Votos escrita por Alice Fitzwillian


Capítulo 1
Eu não sei dizer


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Espero que gostem da história. Fiquei super curiosa pra saber como foi o casório dos dois, Junho é mês de quadrilha, então fiquei assim, inspirada. CLARO que não fazer um arraiá né, mas enfim, imaginei isso e gostei do resultado. Foi uma das melhores e mais trabalhosas composições que já fiz, porque exigiu uma sensibilidade enorme. Tenham em mente que o Sasuke é uma pessoa tímida. ISSO contou bastante em sua trajetória ao longo da vida e as coisas ruins que ele viveu prejudicaram sua interação com as pessoas. É nesse ponto que eu quero tocar aqui e também naquilo de "o amor muda, transforma". Eu realmente gostei de fazer. Aproveitem, boa leitura!



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Sakura sentou-se frente ao caderno na mesa da cozinha. Sentiu-se estranhamente pressionada. Sempre amou Sasuke, desde que se entendia por gente convivia com a semente daquele sentimento. Primeiro veio aquele peculiar interesse no garoto de cabelos pretos e olhar indiferente quando criança, depois evoluiu para um juvenil brilho nos olhos e esquentar de bochechas quando o via, além de sonhos. Todos foram quebrados enquanto via suas vidas irem por caminhos tão distintos. Graças a todos esses pedacinhos, cresceu, floresceu, tornou-se melhor, por ele, para ele.

E agora ela olhava para a pequena casa que dividiam, com uma varanda com plantinhas, como sempre quis, porque gostava de ar puro. E a mesa tão arrumada, sem nenhuma poeira, porque ele era extremamente limpo. E também aquele sofá, onde compartilhavam os afetos mais profundos. Obviamente, ele só perdia para a cama. Sorriu com o pensamento. Estar com Sasuke era indescritível. Como então, escrever seus votos de casamento em que tudo pareça redundante e vago? Eles eram muita coisa juntos. Não caberia em um simples papel.

—Porque isso importa tanto? –Ele sentou-se em de frente para ela, vendo sua dificuldade enquanto mordia a ponta da caneta, concentrada. Para os outros, sua abordagem talvez fosse hostil, mas ela entendia que ele estava apenas tentando entender porque uma simples tarefa lhe incomodava tanto. Sasuke se preocupava com ela, gostava de se certificar que tudo estava... em paz.

—São nossos votos, não posso colocar qualquer coisa. –Respondeu, como se fosse óbvio, sorrindo.

—Sabe muito bem que podemos deixar isso de lado se quisermos.-Falou, sem olhá-la nos olhos, sabendo que sua noiva acharia a ideia péssima.

—Sasuke, é uma tradição. –Olho-o afrontada, com seus enormes olhos verdes- Não vamos quebrar isso.

—Sakura, quebramos todas as regras e tradições à anos, somos ninjas!-Ele riu, irônico. A garota corou.

—Planejo isso à séculos, quero uma cerimônia normal. –Ela iria completar dizendo que merecia pelo menos isso de normal em todo esse tempo de relacionamento conturbado entre suas idas e vindas para Konoha no período pós-guerras.

Sasuke silenciou, olhando para seu reflexo na mesa, mexendo as mãos, nervoso, depois passou-as pelos cabelos, fechando os olhos. Sakura pendeu a cabeça para o lado, analisando suas reações, enfim perguntou:

—O que há de errado? –Estreitou as pálpebras. O homem abriu a boca duas vezes antes de falar, respirou fundo e começou:

—Não me sinto confortável com isso. –Olhou para o teto, rapidamente, evitando a qualquer custo ela, quando mirou-lhe, franziu as sobrancelhas, quase apologético. Sasuke não se deveria pedir desculpas, soaria rude, de qualquer forma que ele falasse, mas a verdade é que não se sentia confortável em falar em público sobre seus sentimentos por Sakura. É certo que, ela sabia que ela a amava, porque, enfim estavam juntos, mas dizer tudo o que estava em seu peito para algumas pessoas, ainda que fossem os amigos mais próximos deles. Era constrangedor e sufocante pensar na sensação de estar sendo observado com tanta atenção por eles. Era sabido por todos que Sasuke era um homem de poucas palavras, então ele sabia que a situação em si teria um tom de deboche já que ele teria de falar, ainda mais sobre sentimentos.

Sasuke esperava qualquer reação de sua noiva, menos choro. Sim, Sakura estava chorando, bem na sua frente agora.

—Eu não quero mais casar. – Jogou seu caderno em cima da mesa e saiu.

Sasuke controlou-se para não esmurrar a mesa de vidro, cara, abaixo de si. Somente bateu no próprio rosto com força. Sabia que ela estava dizendo da boca pra fora, mas ainda assim, isso o estressava. Relacionamento era complicado. Passou muito tempo sem ter qualquer contato real e íntimo com as pessoas que havia se esquecido dos impasses que sempre os permeavam. Um deles se chamava personalidade. Havia outro chamado limite. Existiam coisas que Sakura não fazia e Sasuke também não, porque não faziam parte de sua personalidade, então eram limites a serem respeitados.

Lembrou-se de uma vez, enquanto transavam em que ele pediu sexo anal, por exemplo e ela negou-se. Decepcionava-se até hoje com isso, mas respeitou-a e jamais tocou este assunto novamente. Porque quando um não quer, dois não fazem. E agora a situação lhe exigia ultrapassar um limite: Falar sobre sentimento. Em público. Para pessoas que ele sequer gostava, porque amor, ele só tinha por 3 pessoas no mundo dos vivos: Sakura, Naruto e Kakashi, sua família. Não sabia como demonstrar isso, nunca foi necessário, não cabia em sua personalidade. E aparentemente, Sakura entendeu tudo errado.

....

Algumas horas depois, ele voltava pra casa, depois de alguma tempo de treino, para esfriar a cabeça sobre a discussão que tiveram pela manhã. Entrou pela janela, sorrateiro e procurou-a pela casa. Estava no sofá, deitada, com as pernas pra cima. Estava com roupa de treinamento também. Não sabia se passava direto ou chamava. Resolveu tomar banho sozinho. A noite caía escura lá fora e meio fria. Temeu dormir sozinho no quarto de hóspedes.

Sakura levantou-se e foi até o banheiro de visitas. Tirou a roupa toda e entrou debaixo do chuveiro, cansada. Sua cabeça tinha um milhão de pensamentos e dúvidas. Sasuke era o homem de sua vida. Sabia que eles tinham um vínculo, mas duvidava se era amor às vezes. Sasuke nunca se permitiu dividir seus pensamentos com ela. Eles não tinham conversas longas, ele era carinhoso e as vezes lhe dizia pequenas frases bonitas. Lembrou-se uma vez em que estavam deitados no sofá, se amassando e ele olhou-a nos olhos e disse que “eu não poderia querer mais nada”. E mesmo assim, hoje se perguntava se tudo o que tinham pra ele era suficiente. Sasuke sofreu muito no passado, sua forma de se relacionar era muito diferente. A maioria das pessoas tinham o mínimo de estabilidade nas interações. Ela nunca sabia se ele estava inquieto por estar triste ou alegre, viver com ele era um tiro no escuro uma porção de vezes. Uma montanha russa de carinho e distância.

Terminou o banho, buscando se secar. Percebeu que esqueceu a toalha e praguejou, sozinha. Por orgulho, relutou em gritar por Sasuke no banheiro do quarto e preferiu ir andando, nua, pra em busca de uma toalha. No meio do caminho, Sasuke, enrolado com uma na cintura a parou, com as mãos em seus ombros. Desamarrou o pano em sua citura e deu pra ela, um silêncio de admiração permeou o ambiente, os dois não paravam de se olhar. Sakura como Eva, no paraíso. Fechou os olhos, corada.

—Obrigada. –Respondeu, correndo para o quarto. –Se trocaram, sem mais ruídos envergonhados. Aquilo não era usual, exceto quando ela chegava tarde do hospital, costumava vestir-se dentro do banheiro, ele não, parecia não se importar de ser visto sem roupa, apesar de todos os contatos que já tiveram.

Sakura jogou-se na cama, olhando pra cima. Sasuke fez o mesmo e testou um toque em sua palma, ela apertou-o. Ele sorriu levemente.

—Quer mesmo cancelar tudo?-Virou-se de lado,pra ela, o olhar pedia sinceridade.

—Você sabe que não. –Ela ficou de lado também –Mas, suas palavras me fizeram pensar se isso não é uma passo grande demais. –Dessa vez, ela desviou o olhar.- Se os votos são muito pra você, talvez devêssemos continuar assim, como estamos.

—Sakura, você entendeu errado. Eu quero me casar, quero um futuro. Mas...-Sua coragem morreu.

—Mas não está pronto pra viver isso? Não sabe se eu sou a mulher certa pra você? Sasuke, você me ama? –Ela levantou-se, seu tom de voz alterado.

—Para, para com isso. –Ele estava desesperado.

—Sasuke, você não conversa comigo. Não dá pra manter um relacionamento com alguém que...eu não conheço. –Ela passou a mão na testa, tensa.

—Sakura, você me conhece desde os 3 anos. –Ele falou, como se fosse óbvio. E era! Ela teria de arrumar outra desculpa pra lhe arrancar alguma fala.

— Não Sasuke! Eu divido uma casa com você e 1 ano e alguns meses, desde que você voltou pra vila. Eu quem tomei a iniciativa pra vir morar com você. Tudo que eu sei, é que as vezes você está distante e às vezes, perto. E também não sei por quanto tempo vai ser interessante. Ou se é verdadeiro. –Ela desabafou, suspirando fundo. –Qual o problema com os votos?

—Sakura é um limite. Eu não falo em público. Eu nunca fiz isso. Eu não faço ideia do que escrever. É constrangedor falar no meio de tanta gente, especialmente sobre sentimento. Eu não estou preparado pra essa cerimônia, que pra vila toda vai ser um show de horrores, porque honestamente, só Kakashi e Naruto entendem porque nós  nos gostamos, o resto do mundo acha que você é louca por estar casando com um criminoso e que eu me aproveito disso e que seriam bem melhor que eu estivesse fora da vila. Ninguém enxerga esse casamento como uma redenção ou uma chance da gente ser feliz. –Ele falou tudo que estava guardado em seu peito à semanas. Desde que lhe propusera. Às vezes se consumia de culpa, porque a via feliz, temendo que alguma coisa acontecesse e sumisse tudo aquilo. –Eu sou uma pessoa ruim pra você.

Sakura encarou o chão, a parede, o teto. Suspirou de novo e chorou, dessa vez mais controlada.

—Eu não posso desconvidar as pessoas. –Ela limpou o rosto.

—Não vai fazer isso, eu quero casar. –Ele disse, firme, porque tinha plena certeza.

—Eu vou dizer ao cerimonialista que cancele, pule essa parte. Mas vai ficar mais estranho ainda. Todo casamento normalmente tem votos. –Ela sentou-se, ao seu lado.

—Porque está chorando? –Ele perguntou, confuso, nervoso.

—Só...pense em tudo que eu já fiz por você. Acho que mereço isso. –Ela disse, virando-se para o guarda roupas, pegando uma bolsa e jogando algumas roupas dentro.

—Espera, o que está fazendo?-Ele pegou sua mão.

—Vou dormir na casa da Ino. –Falou, decidida. –Talvez você precise de um tempo sozinho.

—Eu ainda quero me casar com você. – Disse, olhando-a nos olhos profundos, quando ela fechou a mochila.

—Eu também. –E a mulher pulou a janela.

 


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Notas finais do capítulo

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