Para Sempre escrita por Sue Niehaus


Capítulo 6
Tulipas Vermelhas


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas, olha que eu nem demorei né hsuahsa
Capítulo fresquinho pra vocês.
Prestem bem atenção no capítulo, que eu vou dá um dica do que Regina realmente é.

Sem mais delongas e Boa leitura.



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Embora Regina e eu frequentemos a duas aulas juntas, a única em que sentamos perto uma da outra é nas de inglês. Enquanto eu caminhava para a aula de artes, no sexto tempo. Regina se aproximou de mim.

Ela passa direto, segurando a porta enquanto eu passo, com olhos grudados no chão, me perguntando como eu faço para desconvidá-la.

— Suas amigas me convidaram para passar na sua casa hoje a noite — ela diz — Mas eu não vou conseguir ir.

— Oh! — Eu digo, me arrependendo do jeito que a minha voz acabou de me trair soando tão feliz. — Eu quero dizer, tem certeza? — Eu tento suar mais suave, como se eu realmente quisesse que ela me visitasse, embora seja tarde demais.

Ela olha para mim, olhos brilhando e divertidos.

— Yeah, tenho certeza. Te vejo segunda — ela diz, andando mais rápido e indo em direção a seu carro, o que está estacionado na zona vermelha.

Quando eu alcanço meu Miata, Cosima está esperando com os braços cruzados, olhos estreitos, a irritação dela claramente mostrada.

— É melhor você me contar o que acabou de acontecer lá atrás, porque não pareceu bom — ela diz, deslizando para dentro enquanto eu abro a porta.

— Ela cancelou. Disse que não ia conseguir ir. — Eu dou de ombros, olhando por cima do ombro e mudando a marcha.

— Mas o que você disse que a fez cancelar? — Ela me encara.

— Nada.

A careta se aprofunda.

— Sério, eu não sou responsável por estragar sua noite. — Eu saio do estacionamento e entro na rua, mas quando eu senti Cos ainda me encarando eu digo:

— O que?

— Nada. — Ela ergue as sobrancelhas e encara a janela, e embora eu saiba o que ela está pensando, eu me foco em dirigir. Então é claro ela vira para mim e diz, — Ok, prometa que você não vai ficar brava...

Eu fecho os olhos e suspiro. Aqui vamos nós.

— É só que – eu não entendo você. É como se, nada sobre você faça sentido.

Eu respiro fundo e me recuso a reagir. Principalmente porque está prestes a ficar pior.

— Para início de conversa, você é complementa linda – pelo menos eu acho que você pode ser, porque é realmente difícil saber já que você está sempre escondida embaixo desses horríveis capuzes. Eu quero dizer, desculpe por ser quem diz isso, Emma, mas toda o conjunto é complemente trágico, e eu não acho que deveríamos fingir ao contrário. E também, eu odeio ser aquela a te dizer isso, mas fazer questão de evitar a completamente gostosa garota nova, que obviamente está afim de você, é só estranho.

Ela para tempo o bastante para me dar um olhar encorajadora, enquanto eu me seguro para o que vem a seguir.

— A não ser – é claro – que você seja hétero, o que é estranho, porque sempre tive certeza que você era gay, acho até que vi você ficando com uma garora, uma vez. Mas pensando bem, eu nunca ouvi você falando que gostava de alguém...  aff, você é complicada.

Eu viro a direita e expiro, grata por minha habilidade psíquica provavelmente pela primeira vez na vida, já que definitivamente me ajudou a diminuir o golpe.

— Essa conversa está meio estranha né... — ela continua. — Eu quero dizer, obviamente, é... como você pode não gostar da Regina? — Ela ri, meio nervosa, e curiosa ao mesmo tempo.

Mas eu só balanço minha cabeça e aperto o freio.

— Só porque não estou interessada na Regina não significa que eu seja hétero, assexuada, gay e o que estiver passando na sua cabeça — eu digo, percebendo que eu sôo muito mais defensiva do que eu pretendia. — Tem muito mais em atração do que só aparência, sabe. Como um toque quente que me faz formigar, olhos profundos e suaves, e o sedutor som de uma voz que pode silenciar o mundo –

— É por causa de Lily? — ela pergunta, sem acreditar na minha história.

— Não. — Eu agarro o volante e olho para o farol, esperando que ela mude de vermelho para verde para que eu possa levar Cos para casa e terminar com isso.

Mas eu sei que eu respondi rápido demais quando ela continua:

— Há! Eu sabia! É por causa de Lily – porque ela a reivindicou. Eu não acredito que você está mesmo honrando isso! Eu quero dizer, você se quer percebeu que está desistindo da chance de perder sua virgindade com a garota mais gostosa da escola, talvez do planeta, tudo porque Lily a reivindicou?

— Isso é ridículo — eu murmuro, balançando minha cabeça enquanto viro na rua dela, paro na entrada da casa e estaciono.

— O que? Você não é virgem? — Ela sorri, obviamente se divertindo com tudo isso. — Você tem me escondido coisas?

Eu viro meus olhos e riu apesar de tudo.

Ela olha para mim por um momento, então pega seus livros e vai para casa, virando de costas tempo o bastante para dizer:

— Eu espero que Lily aprecie a boa amiga que você é.

[...]

Acabou que, sexta a noite foi cancelada. Bem, não a noite, só nossos planos. Parcialmente porque o irmão mais novo de Lily, Henry, ficou doente e ela era a única por perto para cuidar dele, e em parte porque a mãe amante de esportes de  Cosima e Rachel, as arrastaram para ver um jogo de tênis de quadra. E assim que Siobhan soube que eu ficaria em casa sozinha, ela saiu do trabalho mais cedo e se ofereceu para me levar para jantar.

Sabendo que ela não aprova que eu fique usando sempre casaco e camiseta, eu coloco um vestido florido, que ela recentemente comprou para mim, o salto era vermelho pra combinar, e um batom (uma relíquia da minha antiga vida, quando eu me importava com coisas assim), transfiro as coisas essenciais da minha mochila para uma pequena bolsa branca que combina com o vestido, e troco meu rabo de cavalo usual por cabelo solto.
Quando estou prestes a sair pela porta, Kira aparece atrás de mim e diz:

— Já era hora de você se vestir como uma garota.

Quando ouço sua voz, trato de  fechar a porta para que a sra. S. não possa ouvir.

— Então aonde você está indo?

— Um restaurante chamado Stonehill Tavern. É no hotel St. La Paix  — eu digo.

Ela ergue as sobrancelhas e diz:

— Fashion.

— Como você saberia? — eu olho para ela, me perguntando aonde ela tem estado.

— Eu sei várias coisas. — Ela ri. — Muito mais que você. — Ela pula na minha cama e arruma os travesseiros antes de deitar.

— Yeah, bem, não tem muita coisa que eu possa fazer sobre isso, huh? — eu digo, irritada por ver que ela está usando exatamente o mesmo vestido e sapatos que eu.

— Mas sério, você deveria se vestir assim mais vezes. Porque eu odeio dizer isso, mas seu visual de sempre não está funcionando para você. Eu quero dizer, você acha que Robin teria ido atrás de você se você se vestisse assim? — Ela cruza os tornozelos e olha para mim, sua postura tão relaxada quanto de uma pessoa, viva ou morta, poderia estar. — Falando nisso, você sabia que ele está namorando Marian agora? Yep, eles estão juntos há cinco meses. Isso é tipo, ainda mais tempo do que vocês, huh?

Eu pressiono meus lábios e bato meu pé contra o chão, repetindo meu mantra usual: Não deixe ela te irritar.

— E oh meu deus, você nunca vai acreditar nisso, mas eles quase foram até o fim! Eles tinham tudo planejado, mas então – bem...

Ela pausa tempo o bastante para rir.

— Eu sei que eu provavelmente não deveria repetir isso, mas vamos apenas dizer que Robin fez algo para se arrepender, o que quebrou todo o humor. Ele sente sua falta e tudo mais, até acidentalmente chamou ela pelo seu nome uma vez ou outra, mas como eles dizem, a vida continua, certo?

Eu respiro fundo e estreito meus olhos, observando enquanto ela se arruma na minha cama como uma Cleópatra, criticando minha vida e meu visual.

E de repente eu me sinto tão irritada com suas pequenas visitas surpresas que na realidade são só ataques surpresas, que desejo que ela só me deixe em paz e me deixe viver o que resta da minha vida sem os comentários cansativos e infantis dela.

Eu olho ela diretamente nos olhos e digo:

— Então, quando você vai para a escola de anjos? Ou eles te baniram de lá porque você é tão má?

Ela me olha, seus olhos estreitos de raiva enquanto Siobhan bate na minha porta e chama:

— Pronta?

Eu encaro Kira a desafiando com meus olhos a fazer algo idiota, algo que alerte sra. S. para todas as coisas estranhas que acontecem por aqui.

Mas ela só sorri docemente e diz:

— Mamãe e papai mandaram lembranças — segundos antes de desaparecer.

[...]

No caminho para o restaurante tudo que eu consegui pensar é em Kira, seu comentário espertinho, e quão completamente rude foi soltar isso e desaparecer. Eu quero dizer, eu tenho implorado a ela para me contar sobre nossos pais, pedindo por apenas um pouco de informação todo esse tempo. Mas ao invés de me contar o que eu preciso saber, ela fica toda inquieta, age toda cautelosa, e se recusa a explicar porque eles ainda não apareceram.

Sra. S deixa o carro com o motorista e nós entramos. No momento que eu vejo o grande salão de entrada, os arranjos de flores, e a incrível vista para o oceano, eu me arrependo de tudo que eu acabei de pensar. Kira tinha razão. Esse lugar era fashion. Muito fashion. Como o tipo de lugar que você traria alguém para um encontro – e não sua sobrinha triste.

O anfitrião nos levou até uma mesa adornada com velas, sal e pimenta que parecem pequenas pedras prateadas, e quando eu tomo meu lugar e olho ao redor do salão, eu mal consigo acreditar em quão glamuroso ele é.

Sra. S. pede vinho tinto para ela e refrigerante para mim, então olhamos o cardápio e decidimos o que vamos comer. No momento que o garçom desaparece, Siobhan coloca seu cabelo negro atrás da orelha, sorri educadamente, e diz:

— Então, como vai tudo? Escola? Seus amigos? Tudo bem?

Eu amo minha tia, não me entenda errado, e sou agradecida por tudo que ela fez. Mas só porque ela dá conta de um júri com 12 pessoas, não significa que ela seja boa com papo furado. Ainda sim, eu apenas olho para ela e digo:

— Está tudo bem. — Ok, talvez eu fique com o papo furado também.

Ela coloca sua mão no meu braço e diz algo a mais, mas antes dela sequer falar as palavras, eu já levantei e sai da minha cadeira.

— Eu já volto — eu murmuro, quase derrubando minha cadeira enquanto eu volto pelo caminho que eu entrei, sem me incomodar em parar para pedir informações já que a garçonete que eu acabei de encostar olhou para mim duvidando se eu iria chegar a tempo no banheiro.

Eu vou na direção de um corredor de espelhos – gigantes espelhos emoldurados, todos alinhados em uma fileira. E já que é sexta, o hotel está cheio de hóspedes para um casamento que, pelo que eu posso ver, nunca deveria acontecer.

Um grupo de pessoas passa por mim, a aura deles brilhando com uma energia abastecida de álcool que é tão forte que está me afetando também, me deixando tonta, nauseada, e com a cabeça tão avoada que quando eu olho para os espelhos, eu vejo uma longa cadeia de Reginas me olhando.

Eu tropeço para dentro do banheiro, agarro o balcão de mármore, e luto para recuperar o fôlego. Me forçando a me focar no vaso de orquídeas, nos cremes perfumados, e na pilha de toalhas que estão numa grande bandeja de porcelana, eu começo a ficar mais calma, mais centrada, mais contida.
Eu recebi um choque quando a sra. S. colocou sua mão na minha, seu toque estava cheio de solidão, tanta tristeza contida, que pareceu um soco no estômago.

Especialmente quando eu percebi que a culpada sou eu.
Siobhan é solitária em um jeito que eu tento ignorar. Porque embora a gente viva juntas não é como nos víssemos muito. Ela normalmente está no trabalho, eu normalmente estou na escola, e nas noites e nos finais de semana eu passo no meu quarto ou na rua com meus amigos. Eu acho que as vezes esqueço que não sou a única com pessoas para sentir falta, que mesmo que ela tenha me acolhido e me tentando me ajudar, ela se sente tão sozinha e vazia quanto no dia em que tudo aconteceu.

Mas por mais que eu queira a tocar, por mais que queira aliviar a dor dela, eu simplesmente não posso. Eu sou uma aberração que ouve pensamentos e conversa com os mortos. E eu não posso arriscar que descubram, não posso arriscar me aproximar demais, a ninguém, nem mesmo ela. O melhor que posso fazer é só passar pela escola, para que eu possa ir para faculdade, e ela possa voltar com sua vida. Talvez assim ela possa se juntar com aquele cara que trabalha no prédio dela. O que ela não conhece ainda. Aquele cujo rosto eu vi no momento que a mão dela tocou a minha.

Eu passo minhas mãos pelo meu cabelo, reaplico um pouco de gloss, e volto para a mesa, determinada a tentar um pouco mais fazer ela se sentir melhor, sem arriscar meus segredos. E enquanto eu deslizo de volta para o meu assento, eu bebo um gole da minha bebida, e sorrio quando digo:

— Então me diga, algum caso interessante no trabalho? Algum cara bonito no prédio?

[..]

Depois do jantar, eu espero do lado de fora enquanto sra. S. fica na fila para pagar o motorista. E eu estou tão distraída com o drama se desenrolando na minha frente, entre a noiva e a sua chamada madrinha de “honra,” que eu dou um pulo quando eu sinto uma mão tocar em meus braços.

— Hey — eu digo, meu corpo se enchendo de calor e formigando no segundo que nossos olhos se encontram.

— Você está incrível — Regina diz, o olhar dela viajando por todo o meu corpo, antes de voltar para meus olhos. — Eu quase não te reconheci sem o capuz. — Ela sorri. — Gostou do jantar?

Eu acenei, me sentindo impressionada por ter conseguido fazer isso.

— Eu te vi no corredor. Eu teria dito olá, mas você parecia estar com pressa.

Eu olhei para ela, me perguntando o que ela estava fazendo aqui, sozinha, nesse hotel numa sexta a noite. Ela estava vestindo uma saia de cintura alta da cor bege que caiam até a metade da coxa, uma camiseta branca, com um decote generoso, e um blaser preto por cima, os saltos que ela usava pareciam muito astutos para uma garota da sua idade, e ainda sim, de alguma forma, parecendo perfeitos.

— Visitantes de fora da cidade — ela diz, respondendo a pergunta que eu não tinha feito ainda.

E justo quando estou me perguntando o que dizer, a sra. S. aparece. Enquanto elas se cumprimentam, eu digo, — Regina e eu somos da mesma escola.

Regina é quem faz minhas palmas suarem, meu estômago se apertar, e ela é basicamente tudo que eu consigo pensar.

— Ela acabou de se mudar para cá vindo do Novo México — eu acrescento, esperando que isso seja o bastante até o carro chegar.

— Onde no Novo México? — sra. S. pergunta sorrindo.

— Santa Fé. — Ela sorri.

— Oh, eu fiquei sabendo que é lindo. Eu sempre quis ir lá.

— Siobhan é advogada, ela trabalha muito — eu murmuro, me focando na direção que o carro irá chegar em dez, nove, oito, set... –

— Estamos voltando pra casa, mas você é bem vinda a se juntar a nós — ela oferece.

Eu olhei para Siobhan, entrando em pânico, me perguntando como eu falhei em ver que isso estava vindo. Então eu olho para Regina, rezando que ela recuse.

— Obrigada, por me convidar, mas eu preciso voltar.

Ela aponta seu polegar por cima dos ombros, e meus olhos seguem naquela direção, parando em uma linda ruiva, com vestido preto e salto alto.

A ruiva sorri para mim, mas não é gentil. Só lábios com batom vermelho se curvando, enquanto os olhos dela estão muito longe, muito distantes para se ler. Embora tenha algo na expressão dela, a inclinação do queixo dela, que é tão visivelmente uma zombação, embora a visão de nós parados juntos não possa ser divertida.

Eu viro para olhar para Regina, surpresa por encontrar ela parada tão perto, os lábios dela úmidos e abertos, a centímetros de mim. Então ela passa seus dedos no lado do meu pescoço, e tira uma tulipa vermelha de trás do meu ouvido.

Então a próxima coisa que eu sei, é que estou parada sozinha enquanto ela volta para dentro com sua companheira. E eu olho para a tulipa, tocando suas pétalas, me perguntando da onde ela podia ter vindo – especialmente já que estamos no inverno.

[...]

Quando já estou sozinha em meu quarto, eu percebo que a ruiva que acompanhava Regina, também não tinha aura. Ouço algo se movendo no meu quarto, minha cabeça parece tão grogue e turva que eu nem abro meus olhos.

— Kira? — eu murmuro. — É você? — Mas quando ela não responde, eu sei que ela está prestes a fazer suas brincadeiras de sempre. E já que estou cansada demais para brincar, eu agarro meu outro travesseiro e coloco por cima da minha cabeça.
Mas quando eu a ouço de novo, eu digo, — Olha Kira, estou muito cansada, ok? Desculpe por ter sido maldosa com você. E eu sinto muito se te magoei, mas eu não estou a fim de fazer isso as — Eu ergo o travesseiro e abro um olho para olhar para o relógio. — As 3:15 da manhã. Então porque você não volta para onde quer que você vai e faz isso num horário normal, ok?

Então eu jogo o travesseiro para o lado, já acordada e olho para a sombra da forma dela sentada na cadeira da minha mesa, me perguntando o que poderia ser tão importante que não podia esperar até de manhã.

— Eu disse que sinto muito, ok? O que mais você quer?

— Você consegue me ver? — ela pergunta, se afastando da minha mesa.

— É claro que eu posso ver — Então eu paro no meio da frase quando eu percebo que essa voz não é dela.

Eu vejo pessoas mortas na rua, na praia, nos shoppings, em restaurantes, andando pelos corredores da escola, na fila dos correios, esperando no consultório do médico, embora nunca no dentista. Mas diferente dos fantasmas que você vê na TV e nos filmes, eles não me incomodam, eles não querem minha ajuda, eles não param para conversar. O máximo que eles fazem é sorrir e acenar quando percebem que foram vistos. Como a maior parte das pessoas, eles gostam de ser vistos.
Mas a voz no meu quarto definitivamente não era de um fantasma. Também não era de Kira.
A voz no meu quarto pertencia a Regina.
E foi assim que eu soube que estava sonhando.

[...]

— Hey. — Regina sorri, deslizando em seu assento, segundos depois do sino tocar, mas já que a essa é a aula do Sr. Gold isso é o mesmo que chegar cedo.
Eu aceno, esperando parecer casual, neutra, nem um pouco interessada. Esperando esconder o fato que eu estou tão perdida que agora sonho com ela.

— Sua tia parece legal. — Ela olha para mim, batendo a ponta da caneta na mesa, fazendo o som contínuo de click click click que começa a me irritar.

— Yeah, ela é ótima — eu murmuro, mentalmente xingando o Sr. Gold por demorar no banheiro, esperando que ele só de a descarga e venha fazer seu trabalho de uma vez.

— Eu também não moro com minha família — Regina diz, a voz dela aquietando a sala, aquietando meus pensamentos, enquanto ela desliza a caneta na ponta dos dedos, fazendo ela dar voltar sem deixar ela cair.

Eu pressiono meus lábios juntos e tateio meu iPod no meu compartimento secreto, me perguntando o quão rude pareceria se eu o ligasse bloqueando ela também.

— Sou emancipada — ela acrescenta.

— Sério? — eu pergunto, embora eu estivesse firmemente comprometida a manter nossa conversa no mínimo. Eu só, nunca conheci ninguém que fosse emancipado, e eu sempre pensei que soava tão triste e solitário. Embora pela aparência do carro, roupas e suas glamorosas sexta a noite no hotel St. Regis, ela não parece estar se saindo tão mal.

— Sério. — Ela acena. E no momento que ela para de falar eu ouço o aumento dos sussurros de Rachel e Killian, me chamando de aberração, e algumas outras coisas piores que isso. Então eu observo Regina joga sua caneta no ar, sorrindo, enquanto o objeto forma vários 8 preguiçosos antes de pousar de volta no dedo dela. — Então onde está sua família?

— O que? — eu digo, distraída pela visão da caneta mágica de Regina agora parada entre nós, enquanto Killian goza das minhas roupas, e a namorada dele finge concordar embora ela secretamente se pergunta porque ela nunca se veste como eu. O que me faz querer levantar meu capuz, tirar meu iPod, e o jogar tudo fora.

Tudo. Incluindo Regina.
Especialmente Regina.

— Onde sua família vive? — ela pergunta.

Eu fecho meus olhos quando ela fala – silêncio, doce silêncio, por breves segundos. Então eu os abro de novo e olho diretamente nos olhos dela.

— Eles estão mortos — eu digo, enquanto o Sr. Gold entra.

[...]

Regina olha para mim através da mesa do almoço enquanto eu olho a área, ansiosa para que Lily e Cosima apareçam.

Eu acabei de abrir meu almoço, encontrando uma tulipa vermelha entre meu sanduíche e as batatinhas – uma tulipa! Igual a da sexta a noite. E embora eu não faça ideia de como ela fez isso, tenho certeza, Regina é responsável. Mas não são os estranhos truques de mágica que me incomodam, é mais o jeito que ela olha pra mim, o jeito que ela fala comigo, o jeito que ela faz eu me sentir –

— Sobre sua família. Eu sinto muito...

Eu olho para baixo, para o meu suco, girando a tampa pra frente e pra trás, para trás e para frente, desejando que ela deixasse isso pra lá.

— Eu não gosto de falar sobre isso. — Eu dou nos ombros.

— Eu sei como é perder a pessoa que você ama — ela sussurrou, se esticando através da mesa e colocando sua mão sobre a minha, me infundindo com um sentimento tão bom, tão quente, tão calmo, e tão seguro – que eu fecho meus olhos e permito. Me permito aproveitar a paz disso. Grata por ouvir o que ela diz e não o que ela pensa, como uma garota normal.

— Uhm, com licença. — Eu abri meus olhos para encontrar Lily inclinada contra a ponta da mesa, os olhos castanhos dela estreitos e fixos nas nossas mãos. — Desculpe interromper.

Eu me afasto, enfiando minha mão no bolso como se fosse algo vergonhoso, algo que ninguém devesse ter que ver.

— Onde está a Cosima? — eu finalmente digo, sem saber o que mais dizer.

Então ela vira os olhos e sento ao lado de Regina, os pensamentos hostis transformando a aura dela de um amarelo brilhante para um vermelho bem escuro.

— Cos está mandando mensagens para sua paixão da internet, "colecionadoradeorgasmos52" — ela diz, evitando meus olhos enquanto ela se ocupa com seu cupcake. Então olhando para Regina, ela acrescenta, — então, como foi o final de semana de todos?

Eu dou nos ombros, sabendo que ela não está realmente perguntando para mim.

Observo Lily batendo a ponta da língua na cobertura do cupcake, fazendo seu teste usual de lambida, embora eu ainda esteja para ver ela rejeitar algum. E quando eu olho para Regina, fico chocada por ver ela dar nos ombros também, porque pelo que eu vi, ela teve um final de semana muito melhor do que o meu.

— Bem, como você provavelmente pode adivinhar, minha sexta a noite foi uma droga. Eu passei a maior parte do tempo limpando o vômito do Henry. Mas sexta foi bem melhor. Eu quero dizer, foi incrível! E eu totalmente teria convidado vocês se não fosse tão em cima da hora. — Ela acena, se negando a olhar para mim de novo.

— Onde você foi? — eu perguntei. Tentando soar casual.

— Um clube totalmente incrível que uma garota do meu grupo me levou.

— Que grupo? — Eu bebi um gole de água.

— Sábado é para os dependentes de relacionamentos — Ela sorri. — De qualquer forma, essa garota, Ruby. Ela é um caso duro. Ela é o que eles chamam de doadora.

— O que? Quem chama de doadora? — Cos pergunta, colocando seu IPhone na mesa e sentando ao meu lado.

— Os viciados em relacionamentos — eu digo, atualizando ela.

Haven vira os olhos.

— Não, não eles, os vampiros. Um doador é uma pessoa que permite que outro vampiro se alimente dele. Você sabe, como sugar o sangue dele e tudo mais, enquanto eu sou o que eles chamam de filhotinho, eu só os sigo. Eu não deixo ninguém se alimentar de mim. Bem, ainda não. — Ela ri.

— Segue quem? — Cos pergunta, erguendo seu IPhone e olhando suas mensagens.

— Vampiros! Tente acompanhar. De qualquer forma, o que eu estava dizendo é que essa viciada em relacionamentos é doadora, Ruby, o que, por sinal, é o nome de vampira dela, não seu nome verdadeiro –

— Pessoas tem nomes de vampiro? — Cos pergunta, colocando seu telefone na mesa onde ela ainda possa olhar para ele.

— Totalmente. — Ela acena, afundando seus dedos na cobertura do cupcake, e então os lambendo.

— Isso é tipo nome de stripper? Você sabe, como o nome do seu primeiro animal de estimação, mais o nome de solteira da sua mãe? Porque isso me faz a Princesa Slavin, muito obrigada. — Ela sorri.

Lily suspira, lutando por paciência.

— Não é nada disso. Veja bem, um nome de vampiro é sério. E diferente de muitas pessoas, eu não tenho que mudar o meu, porque Lily  é um nome vampiro orgânico, 100% natural, sem aditivos ou conservantes. — Ela ri. — Eu já te disse que sou a rainha das trevas! De qualquer forma, fomos para esse clube muito legal em algum lugar em L.A chamado Nocturnal, ou algo assim.

— Nocturne — Regina diz, segurando sua bebida enquanto seus olhos se focam nos dela.

Lily solta seu bolo e bate palmas. — Finalmente, alguém legal na mesa — ela diz.

— E você encontrou algum imortal? — Regina pergunta, ainda olhando para ela.

— Vários! O lugar estava cheio. Havia até uma área VIP, que eu entrei e fiquei no bar de sangue.

— Eles te deram um cartão? — Cos pergunta sorrindo, seus dedos passando pelo IPhone enquanto ela conversava com duas pessoas ao mesmo tempo.

— Ria o quanto você quiser, mas estou te dizendo que foi muito legal. Mesmo depois que a Ruby meio que me abandonou por um cara que ela conheceu, eu acabei conhecendo outra garota, que era ainda mais legal, e que também, por sinal, acabou de se mudar pra cá. Então provavelmente vamos começar a sair juntas e tudo mais.

— Você está terminando com a gente? — Cos olha para ela com um alarme de zombação.

Lily vira os olhos.

— Tanto faz. Só o que eu sei é que foi melhor que o sábado a noite de vocês – Bem, talvez não o seu Regina, já que você parece estar a par dessas coisas, mas definitivamente melhor do que o dessas duas — ela diz, apontando para Cosima e eu.

— Ai que raiva dessa garota! Que aparentemente é um enorme mentirosa! — Cos balança sua cabeça e nos mostra a tela. — Olha, bem aqui! — Ela bate com seu dedo. — Estive pedindo por uma foto o final de semana todo porque de jeito nenhum vou me encontrar com uma garota sem ter um visual. E é isso que ela manda!

Eu olho para a tela, sem ter certeza do porque ela está com raiva.

— Como você sabe que não é ela? — Eu pergunto, olhando para Cos.

E então Regina diz, — porque essa sou eu.


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Notas finais do capítulo

Mds Serumaninhos, além de misteriosa, Regina é mágica??? É isso produção??
Prestaram atenção no capítulo? Será se a Regina é uma vampira mesmo? Hsuahsuahsa
E aquela voz que a Emma ouvia no seu quarto, será se era um sonho mesmo??
Vou deixá-los na curiosidade.
Tchau pessoas.



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