O clima ficou estranho depois que falei sobre a Lily, o único que sabia que eu conhecia ela, era o Damon, eu nunca havia conversado sobre isso com o Stefan. Eu sabia que em algum momento ele iria falar no assunto. Eu nao precisava mentir e nem omitir, apenas nao contei porque nunca conversamos sobre a mãe dele, quando o conheci sua mãe já havia "morrido". E eu fui uma das que acreditou nessa morte, então nunca puxei no assunto para nao chateá-lo, o Damon falava sobre a mãe comigo, a história de como nos conhecemos acabou surgindo. O Stefan foi dormir no meu quarto, já tínhamos nos trocado e deitado, deitei em seu peito e fechei os olhos, esperei o sono vir, quando pensei que ia dormir, o Stefan ainda estava acordado
— Já dormiu?
Nem abri os olhos
— Estou quase...
Ele ficou em silencio por um tempo, achei que tinha desistido de falar.
— Quando foi que você conheceu a minha mãe?
Eu respirei fundo e abri os olhos
— Faz muito tempo, antes mesmo de conhecer você e seu irmão
Voltou o silencio, mesmo que ele demorasse para dizer algo eu sabia que ele ainda iria fazer muitas perguntas.
— Como foi?
Eu suspirei e me afastei dele, puxei o travesseiro e sentei
— Em 1899, eu estava morando perto da sua casa. Mas nao era muito de sair ou falar com os vizinhos, um dia de manha saí para fazer compras e sua mãe estava saindo tambem. Parecia triste, então fiquei na minha. Mas fomos para o mesmo lugar e ela acabou puxando assunto...
Comecei a lembrar daquele dia, eu estava esperando Mikael me achar para fugir de novo, estávamos no inverno, a neve cobria o chão e nos incomodava para locomovermos. Ao chegarmos na feira, ela se aproximou de mim.
— As frutas estão escassas hoje
Eu olhei assustada para ela, fazia muito tempo que nao conversava com alguém, apenas assenti e voltei a escolher os morangos.
— Você é a moça que se mudou a algumas semanas não é?
Eu percebi que ela queria conversar, seria rude da minha parte ignora-la
— Sim, estou a pouco tempo e já estou de saída
Ela sorriu como se estivesse feliz por lhe dar atenção
— Mas isso é uma pena, nao tivemos a chance de nos conhecer
Eu me virei para ela
— A senhora tem razão, mas ainda estarei aqui por uns dias.
— Então ainda nos veremos aqui na feira novamente
Eu sorri e ela sorriu em troca
— Por falar nisso, meu nome é Alice
Ela se virou e estendeu a mao
— Sou Lily Salvatore
— Família importante
Ela assentiu, mas nao pareceu tão animada com essa questão
— Enfim, vou ir agora. Quando não estiver ocupada, minha casa está de portas abertas
Lily sorriu encantada para mim
— Obrigada!
Eu me despedi e fui para casa, preparar o almoço. Quando fui comer, ouvi a campainha tocar, ao atender era a Lily. Seus olhos estavam marejados e podia se ver que havia chorado, mas ainda sorria.
— A senhorita disse que eu poderia vir se nao estivesse ocupada
Eu lhe dei passagem e ofereci almoço, mas ela nao estava com fome. Sentamos no sofá e por um tempo ficamos em silencio, eu nao sabia exatamente o que falar e ela parecia estar pensando em outras coisas.
— A senhora se sente bem?
Ela levantou os olhos e algumas lagrimas caíram
— Muito agradável da sua parte se importar
Eu me senti mal, o que será que estava acontecendo. Eu insisti para que me contasse e ela me disse como seu marido a tratava mal, como se ela nao fosse útil para nada. O Stefan estava serio, nao havia falado nada desde que começara a história.
— E depois daquele dia, ela sempre dava umas escapadas de casa para vir a minha conversar. Como fui embora depois de um ano, nao tive contato mais com ela, apenas a visitei no ano anterior a sua morte. Ela parecia mais esperançosa e feliz, foi quando conheci você e seu irmão, vocês nao me viram porque nao me aproximei, vi vocês brincando no jardim e como sua mãe falava com orgulho dos meninos dela...
Ele abaixou os olhos e eu peguei em sua mao
— Ela amava muito vocês, sabe disso nao é?
Stefan assentiu
— Ela apenas nao foi amada o suficiente
— Foi um dos motivos que protegi tanto vocês, eu precisava fazer isso, por ela...
Stefan deu um sorriso triste e me puxou de volta para o seu peito, eu fiquei mal pelo jeito que ele ficou. Mas nao haveria outra reação possível. Eu acabei dormindo, durante a madrugada acordei com algum barulho, o Stefan nao estava mais deitado e sim sentado na ponta da cama.
— Stefan?
Ele nao se mexeu, eu percebi que o barulho vinha dele, barulho de choro. Passei a mão em suas costas e ele estava quase soluçando de tanto chorar, eu virei seu rosto para mim, e aquelas lagrimas estavam cortando o meu coração
— O que houve?
Ele levantou os olhos e falou com voz de choro
— Sinto falta dela...
— Da Lily?
— Da Lily vampira nao, mas sim da minha mãe...
Eu me ajoelhei e puxei sua cabeça para o meu peito, ele me abraçou e eu o coloquei deitado no meu peito, acariciei seus cabelos e tentei acalma-lo. Apenas dormir quando senti as lagrimas cessarem. Noutro dia de manha, acordamos juntos.
— Esta melhor?
— Você me faz melhor
Eu lhe beijei e descemos para comer, eu estava faminta. Damon já estava na cozinha, queimando panquecas. Sentei no banco a sua frente e estendi as mãos, ele veio até mim dar-me bom dia com um beijo no rosto.
— Bom dia mamãe...
— Você vai ficar me chamando assim agora?
— Provavelmente...
Ele se afastou um pouco e apontou para as minhas mãos
— Acho que alguém precisa de sangue
Olhei para as minhas mãos e elas estavam ressecando
— Vou ao hospital de tarde
Stefan acariciou a minha mao pedindo paciência, eu apenas assenti. Damon revirou os olhos e encheu um copo com o próprio sangue, e o colocou na minha frente
— Pelo menos para dar cor nessas mãos aí
Ele voltou para o fogão e eu olhei para o Stefan, vendo se ele se importava. E é claro que ele se importava, mas sorriu fingindo que estava tudo bem
— Obrigada Damon
Damon sorriu e Stefan pegou suco na geladeira, enquanto eu tomava o sangue, minha mao voltava a cor normal. Durante aquela semana eu tomava quase cinco bolsas de sangue por dia, era o que conseguia me satisfazer por um tempo e nao deixava que meu corpo secasse. O bebe estava roubando tudo do meu organismo, Stefan estava preocupado com o que poderia acontecer, então ele e o Damon nao deixavam faltar sangue em casa, em cinco dias eu já estava com a barriga bem aparente. Chegou o dia de irmos no medico de novo, dessa vez fui com o Stefan. Durante o trajeto levei algumas bolsas para manter a alimentação "em dia" Chegamos no consultório e o Stefan abriu a porta para mim, quando sai ele passou o dedo do lado da minha boca.
— Você esta se acostumando a me limpar
— Acho que você nao conseguiria explicar o motivo de ter sangue na sua boca
— Talvez
Entramos na sala e fomos nos consultar com a mesma médica.
— O pai nao pode vir hoje?
O Stefan me encarou sem entender o que ela estava dizendo
— Esse é o pai doutora, o rapaz que veio comigo semana passada é o irmão dele
Ela deu um tapinha na cabeça
— Perdão... Vocês são parecidos, achei que eram irmãos.
Nós sorrimos e ela continuou
— Hoje vamos descobrir o sexo desse bebezinho e ver se esta tudo certo com a mamãe.
Ela tirou o meu sangue e foi levar até a sala de ultrassom. Eu e o Stefan ficamos sozinhos lá
— Não é perigoso pegarem o seu sangue e descobrirem que você esta morta?
Eu dei uma risadinha, mas nao tirei os olhos das fotos de bebe do meu lado
— O Damon hipnotizou todo mundo nesse lugar, nada que esteja acontecendo comigo vai ser estranho para eles
— Damon esta se mostrando um ótimo herói
Senti um pouco de rancor na voz e me virei para ele
— Aconteceu alguma coisa?
— Além do Damon parecer mais o pai dessa criança do que eu, nada
Ele estava de cara fechada e sinceramente, ele nao iria me irritar naquele momento. Eu estava ansiosa para ver o meu bebe e aquilo era um motivo idiota para estar bravo, eu acabei rindo e voltei minha atenção as fotos.
— Qual a graça?
— Como nao importa a quantidade de anos que passem, você ainda se sente ameaçado pelo seu irmão. Acho que a historia com a Elena tambem nao ajudou...
Ele ficou em silencio e o clima ficou pesado, virei o rosto para ele mas ele nao me olhava
— Eu só nao quero brigar e você me conhece, nao fico insistindo para ninguém acreditar no que esta na frente dela.
Ele pensou em retrucar, mas a doutora entrou na mesma hora
— Vamos ver esse bebezinho?
Eu forcei um sorriso e o Stefan se aproximou de mim. O clima nao estava mais legal, eu me desanimei por causa das palavras do Stefan, por um minuto desejei que o Damon estivesse aqui, ele apenas teria segurado a minha mão e esperado a consulta terminar. Ela colocou aquele gel gelado na minha barriga e nos mostrou o bebe na tela, meu sorriso voltou, o Stefan colocou a mao no meu ombro esperando a novidade.
— Estão preparados?
— Ansiosos combina mais
Ela sorriu e esperou alguns segundos que pareceram uma eternidade, para fazer um suspense
— É um menino, esperavam isso?
Stefan riu
— Eu nao disse?
Olhei para ele e seu sorriso estava lindo, por um momento que queria que tudo parasse apenas para admira-lo para sempre.
— Eu vou deixar vocês a sós, e buscar o resultado dos exames
Assim que a doutora saiu, Stefan virou o meu rosto e me beijou, um beijo tão apaixonado como o da primeira vez que ficamos juntos, meu corpo inteiro arrepiou e eu senti frio na barriga, assim que ele se afastou seus olhos estavam marejados e seu sorriso muito sincero
— Obrigada por me dar isso, essa chance de ter uma família. Eu sei que muitas das vezes posso agir com insegurança e até ser chato, eu só nao quero te perder tambem...
— Acho que você esta muito chorão ultimamente
Ele acabou rindo
— Só você para estragar o clima e ainda me fazer rir
Eu coloquei as mãos em sua nuca
— Eu posso nao ser a mulher mais fofa do mundo, mas nao existe outra pessoa que eu iria gostar mais que estivesse aqui comigo
Eu o puxei para um beijo e começamos a falar sobre nomes, estávamos querendo dar um jeito de colocar os dois nomes que queríamos. A médica voltou para a sala.
— Então eu tenho boas e ruins noticiais
Nós ficamos esperando
— A boa é que o pequeno homenzinho esta muito saudável e forte, já esta com quatro meses e meio.
— Nossa
Eu me espantei, o crescimento estava veloz
— Sim, ele esta se evoluindo bem rápido
— E a noticia ruim?
Stefan segurou a minha mao para me dar força, mas ele parecia com mais medo do que eu
— Seus órgãos estão fracos e ressecando...
— Meus órgãos nao deviam funcionar, você sabe disso
— Sim, eu sei. Mas além de nao funcionarem, o bebe esta puxando tudo de você. Para sustenta-lo, você esta ficando seca e pode chegar a morrer.
Stefan apertou a minha mão, mas eu nao fiquei nervosa em primeiro plano, eu já estava morta e se eu me mante-se alimentada, como esse bebe me ressecaria? Fomos para casa e todos estavam lá, para saberem da grande notícia. Ao passar pela porta, a Caroline já estava de pé esperando
— Então, o que é? O que é?
Eu sorri e Stefan tirou o meu casaco
— É o Eli!
Todos gritaram de felicidade e vieram nos abraçar, no momento que Damon veio me abraçar ele me segurou pelo os ombros
— Estou feliz por ser um menino, mas a história de se chamar Eli é brincadeira né?
— Vou pensar no seu caso
Ele me abraçou forte e me deu um beijo no rosto, ele estava muito feliz.
— Vou pegar um copo pra você
Eu assenti
— Obrigada
Fomos para a sala e sentamos no sofá, Stefan foi o primeiro a falar
— Mas nem tudo esta bem
A Caroline estava abraçada comigo e foi quem mais se preocupou com essa informação
— O que aconteceu?
Eu respirei fundo e tentei explicar
— Parece que o bebe esta puxando toda a minha energia e sangue do meu organismo, é como se o corpo de vampiro nao conseguisse sustentar esse bebe...
Stefan completou
— Apesar do feitiço estar fraco, ela continua sendo vampira. Talvez se o feitiço tivesse acabado totalmente, o bebe ficaria mais confortável e com tudo que precisa o tempo todo
— Só nao sei como fazer isso
A Bonnie falou
— E existe algum jeito?
O Damon apareceu com o copo e me entregou, sentou do meu lado e tentou entrar na conversa
— Jeito do que?
Caroline explicou
— Da Alice perder o feitiço de vampirismo e voltar a ter o corpo de humano
— Tipo uma cura?
Todos ficaram em silencio e foi a minha vez de falar
— Existe mesmo uma cura?
Damon me olhou
— Sim, e esta no organismo de uma pessoa
— Quem?
— Elena
Nesse momento entendi o porque de todos terem ficado em silencio, respirei fundo e tentei mudar o assunto
— Então, eu e o Stefan pensamos em juntar nomes para escolher o do bebe, tipo Delijah. Damon com Elijah
O Damon riu e puxou um pedaço do meu cabelo
— Você nao vai fazer isso e voltando ao assunto importante, podemos ver uma maneira de conseguir a cura da Elena
Caroline indagou
— E isso é possível?
— Eu e a Elena combinamos de tomar a cura juntos, ela tomava e eu tomava do organismo dela. Agora a Alice pode fazer isso
Eu apenas olhava um para o outro enquanto discutiam o assunto, e nao sabia o que estava acontecendo. Eu virar humana? Isso era possível? Mas ter que mexer no corpo "morto" da namorada do Damon, seria estranho demais. Até que o Stefan parou a discussão
— Antes de tudo precisamos saber se é o que a Alice quer
Todos me olharam e eu me direcionei ao Damon
— Como você esta em relação a isso?
Ele sorriu, mas dava para ver em seu rosto que apenas falar da Elena o fazia triste
— A Elena nao esta usando a cura agora, e isso pode salvar você e o bebe
Caroline indagou
— Então é isso? Vamos ir até a Elena?
Damon se levantou e passou a mao na minha cabeça
— Parece que sim
Ele subiu para o quarto, falar da Elena fazia mal para ele. Me levantei logo em seguida, me direcionei para eles
— Vamos fazer isso amanha, se todos estiverem livres ok?
Todos assentiram e sorriram, eu corri nas escadas e fui até o quarto do Damon. Passei pela porta e fui em direção a cadeira sentar, ele levantou a cabeça e me olhou assustado
— Esta tudo bem?
— Sim, eu só nao tenho mais folego pra subir escadas tão rápido
Ele riu de mim e eu respirei fundo, seu rosto voltou a ficar serio e distante
— Você esta bem?
Ele deu um sorriso torto
— Não, nao estou...
Eu levantei e fui ao lado dele
— Você sabe que eu amo esse seu jeito?
Ele me olhou
— Como assim?
— Você nao é fresco que fala "ah, estou bem" esperando que eu insista, se você esta bem esta, se nao esta você fala. Somos muito parecidos nisso, por isso que nos damos tão bem...
Ele sorriu e me deu um soco fraco no braço
— Tambem acho, é difícil te aguentar, já que nem eu me aguento
— Tenho algo que vai te fazer feliz
Ele me olhou
— Se nao for Bourbon, pode desistir
— É algo que você quer mais do que whisky...
Ele virou o corpo para mim curioso
— Se eu tomar a cura e voltar a ser humana, minha magia voltara a ser 100%. E tenho grandes possibilidades de encontrar uma maneira de trazer a Elena de volta
Seus olhos arregalaram e ele me abraçou
— Você esta brincando?
Eu neguei com a cabeça
Ficamos mais um tempão conversando ali, só saímos porque eu precisava comer e o bebe tambem. Noutro dia eu, Damon, Stefan, Caroline e Bonnie estávamos prontos para irmos ver a Elena. Eu conheci ela por foto e pelas histórias eu já gostava dela, e conseguia me sentir mal por estar fazendo isso, fiquei pensando em como eles se sentiam. Eu pedi que o Damon nao contasse para ninguém a minha tentativa de salvar a Elena, apenas para nao haver ansiedade e pressão. Fomos até o galpão que ela estava, Damon nao quis vir junto e nem o Stefan. Foi apenas nós três, a gente precisava tirar o sangue do corpo da Elena e em seguida repor novamente. Levamos bolsas de sangue e então fomos nos preparar. Abrimos o caixão e a Bonnie pareceu quere chorar, talvez ela se sinta mal por ser quem esta ligada a Elena. A Caroline passou a mão no braço da Elena
— Oi amiga
A Caroline preparou a Elena, eu coloquei as agulhas nela, uma em cada braço. Em uma sairia o sangue com a cura e noutro colocaríamos mais sangue. O sangue da Elena começou a descer e encher a bolsa, a Bonnie andava de um lado para o outro até que desistiu
— Desculpa, eu nao posso ficar aqui
Ela saiu e a Caroline pareceu ainda mais nervosa
— Se quiser sair, pode ir Caroline. Eu cuido dela
— Você tem certeza?
— Pode confiar
Ela sorriu e saiu, eu voltei a atenção a Elena e arrumei seu cabelo que voou um pouco
— Nós ainda vamos nos conhecer
— Eu espero mesmo que sim
Olhei para atrás e era o Damon
— Nao precisa ficar aqui, eu sei que é ruim
— Nao é tanto quando se tem esperança
— Damon...
— Relaxa, sem pressão
Ele passou por mim e se aproximou do caixão
— Ela continua linda
Fui ao seu lado
— Você ama muito ela, né?
Ele deu uma risadinha
— Tipo, você e o Stefan
Eu percebi que mesmo rindo, ele estava triste, aquele local nao o fazia bem. O abracei
— Vou fazer todo o possível para traze-la de volta
Ele me abraçou e beijou o topo da minha cabeça
— Eu sei que vai...
Depois do tempo necessário, fiz com que o sangue novo entrasse na Elena. Eu estava sozinha com ela, esperando as bolsas secarem. Passei muito tempo olhando para Elena, tentando ver aquela moça passar por todas as situações que me contaram. Ela parecia tão jovem e calma, como foi se meter em uma confusão tão grande? Se bem que, o fato de ela ser duplicada de Katherine, já a torna parte da confusão. O trajeto de volta para casa foi silencioso. Todos estavam tristes, até eu me sentia mal com aquilo. Cada um foi para sua casa, com desculpas de compromissos. Fui com o Stefan até a cozinha, preparar o sangue. O Damon apareceu e ficamos em silencio o olhando. Ele levantou as mãos em rendição
— Nao se incomodem comigo, sem ressentimentos você tomar o sangue da minha namorada morta...
O sorriso falso estava ali de novo, eu pensei em ir atrás dele mas o Stefan me segurou
— Temos que cuidar de você primeiro
Eu hesitei, mas aceitei. Comecei aos poucos, o sangue ainda estava morno, isso revirou o meu estomago, pela primeira vez na vida. Um copo, mais um, mais um, mais um... Faltando um, minha cabeça começou a girar, meu corpo estava ficando fraco e sem controle, tentei dizer alguma coisa, mas tudo escureceu. Eu provavelmente desmaiei, e acordei no sofá, sozinha, já estava escuro e ninguém por perto. Passei a tarde desmaiada, mas onde estava todo mundo? Tentei levantar, mas senti tontura. Quando levei a mão até a cabeça senti um pulsar, algo dentro de mim se mexia e nao era o meu filho. Coloquei a mao no peito e senti meu coração bater, forte e acelerado, minha pele estava quente e mais rosada, desci a mao até a barriga e apenas aproveitei o momento.
— Deu certo meu filho, a mamãe esta viva de novo
Como um susto senti um chute na minha mão, fiquei encantada, precisava que alguém aparecesse para compartilhar isso comigo.
— Stefan!!
Gritei algumas vezes, até que eu ouvi passos, nao era o Stefan
— Você acordou?
— Vem logo Damon, me da a sua mao
Sem pensar duas vezes ele correu ao meu lado, segurei sua mao junto a minha barriga e tudo ficou em silencio
— Nao sinto nada
Talvez eu precisasse conversar com ele
— Você nao quer dar oi para o tio Damon filho?
Novamente, um chute. O Damon sorriu e ficou empolgado, tentava falar para ele se mexer, mas parecia que só a minha voz tinha esse poder
— Onde esta o Stefan? A cura deu certo
— Eu mandei ele sair, ficou o tempo todo ao seu lado. Isso estava fazendo mal a ele
— Você fala como se eu tivesse ficado o dia todo aqui
— O dia nao, três dias sim
Eu me assustei
— O que?
— Você nao acordou durante três dias Alice, você respirava mas nao levantava. Como se estivesse em coma.
Eu fiquei pasma, nao fazia ideia do tempo que fiquei desacordada.
— Mas isso nao importa agora mulher, você esta viva e esse bebe esta saudável, deu tudo certo!
Era verdade, tudo estava dando certo, mas tinha algo que eu ainda precisava saber
— Falta uma coisa
— O que?
Fechei os olhos e me concentrei, se eu estiver ainda fraca como antes, vou precisar de muita concentração para algo acontecer.
— Incendium!
Ao abrir os olhos as velas se acenderam, a lareira queimou em chamas e o Damon se encheu de esperança
— Sua magia voltou?!
Eu sorri
— Acho que sim
Ele me abraçou e fomos ligar para o Stefan, assim que ele chegou seu primeiro objetivo foi sentir o bebe chutando. Nós estávamos felizes, apaixonados. Eu estava bem, saudável, viva e com a minha magia 100% de novo. Minha alimentação era normal, o bebe parecia saudável, se mexia muito e algumas vezes até me machucava. Passamos a semana arrumando um quarto para o bebe, na escolha das cores, das roupas, dos moveis e decorações. Quem passava mais tempo comigo era a Caroline, ficamos muito ligadas desde que engravidei, talvez por ela ter passado pela mesma coisa nós nos entendíamos. A Bonnie aparecia de vez em quando, mas sempre fugia com o Enzo. Hoje era mais um dia como esses, eu e a Caroline passamos o dia comprando roupinhas e algumas fraldas, estávamos dobrando tudo nos armários. Ficamos sozinhas em casa, já que o Damon e o Stefan foram passar um tempo com o Rick.
— O pequeno ainda esta fazendo muita bagunça?
— Que nada, desde ontem anda um silencio aqui dentro. Já ate conversei, mas ele continua quietinho
Nós rimos e continuamos a dobrar
— Esta ansiosa?
— Acho que nem consigo ter tempo para ficar assim, esta indo tudo tão rápido
E era realmente isso, eu já estava muito grande. Uma barriga de cinco, seis meses.
— Se o meu que foi no tempo normal, eu achei rápido. Imagina o seu, que é acelerado
— Nao estou ansiosa, mas pesada, meu Deus. E com sede, ultimamente nao paro de beber líquidos.
Eu fui me preparar para levantar, mas a Caroline me bloqueou
— Deixa que eu pego pra você
Eu me levantei
— Claro que nao, daqui a pouco eu nao vou poder levantar mesmo, mas por enquanto eu vou aproveitar
Fui até a cômoda onde estava nossos copos e ao andar, senti que estava molhada. Eu estava de calça preta e uma bata rosa, olhei para calça mas nao vi nada
— Aconteceu alguma coisa?
— Estou com uma sensação de molhado
Caroline se levantou em um pulo, já desesperada
— Sua bolsa estourou?!
Eu nao pensei nisso, achei que tinha derrubado algo. Coloquei os copos de novo na cômoda e me virei para ela
— O que fazemos?
Ela nao estava mais nervosa e nem ansiosa, estava quieta e olhando em direção a cadeira que eu estava sentada. Da onde eu estava, ela tapava a visão seja lá do que ela estava vendo.
— O que foi Caroline?
Ela se virou para mim, parecia escolher as palavras na cabeça com medo
— Sua bolsa nao estourou, isso nao é agua...
Eu dei um passo para frente para ver a cadeira, e ela que é toda branca, sumiu sua claridade com o vermelho por todo o banco
— Preciso te levar ao hospital Alice, você esta sangrando!