Pais e Filhos escrita por DiAngelo, Nonna


Capítulo 2
Parte 2 - Final




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697339/chapter/2

Estreitei meu olhar. É bem difícil lidar com o altruísmo Uchiha. É bem difícil fazer uma pessoa que só pensa nos outros pensar em si mesma, ainda sendo uma criança cujo único desejo é estar perto das pessoas de quem ama e que faria qualquer coisa por elas. Naruto realmente estava num impasse. Testar comigo foi uma experiência boa, mas lidar com a realidade é bem pior. Naruto estava diante de uma menina com o péssimo hábito de imitar o pai.

— Maiko, querida. - Naruto suspirou. - Quero que preste atenção agora. Você é uma Uchiha e vai entender rapidamente a minha lógica. Se você ficar ou está infeliz, seu pai sofre, eu sofro e todo mundo fica infeliz também. Você pode me explicar em qual momento tudo vai ficar bem? - perguntou, realmente interessado em saber a resposta.

Ela me olhou e depois fitou Naruto.

— No futuro, quando eu me acostumar com a ideia de ter uma nova criança por aqui. - ela foi extremamente sincera. - Não é só uma questão de tempo, pai? - ela perguntou também de modo sincero.

Fitei Naruto e esperei sua reação.

— Não. Não é uma questão de tempo, não quando se trata de um verdadeiro Uchiha. - ele sorriu, antes de voltar a falar. - Vamos, querida, me conte. Por que você não quer um irmãozinho? Eu realmente quero saber e não vou ficar com raiva de você por causa disso.

Maiko baixou o olhar e suspirou, meio entristecida.

— Eu vou ficar mais sozinha do que eu já sou. - soltou essa, sem direito a beber um copo de água. - Não quero ser ignorada… E não me venha dizer que não serei… Eu sei o que vai acontecer… - Maiko me mandou um olhar significativo.

Eu sei do que ela está falando. Não sou filho único, eu sei bem o que é dividir atenção com outros filhos, mesmo estes sendo de sangue ou não. Não sei se Naruto vai saber lidar com isso, mas eu sei bem o que está se passando no coração dela. O medo de o que aconteceu comigo acabar acontecendo com ela. É complicado, bem complicado.

— Não estou comparando com a sua situação, que fique bem claro, mas quero que tente entender o que vou dizer. - ele juntou as palmas da mão, como se implorasse para ela. - Sasuke é soulmate tanto sua quanto minha, não vou entrar no mérito de quem ele ama mais, porque isso todos sabemos. - Naruto sorriu carinhosamente para nossa filha, mas isso não mudou o humor dela. Quando falo que somos uma família amaldiçoada, ninguém acredita. Só sabe, quem vive e quem é. - Em todo esse tempo que convivemos juntos, ele nunca deu atenção mais a um do que ao outro. E isso não foi somente porque ele soube lidar com a situação, mas porque você me aceitou desde sempre, e vice-versa. O que estou querendo dizer, querida, é que as coisas só vão dar certo se todos trabalharmos juntos. Não podemos seguir em frente se isso te faz infeliz.

Maiko franziu o cenho e apertou os lábios, numa expressão confusa.

— Mas… Por que a minha opinião é tão importante? Vocês não são meus pais e deveriam decidir essas coisas por mim? Eu não entendo, pai… - ela coçou os cabelos, exatamente como Naruto faz quando fica muito confuso. Eita ferro, é agora. Maiko está agindo exatamente como ele.

Acabei me sentando no puff, suspirando. Agora que as coisas estão se complicando. Eu sinceramente espero que Naruto consiga lidar com isso.

— Primeiro, porque você é nossa filha, sua boba. - Naruto riu e apertou a ponta do nariz de Maiko. - E segundo, porque Sasuke e eu vamos precisar de você para nos ajudar a cuidar de uma criança. E como você pretende fazer isso quando mal suporta a ideia de ter um irmão? - ele arqueou a sobrancelha, como se desafiasse ela a responder essa.

Ela mexeu os dedos e me fitou, para então se voltar para Naruto.

— Não sei se vou saber cuidar de um irmão… Não sei cuidar de mim… - ela admitiu, corando furiosamente de vergonha. - Papai que cuida de mim… E… E… Bom, eu... Eu não gosto de crianças. - murmurou, de forma triste.

Arregalei meus olhos e encarei Naruto, no instante que ele me encarou. Isso é o mal herdado de Itachi, com toda certeza, porque ele também não gosta de crianças. Maiko baixou o olhar, daquele jeito culpado que Naruto costuma fazer, e suspirou, em derrota. Ele esfregou o rosto, nervosamente, claramente segurando um suspiro. Maiko desviou o olhar e mordeu os lábios, como se impedisse o choro de chegar. Ela realmente tem vergonha de admitir coisas sobre si que ela julga ser ruim. Maiko é uma criança com dificuldade de se aceitar. Tal pai, tal filha.

— Tudo bem, meu amor. - Naruto não aguentou mais e a abraçou, apertando-a carinhosamente em seus braços. - Pai não está com raiva de você. Não precisa ficar assim. - afagou as costas dela, tentando a confortar. - Está tudo bem, princesa.

— E agora? Não vai ter mais um filho por minha causa? - ela perguntou de modo culpado.

Eu suspirei e me levantei, peguei Maiko nos braços e a coloquei em meu colo, sentando-a entre mim e Naruto. Eu disse a ele: Maiko é uma criança, apesar de ser Uchiha, ela é uma criança, uma simples criança.

— Ouça, Maiko. - comecei, olhando Naruto e depois a menina. - Nós, os Uchihas, sempre cuidamos de alguém, lembra disso? - ela assentiu e ficou me olhando seriamente, como se esperasse que eu explicasse o significado da vida. - Consegue explicar isso para Naruto?

Ela o fitou e começou.

— Papai cuida das pessoas da empresa, cuida do Tio Itachi, cuida da Vovó Chiyo, do Vovô Zé, do pai e de mim. - eu assenti, me sentido orgulhoso. - O pai cuida de mim e do papai. - ela confessou, corando. - E eu… - ela franziu o cenho. - Eu cuido de quem, papai?

— Isso é você quem decide, Maiko. Já é grande o suficiente para saber… - suspirei. - Que às vezes, as pessoas precisam dividir o que tem. - ela arregalou os olhos. - Você tem dez anos e como filha do diabo, pode decidir alguma coisa. Se ter um filho com Naruto vai te machucar, eu não vou ter um filho com ele, porque, meu amor, você sabe quem é a minha prioridade.

Maiko baixou o olhar e começou a pensar de sobrancelhas franzidas, pensando seriamente no que eu dissera e no que Naruto dissera. De repente ela se levantou e começou a caminhar, de braços cruzados, pensando seriamente.

— Já sei! - ela disse num grito e eu devo dizer que me assustei. - Não gosto de crianças, não quero ninguém roubando o meu lugar, mas eu quero cuidar de um irmãozinho! - ela ergueu uma mão e sorriu confiante. - Eu vou ser o que papai foi para o Tio Itachi! Uma irmã mais velha incrível! - cruzou os braços e assentiu, como se fosse a sentença final. - Não é? - ela nos fitou, como se não tivesse mais tanta certeza.

— Mas é claro que você vai, princesa! - Naruto a agarrou e a girou no ar, sorrindo que nem um bobo. - A melhor irmã do mundo!

Ela começou a gargalhar incontrolavelmente e agarrou com força o pescoço dele, balançando as pernas de felicidade. Maiko adora abraços, que é mais uma coisa que ela puxou de Naruto, apesar de conhecer ele a relativamente pouco tempo. Os dois ficaram se abraçando e rindo de felicidade. Eu só pude respirar fundo de alívio e relaxar sobre a cama dela, me sentindo leve por ter passado por mais essa e por Naruto também ter passado por uma prova de fogo como essa.

— Você vai ser a melhor irmã mais velha do mundo, Mai-chan. - eu disse, vendo-a sorrir mais nos braços de Naruto. - Porque você se preocupa com o próximo e isso é muito especial. - ela corou, rindo baixinho e escondendo o rosto no pescoço de Naruto. - Uma verdadeira princesa.

Dois meses depois, os materiais genéticos foram colhidos de mim e de Naruto, bem como óvulos de Tenten, para preparar a fertilização in vitro. E após duas semanas, com tudo dando certo, acontecera a inseminação artificial. Durante uma viagem minha, Naruto me avisara que Tenten estava grávida. Infelizmente, e não me julguem por isso, eu acompanhei presencialmente muito pouco da gestação da criança, mas sempre que eu estava em Konoha, eu procurei estar ao lado de Naruto. Curiosamente, os dois, Naruto e Tenten, estavam sempre emocionados e quando se viam, sorriam com lágrimas nos olhos.

Maiko, bom, Maiko era a babá e a enfermeira pessoal de Tenten. Dizia que se ia fazer o serviço, que fosse feito do jeito certo. Ela estava sempre por perto e me pediu para dar um tempo no balé para ajudar nos cuidados. Uma pequena leoa, se posso dizer, e tive total aval de Naruto para proceder dessa maneira. Ela foi para todas as ultrassonografias, tentou entender o pré-natal, aprendeu a cozinhar papinha de bebê e foi consultora de Naruto para o quarto. Quem diria, não é, para alguém que não gosta de crianças? Acho que se ela pudesse, carregava Tenten nos braços como forma de proteger o irmãozinho. Ah sim, Tenten estava gerando um menino, o que deixou Maiko ainda mais feliz, já que ela continuaria sendo a princesa da família.

Nove meses depois da fecundação, no Hospital Geral de Konoha, com Naruto quase caindo de um infarto de tanta emoção e de ansiedade, sendo apoiado por Hinata, linda, gestante de cinco meses, e Shisui, que quase lhe batia para que ele se acalmasse, Tenten dava à luz a Uzumaki Norio. Kakashi e Ino estavam na sala de parto, dando apoio a mulher, enquanto eu… Bom, eu estava há dois mil quilômetros de distância do hospital. Naruto e eu brigamos uma semana depois, pois ele queria que o menino levasse o meu sobrenome, mas eu me neguei. Por não explicar os motivos, ele me deu um castigo de silêncio até o dia que eu retornei para casa.

E então, duas semanas depois do nascimento de Norio, eu finalmente retornei a Konoha e tive a “permissão” de Naruto para ver o bebê. Tenten se dispusera a ficar na nossa casa apenas por dois meses, na companhia de Ino, para poder amamentar a criança. Depois de dois dias tentando acalmar os ânimos de Naruto, ainda pela questão do sobrenome, eu vi Norio.

Assim que entrei no quarto que Naruto preparara para Tenten e Norio, eu vi que Maiko estava sentada numa poltrona, olhando para o berço, como uma verdadeira vigilante. Assim que me viu, correu para me dar um abraço e me atualizar dos fatos mais recentes, como o fato do menino já ter aberto os olhos e revelado a íris negra.

No quarto estavam presentes “não  quero ser mãe” Tenten,  a tia coruja Ino, o futuro marido das duas, Kakashi, Shisui, juntamente com a mais nova integrante da família Uchiha e sua filha adotiva, Aimee e, agora, eu e Naruto. Aimee é a mais nova modelo mirim de Shisui, modelo plus size, uma linda negra com 5 anos de idade, de cabelos harmoniosamente organizados em cachos soberbos, que é mimada por Shisui e por Naruto, que inclusive a apelidou de Ai-chan, aderindo de vez aos honoríficos japoneses de “minha raça”. Eu apenas acho que foi mais uma guerra perdida por meu irmão, que engoliu seus sapos para realizar o sonho de paternidade do marido.

Naruto apontou para o berço no canto do quarto. Caminhei até ele, ouvindo as recomendações de Dra. Maiko, especialista no irmão mais novo. Eu me coloquei ao lado do móvel, coloquei a menina no chão e baixei meu olhar para dentro do berço. Senti Naruto se afastar, mas continuar me dedicando um olhar severo.

Lá estava o bebê, pequeno, esticado entre as almofadas, de olhos abertos, admirando o penduricalho no alto do berço. Loiro, a pele bronzeada, braços e pernas roliços e bem enérgico como Naruto, os olhos negros, como os meus, mas amendoados e boca pequena como Tenten.

Interessante. Ele tem olhos negros, indo contra as minhas expectativas, devo admitir, eu imaginava que ele seria loiro dos olhos azuis. Aproximei minha mão do rosto dele, devagar, e ele arregalou os olhos, sacudindo os braços e as pernas. Estalei meus dedos bem perto de seu rosto e Norio estremeceu completamente, de susto. Ele começou a chorar quando eu afastei a minha mão, me encarando com aqueles olhos enormes de desespero.

— Credo, Sasuke! Mal aparece e já está o assustando?! - Naruto bufou, de onde me observava enquanto conversava com Shisui.

Encarei-o e revirei meus olhos. Aproximei de novo a minha mão e Norio arregalou de novo os olhos, chorando baixinho, afaguei-lhe os cabelos esparsos e ele ficou apertando o lábio, me fitando e tremendo. Sorri de lado e aproximei meu rosto, beijando sua testa. Por fim, se acalmou, levando as mãos aos lábios.

— É um Uzumaki da gema. - comentei, pegando o menino nos braços e o deixando brincar com a minha franja. Notei uma curiosidade nele típica dos Uzumakis. Fitei Naruto. - É uma cópia autenticada em cartório sua. - comentei, sorrindo de lado.

— Não tenho culpa se os meus genes são fortes. - sorriu e deu de ombros.

Assenti brevemente.

E assim foi o meu primeiro encontro com meu filho. O que descobri? Norio pode ter parte do meu DNA, mas graças aos deuses, não nasceu Uchiha. A mudança da cor dos olhos em situações de grande estresse é a prova inquestionável que uma criança é Uchiha. Os dele são sempre negros, independente da situação que ele esteja.

A vida seguiu e meu maior divertimento foi ver Naruto sofrendo ao cuidar de uma cópia de si mesmo, ajustando seus horários e os do bebê a sua vida corrida de estilista e empresário, sem mencionar que eu tive que recomeçar a adaptação da minha vida para poder ajudar Naruto na criação, afinal alguém tinha que impor limites aos mimos dele. Casados, com um bebê e uma filha. A vida deveria ser uma perfeição, mas você sabe que não é assim, certo?

Uma madrugada, eu cheguei de viagem, tinha acabado de vir de uma transação miserável com um dono raçudo e me sentia meio fadigado. Naruto e eu estávamos morando com nossos filhos no apartamento do centro porque eu mandara reformar a mansão Uchiha. Entrei retirando meu casaco e vi que Kurama me esperava na porta.

— Boa noite, meu chapa. - ele miou alto e deu um jeito de se apoiar nas patas traseiras. Eu ri enquanto o pegava no colo. - Está ficando velho, hein? Mal aguenta as escadas… Eu também, meu chapa, eu também. - coloquei-o em meus ombros e ele se aconchegou, ronronando baixo.

Fui para o quarto quase arrastando o meu casaco, mas antes dei uma rápida olhada em Norio. Ele dormia tão profundamente que ressonava. Kurama miou baixinho de novo quando me aproximei do quarto de Maiko. Tirei-o dos meus ombros e o deitei entre as pelúcias dela.

— Boa noite, meu chapa, durma bem. - ele miou baixo e se aconchegou, observando-me sair. - Cuide dela. - ele miou de novo e eu fechei a porta do quarto. A verdade? Passei a gostar desse gato.

Entrei em meu quarto e me deparei com Naruto sentado no chão, as costas contra a cama, no meio de um dos seus surtos artísticos.

— Boa noite, escravo da moda. - comentei, rindo. - Acho que não vou me acostumar nunca com alguém me esperando para dormir. - falei, enquanto buscava minha roupa de dormir e me dirigia para o banheiro.

— Boa noite, amor. - ele respondeu, num tom baixo. Pois é, graças ao nosso bebê Naruto aprendeu a falar baixo. Pasmem com essa. - Você parece meio morto, né…?

— Morto? - olhei-o da porta do banheiro. - A morte tem alergia a mim. - sussurrei, como se contasse um segredo horrível. - Só estou velho e cansado, nada que não fosse de praxe, meu caro. Eu e Kurama. - sorri, ao pensar nele.

Naruto só meneou a cabeça negativamente, com um pequeno sorriso nos lábios.

— Que foi? - eu sorri. - Agora… Por que não faz isso no seu ateliê? - apontei para a porta ao lado do closet. - Você vive dizendo que quarto não é local de coisas chatas e de trabalho. - escorei-me no umbral.

— Não estou trabalhando. - deu de ombros. - Estou desenhando por diversão se quer saber.

— E desde quando você pensa que pode me enganar? - pendi meu rosto, sorrindo. - Fique a vontade para ter seus surtos artísticos, só não me use neles. - dei de ombros, vendo que ele deveria estar rabiscando alguma coisa relacionada com casacos e guarda-chuvas.

— Você é tão narcisista. - revirou os olhos. - É o nosso bebê.

Gente, preciso de óculos urgentemente. Estou ficando cego. Franzi o cenho e fui até ele, ver o tal desenho, ou pelo menos entendê-lo. Observei-o melhor e vi que era Norio agasalhado num casaco de pele que o deixava muito parecido com um ursinho de pelúcia. Ele parecia estar na mesma posição que todos os bebês focam dentro da barriga da mãe, só que olhando para o observador do desenho. Esfreguei minha vista e pisquei, finalmente enxergando melhor.

— Você tem um golpe de vista e tanto. Como chama…? Perspectiva! Isso. Uma perspectiva e tanto. - passei um tempo olhando para o desenho. - Como ele está grande… Parece com você…

— Me lembra papai… - Naruto falou e suspirou, me fitando com um sorriso no rosto.

Eu sorri e devolvi o desenho, dando um beijo carinhoso nos lábios dele.

— As vezes eu olho para você a noite, dormindo, e tomo um susto… Porque você fica muito parecido com seu pai quando está sereno. - cocei meus cabelos e Naruto acabou rindo, tampando a boca para não acordar Norio. - As vezes eu penso que estou vendo ele e não você… Você tem muito dele e Norio herdou isso de você. Vocês se parecem com Seu Minato. - sorri e voltei a marchar para o banheiro, sentindo algo parecido com a idade pesar. Estou velho...

Tomei um tranquilo banho, de olhos fechados, sentindo um suave sentimento de felicidade tranquila se apossar de meu peito. Sorri quando a água quente tocou o meu corpo, meu braço esquerdo afastado da água por está envolvido em plástico protetor, por cima da minha mais nova tatuagem. Era a quinta e eu a fitava ao terminar de me banhar.

Terminei de me vestir e retirei lentamente o plástico, para aplicar o creme hidratante por cima, depois que eu passara nas outras tatuagens de meu corpo. Essa estava na parte externa do meu antebraço esquerdo: um beija-flor tribal pousado sobre um pequeno girassol em posição lateral, o corpo do beija-flor, juntamente com a flor, estava nas costas da minha mão e a cauda, que pareciam ramas delicadas, se alongava até o meio do antebraço. Muito bonita e, tal como todas as outras do meu corpo, cheia de significados.

Uma vez pronto, saí do banheiro, mal pisei no piso de fora e ouvi o choro do bebê. Fitei Naruto enquanto segui rapidamente para o quarto de Norio, ele fez que ia se levantar, mas ao me ver passar, sentou-se de novo. Entrei no quarto do menino e o vi de pé no berço.

— Hei, Norio, qual o problema? - peguei-o nos braços e o embalei. - Teve um pesadelo? - ele recostou a cabeça em meu peito e suspirou.

— Papa… - sussurrou e eu sorri. Saí do quarto para o corredor e fitei a porta do quarto.

— Naruto. Alguém requisita sua presença aqui. - falei alto e comecei a afagar os cabelos dourados do menino que adquirira a mania de chupar os dedos da mão.

Naruto apareceu rindo e veio para mim.

— A gente deveria ter pego outro gato! - brincou, estendendo os braços para Norio.

Entreguei o menino e ele sorriu ao se ver nos braços do “Papa”.

— Gatos não gostam de mim, sabe disso. - comentei, reunindo os brinquedos de Norio enquanto Naruto começava a caminhar pelo quarto, embalando-o. - Kurama não vale. Ele não é um gato, ele é um ser que eu gosto e que gosta e mim, quase como um ser humano. - admiti sem um pingo de vergonha.

Guardei todos os brinquedos, arrumei alguma coisa, conferi a janela e dei um beijo no rosto do bebê, para só então poder ir para o quarto, descansar um pouco. Joguei-me em cima da cama e suspirei, relaxando os meus músculos, fechando os olhos por alguns segundos.

Só espero conseguir dormir. Insônia tem sido minha companheira em muitas noites, além de Naruto. Olhei o relógio analógico. 12:43 da noite.

Minha cabeça latejava um pouco e eu sentia meu corpo pesado. Levantei-me da cama rapidamente e fui até o ateliê de Naruto. Eu não sei porque os remédios da casa ficam lá, deve ser por causa das crianças. Peguei comprimidos para dor e um relaxante muscular e retornei, engolindo tudo com um gole da água de uma garrafinha de seu frigobar.

Me sinto velho e cansado. Não é fácil ter quase quarenta anos e ligado no 220v a cada mísero minuto do dia. Sentei na cama, suspirando e esfregando meu rosto. Fitei Naruto fechar a porta.

— Ele dormiu? - perguntei, vendo as luzes serem apagadas, só a luz leitosa da lua entrando através das brechas da cortina.

— Como o anjinho que ele não é quando está acordado. - Naruto respondeu, já tirando as roupas para ir dormir. O tempo passa, mas as manias dele permanecem. Falando em tempo, parece que esse cara não envelhece: ele tem a mesma cara de quando tinha 13 anos.

— Eu devia ser Gurú. - comentei, observando o meu celular, que vibrara. - Acerto praticamente em tudo o que eu digo… Eu disse que ele ia ser você e aí você ia pagar pelas suas pirraças comigo.

Esfreguei os cantos dos meus olhos e joguei o celular em cima da cama, de forma indiferente, indo para a minha valize, buscar meu tablet. Bocejei no caminho. Parece que os remédios estão fazendo efeito. Que bom. Liguei o aparelho enquanto retornava para a cama.

— Pirraça coisa nenhuma, você que é um chato de primeira qualidade! - ele se curvou, esfregando as mãos nos braços enquanto dava uma corridinha até a cama, para se enfiar debaixo do edredom.

— Certo, certo. Eu sou chato… - murmurei, conectando meu aparelho à Ilha Digital no meu escritório da matriz. Revirei meus olhos e me sentei na cama. - Você devia colocar pelo menos uma camisa, Naruto. Vai nevar amanhã. - comentei, sentando-me em posição de lótus, apoiando minha cabeça na mão sobre a coxa e colocando o tablet sobre minhas pernas. - Depois fica de manha para o meu lado quando pega um resfriado… - suspirei, vendo o que porra acontecera que metade das minhas ações na Konoha’s Interprises estava caindo em questão de duas horas. - Pais não podem e nem devem ficar doentes quando têm filhos pequenos.

Ouvi a cama se mexer e por um instante desviei meu olhar.

— Não vou adoecer. Tenho você para me esquentar… - Naruto se pôs de bruços, ao meu lado e apoiou a cabeça nas mãos, olhando para mim como quem não quer nada. - Isso aí é trabalho? - olhou para o tablet.

Neguei, tornando a olhar e a mexer no aparelho. Era a Akatsuki tornando a minha parte do capital com baixo rendimento ao baixar a preços exorbitantes o seu. O filho da mãe quer deixar as minhas ações inválidas por alto valor de compra. Esfreguei meus cabelos e deixei as mãos cruzadas na nuca, abaixando ainda mais o meu rosto. Só nesse momento percebi algo. Quando foi a última vez que cortei meu cabelo?

— Sasuke… - me chamou, em tom de repreensão. - Estamos na cama e vamos dormir. Chega de trabalho por hoje. - segurou minha mão e a afastou do aparelho.

Fitei-o, soltando uma mecha longa do meu cabelo, e baixei meu olhar para a minha mão. Afastei-a da sua e olhei para o aparelho. Fechei meus olhos por dez segundos, tempo em que eu empurrava minha franja para trás com a mão. Soltei o ar depois de ter feito todas as contas necessárias, revisto todas as possibilidades e resolvi desligar o aparelho, se meu celular não tivesse tocado naquele instante. Levantei-me e fui atender.

— Alô. - a voz de Asuma parecia meio nervosa. - Eu sei, acabei de ver. - me escorei na parede. - O que quer que eu faça? Eu não posso vender… - bocejei e cocei minhas costas por dentro da camisa. - Mas eu acabei de sair daí. Não vou voltar, já viu a hora? - murmurei, incomodado. - Eu não posso fazer nada, só manter e não vender. Eu já estou ficando careca de dizer que não vou fazer as vontades de Pain. - suspirei, ouvindo os brados de Asuma, revirei meus olhos, afastando o telefone do rosto e dei uma rápida olhada para trás.

Naruto estava em seu “modo vulcão prestes a explodir”, de braços cruzados, sentado na cama, respirando profundamente, a pele do pescoço ruborizando, me exibindo uma carranca amarrada de pura raiva e desgosto. Voltei-me para a janela e coloquei o telefone no ouvido, tudo isso com calma e cansaço. Estou ficando velho para essas coisas.

— Asuma… Faça um favor a si mesmo… - murmurei. - Ou desiste da presidência e entrega para Konohamaru, que vai fazer o que eu digo, ou entrega para mim, e eu resolvo essa merda, ou para de ser mole e enfrenta isso de vez. - rebati. - É só manter-se. Eu não vou injetar mais dinheiro porque eu sei que não vai ter retorno. - então ele desligou.

Fitei o celular e o coloquei sobre o criado-mudo. Busquei aquela garrafa de água e tomei um longo gole, secando-a praticamente. Sentei-me na cama, retirei a minha camisa e me deitei de barriga para cima, sentindo minha cabeça latejar de novo.

— Terminou? - Naruto perguntou, com ironia e raiva no tom de voz, o cotovelo da mão que segurava seu queixo apoiado no outro braço. - Ou vai fazer do nosso quarto o seu escritório? - piscou os olhos numa inocência fingida.

Encarei-o sem saco para jogos.

— Por hoje. - foi o que eu disse, lembrando momentaneamente dos surtos artísticos dele que transformavam qualquer cômodo da casa no seu ateliê. Não vou comentar a esse respeito. Eu sou o errado dessa vez. Baixei meu rosto de volta para o travesseiro e suspirei.

— Sasuke, acho que você não está entendendo a gravidade da situação. - Naruto falou, preocupado e suspirou, esfregando o rosto com as mãos. - Você trabalha vinte e quatro horas por dia! Todos os dias do ano! - a angústia era palpável em sua voz. - Quando foi a última vez que tiramos férias?

— Ano passado. - respondi - Faz treze meses, duas semanas, quatro dias e... - olhei a hora. - doze horas e 56 minutos. - suspirei, fitando o teto.

Sentei-me na cama, escorando-me na cabeceira e fitei Naruto.

— Sabe porque o Norio acaba de me chamar? - apontou para a porta do quarto, me olhando com quase fúria. - Você sabe, Sasuke?

Neguei lentamente. Levando em consideração a quem a criança puxou, provavelmente pesadelos me envolvendo - em que eu sou a coisa ruim - ou saudade de alguém, mas como ele chamou Naruto, é mais provavel que eu não saiba a razão. Suspirei.

— Porque ele é um bebê! Ele se sente confortável com as pessoas que CONVIVEM com ele. - Naruto levantou da cama e se afastou, provavelmente para tentar pensar de forma racional, já que ele é uma pessoa que se deixa levar pelos sentimentos. - Você nunca está em casa, Sasuke! - sua voz tremia de tanta raiva. - Eu nem sei se ele sabe que você também é pai dele!

Esfreguei minhas testa e soltei o ar.

— Por isso eu não quero que ele leve meu nome, eu sabia que ele não ia me ver como um pai. - fui sincero. - Tenho muito pouco tempo, apesar de eu fazer de tudo para estar aqui. Sinceramente, Naruto, não vou enlouquecer se Norio me chamar de tio quando for mais velho. Eu sei que quer que ele me reconheça como pai, mas… O que eu posso fazer? - dei de ombros. - Eu estou dando o máximo de mim...

Essa é a pergunta que muda tudo. O que eu posso fazer? Eu já estou fazendo de tudo. Não sei mais o que eu posso fazer por a minha família.

— O que?! - Naruto sussurrou, me olhando horrorizado, seus olhos brilharam de lágrimas não derramadas. - Repete isso, por favor, por que eu acho que não ouvi direito. - ele riu amargamente.

— É a realidade, Naruto. - dei de ombros. - Eu sei que ele já me olha como se eu fosse uma visita que aparece de vez em quando na sua casa. Eu sei que se continuar desse jeito, dificilmente ele vai me chamar de pai. - suspirei.

— A realidade, Sasuke, é que você é o maior babaca da história. - ele apontou furiosamente para mim, chorando de tanta raiva. - Essa é a sua realidade! - mordeu a mão, para evitar um soluço. - A culpa não é dele! Você que nunca está em casa! - voltou a apontar para mim e agora falava com a voz trêmula. - Você percebe que todo mundo aqui sente sua falta? - tinha tanta, tanta dor em sua voz. Naruto já havia desistido de impedir as lágrimas e agora elas rolavam livremente.

Eu sei e para piorar tudo eu vejo e sinto toda essa realidade. Eu sei que ele quer que eu seja figura presente na vida de Norio, eu sei que Naruto sente minha falta, as vezes eu sinto falta de mim mesmo. Levantei-me da cama, respirando fundo e sacudindo o meu rosto levemente. Eu sinto o peso aumentar a cada dia que passa, o peso da culpa, do remorso, da dor, um peso que eu não carregava antes, mas agora carrego por me permitir realizar os sonhos das pessoas que amo.

É minha culpa, unicamente minha culpa, mas, sinceramente, eu não sei o que fazer para amenizar essa situação que não seja uma medida drástica. Encarei Naruto. Eu queria abraçá-lo, beijá-lo e dizer que vai ficar tudo bem, mas isso não é novela e nem um filme romântico. Isso aqui é a realidade e ela é não é linda quando se olha os bastidores..

— Eu não disse que a culpa é de Norio. - minha voz estava tranquila. - É minha e só minha. Norio é um bebê, mal entende o mundo e eu tenho plena consciência disso, Naruto. - abri meus braços. - Quer que eu venda a empresa? - perguntei seriamente. - Quer que eu venda a Rebú e as minhas ações na Konoha Interprises? Quer que eu venda tudo para ficar em casa? - não perguntei com tom de chantagem, de drama ou de qualquer coisa do tipo, perguntei com tom de alguém buscando a solução para um problema sério. - Porque eu não vejo outro meio de estar mais tempo com você ou com as crianças.

— Eu só quero você em casa. - voltou seus olhos inocentes com aquele olhar pidão para mim. - Não me pergunte o que você deve fazer com a empresa, porque eu não sei. O que eu entendo de negócios? - riu brevemente, num riso forçado. - Você deu seu sangue e suór para aquela empresa, Sasuke. Você sempre quis ser o presidente. Por que eu sugeriria que você se livrasse dela? - suspirou e voltou a se aproximar de mim. A raiva havia sido sobreposta pelo cansaço, e seus lábios estavam curvados em um sorriso triste.

Neguei lentamente e cocei meus cabelos.

— Nunca quis ser presidente, nem dono, nem assessor-chefe, nem nada disso. - confessei. - Eu nunca quis nada disso, Naruto. Na verdade, eu queria ser adestrador de cães. - admiti sem vergonha alguma desse meu segredo bobo.

Faz tanto tempo que eu não o menciono que já estava me esquecendo qual é a sensação de admitir algo tão simples como isso. Adestrador de cães. Eu ensinaria aos cães como obedecer os seus mestres, como serem guias, policiais… Meus deuses, que sonho. Fitei Naruto e esperei sua reação com a revelação de algo tão… Bobo? Simples? Infantil? Sonhador? Não, tão meu.

— Adestrador de cães? - piscou os olhos, confuso. - Meu amor… - segurou meu rosto delicadamente com as duas mãos. - Você é idiota? - arqueou as sobrancelhas e continuou a me encarar com uma expressão de confusão, somada a surpresa da descoberta. - Por que ainda está na Rebú então?

Eu sorri e peguei suas mãos, entrelaçando seus dedos no meu.

— Porque não tem ninguém para ficar no meu lugar. - eu disse, soltando suas mãos e me sentando na cama. Naruto se ajoelhou entre minhas pernas e me fitou, sério.

— Você não acha que já se sacrificou demais pelos outros? - apoiou suas mãos em minhas coxas. - Você merece ser plenamente feliz, Sasuke. - Naruto abraçou minha cintura e encostou a cabeça em minha barriga. - Faz demais pelos outros e se esquece de si mesmo. - suspirou, me soltou e voltou a me fitar. - Talvez não exista alguém tão eficiente como você para dirigir a Rebú, mas tenho certeza que você poderia encontrar alguém capaz, se assim quisesse.

Afaguei seus cabelos e sorri de lado.

— Não acha que eu já procurei? - suspirei. - Por que acha que eu tenho Shikamaru? Eu pensei que ele poderia tomar o meu lugar, mas ele não consegue, não dá conta… Infelizmente. - eu deslizei meus dedos pelo seu rosto, descendo pelo pescoço, até chegar aos seus braços. - Me desculpe, Naruto, mas eu não sei o que fazer...

Antes mesmo de Naruto ser da minha convivência, eu já lutava todos os dias para encontrar alguém que pudesse ficar no meu lugar, mas sabe quando você tem certeza que aquele fardo foi feito para que só você carregasse, por mais que você queira se livrar? Sabe a sua cruz, aquela que é só sua? Acredito que essa minha situação seja a minha cruz, o meu fardo.

— Eles estão crescendo e você está perdendo tudo… - sussurrou, chateado e extremamente triste. Naruto se levantou, voltou a se deitar, de costas para mim e se cobriu. - Se não for fazer isso por si mesmo, faça por eles então.

— Naruto. - chamei, mas ele não se virou, então decidi falar assim mesmo. - O problema é que eu não sei o que fazer… Não sei o que fazer mais por eles e por você.

Esfreguei meu rosto e me deitei de costas para ele, sentindo meu corpo ficar ainda mais pesado e mais cansado. Eu tinha que fazer algo por eles, pelos meus filhos e pelo homem que amo. Mas eu não sabia o que fazer. Pela primeira vez na minha vida, eu não sei o que fazer.

— Fica só com a Rebú. - ele falou, sem nem mesmo se mover.

Franzi o cenho e me virei para ele.

— O que disse? - não que eu não tivesse ouvido de primeira, mas eu precisava escutar de novo aquela ideia, eu precisava ouví-la ser dita em voz alta para que minha própria mente acreditasse.

— Todo o resto pode ser administrado por outra pessoa… - deu de ombros. - Fica só com a Rebú.

Arregalei imensamente meus olhos.

— Meu bebê! - acabei falando alto sem sentir. Me enfiei embaixo do edredom de Naruto e procurei-o ali, beijando avidamente seu corpo por onde eu passava. - É por isso que eu me casei com você! Você é incrível, bebê, incrível! - por fim cheguei ao seu rosto e o tomei entre minhas mãos, iniciando um profundo beijo vigoroso em sua boca deliciosa. - Eu te amo, bebê, te amo! - sussurrei, intercalando entre os beijos.

— Eu sei que ama, amor. Eu também amo você. - falou, sorrindo de novo. - Eu não sei o que é mais assustador, ver mais um desses seus surtos ou perceber que você não tinha pensado nisso antes.

— Eu deixo você me chamar de burro o resto da semana… - sussurrei, beijando levemente seu pescoço e afagando seus fios dourados. - Algo assim nunca me passou pela cabeça… Obrigado, Naruto, obrigado por ser tão simples e me dar soluções tão boas e fáceis. - distribuí alguns beijos por seu peito antes de voltar ao seu pescoço.

— Não seja bobo, você só não pensou nisso porque não larga esse celular por dois minutos! - acariciou e beijou meus cabelos. - Sério, Sasuke. Acho que ele estava sugando o seu cérebro! - falou em um tom de preocupação fingida, brincando.

Eu ri baixo e me sustentei de quatro sobre ele.

— Só não vou dizer o quanto eu odeio o seu caderno de desenho em mil e um motivos, porque eu estou com muita vontade de te agradecer. - sorri de lado. - Como você merece.

Curvei-me para começar a chupar seus mamilos quando ouvi um fio de choro aumentar desesperadamente com o passar dos segundos. Se você é pai ou mãe, sabe exatamente o que estou sentindo agora. Só posso dizer isso.

— O que eu falei sobre os Uzumakis? - Naruto falou, rindo daquele jeito “eu vou rir para não chorar”.

Levantei-me e fui para a porta.

— Que bom que é Uzumaki. - comentei, dando de ombros. - Passei a primeira infância de Maiko sem sexo porque ela não dormia sozinha. - abri a porta. - Sabe o que é cinco anos na seca por livre e espontânea pressão? - eu ri baixo. - Esse é o problema dos bebês Uchihas: não dormem longe das pessoas que mais amam. Imagina o inferno que fiz na vida do meu pai quando eu era moleque.

Saí do quarto rindo tenebrosamente.

Fui até o quarto de Norio e me deparei com ele de pé no berço, chorando e tremendo. É agora. Tenho que mudar a situação com meu filho, pois um varão protege a sua famìlia.

— Que foi? Teve um pesadelo? - aproximei-me do berço, pegando-o com cuidado no colo.

— Papa… - chamou, numa vozinha chorosa.

Suspirei e levei Norio comigo para o meu escritório, onde havia um divã de frente a uma lareira que estava acesa por causa do frio do inverno. Encostei a porta e coloquei o menino no chão, de pé no meio do tapete. Sorri de lado e fui até um armário. Abri-o e retirei dali um cobertor. Voltei ao menino, que chorava de pé, as mãos juntas, pois ele queria se encolher para chorar mais. Peguei-o no colo, sentei-me no divã e coloquei-o entre minhas pernas.

Enrolei-o com o cobertor, aconchegando-o e sorri de lado.

— Boa noite, Norio. - afaguei seu rosto, enxugando suas lágrimas com cuidado. - Você sabe quem sou eu? - perguntei, usando um tom baixo e sussurrante.

— Sas… sa… - franziu as sobrancelhas, fazendo um biquinho de indignação por não conseguir falar meu nome.

Eu sorri e acariciei seus cabelos.

— Eu sou… - respirei fundo. - Sou o seu pai. - eu disse com calma. Peguei-o, colocando-o de pé e o ajudei a tocar no meu cabelo. - Naruto é o Papa. - ele me viu e assentiu com convicção. - Eu sou o seu Otou-san. - disse e gesticulei lentamente. - O-tou-san. - pronunciei devagar.

— Oto… San… - forçou a vozinha.

Eu sorri, satisfeito.

— Muito bem, pequeno. - aproximei minha mão de seu rosto e ele arregalou os olhos, se concentrando na palma e então, eu estalei diante de seus olhos negros enormes. Ele se assustou e deu um pulinho, piscando os olhos rapidamente, me fitando confusa e curiosamente. - Lembra de mim? - perguntei, afastando devagar a mão.

Peguei-o no colo, enrolando-o melhor com o cobertor e me ajeitando sobre o divã, ficando meio deitado, meio sentado, acolhendo-o em meu peito.

— Oto… San… - ele bocejou, encostando a cabecinha no meu peitoral enquanto tentava puxar uma mecha do meu cabelo.

Empurrei-o mais para cima, permitindo que ele mexesse no meu cabelo.

— Sou seu pai, pequeno, desculpe ter te assustado… Otou-san não queria isso… - afaguei-lhe as costas. - Eu prometo que não vou te assustar nunca mais… - sussurrei. - Otou-san vai cuidar de você, vai te amar, te proteger, então não tenha medo de mim...

— Não. - sorriu. - Oto-san é Bunito… - colocou as mãozinhas no meu rosto, me encarando intensamente com seus olhos inocentes.

Beijei as palmas das suas mãozinhas e depois encostei minha testa na sua. Senti minha alma respirar, crescer, se expandir, esticando-se, moldando-se ao corpinho desse bebezinho. Eu respirei fundo e foi como se todo o universo respirasse comigo, relaxando, ficando em paz. Mais um ciclo fechava-se em minha alma e eu sentia que não havia mais nada de errado, tudo estava devidamente encaixado, em seu lugar.

Não voltei para o quarto, na verdade dormi com Norio no escritório, eu o acolhendo no calor do meu peito.

No dia seguinte, um grito alto, e eu não preciso informar que foi de Naruto, fez uma crise de riso generalizada entre as pessoas presentes na cozinha. Inclusive, eu acho que o ronronar de Kurama se transformou num riso. Até mesmo Konohamaru, com quem eu estava conversando por videoconferência, desabou de rir com o grito do meu esposo.

Naruto surgiu na porta da cozinha todo descabelado e amarrotado, os olhos arregalados passando por todo o ambiente rapidamente, parecia um daqueles surtos de hiperatividade que ele tinha há alguns anos. Ele estava tão fora de si, que nem deu importância para Maiko ou mesmo eu.

Minha filha, que estava na mesa comendo o seu café da manhã, estava quase se engasgando de tanto rir, mas quando eu fiz um gesto ela silenciou. Pedi um momento a Konohamaru e fitei Naruto.

— Bom dia, pai! - riu-se Maiko, equilibrando a colher na mão.

— Bom dia, Naruto. - falei, mexendo um líquido mais consistente no papeiro. - Se intrigou do espelho?

— Lorde! - falou, desesperado. Maiko e eu nos olhamos, completamente ignorados e demos de ombros. - O Norio não está no berço!

— Ele estava quando eu vim tomar café. - informou Maiko erguendo a colher. - Eu mesma vi ele acordado, brincando com o mordedor.

— Ai, Kami-sama! - ele colocou as mãos na cabeça e assanhou mais ainda os cabelos. - Qual o problema dos Uzumakis?! - choramingou.

— Eles fogem… - comentei, ainda mexendo no papeiro. - Mas acho difícil um menino de dois anos fazer isso. Tem meus genes para dar juízo a ele.

Naruto voltou a olhar em volta, com as sobrancelhas franzidas, depois me encarou com os olhos cerrados.

— Você está calmo demais… - começou a se aproximar. - E o que é isso que você está fazendo? - apontou a panela.

— Mingau. Coisa que você deveria ter feito a meia hora. - revirei meus olhos. - Já estou acostumado com filhos sumidos, esqueceu? - dei uma piscada para Maiko e ela corou. - Quer que eu chame a polícia para investigarem a casa?

Dei um passo para o lado e um riso gostoso de bebê ecoou pela cozinha. Eu me mantive tranquilo, apesar do sorriso sagaz no rosto e girei no meu eixo, pegando algo na pia, sem Naruto ver. Mais risos e Kurama folgadamente acomodado em meu ombro só balançando a cauda. Voltei para o fogão, isso o balcão que há no meio da cozinha, e que serve de mesa, cobrindo da cintura para baixo de mim. Mais risos, cada vez mais altos ecoaram. Coloquei um pouco mais de leite em pó no líquido e mexi com mais velocidade.

Toda mãe que se preze conhece os sons das suas crias, agora imaginem dois pais superprotetores? Pois é. Naruto parou de andar para lá e para cá feito uma barata sem cabeça e ficou parado, observando a cozinha com os olhos arregalados.

— Então quer dizer que Lorde aprendeu a descer o berço sozinho?! Onde será que ele está? - falou alto, com um sorrisinho no rosto.

Konohamaru já estava ofegante de tanto rir da situação que estava se desenrolando.

Naruto estreitou os olhos e começou a arrudiar o balcão.

— Está insinuando que eu sumi com o menino, é isso, Naruto? - eu apaguei a boca do fogão e comecei a andar, passando por Maiko e indo até a tigela que eu deixara perto dela, “fugindo” do olhar investigador de Naruto. - Ele é Uzumaki! Pode ter aprendido a descer do berço tranquilamente.

Mais risadas gostosas ecoaram e eu estava quase rindo. Eu não resisto a risada de criança. Eu não podia ouvir a de Maiko que eu ria até ficar sem forças. Parei e despejei o líquido na tigela, para começar a mexer de novo com a colher de pau, para esfriar a mistura.

— O que? - fingiu indignação. -  Ele deve ter sua inteligência e calculou a fuga perfeita. Isso sim! - Naruto gargalhou, um pouco mais calmo.

— Talvez. - provei o mingau que eu fizera. Sacudi a cabeça satisfeito. Ainda sei fazer comida para bebê. - Por que é que você está rindo? Nesse segundo você estava quase convocando o exército para achar Norio. E por que está andando que nem um caranguejo, com as mãos abertas assim? - ofereci a colher para Maiko e ela provou. Assentiu, confirmando o bom sabor. Eu ainda sei fazer comida que preste.

— O que? Não pode rir mais? - revirou os olhos. - Lorde? - Naruto chamou. - Papa vai te encontrar.

Um risinho baixo ecoou e eu caminhei novamente. Os risos ficaram mais altos e mais gostosos, até Maiko caiu na gargalhada. Kurama só miava, velho ranzinza, olhando para Naruto com sua cara de bunda peluda.

— Oto-san… Não… Iscondi… - respondeu uma vozinha risonha. - Papa me pega!

E eu continuei tentando conter o meu riso, esfriando o mingau, no lado oposto do balcão em que Naruto estava. Cutuquei com a ponta do dedo e vi que a temperatura estava boa. Peguei a mamadeira no armário e enchi-a com o mingau. Olhei para baixo e depois para Naruto.

— O que é que você tem? - perguntei. Ele ainda sustentava seu olhar desconfiado.

— Dá para ficar quieto? - bufou para mim. Eu assenti e fiquei sacudindo levemente a mamadeira, quieto e logo um risinho baixo ecoou. - Lorde, não vai falar com o papa? - Naruto falou, fingindo estar chateado.

— Lodi não tá... Papa!

Naruto acelerou os passos e deu uma carreira para perto de mim. Olhou-me lentamente e quando chegou no chão, deparou-se com Norio agarrado na minha perna, sentado em meu pé, rindo e exibindo orgulhosamente seus quatro primeiros dentes. Naruto tampou a boca com as mãos e começou a rir. Eu o olhei, arqueando uma sobrancelha e olhei para baixo, sorrindo para Norio. Depois saí caminhando pela cozinha e Norio começou a gargalhar gostosamente, peguei o meu tablet e fui para a sala.

— Termine de comer, Mai-chan. - eu disse e ela assentiu. - Eu vou te levar para escola assim que terminar a mamadeira de Norio. - e ela assentiu de novo mais rapidamente. O menino só sabia rir e apertar a perna da minha calça, seu bumbum de fralda esquentando a pele do meu pé descalço, fitei-o e sorri. - Nosso plano deu certo! - ele riu da careta que eu fizera. - Pronto, pequeno, para comer?

— Nham Nham… - sorriu, enquanto se agarrava mais a minha perna e tentava olhar para o meu rosto sem cair para trás.

Ergui meu pé depois de colocar o tablet na mesa de centro, me equilibrando no outro, e peguei o menino, sentei-me preguiçosamente na minha “cadeira do papai”, coloquei as pernas na mesa e ajustei-o em meu colo. Dei-lhe a mamadeira e ele começou a tomar tranquilamente, admirando o rabo de Kurama balançar sobre meu ombro.

— Então, Konohamaru. - fitei-o. - Temos um acordo ou não?

— Mas é claro! - ele comemorou do outro lado. - Não se preocupe, Sr. Uchiha, eu não vou decepcioná-lo! Eu juro pela honra do meu avô! - eu assenti.

— Ótimo. - e desliguei com a ponta do pé.

Fitei o menino e sorri para ele. Norio sorriu de volta, mesmo estando com a mamadeira na boca e se remexeu na curva do meu braço com meu peito, satisfeito com o meu olhar. Percebi que um pouco escorria do canto de seu lábio.

— Naruto. - chamei. - Me traz um lenço, por favor. Está em cima do balcão. - informei. Olhei para a cozinha e vi Maiko chegar correndo com o lenço na mão. Ela me entregou e eu lhe dei um beijo na testa. Maiko correu para o seu quarto para terminar de se arrumar. Limpei o queixo de Norio e depois afaguei a cabeça de Kurama, que ronronava no meu ouvido.

Naruto apareceu e ficou encostado no portal da sala, a boca cheia, mastigando algo, enquanto seus olhos me encaravam com divertimento e satisfação. Continuei indiferente para ele, mas sorria minimamente para Norio, que parecia encantado com alguma coisa que estava na minha cara. Cinco minutos depois, com Maiko já pronta e sentada na mesinha de centro, me observando com um encantamento inexplicável, Norio terminou seu “lanche”.

— Licença, Kurama. - pedi e ele sentou-se no braço da poltrona. - Obrigado. - ele miou. Apoiei o menino no ombro e senti ele mexer nos meus cabelos. Afaguei as costas dele e então Norio arrotou, para começar a rir baixinho, junto comigo. Puxei-o e fitei-o. - Igual ao pai. - comentei e me levantei, indo até Naruto. - Quer carona? - lhe entreguei Norio. Ele arqueou uma sobrancelha e sorriu de forma convencida, assentindo.

Fui para o hall, Maiko veio até mim, e nós nos sentamos para calçar os calçados para saírmos de casa. Olhei-a, vendo se estava tudo ok em suas roupas, virei-a e verifiquei sua mochila, depois fitei-a e sorri. Ela sorriu de volta, abraçando a minha cintura.

— Eu vou levar Maiko para a escola, depois vou cortar o meu cabelo e vou levar Norio. - o menino riu nos braços de Naruto. - Eu te levo para o estúdio. - pisquei um olho para Maiko e fomos para a garagem. - Kurama, vigie a casa! Venho já! - e o gato miou.

Já no carro, eu fui deixar Maiko na escola e acompanhei Naruto pelo estúdio. Shisui, quando viu Norio, atropelou três pessoas para ver o sobrinho. Deixei-o nos braços dele, que o levou para falar com Aimee, que estava com Shizune, e fui para fora fumar um pouco. Passei por algumas modelos, que olhavam para Naruto com desconfiança. Revirei meus olhos e ignorei. Toda mulher naquele lugar queria ter um filho com Naruto, mas, foi ele que teve um filho comigo, o que é muita ironia. Agora que resolvi metade dos meus problemas, não vou ficar procurando por mais.

Sentei-me na grade da varanda, retirei o maço e o isqueiro, puxei o cigarro com os lábios e acendi-o, era de menta, para não me deixar com mal cheiro por causa de Norio.

Ouvi a porta ser aberta e por ela passou Naruto, com um semblante sorridente e tranquilo, tão em paz quanto eu. Posicionei-me na direção do vento e Naruto veio sentar-se ao meu lado, cruzando os braços e me dando um escorão sem força, só para me perturbar. Eu dei um trago lento, saboreando o cigarro, e o fitei.

— Otou-san, é? - arqueou a sobrancelha e sorriu.

— Você que disse que queria que eu fosse pai dele. - disse, fingindo indiferença. Suspirei e soltei lentamente a fumaça. - Eu sou pai de Norio.

— Sim, você é. - Naruto beijou e mordiscou minha bochecha. - Que bom que percebeu sozinho. - ironizou, rindo.

— Eu tive muita ajuda. - peguei sua mão e dei um beijo em cima da aliança. - Obrigado, bebê. As vezes eu esqueço que sou só um homem, no fim das contas. Uma colcha de retalhos…

— Nós é que temos que te agradecer, Sasuke. - suspirou e me abraçou. - Sentimos tanto a sua falta, amor. Não sabe como é bom te ter de volta.

Larguei o cigarro no chão e abracei o meu esposo com mais força. Acariciei-lhe os cabelos e beijei-lhe a face, deixando minha testa em cima da sua.

— Eu vou estar para sempre contigo, bebê. A cada novo amanhecer e novo entardecer. - suspirei, sentindo aquele sentimento de paz que a alma de Naruto me traz, encher-me o peito.

Nos fitamos.

— Preciso ir. Prometi a Norio que o deixaria ver meu cabelo ser cortado. - sorri e dei mais um beijo em seus lábios. - Mas não se preocupe. - aproximei minha boca de seus ouvidos. - Esse fim de semana eu vou fazer faxina no Red Room…

— E você vai precisar de ajuda? - perguntou, com a respiração levemente acelerada.

Lambi sua orelha e o soltei devagar.

— Esqueceu, little bitch? Você faz parte do quarto. - pisquei um olho. - Eu vou te limpar também e vai ser bem demorado, inclusive eu vou tirar folga na segunda o dia todo por causa dessa faxina. - fitei minhas unhas. - Vou mandar Maiko e Norio para a casa de Hinata, porque eu não quero que eles vejam a bagunça que farei. - encarei-o. Naruto tentava desesperadamente lembrar como se respirava. - Não concorda?

— Concordo com qualquer coisa que você diga! - respondeu, arfando.

Sorri de modo sacana.

— Te vejo mais tarde então. Para uma breve amostra. - saí e fechei a porta, rindo alto dos meus planos para a noite. Nossa, quanto tempo faz que não planejou uma transa? Muito tempo. É bom estar de volta.

Peguei Norio com Shisui e nós partirmos.

Eu me resolvi com meu filho. Entreguei minhas ações para os cuidados administrativos de Konohamaru, transformando-o em meu titular, perguntei a Neji e a Itachi se eles aceitavam cuidar do projeto de ajuda social do hospital e eles aceitaram, deixei para os cuidados do governo o projeto da cidade, porém com a supervisão de alguns funcionários meus e entreguei para uma ONG a chefia dos outros de cunho internacional. Para mim, apenas minha filha mais velha, a Rebú. Passei a dormir em casa, a estar em casa mais vezes, a sair mais com a família… Essas coisas que eu não fazia antes e sentia muita falta.

Ah, quase esqueço. Eu limpei o meu quarto de brinquedos, com Naruto dentro, e devo dizer que é bom ter meus momentos em família e com meu marido de volta. Só digo isso, mais nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

DiAngelo: Gente, eu quero um Norio pra mim! *-* Q criança fofa, meu Deus! E Maiko cuidando do irmãozinho? Socorro!!! Quem imaginou q Naruto fosse querer um filho?! O.o E melhor, quem imaginou q Sasuke ia concordar e adorar a ideia? O.O Até eu me surpreendi! Tenho q admitir algo a vcs: eu simplesmente adorei a escolha da mãe :3 e vcs? Perceberam o amadurecimento do relacionamento de Sasuke e Naruto? Pois é, gente, agora eles ñ se separam por nada nesse mundo, é tanto, q Naruto pode repreender mozão sem medo agora! hahahahahaha Lindinho q quem deu a solução para o problema final deles foi o loiro, né? É, gente, as coisa mudam. Enfim, cs gostaram do filler? Comentem, favoritem, recomendem e curtam a page. Quero ouvir barulho! Té semana q vem! :*

PS: calendário pra vcs ñ esquecerem!
dia 29 de junho: epílogo de NMD (SURPRESAS! muahahahahaha)
dia 2 de julho: entrevista com as autoras (curtam a page, saspestes, pq é lá q a zuera vai rolar!!!)
https://www.facebook.com/sociedadeprovadoresgaspacho/?ref=bookmarks

Nonna: Negada, que coisa mais linda esse final né não? Como lidar com esses dois tão adultos e tão juntos, comunicativos, como um verdadeiro casal? Difícil. :''''')
E esse Sasuke recebendo ajuda de Naruto, finalmente se mostrando apenas um ser humano que se preocupa com quem ele ama? Num foi perfeito? *-* Sei nem lidar com essas coisas. E Maiko? Tão parecida com Itachi e tão parecida com Sasuke, e, de quebra, parecida com Naruto? Linda essa coisa fofa e não canso de pensar que ela é a minha personagem favorita. Enfim... Nos vemos no epilogo e suas milhares de surpresas, negada! Ate lá!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pais e Filhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.