O Rebelde de Ferro escrita por ValentinaV


Capítulo 16
A elite


Notas iniciais do capítulo

Ressurgindo das cinzas, meus queridos leitores. Peço desculpas pelo enorme hiatus, mas aqui estou eu novamente. Me esforçarei para terminar essa história para vocês.
Obrigada pela paciência!
Boa leitura!



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Galopamos de volta ao castelo, acertando os detalhes de como escaparíamos. Nossa fuga seria nas vésperas do aniversário de Amora, data limite para que o dono da carta anônima não me denunciasse à família real. A questão é que eu queria pegar essa pessoa antes de ir embora, queimar as provas e ter um problema a menos.

Eu sabia que corria o risco de não conseguir pegá-lo e depois que eu fugisse ele colocasse a boca no mundo. Mas pesando todas as opções e consequências, essa era a menos pior. A consequência pior de todas era deixar que Amora morresse no ataque da Facção Vermelha, liderada pelo meu próprio pai, ou por uma outra Facção que quisesse invadir, já que haviam conseguido uma vez.

Ao chegar nos estábulos tudo estava certo, e dessa vez Amora guardaria nosso segredo. Se ela me perdoaria depois que a verdade viesse à tona, eu não sabia, mas não era o que importava mais. A vida dela era minha prioridade.

Dei-lhe um beijo de despedida e caminhei para dentro do castelo, repassando em minha mente tudo o que faria durante os próximos 5 dias até nossa fuga.

Subindo as escadas, porém, encontrei com Shang, que descia apressado. Quando me viu, o oriental arregalou os olhos miúdos e disparou:

— A rainha está em seu quarto. É melhor se apressar!

— O quê? – Olhei para cima e percebi uma movimentação atípica. – O que ela está fazendo em meu quarto?

— Não me parece nada bom. – Ele continuou e me empurrou para cima. – Ande logo.

Subi de dois em dois degraus até chegar no andar certo, e com algumas passadas largas, parei em frente da porta de meu quarto, que estava escancarada. Lá dentro, Troy estava de cabeça baixa numa posição defensiva enquanto a rainha berrava coisas ininteligíveis. Quando ela me viu, porém, fez um gesto com a mão para que os dois guardas de dentro do quarto me pegassem, e fechassem as portas.

Não lutei, e deixei que segurassem meus braços.

— Posso entender o que é que está acontecendo? – Falei calculadamente.

— Tem a ousadia de falar assim comigo depois disso? – Ela jogou um papel na minha cara.

Não consegui pegá-lo, mas quando caiu no chão, vi a minha imagem unida à Mariana naquele beijo amaldiçoado. Minha mente tentou trabalhar o mais rápido possível para justificar a situação, mas não consegui pensar em nada bom o suficiente, ela era para ser minha irmã. Nada justificaria.

— Eu posso explicar. Se me soltarem eu explico tudo. – Falei, ainda tentando ganhar tempo.

Percebi Troy olhando para mim com um ar de decepção no canto do quarto. Devia minhas desculpas a ele por ter deixado ele passar por... O que quer que tenha sido.

— Você não será solto enquanto eu não falar o que vim lhe falar. – A rainha cuspiu as palavras com raiva. Parecia alterada e tinha um leve cheiro de álcool – Eu não direi nada a Amora sobre esse incidente, e você irá embora dizendo que possui uma noiva lá fora e que não a ama.

— De jeito nenhum. Você quer que eu parta o coração da sua própria filha?

— Você partiu.

— Eu já disse que posso explicar. Mande esses caras me soltarem.

Uma ideia já estava formada em minha mente: Mariana era filha adotiva. Tinha uma paixão inacreditável por mim e decidiu em um ato de loucura me beijar no castelo. Era plausível.

— Vocês não precisam me explicar nada. – A voz de Amora cortou o ar em minha direção e me fez tropeçar em meus próprios pés. – Troy, avise aos outros criados que haverá uma eliminação em meia hora.

E então ela saiu do nosso campo de visão, sem dar mais nenhuma palavra.

— Amora! – Gritei. Em vão.

— Seu bastardo! – A rainha avançou até parar em minha frente. Em seguida só pude sentir meu rosto queimando, e o peso que a mão da rainha tinha. Tampei a bochecha por reflexo, ainda um pouco perplexo – Não ouse olhar para minha filha de novo. Assim que ela te expulsar desse palácio eu mesma terei o prazer de infernizar a sua vida, caso tente alguma coisa.

E com passos duros, a mulher saiu junto com seus dois guardas. A porta se fechou e Troy me fitou com decepção. Engoli seco. Nem mesmo o meu criado gostava mais de mim.

Não importava de qualquer jeito. Eu seria expulso do castelo.

Os planos foram se reformulando em minha mente. Bloqueei todas as memórias recentes de Amora, e de nosso plano de fuga. É óbvio que eu ainda iria salvá-la daquele lugar, mas dessa vez não seria de uma forma tão delicada quanto a forma que eu queria.

Eu a levaria para longe dali à força, se fosse preciso. Deixaria que ela me amaldiçoasse e me odiasse para sempre se fosse preciso. Mas deixa-la morrer naquele mar de podridão pelas mãos de meu próprio pai, isso não.

Peguei minha mochila revirada no chão, chacoalhei-a para que caísse o que ainda sobrou dentro e comecei a recolher algumas trocas de roupas limpas do guarda-roupas, e objetos úteis e necessários para a minha sobrevivência após a saída do castelo. Pedi para que Troy providenciasse uma sacola com castanhas, frutas secas e latas com comidas desidratadas, alegando que faria uma trilha logo após sair do castelo. Ele saiu do quarto e pude juntar meus últimos pertences em paz.

Quando Troy voltou, avisou que a princesa já estava aguardando a todos no Salão dos Homens e comecei a ter náuseas, as mesmas de antes de receber algum castigo de meu pai em meu treinamento. Guardei o pacote e desci as escadas, sob os olhares dos demais rapazes. Não avistei Shang, mas preferia não vê-lo mesmo, menos um constrangimento.

Quando passei pela porta do Salão dos Homens, alguém tocou meu braço. Era Eric.

— O que você quer, Weiss?

— Fique de olho em seu amigo Shang. – O loiro, apontou para meu lado, com um vinco na testa – Ele é menos sonso do que parece.

Antes que eu pudesse perguntar o que ele queria dizer, olhei para onde me mostrou e vi Shang em um traje de gala, ao lado da rainha e do rei, que eu mal notara quando havia entrado.

— Por que ele está vestido assim? – Oliver chegou do meu lado. – Seu amigo foi o escolhido da princesa?

— ATENÇÃO! – Um dos guardas falou alto, quebrando todas as conversas paralelas – Todos fiquem atentos ao aviso da Princesa Amora.

Não se ouvia uma mosca naquela sala. Apesar de saber que eu já estava fora daquela competição, meu coração acelerou.

— Obrigada, Heidger. – Amora surgiu de trás dos pais, com um papel em suas mãos trêmulas. Ela não percorreu os olhos por nós, apenas se concentrou no que precisava falar, olhando para o fundo do Salão – Hoje tomei a decisão que vai mudar o resto de minha vida, e a de todo reino. Porém, para não fugir do protocolo da Seleção, como sempre foi, eliminarei candidatos até chegarmos em três finalistas. Saibam, porém, que o escolhido para ser o próximo rei de Ilea está ao meu lado esquerdo. Shang, um passo à frente, por favor.

Arregalei os olhos, enquanto um nó se formava em minha garganta, e a surpresa desagradável não havia sido apenas para mim. Gestos e exclamações silenciosas passavam por todo o salão, com um descontentamento de parte dos candidatos que mal tiveram contato e oportunidade com a princesa.

— Muito obrigado, princesa. – Shang fez uma profunda reverência e deu um passo atrás.

— Muito bem, os finalistas são...

— Espera aí! – Kenney, um grandalhão irritante gritou – Você não deu a mesma chance a todos!

Vários “É isso aí!” se espalharam pelo salão. “Não é justo!” alguém não identificado gritou.

— Tivemos cerca de 4 semanas para nos conhecermos, senhor Kenney.

— Decorou meu nome olhando para minha ficha, não é mesmo? Você é ridícula!

Os guardas começaram a se movimentar em direção ao rapaz. Ele continuou gritando desaforos até que foi retirado da sala. O rei se virou para a princesa, como se fosse tomar seu lugar e começar a falar, mas ela deu um passo à frente e colocou as mãos na cintura.

— Alguém mais tem algo a dizer? Essa é a hora.

Fiquei tentado a falar alguma coisa, mas nada de bom vinha em minha mente. Foi quando resolvi sair dali. Não queria ficar mais nem um segundo esperando ouvir que eu não estava mais na competição, ou então ouvi-la falando os motivos de não me escolher.

Dirigi-me à porta novamente, mas Eric me puxou pelo braço.

— Se ninguém mais irá me interromper, então eu posso dizer os finalistas. – Ela disse, fria como a neve dos polos – Os dois finalistas que continuarão com Shang no castelo são Eric Weiss e Martin Rudolf.

— O quê?! – A rainha exclamou, virando-se como uma cobra para a filha – Martin não pode...

E assim... – A princesa cortou a mãe, falando mais alto – Encerro minha decisão. Aos demais, agradeço por terem se disponibilizado a passarem este mês comigo. Tive momentos preciosos com muitos de vocês, e cada um sabe o quanto de amizade se formou entre nós. Guardarei as doces lembranças em meu coração. – Se era para aquilo ser fofo, foi como um corte no coração de cada candidato – Cada um receberá uma carta de despedida bem honesta, a qual eu escreverei e entregarei antes do casamento. Nessa carta saberão se poderão continuar vindo ao castelo como meus amigos, ou não. Muito obrigada, e até o casamento.

Senti a mão de Weiss apertar ainda mais o meu braço.

— Agora somos nós três, Martin. – Ele me olhou e chacoalhou o meu braço – O jogo ainda não acabou.


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Notas finais do capítulo

Se puderem comentar, para eu ver quem ainda está acompanhando e o que está achando (podem me xingar nos comentários, mereço), eu agradeço!



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