Há algo errado com eles, e eles sabem. O erro, entretanto, não reside no que fazem, mas sim no que deixam de fazer. E isso para Harry é inadmissível. Enquanto olha para os olhos cinzentos de Draco, ele tenta imaginar o que se passa na mente do sonserino. Ele sempre foi um mistério, continua sendo, mas um mais maleável agora, um que Harry pode manter nas mãos e se aproximar olhando de perto, buscando uma resposta mais clara.
A chuva cai, forte, é tanta água que Harry sabe que, se estivessem usando um guarda-chuva trouxa, seria inútil. Mas Draco nunca usaria algo assim. A varinha na mão conjura um feitiço simples, e nem mesmo uma simples gota os atinge. O gelado da chuva ainda os rodeia, mas Harry é incapaz de sentir qualquer coisa que não o calor do corpo de Draco perto do seu.
Ele está lindo. Quer dizer, ele é lindo, Draco Malfoy é quase a definição de beleza em seu curto vocabulário. Mas… naquele dia, ele está ainda mais belo. E é por estar assim e ainda manter a insegurança nos olhos que Harry sabe que há algo errado.
Dizer os sentimentos que possuem em voz alta é bobagem, os dois sabem. Não há o que ser dito quando a verdade reside em tantos outros ato além da fala. Ainda assim, querem. Ainda assim, temem o silêncio que os abraça e impede que saiam daquele lugar.
Não é ruim no fim das contas. Harry sabe que nenhum dos dois se sente mal com aquilo a ponto de perder o chão, mas é um incômodo que sempre vem com a insônia, com as horas perdidas pela madrugada pensando em como será quando finalmente admitirem em voz alta.
Draco não dará o primeiro passo, eles sabem. Amor é um conceito abstrato para ele, pelo menos aquele tipo de amor, e Harry entende bem a tensão sobre os ombros do outro. Apesar de tudo, ele tem mais experiência que o sonserino naquele campo, o que Draco com certeza acha um motivo de vergonha, mas prefere manter para si.