Y.o.u.t.h. escrita por TheSecretWriter


Capítulo 1
Greatest Prize


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Então, antes de tudo, bem-vindos à fic. Capítulos novos serão adicionados todas as terças e quintas às 10 horas da manhã (começando na quinta-feira, dia 23 de junho). Além disso, todos os capítulos vêm acompanhados de um post contando sobre o making of da fic ou o backstage, ou só curiosidades aleatórias, lá no http://thesecretfanficwriter.tumblr.com/ :) Enfim, espero que gostem ^_^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696898/chapter/1

Ethan entrou naquela biblioteca como quem não queria nada. O sol lá fora refletia o laranja do outono em contraste com a tarde fria. Não tinha ideia de que colocar os pés sobre o velho tapete de entrada do lugar mudaria sua vida completamente.

No espaço aconchegante e morno preenchido por estantes e mais estantes de títulos inacabáveis, o garoto vagava sem rumo, ora sonhando acordado, ora se dando conta de que talvez apenas esperasse que aquela biblioteca lhe proporcionasse uma nova história, fosse para ler ou para viver.

Com as mãos enluvadas repousando dentro dos bolsos grandes de seu casaco, o jovem da pele pálida e dos cabelos negros caminhava em direção ao coração do estabelecimento, cada vez mais longe das vitrines e da porta de estrada, deixando-se levar naquele labirinto de parágrafos.

Ele parou diante de uma das prateleiras e começou a correr os olhos pelas lombadas, analisando os títulos, procurando por algo que lhe chamasse a atenção. De fato, algo o fez. Entretanto, para sua surpresa, não foi um livro, foi uma voz.

A voz tranquila e suave da mulher que falava o encantou como se ele ouvisse um coral de sereias. Quase como se estivesse hipnotizado, Ethan seguiu pelos corredores até se aproximar dela. Suas pernas o guiaram até que seus olhos puderam enxergar flores de papel colorido recortado e desenhos tortos. Ao fundo, era possível escutar vozes finas de crianças, que riam.

Ele havia chegado à área infantil da biblioteca, onde, sobre um carpete azul surrado, uma dúzia de crianças ouvia atenciosamente à história da Branca de Neve. Ethan analisou o espaço com o olhar, ocultando-se atrás de uma das estantes, espiando por cima dos livros.

Sentada numa cadeira à frente dos pequenos, estava a dona da voz. Uma mulher caucasiana, de olhos claros e cabelos grisalhos muito curtos, entretinha as crianças melhor do que a televisão jamais pudera. Ela, que já devia ter seus quarenta e tantos anos, possuía uma aura tão bondosa e pura que era quase visível.

Ethan não tirou os olhos dela nem por um instante. A cada segundo admirava um detalhe novo. Seu olhar cansado, porém, amoroso. Suas mãos, seus dedos finos e firmes, seus braços magros, os sapatos de pano. O modo como seus cabelos pareciam ondas dos mares australianos, e ao mesmo tempo que eram cinzentos como nuvens de tempestade.

Quando a história terminou, as crianças, junto de seus pais, começaram a deixar o espaço, uma a uma, e assim também o fez a mulher, que pegou no colo uma menininha antes de desaparecer de vista junto a ela.

Por imensuráveis segundos, Ethan se esqueceu do que era respirar. Ficou congelado ali, perplexo, com a respiração pesada. Seus pés, enrijecidos como as pernas, já não obedeciam mais a ele. O que era aquilo? Aquela obsessão repentina? Uma voz, um rosto, um charme. O que era aquilo que, em seus dezoito anos de existência, o garoto nunca sentira? Algo como uma breve palpitação, uma dor de cabeça, tontura. Ali, ele percebeu que o que acabara de ver o levaria a tomar uma série de más decisões daquele momento em diante, e ele não se arrependeria de nenhuma delas.

Ethan tomou coragem de adentrar aquele círculo sagrado, agora vazio, que até uns instantes antes estava repleto de crianças. Olhou em volta, viu as paredes coloridas, o carpete azul, os banquinhos pequenos, e continuou explorando o espaço até que pousou o olhar num muralzinho parafusado na parede. Nele, além de alguns outros recortes, panfletos e desenhos, estava pregada uma folha de papel sulfite, onde se lia “Hora da Historinha: Segundas a Sextas-Feiras, três horas da tarde. Venha participar!”, em letras maiúsculas.

Lendo aquilo, ele engoliu em seco. Havia acabado de encontrar a chance de vê-la novamente.

Todos os dias a partir daquele ele foi àquela biblioteca, se escondeu atrás da mesma estante e admirou a mesma mulher. Não precisava de nada além daquilo. Olhar para ela era viajar sem sair do lugar. Seus olhos claros eram um mar que o levava para longe, sem nunca tirá-la de perto. Era sedutora a fantasia que ele alimentava. Era tudo um belo sonho, uma miragem, uma ilusão. Ilusão, porém, da qual ele não pretendia abrir mão.

Cada momento ao redor dela era um novo artigo colecionável, uma nova recordação. Aquelas tardes infinitas eram seu novo vício. A fada à frente dele foi a primeira e única droga que ele provara na vida e a cada segundo o viciava mais. Mais do que velozmente, ela penetrou seu cérebro e sua alma, passando a controlar cada aspecto de sua vida.

— Até amanhã, Carol! – despediu-se, certa vez, uma jovem mãe que levava seu filho para casa quando o conto do dia terminara.

— Até, Hillary! – a musa do garoto acenou de volta, com um lindo sorriso estampado no rosto, e começou a organizar a área infantil quando a outra se foi.

Carol...”, ele pensou, o nome ecoando em sua mente como o som de um diapasão e de um furacão ao mesmo tempo. Era frio e quente, claro e escuro, doce e amargo. Era como morrer e renascer ali mesmo.

Desastrado como era, Ethan esbarrou em um dos livros da prateleira, e o som dele colidindo com o chão o tirou de seus devaneios. Subitamente agitado, ele sentiu o pulso acelerar, sua testa esquentar e seu rosto enrubescer. Abaixou-se rapidamente, pegou o livro, devolveu-o ao seu lugar e tratou de sair logo dali, deixando Carol sozinha na área infantil, curiosa e confusa quanto à origem de tanto barulho e movimentação.

Ethan caminhou para casa se sentindo um tolo por amar em silêncio. Como pode alguém adorar tanto outra pessoa sem querer que ela saiba disso? Talvez fosse mesmo estupidez, mas ele não estava preocupado com isso. Com Carol em sua mente, preocupação era uma palavra que ele não conhecia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Para making of e backstage deste capítulo, visite http://thesecretfanficwriter.tumblr.com/post/146152978999/quem-%C3%A9-ethan (post de hoje: "Quem é Ethan?") Vejo vocês na seção de comentários! ^_^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Y.o.u.t.h." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.