perturbador, me arrepiei ao sentir sua unha passear pela minha pele – eu queria ser a Liz. Mas parece que não dá para eu ficar no seu lugar se você ainda está aqui, não é? Então – pude sentir sua respiração, quando a garota aproximou seus lábios de meu ouvido – porque você não desaparece? Quer ajuda com isso?

O que aconteceu depois foi tão rápido que eu mal tive tempo de entender. Pude sentir as mãos da garota agarrarem meu pescoço e o apertarem. Ela estava tentando me matar? Era isso? Tentei tirar suas mãos dali, mas parecia que toda força de meu corpo tinha sumido, eu estava ali, frágil, sozinha e provavelmente prestes a sufocar. Mas antes que todo ar fosse tirado de mim, ouvi vozes. Não conseguia discernir o que falavam e muito menos de quem eram, mas me senti segura. Segura a ponto de apenas fechar meus olhos ao perceber que as mãos da Joane foram tiradas de mim, e logo senti meu corpo chocar contra o chão.


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Notas finais do capítulo

E então? Bem, eu ia colocar tudo num só capitulo, mas aí percebi que ia ficar muito grande então dividi. Logo, logo posto o ultimo. Obrigada por acompanharem até aqui! Beijo no coração ♥



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