Todos nós e Apenas Você escrita por F T


Capítulo 8
Cinza Metrópole


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos. Como estão? Ainda estão aqui e querem ler essa história? Gostaria de pedir desculpas pela demora na postagem, contudo tive alguns problemas muito sérios de saúde, sérios mesmo. Achei que não poderia concluir essa história então aqui estou eu de volta tentando mais uma vez, agora que me sinto um pouco melhor, para tentar terminar essa fic junto com vocês. Por favor, caso estejam aí falem comigo. Preciso saber se ainda estão lendo, se não abandonaram essa história. Boa leitura queridos.



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Aquele era o novo lar de Louisa Clark: cobertura, janelas imensas de vidro, grandes portas, instalações adaptadas por todo o lugar, elevadores, Upper East Side. A garota percorreu o lugar com um sorriso ao lado de Treena e de Nathan enquanto carregavam caixas leves e cobriam o chão com plástico, estavam prestes a dar vida a aquele lugar austero e distante com cores chamativas nas paredes. Louisa havia gostado dessa ideia dada por Will, pintar as paredes faria com que o cinza de Nova York do lado de fora parecesse muito mais ameno, faria com que o peso daquela metrópole não alcançasse mais do que a fronte de vidro do apartamento.

—Tenho certeza que essa parede ficará ótima laranja - Garantiu Nathan com um sorriso pegando a lata de tinta.

Nathan estava estranhamente empolgado com a ideia de pintar as paredes do apartamento deixando algumas delas coloridas tanto que a princípio não iriam chama-lo até que ele se ofereceu ao ouvir os planos de Treena e Louisa no dia anterior quando foram conhecer o apartamento. Já Will Traynor estava do outro lado da cidade com um motorista particular comprando a mais feliz decoração que sua aura no mínimo sombria e mau-humorada permitia. Ele havia decidido fazer isso sozinho e de alguma forma - estranha e positiva - parecia perfeitamente possível que ele fosse a uma loja cara e escolhesse uma decoração cara, feliz e que falasse muito mais sobre Louisa do que sobre ele mesmo.

—Vamos começar - Respondeu Lou sorrindo e pegando um rolo de tinta.

Todos assentiram e começaram. O aposento de Lou e Will teria uma grande parede pintada de azul como Lou escolheu, a sala de estar teria uma parede laranja, a cozinha seria toda amarela e o corredor comportaria duas paredes vermelhas. Cada um escolheu os aposentos que desejavam e fizeram a pintura ocorrer desde a manhã até o fim do dia quando finalmente terminaram os planos para todos os cômodos ao preenche-los com inúmeras cores: rosa, verde, roxo e a casa ao final tinha uma composição de inúmeras tonalidades. Todas as cores possíveis, para todos os amores possíveis, para todas as coisas que haviam se tornado reais. De alguma estranha forma as cores conservavam e faziam sentido devido a divisão do apartamento.

—Acho que finalmente acabamos - Suspirou Lou se sentando no chão do quarto desocupado que possuíam após pintarem a última parede restante na cor roxa.

—Vocês tem quatro quartos aqui - Disse Nathan se sentando no chão ao lado de Lou e de Treena. - O que pretendem fazer com tudo isso?

Lou não sabia a resposta, se tudo fosse como deveria ser ela responderia que dois dos quartos seriam para os filhos e o outro ficaria reservado para os hospedes, contudo hesitou porque não sabia se deveria dizer tal coisa. Will desejava filhos? Ele queria continuar aquela vida formando uma família um dia? Eles haviam se casado por Columbia, por Nova York, por precisarem um do outro como nunca precisaram de nada ou ninguém antes. O que havia além disso? Lou não sabia mas compreendia que tinha vinte e sete anos, finalmente iria para a faculdade e estava casada. Talvez fosse o tempo de começar uma família quando terminasse seus estudos, talvez ter alguns filhos não fizesse tão mal as ambições e prepotência de William Traynor.

—Bem…eu não sei - Respondeu Lou encarando a parede roxa diante dela com a torrente de pensamentos ainda percorrendo de modo agressivo sua mente confusa.

O telefone na sala de estar - uma das poucas coisas presentes no apartamento tocou - Lou em um sobressalto tentando afastar os pensamentos que agora percorriam sua mente correu para atende-lo. Era a portaria pedindo que ela descesse porque o marido a esperava. Lou olhou para o próprio macacão jeans que usava cheio de tinta, para os pés descalços e o cabelo preso em um coque muito alto. Por um instante tentou reconsiderar descer pelo elevador rumo a recepção de um dos condomínios mais luxuosos de Nova York, porém ignorou esse sentimento de se mostrar igual as outras pessoas. Lou Clark era diferente de todas as outras.

—Will chegou, vocês precisam descer para me ajudar! - Pediu Lou com um grito recebendo uma confirmação de ambos.

—Pode ir na frente - Assegurou ambos no outro cômodo muito distante.

Lou Clark caminhou até o final da sala-de-estar e percorreu o longo corredor em seu apartamento entrando no elevador. Não haviam portas separando o elevador porque cada andar era um apartamento, simplesmente os elevadores ficavam mais distantes do apartamento em si contudo ainda faziam parte dele. Essa era uma facilidade inevitável que atraiu Will, o fato de que não haviam portas o impedindo de chegar em casa porque o elevador ao ser chamado o deixaria no lugar correto de imediato. Lou adentrou o elevador, apertou o botão zero sabendo que podia ter simplesmente usado o comando de voz.

Quando o elevador parou no terceiro andar uma elegante mulher adentrou o elevador e imediatamente, em seu rosto, se formou uma expressão clara de surpresa. Lou soube que deveria ter colocado uma roupa melhor, haviam pessoas no edifício que se vestiam elegantemente e elas também se movimentavam indo para seus próprios apartamentos, talvez fosse melhor trocar de roupa do que ser tratada diferentemente dos demais.

—Você trabalha aqui? - Perguntou a mulher olhando para as roupas cheias de tinta de Lou.

—Meu nome é Lou, eu moro na cobertura - Respondeu a jovem olhando para os próprios pés descalços.

—Eu também fiz isso - Sussurrou a mulher loira desconhecida com um leve riso de honestidade - Também pintei meu apartamento, as coisas podem ser muito cinzas em Nova York se não fazemos nada com as próprias mãos.

Lou sorriu surpresa para a jovem. Ela tinha cabelos loiros longos, se vestia de modo esplendido e era bonita o bastante para se parecer com uma deusa e ainda assim estava sendo absolutamente gentil e até mesmo simpática. Talvez as coisas fossem no geral feias e sombrias em Nova York porém também haviam coisas bonitas, também havia a chance de uma nova vida e que essa fosse bonita. Cheia de cores inéditas, chances impossíveis, novos começos.

—Meu nome é Lou Clark - Garantiu estendendo a mão suja de tinta.

A mulher loira sorriu amplamente para Lou e nem mesmo hesitou em segurar a mão suja de tinta que se estendia para ela.

—Sou Trish Waller - Respondeu a mulher com um sorriso - Por favor apareça no meu apartamento.

O elevador finalmente parou, contudo Trish não hesitou em abrir a bolsa e pegar um elegante cartão que continha o próprio número. Havia algo em seu olhar expressando o desejo de possuir a amizade de alguém normal, simples, comum como Lou Clark. A bela e jovem mulher se afastou, ela era provavelmente mais jovem do que Lou e talvez por isso compreendesse tão bem porque Nova York precisava ser mais colorida e menos cinza.

Lou Clark deixou o elevador e então dois funcionários levavam algumas caixas para o elevador, elas iriam para o apartamento. Will também tinha algumas caixas atrás de si porém ao ver a esposa apenas sorriu amplamente, havia algo de reconfortante e feliz na presença dela e nas roupas comuns cheias de tintas, no rosto sem maquiagem, no coque alto que deixava os grandes olhos dela ainda mais gentis. Lou apenas correu se sentando imediatamente nas pernas do marido, envolvendo os braços em seu pescoço e o beijando feliz.

—Você não tem conserto Louisa Clark - Garantiu ele fazendo a cadeira seguir ainda com Lou em suas pernas até o outro elevador vago que os levaria ao apartamento.

Finalmente estavam sozinhos no elevador, prestes a voltarem para o apartamento, para a nova vida que teriam juntos e tudo que Lou Clark conseguia pensar era em dizer algo que desejava, algo que agora precisava para que fosse ainda mais feliz.

—Will - Começou Lou recebendo um olhar de esgueira do marido e começou a frase cheia de humor para retirar toda a tensão de sua declaração, decidiu que afinal era melhor dizer isso de forma bem-humorada - Eu quero ter filhos e bem…já que nos casamos, terá de ser com você.

Will Traynor ouviu essas palavras e sentiu um golpe contra o próprio peito. Como poderia dizer para a garota que vai morrer que não podem ter filhos? Como dizer que se ela ficasse grávida a criança morreria junto com ela nos últimos meses? Como declarar que deveriam esperar se no fim a espera não seria pelo momento certo para formarem uma família e sim pela morte iminente que viria? Ele não sabia o que dizer, contudo por um momento aquela grande metrópole pareceu ainda mais cinza do que já era antes.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Ainda estão lendo essa história? O que gostariam de ter por aqui? Falem comigo por favor, comentem, favoritem e recomendem também porque isso ajuda muito. A todos que me apoiam nessa história através de comentários, recomendação e favoritações apenas posso agradecer imensamente e pedir que continuem. Leitores fantasmas apareçam por favor. Mais uma vez desculpem pela demora, pretendo postar muito rápido, vai depender se vocês leitores irão ou não aparecer por aqui. Beijos queridos.



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