Naruto não bebeu mais sakê, sentou-se na varanda da cabana e deixou que a dor o consumisse, bebia o café que ela ainda havia feito naquela manhã e agora ela devia estar se casando na igreja, Sasuke o perguntara se ele teria coragem de impedir o casamento da morena, mas era exatamente por ser corajoso que não havia ido lá, era por amá-la demais, acima de si mesmo a ponto de abrir mão da própria felicidade pra que ela pudesse ter a dela. Respirou fundo dando-se conta de como as decisões de seu passado foram imaturas e pensar que algumas pessoas acham que quando se é jovem, se pode tudo. Ele realmente pôde errar naquela época e depois conseguiu acertar em muitas coisas e aprendera com os erros do passado, mas se pudesse voltaria e faria certo apenas pra poder ter todo aquele tempo que foi perdido, poder ter namorado Hinata na escola, apoiado suas decisões e encorajado a Huuga a enfrentar seus medos, queria poder voltar pra tê-la ao seu lado e ser ele a se casar com ela, com todos os defeitos e qualidades que sabia que tinham.

Um carro prateado veio pela estrada que dava a cabana e o Uzumaki se levantou ficando de pé na varanda e encarando o automóvel que parou debaixo de uma árvore antes da entrada principal, o loiro franziu o cenho, não queria novidades sobre o casamento e tão pouco a pena das pessoas sobre si, sabia que em determinado momento Sasuke apareceria, Ino ou mesmo Sakura, mas hoje não era o dia, não estava preparado pra lidar com ninguém ainda, antes que esse dia chegasse, precisaria lidar consigo mesmo.

Suspirou e estreitou os olhos quando a porta do motorista abriu, porém ao ver Hinata descer do carro sentiu como se um milhão de amarras que o prendiam se soltassem, ficou estático quando ela contornou o carro e foi ao porta malas, voltou com duas malas nos braços, uma valise e uma mala maior. A morena parou a alguns metros de distância e olhou para o loiro que tinha os olhos vermelhos evidenciando o choro.

— Preciso de um lugar pra ficar. – Falou baixo enquanto ele piscava algumas vezes se convencendo de que era real, a morena ali parada com o cabelo meio bagunçado e a roupa um tanto amassada, o rosto deixava claro que havia chorado. – Otou-san está um pouco bravo.

Então ela sorriu, ainda que muito contida e Naruto soube que ela estava ali mesmo, que ela o havia escolhido, desceu a varanda com pressa enquanto ela apenas largou as malas no chão antes de pular em cima do loiro que a ergueu no ar enquanto esmagava seus lábios contra os dela, a paixão que consumia a ambos não podia ser representada apenas pelo beijo, a mão firme do Uzumaki entrelaçou em sua cintura sustentando-a enquanto as pernas firmes e brancas rodearam o quadril do loiro, as pequenas mãos o abraçavam enquanto as línguas se tocavam em completo abandono, os rostos continham lágrimas dos dois que se misturaram quando o beijo parou, sem soltá-la Naruto a encarava solenemente, quase em uma adoração e ela sorriu abertamente dessa vez.

— Se me fizer sofrer Naruto eu juro que mato você. – Ela falou extasiada e ele riu dando a volta e a carregando pra varanda.

— Minha vida vai ser te fazer feliz Hinata. – Respondeu enquanto a morena se aninhava entre seu ombro e seu pescoço depositando beijos ali, não se importou com as malas que ficaram lá fora ou com o carro que ainda tinha a chave na ignição, não foram pra cama, veja bem, aquele tipo de amor era mais forte que o desejo carnal, Naruto apenas se sentou no sofá sem soltar a amada por um minuto sequer enquanto ela lhe falava que havia conversado com Toneri, agora ex-noivo e que se ele ainda quisesse, poderia retribuir o amor que ela tinha por ele para o resto da vida, contou sobre a briga com o pai e pediu pra ficar na cabana, afinal ela sempre quis fugir para o lugar. O coração de Naruto parecia uma sinfonia e pela primeira vez em anos, a orquestra estava completa e afinada, a musica soava certa enquanto aquela mulher estava em seus braços, a mulher que ele amava, ela não ficaria na cabana, ficaria com ele, onde quer que a morena quisesse ir, ele estaria ao seu lado e pra ela, aquilo pareceu ótimo.

É verdade que depois de um tempo o desejo falou mais alto e acabaram se amando uma noite inteira com total entrega aquele sentimento, mas essa história não se trata disso. Trata-se da crise de risadas que Hinata teve quando Naruto teve que quase lutar com um guaxinim pra recuperar a valise da morena, que os animais curiosos com o objeto já carregavam na manhã seguinte, isso se trata de quando brigaram pra decidir quem contaria aos amigos que estavam namorando, pois Hinata preferia que eles descobrissem sozinhos enquanto Naruto queria publicar no jornal da cidade, mas contentou-se em avisar aos mais próximos pelo celular quando as ligações a sua procura se tornaram constantes e ao responder que estava com Hinata ouvia sempre um “até que enfim”, felicitações ou, no caso de Ino, recomendações pra não estragar tudo daquela vez. Se trata de como os dois passaram uma semana naquela cabana sem precisarem concordar nisso e voltando apenas quando os mantimentos já haviam se esgotado pela segunda vez e Sasuke havia ido atrás do Uzumaki saber o que tinha de fato acontecido com o loiro. Trata-se de como Hiashi relutou em aceitar Naruto e de como isso só acabou mesmo anos depois, após finalmente perceber que era apenas aquele ser hiperativo que fazia Hinata ter crises de riso e ser mais firme que ele mesmo quando se tratava de defender o loiro, como no natal quando Hiashi não quis convida-lo e Hinata foi até a empresa dizer na cara do patriarca Hyuuga que onde não cabia Naruto, não cabia a si e agradeceu o convite com a mais perfeita educação que recebera de sua família e foi nesse mesmo dia que ele soube que Hyuuga Hinata seria Uzumaki Hinata e o quanto ela lamentava por não poder entrar na igreja com o pai que era orgulhoso demais pra aceitar a pessoa que ela amava, mas no dia de seu casamento Hiashi não apenas foi, como pediu perdão e chorou, há quem diga que foi apenas um cisco, mas Hanabi pode confirmar que ele até soluçou emocionado, mas Hinata sabe como a irmã tende a aumentar as coisas e isso só foi esclarecido quando uma foto despercebida do dia mostrou a fina lágrima descendo pelo rosto do Hyuuga o que rendeu três mil ienes para Hanabi, que havia apostado com o primo Neji.

Trata-se de como Naruto sorriu ao descobrir que seria pai e de como chorou ao segurar Boruto no colo pela primeira vez fazendo questão que todos reparassem em como ele era parecido consigo, mesmo nos cabelos extremamente loiros. Agora há quem diga que o Uzumaki continua mais ciumento ainda em relação a esposa, mas disso eu só sei que piora quando Toneri está na cidade resolvendo negócios mesmo depois que o albino tenha se casado com uma tal de Mei, mas esses ciúmes nem sempre foram brandos, já até brigaram quando uma tal de Shion foi contratada na empresa do Uzumaki e passou a dizer que estava apaixonada por ele e quem quer que tenha visto Hinata no dia em que foi a empresa do esposo pôde confirmar que os ciúmes de Naruto podiam até ser constantes, mas os de Hinata eram perigosos, pois quando a loira, Shion, deu a bobeira de confirmar a paixão pelo chefe, foi alvejada por tapas fortes no rosto, claro que a morena se segurou, mas as insinuações por parte da secretária lhe renderam um olho bem roxo, que hoje apenas rendem boas risadas no casal que está cada dia melhor, obrigada.

Essa história se trata de Hanabi que acabou de passar correndo pelo corredor do hospital geral enquanto Hiashi vem atrás com a velocidade que a idade lhe permite andar, Naruto está com um Boruto inquieto no colo enquanto Sasuke segura a filha pequena que dorme em seu ombro.

— Vamos Naruto. – Sakura aparece com seu jaleco impecavelmente branco sorri para o esposo que assente com cuidado para não acordar a filha e conduz o loiro pelo corredor após o sorriso dos presentes.

 A porta do quarto é aberta e Hinata o olha da mesma maneira que sempre o olhou, com um amor que venceria tudo e é disso que a história fala, o pequeno embrulho nos braços da morena parece se agitar enquanto Boruto se estica todo querendo ver o que tem ali, a Uzumaki retira o pequeno pano mostrando um belo par de olhos azuis muito parecidos com os do filho mais velho que abre um sorriso enorme enquanto o pai olha fascinado para a pequena menina de cabelos negros e depois de agradecer Hinata com um beijo breve nos lábios encara a filha recém-nascida ainda nos braços da mãe.

— Seja bem vinda Himawari.