O Rebelde de Ferro escrita por ValentinaV


Capítulo 17
Ameaça maior


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :)



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Soltei-me do aperto de Weiss e olhei para ele, irritado, enquanto todos nos olhavam mais irritados ainda.

Oliver, que ainda estava perto de nós bateu em minhas costas com força demais para ser simpático.

— É isso aí, camarada. Parabéns.

— Essa Seleção foi uma farça. – Julio, um cara que antes eu achava legal, agora cuspia em nossa cara – Vocês compraram essa posição, ou estão chantageando a coroa.

— Cala a boca, imbecil. – Weiss respondeu virando as costas.

— O que foi que os dois fizeram? Tiraram fotos da princesa nua enquanto davam uma transadinha com ela? – Will, amigo de Kenney, chegou zombando, falando alto sem se importar que o rei e a rainha também ouvissem – Ou descobriram que ela é mais vadia do que a gente pensava?

— Guardas! – O rei gritou de cima do palco.

Virei-me com o sangue pulsando loucamente em meus punhos, e acertei de esquerda o queixo de Will. Ele caiu para trás e eu fui para cima dele, enquanto ele se arrastava para trás, atordoado. Dei mais uma joelhada em sua perna e um soco na boca do estômago antes que dois guardas me puxassem para trás e me arrastassem para fora da sala.

Não vi para onde estava sendo levado, porque estava tentando fazer com que aqueles dois me soltassem, mas quando me dei conta, estava dentro de um salão que nunca havia entrado, e uma assessoria de imprensa me esperava.

Eric entrou atrás de mim, ajeitando a gola de sua camisa.

— Podem soltá-lo, eu cuido dele.

Os guardas obedeceram o loiro e me deixaram em paz, ao lado da porta. Verifiquei meus punhos e o esquerdo estava bem menos roxo do que eu gostaria que estivesse o corpo de Will. Ainda lembrando de suas palavras, meu instinto era voltar e lhe dar mais uns belos socos, mas a voz interna do auto-controle ganhou daquela vez.

Quem diria que você fosse se descontrolar a tal ponto.

Amora e Shang entraram logo em seguida, ele com uma expressão inabalada e ela com dois vincos na testa. Parecia zangada e ao mesmo tempo exausta. Engoli seco quando percebi que ela podia estar daquele jeito por minha causa também.

— Os jornalistas vieram para tirar uma foto da princesa com os três finalistas da Elite. – Eric comentou e começou a caminhar lentamente em direção à equipe – Deve haver alguma entrevista também, mas não sei se seremos chamados, ou se somente a princesa.

— Por que está me ajudando, Weiss?

— Sabe, você pode me chamar de Eric às vezes, só pra variar? – O loiro me olhou com certa irritação – Um “obrigado” seria legal também.

— O que você quer em troca?

— Eu só quero um aliado, Martin, não deu para perceber? – Ele baixou o tom de voz – Eu ainda quero ser o rei de Illea e não somente isso, mas quero ganhar o coração da princesa. Você pode não acreditar, mas eu me apaixonei por ela de verdade.

— Ótimo, que pena para você. Shang já ganhou a competição, esqueceu?

— Não, ele não ganhou. Shang tem algo de esquisito e subiu muito rápido nas pesquisas logo nos primeiros dias. Conquistou Amora de um jeito muito fácil também, ele simplesmente é perfeito em tudo o que ela gosta, e faz de tudo para agradá-la.

— Pensei que todos nós estávamos tentando agradá-la.

— Eu não. – Weiss levantou o queixo – Eu estou aqui para ser quem sou, e só quero que ela goste de mim se for desse jeito. Apesar de estar apaixonado por ela, eu me amo o suficiente para não ser outra pessoa.

Ora, ora. Eu havia sido pego por Eric de um jeito que não sabia responder. Quem diria...

— Voltando ao que interessa...

— Ei, vocês dois! Venham para a maquiagem! – Um cara chamou.

Eu e Eric fomos até duas poltronas livres e sentamos, enquanto duas maquiadoras passaram uma quantidade exagerada de pó em nossas caras e até mesmo um pouco de batom na boca. Não adiantou protestar, ou eu dava um empurrão nela ou a deixava terminar o que já tinha começado.

Quando terminou, olhei no espelho e vi uma versão mais artificial de mim mesmo. Levantei da poltrona e fui conduzido para o único banco vago já posicionado na frente das câmeras. Amora, Shang e Eric já estavam sentados, e apenas me aguardavam para começar a entrevista.

Um holofote brilhou na minha cara e quase me cegou enquanto a apresentadora de TV mais famosa de Ilea começava a entrevista conversando com Amora. O sorriso branco de Kate Jhonson talvez fosse o que estava me cegando naquele momento.

— Esses são os melhores partidos de Illea, então! – Ela aplaudiu e fez um gesto tão elaborado que mal consigo descrever – Posso ver que de aparência são realmente impecáveis, mas e as personalidades? Pode me descrever um pouco seus queridinhos, princesa?

Meu coração parou de bater por uns segundos, até que Amora começasse a dizer.

— Martin Rudolf faz o tipo frio e calculista, sabe Kate? – Amora olhou para mim com o canto das bocas para cima, porém longe de sorrir – Acho que ele me chamou atenção desde o início por ser um pouco... Rebelde.

Meu coração acelerou de uma forma inesperada.

— Rebelde? Essa carinha de anjo engana bem! – Kate deu risada.

— Oh, sim! – Amora não deixou sua ironia guardada – Engana muito bem!

Kate olhou para mim por alguns milésimos de segundo de um jeito estranho, mas tão rápido passou e ela voltou abrir aquele sorriso congelado e enorme.

— E este loiro maravilhoso?

— Eric Weiss faz o tipo cavalheiro e super charmoso. Ele sabe bem como encantar as mulheres, Kate. Tome cuidado!

— Tarde demais, princesa! – Kate brincou.

Eric deu um sorriso polido.

— E por último, Shang é o tipo de homem fiel, que toda mulher sempre sonhou. – Amora olhou para ele, que abriu um largo e surpreso sorriso – É honesto, divertido, e muito prestativo. Nunca me deixou na mão e jamais tentou se aproveitar de mim. Ele me respeita como ninguém jamais o fez.

Kate bateu palmas, enquanto Eric e eu engolíamos seco.

— Puxa, acredito que já temos um favorito, hã? – Kate riu e olhou para mim em seguida – Mas esses rapazes ainda estão na disputa, não é? Muita água vai rolar de baixo desse castelo, e estaremos ligados nas novidades. Obrigada, princesa, rapazes e obrigada Illea pelo carinho de vocês! Que vença o melhor! Um beijo de Kate Jhonson!

E com essa festa, alguém gritou “Corta!” e Kate levantou-se e saiu com dois outros jornalistas, porta a fora.

Os fotógrafos nos posicionaram à frente de um pano branco (que depois seria incrementado com edições) e primeiro tiramos uma foto todos juntos. Tentei o meu melhor sorriso, mas não sei bem se consegui. Depois, a princesa tirou uma foto com cada um de nós e foi evidente a diferença que ela fez entre mim e os outros. Com Shang, Amora se abraçou, com Eric deu as mãos e comigo ficou apenas ao lado, com um sorriso murcho.

Nos dispensaram após as fotos e quando saímos do salão, vimos os últimos eliminados saindo pelo portão principal com suas malas. Eles não nos viram, por sorte, o que nos deixou à vontade para subir ao andar dos quartos. Deixamos Shang para trás de propósito e chegamos ao quarto de Eric.

— Pode nos deixar a vontade, Gregor? – O loiro pediu ao seu criado.

O moço fez uma reverência e saiu do quarto. Eric fechou a porta e fez menção para que eu sentasse em sua poltrona, enquanto ele tirava os sapatos ao lado da cama.

— Legal seu quarto. – Comentei sem jeito.

— Não precisa fingir que gostou. – Ele me cortou – Temos que terminar nossa conversa.

Reparei numa foto em cima da escrivaninha de Eric, que tinha uma família enorme e sorridente, na qual ele pousava nos braços de uma mulher loira como ele, quando ele tinha um quarto da altura que tinha agora.

— Bonita família.

— Já não existem metade dessas pessoas.

Olhei impressionado para ele, que parecia não se importar com aquilo.

— Algumas facções perseguiram nossa família por um tempo. Fomos roubados e ameaçados de morte várias vezes. Meu pai soube lidar com isso, mas alguns tios não. Meu avô paterno também não. Alguns primos também não. Todos morreram misteriosamente.

Tentei resgatar algo similar em minha mente, mas eu realmente nunca soubera da situação.

— Por que fizeram isto?

— Porque viemos da antiga casta 2. Meus antepassados foram muito privilegiados, mas agora que as coisas mudaram, as facções acharam que tinham o direito de destruir nossa família agora, que não teve nada a ver com o sistema de antes, ou com as injustiças que aconteceram no passado.

— Seu avô não viveu nos anos das castas?

— Viveu por pouco tempo. – Ele me olhou indignado – E mesmo que tivesse vivido e usufruído dos privilégios, isso dá o direito de terem-no roubado e matado?

— É lógico que não, não foi isso que eu quis dizer.

Ele respirou fundo, fazendo um gesto de “deixa para lá”.

— Vamos ser bem claros sobre o que está acontecendo. – Ele começou – Shang é o escolhido de Amora, mas eu sou o melhor amigo dela e você... De algum jeito ela gosta de você. Houve um dia em que me declarei a ela e ela disse que me via apenas como amigo, e quando perguntei se era um de vocês dois quem ela amava de verdade, ela não me contou quem era.

— Claramente é o Shang.

— Não sei, vocês dois estavam muito juntos há pouco tempo atrás, e depois do que ela descobriu sobre você e aquela garota...

— Aquilo não passou de armação. Eu queria pegar quem foi que fez aquilo comigo depois de sair desse castelo.

Eric ergueu as sobrancelhas.

— Eu temo por esta pessoa.

— Jure que não foi você. – Levantei da poltrona e o encarei no fundo de seus olhos.

— Não fui eu, e eu não preciso jurar isto, é ridículo. – Ele disse. Acreditei, por alguma razão, e então ele continuou – Você perdeu suas chances com esse escândalo, mas eu ainda tenho as minhas, e quero a sua ajuda para conseguir derrubar Shang.

Sentei de novo e cruzei os braços.

— E como você pretende fazer isso?

— Provando para a princesa que ele não é bom como ela pensa que é. Temos que achar a fraqueza dele, e vocês dois são amigos.

Fiquei encarando Eric até que ele revirasse os olhos.

Você vai descobrir isso e me contar.

Explodi em risadas.

— Fácil assim! Você é engraçado, Weiss! – Ainda ria – Esse cara não tem nada de ruim. Talvez seja inocente demais, mas...

— Eu não acredito em gente inocente. Ele tem algum podre, e não deve ser dos pequenos.

— Isso é especulação pura.

— Intuição.

— Dá no mesmo.

Ele sentou em sua cama e suspirou. O que quer que pensasse não disse, e nem eu quis saber. Ele não sabia como fazer Shang parecer o vilão e muito menos eu.

— Ei, Martin... Estou lembrando de uma coisa. – Ele me olhou intrigado. – Naquele dia que o castelo sofreu um ataque e quase pegaram você e a princesa, Shang estava correndo com você...

— Ele não conseguiu me acompanhar. – Um estalo ecoou em minha mente. – Me deixou ir sozinho e mesmo eu tendo parado, não me alcançou.

— Eu lembro de vê-lo depois correndo na direção contrária, sozinho. Ninguém foi atrás dele, pelo menos até onde eu vi.

— Por isso ele não foi nos ver no lago. – Completei embasbacado – Os bandidos sumiram rapidamente dali, achando que já havíamos morrido. Se ele houvesse continuado a correr ou houvesse esperado aqueles caras irem embora, teria nos visto sair do lado pela margem.

— Isso pode significar duas coisas: ou ele é um tremendo covarde e deixaria você e a princesa morrerem, caso sua vida estivesse em perigo, ou...

— Ou ele de alguma forma estava envolvido com o ataque.

Um silêncio mórbido pairou no quarto. De repente, Shang podia ser a maior ameaça daquele castelo, maior até mesmo que eu, quando havia entrado querendo destruir a monarquia.

— Vou invadir o quarto dele esta noite. – Determinei, levantando-me da poltrona – E você vai me ajudar.

— Agora sim você tá falando a minha língua, Martin.


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