Septuagésima Oitava escrita por Clara Cristiane


Capítulo 3
Capítulo 3 – Tranças e coroas




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            Dessa vez eu acordei em uma cama que não era a minha. Em um quarto um tanto quanto aconchegável, pomposo e parecido com o de uma princesa. Olhei para a mesa de cabeceira da cama e o calendário marcava 15/12/2014. Apenas 1 dia tinha se passado.

            Levantei-me da cama e me estiquei, olhei para o espelho e vi que vestia um vestido branco e que alguém fizera uma trança em mim, no meu pulso estava uma pulseira eletrônica com o número 78. O que era aquilo dessa vez? Virei um rato de laboratório? Meus pais me venderam em troca de dinheiro?

            Nada de janelas, então lentamente abri a porta do quarto, e vi muitas pessoas circulando no espaço depois do corredor. Fui até lá, alguém poderia ajudar.

            Jovens circulavam por todos os cantos, e a felicidade estava claramente expressa em seus rostos, de algum modo esse lugar não deveria ser tão ruim assim. Um grupo de jovens me chamou a atenção, eles carregavam malas com instrumentos musicais, o local para o qual eles se moviam tinha o nome “Estúdio” na porta. Quão grande era esse local?

            Um dos garotos colocou a mala de sua guitarra no chão e foi amarrar o tênis. Quando ele levantou-se, vi que conhecia aquele rosto de algum canto. Ele não me era estranho... Thadeu?! Será? Não conhecia ele pessoalmente, mas com certeza aquele era ele. Não pensei duas vezes e meus pés já estavam correndo em sua direção, porque de algum modo ele era alguém que eu conhecia, ele poderia me dizer o motivo de estarmos ali.

            - Thadeu! – Quando ele se virou, só deu tempo soltar bolsa no chão e me segurar.

            - Com licença moça, eu não sou Thadeu.

            Olhei novamente para a pessoa que estava me segurando, não era ele, na mala também estava marcando que essa pessoa era de Santa Catarina, cometi um erro...

— Hm... Me desculpe, engano meu. – Sai de seus braços, um tanto quanto encabulada.

— Tudo bem, estamos aqui para te servir. – Ele respondeu e deu para perceber que mostrou o melhor sorriso que pode. – Deseja alguma coisa?

Meio atordoada com a situação, simplesmente sai o mais rápido que pude dali, pena que me esqueci de perguntar onde estávamos...

Voltando a andar, vejo que nas paredes tem cartazes com grandes incógnitas e perguntas: “Quem será o novo Rei e Rainha?” Mais e mais cartazes iam aparecendo com a mesma pergunta, mais e mais pessoas sorridentes ao meu redor.

— ONDE ESTOU?

Não consegui me segurar e gritei essa pergunta mesmo. Para o meu azar, lá vinha Scar e seus homens de preto na minha direção.

— Clara, dessa vez eu não vou te sedar, apenas me acompanhe até aquela sala... – Ele apontou para uma porta no fim de um dos muitos corredores.

— Eu não vou com você para canto nenhum, largue minha mão!

— Eu prometo responder todas as suas perguntas, apenas venha.

Eu não tinha muitas opções a não ser segui-lo, pelo menos teria minhas respostas, afinal esse era o motivo de o estar seguindo por livre e espontânea vontade...

Ele passou o cartão magnético na porta e ela se abriu. Ligou as luzes e vi que existia apenas uma poltrona estufada, cuja qual ele apontou para que eu sentasse, o resto da sala estava vazia e as paredes eram brancas. Entrara apenas eu e ele, os outros ficaram do lado de fora, e Scar trancou a porta para que ninguém visse nada. Não acho que ele vá me matar, mas a situação não é nada confortável.

Ele bateu palmas e a luz apagou. Bateu palmas novamente e a suposta parede que era para se encontrar na minha frente se abriu revelando o cosmos.

— A primeira coisa que você deve saber é que estamos no espaço, ou seja, não tem para onde você fugir.

Eu estava surpresa demais para falar alguma coisa, era a coisa mais linda que já vira em minha vida, não existiam palavras para descrever o que eu via, tudo era simplesmente magnífico!

Ele bateu palmas novamente e a parede se fechou, tapando a visão da janela para o universo a fora. Ligou as luzes e continuou a falar enquanto se movia de um lado para outro da sala.

— Depois disso, isso aqui é a base que vai abrigar os 100 melhores aspirantes a Rei e Rainha. Você é uma delas. Seu corpo e personalidade é compatível para abrigar a “Rainha”, no nosso primeiro encontro eu te apliquei uma substância que lhe fez agir como ela, por 8 meses você foi apta o suficiente para chegar na septuagésima oitava posição do ranking, o que lhe deu acesso para essa base espacial...

Eu ainda não estava compreendendo muita coisa... Rainha, eu?

— Você vai passar um tempo por aqui aprendendo a ser ela. O ranking é uma troca, constantemente, a garota ou garoto que chega ao topo enlouquece e é substituído, isso é uma espécie de competição. Os vencedores seriam aqueles que conseguissem passar 1 mês no primeiro lugar, após esse mês eles devem se casar e gerar o ser perfeito, que não é nem masculino, nem feminino, mas apenas o poder em pessoa.

Tudo o que eu conseguia pensar, era que aquilo era loucura...

— Eu serei o seu treinador e conselheiro, sou parte da sua equipe preparatória, se você vencer, eu venço e eu gosto de vencer. Uma vez que você está aqui, não existe aceitar ou recusar, apenas existe tornar-se a rainha. E para vencer a competição é bem simples, basta atingir a perfeição, sem ficar louca, é claro.

— Qual o motivo para existir esse “Rei e Rainha”? Para que precisamos disso?

— O mundo está sendo invadido por alienígenas, Clara. Apenas com a geração de um ser perfeito é que conseguiremos marchar rumo à libertação.

— Calma ai, não existem aliens, isso é loucura!

— Não existem aliens? Como você pode dizer isso? Tudo é possível!

Ele tirou de dentro do paletó um pequeno controle, apontou para o teto e apertou um botão. De dentro do teto desceu um telão com imagens do mundo, e por incrível que pareça, espaçonaves no céu e seres verdes e com forma humanóide na terra portando armas e dominando as ruas. Não tinha ser humano algum do lado de fora, apenas aliens.

— Isso se repete por todas as partes do mundo, fomos invadidos, e cada canto do mundo está enviando seus qualificados, a sua única opção é aceitar, tudo já está no meio de um processo.

— E se eu não quiser aceitar? Eu não acredito nessa história de aliens, e isso pode ser muito bem montagem.

— Bem, se você não aceitar, sinto lhe informar que mataremos sua família na sua frente, e depois lhe jogaremos em um ponto de infestação dos chamados “Boirgers”.

Por mais que parecesse absurdo tudo isso, no fundo algo me dizia que era verdade. Ele continuou:

— Parece que você aceitou, não é? Eu vou te liberar agora, ande por ai, veja os seus concorrentes, e procure atingir a perfeição. Aqueles que não estiverem de branco são servos daqui, tanto seus quanto dos outros. A sua equipe vai ter um identificador no pulso igual ao seu. – Ele mostrou o dele, o número que aparecia também era o septuagésimo oitavo. – O ranking é instantâneo, se sua posição descer ou subir mudará no seu visor e nos de todos. Se você passar 1 semana como a centésima colocada, você morrerá, se você passar 1 mês como primeira colocada, você ganha. As regras são simples, atinja a perfeição. Pode ir.


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