Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 23
Capítulo Vinte e Três


Notas iniciais do capítulo

Gente, peço ENCARECIDAMENTE para que ouçam a música que coloquei enquanto leem (mas só no momento em que aparece, claro). Prometo que vai deixar a cena ainda maaaaais amável. OPS :x



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— Não vai me convidar pra entrar? - Hunter perguntou, olhando-a como se aquela situação fosse completamente esperada.

— M...M... - Natalie estava estupefata demais para conseguir falar qualquer outra coisa, e sem pensar, abriu a porta e deu passagem para que ele entrasse. Estava tão atordoada que acabou deixando a porta escancarada. Tentou respirar fundo para se recompor. Virou-se e viu que ele olhava atenciosamente para a mesa de vidro com seis lugares. Depois os olhos dele correram para a sala e a cozinha, que ficavam tudo no mesmo ambiente. Ela foi para perto dele. - Vai me falar o que tá fazendo aqui ou não?

— Gostei daqui. - ele comentou, se referindo à decoração do apartamento. Finalmente voltou a olhar para Natalie. - Não sei. Estava nos arredores e resolvi dar uma passada.

— Mentira!

— É, é mentira mesmo. - Hunter deu de ombros. - Luke comentou do encontro dele com a Anna, aí resolvi pegar uma carona e vir até aqui. Pronto, tá feliz?

— M-mas... Não, pera. - Natalie passou a mão pelos cabelos desconfortavelmente. - Eu não falei pra você me deixar em paz?

— Falou. - ele passou a mão pelo queixo, coçando a pele. Estreitou os olhos verde-claros. - Você não achou que eu obedeceria, né?

— Eu esperava que sim! - ela foi para o outro lado, pisando no tapete branco e felpudo da sala. - Achei que tinha entendido o recado porque você não me procurou mais.

— Tirei meu time de campo até as coisas acalmarem.

— As coisas não acalmaram, Hunter. Aliás, não existem "coisas", não existe nada. - Natalie ainda estava bestificada com o fato de Hunter Saxton estar em seu apartamento.

— Achei que poderíamos começar de novo. O jeito como tudo aconteceu... Foi uma merda. - ele falou sinceramente.

— Foi, foi mesmo. - a castanha concordou no mesmo instante.

— Então!

— Mas isso não significa que você pode simplesmente aparecer aqui, assim!

— Se eu mandasse mensagem você me responderia? Não. - Hunter não deu tempo para que ela respondesse. - Se eu te ligasse, você me atenderia? Não.

— Porque não há nada pra ser dito!

— Você não tem nada pra dizer, mas eu tenho.

— Mas eu não quero ouvir o que você tem pra falar, eu... - ela parou de falar quando percebeu o quanto havia sido rude. Respirou fundo, fechando os olhos por alguns instantes. Depois os reabriu. Molhou os lábios. - Eu não estou interessada.

— Se não estivesse interessada, não teria aceitado me encontrar na semana passada. - Hunter deu alguns passos para se aproximar dela.

— Foi um erro. - Natalie respondeu com uma certa insegurança na voz que Hunter captou na hora.

— Caramba, garota, para de mentir. - ele fechou o cenho, observando-a mais de perto.

— O que você quer comigo, afinal? - a castanha elevou o tom da voz. - Sério, porque eu não tô entendendo. Você tá frustrado porque eu te disse "não", é isso? - ela colocou as mechas de cabelo atrás da orelha, pois estava tão nervosa, que toda hora que se movia os fios atrapalhavam a sua visão. - Aprenda a viver com isso e pare de ficar insistindo. Fica tranquilo, eu não vou falar pra imprensa que eu te dei um fora.

— Eu tô cagando pra imprensa, Natalie.

— É, eu percebi que você caga pra imprensa, mesmo. Nem ligou se estavam tirando foto de você com aquela... Garota. - a castanha quase se mordeu para falar, e Hunter deu um sorriso torto quando percebeu que ela estava enciumada.

— Eu já te pedi desculpas por isso.

— Não, você me pediu desculpas por ter me falado aquelas merdas todas.

— Então me desculpa por ter transado com aquela garota quando na verdade eu queria estar com você. - ele ficou sério. Deixou que a marca de expressão entre as sobrancelhas aparecesse enquanto seus olhos liam a expressão dela, que havia ficado abobada por alguns segundos antes de se recompor.

— Ah, você queria estar transando comigo, claro. - ela deu um sorriso irônico.

— Não foi bem isso o que eu quis dizer. Isso, na verdade, seria um bônus. - ele tentou conter o sorriso de canto, mas não conseguiu, e sua voz saiu risonha.

— Olha, Hunter, eu...

Natalie foi interrompida por uma pessoa que batia na porta. Quando os dois olharam na direção da mesma, viram que estava aberta. Aaron estava parado ali.

— Oi, Nats. - ele deu um sorriso tranquilo.

— Oi, Aaron. - Natalie deu um sorriso amarelo. "Merda, quem mais falta aparecer? O Papa? O Izaac? Pensando melhor, tô aceitando o Papa", pensou. - Entra.

Hunter respirou fundo e pressionou a mandíbula com força quando viu os dois se cumprimentarem com um beijo no rosto. Mediu o "tal" Aaron de cima abaixo.

Quando Aaron se aproximou de Hunter, ficou sério por alguns segundos, um pouco surpreso.

— Hunter, esse é o meu amigo Aaron.

— Espera aí... Você é o...

— Sim, sou eu. - Hunter o interrompeu, tentando não parecer incomodado com a presença dele.

— Nossa, prazer. - Aaron sorriu, oferecendo a mão ao castanho, que a apertou. - Você não me falou que era amiga do Hunter Saxton, Natalie. - ele pareceu rir. - Nem sei por que te consegui aquela credencial.

— N... Na verdade... - Natalie se aproximou deles. Passava os olhos de um para outro. Queria rir. Depois queria que um buraco abrisse ali no meio do seu apartamento para que ela se jogasse dentro. - Eu o conheci naquela noite. Lembra que eu te falei que a Georgia conseguiu os autógrafos e tudo mais? Como ela era menor de idade, acabei entrando com ela no camarim e... E aqui estamos. Mas não é como se fôssemos AMIIIIGOS. - ela se sentia uma idiota.

— Bom, o Hunter Saxton está parado no meio do seu apartamento. - Aaron brincou sinceramente. - Se isso não é ser amigo...

Natalie riu forçadamente, tentando quebrar a tensão que pairava ali. Hunter não conseguia parar de encarar o rapaz de cabelos loiro-escuros. Sentia vontade de gritar para que Natalie o mandasse embora, mas é claro que era pura insensatez de sua cabeça.

— Enfim... Aconteceu alguma coisa? - Natalie perguntou a Aaron.

Hunter finalmente notou que Aaron trazia algo em suas mãos. Estreitou os olhos quando percebeu que já havia visto aquilo antes: uma touca vermelha.

— Espera... - Hunter interrompeu o momento, fazendo com que Natalie e Aaron o fitassem. - Eu conheço essa touca. Você não a estava usando na noite do show, Natalie? - ele apontou para o objeto nas mãos de Aaron.

— É, então... - começou Aaron, virando-se para a castanha a fim de se explicar. - Na verdade, eu vim devolver sua touca. Te procurei na faculdade, enfim... Você esqueceu no meu carro ontem à noite. - ele esticou a mão na direção dela para devolver a touca.

Hunter sentiu seu corpo enrijecer no mesmo instante enquanto observava Natalie pegar a touca de volta.

— Ah, obrigada, Aaron, de verdade! Amo essa touca, nem sei o que eu faria quando eu desse falta dela. - ela sorriu para ele.

Aaron sorriu de volta para a castanha e ficou a encará-la. Aquilo fez o sangue de Hunter subir e ele pressionou sua mandíbula ainda mais. Fechou seus punhos com tanta força que as juntas de seus dedos começaram a ganhar uma coloração branca.

Quando Aaron se deu conta do silêncio constrangedor que havia se instalado entre os três, limpou a garganta.

— Que isso, não foi nada. Bom. - ele sorriu simpático. - Acho que já vou indo. - ele foi para perto da porta. - A gente se vê amanhã?

— Claro, a gente se tromba. - Natalie assentiu.

— Prazer, Hunter. - Aaron deu um aceno breve e a única coisa que Hunter fez foi dar um sorriso forçado, tornando os próprios lábios em uma linha fina.

Natalie mal trancou a porta e Hunter não se conteve.

— Quem é esse cara?

— Não ouviu? É meu amigo da faculdade. - ela respondeu com naturalidade sem perceber o que estava acontecendo.

— E o que a sua touca estava fazendo no carro dele?

— A gente saiu ontem e...

— Você saiu com esse cara?! - Hunter a interrompeu, quase gritando.

— A gente só... Espera aí! - a expressão de Natalie mudou para algo mais parecido com raiva quando se deu conta. - Por que é que eu tô te dando satisfação mesmo?!

— Há quanto tempo vocês estão saindo? - o castanho havia ignorado completamente a reação dela. - É por causa dele que você disse que não está interessada?

— Isso não te interessa. - Natalie jogou a touca na mesa de vidro.

— Me interessa sim.

— Desde quando? - ela colocou as mãos na cintura, se aproximando de Hunter para afrontá-lo.

O rapaz parecia estar bem irritado e respirava descompassadamente, como se estivesse se contendo para não explodir.

— Você não me disse que tinha mais alguém na história.

Natalie pareceu rir debochadamente.

— Não tem ninguém na história. Não tem Aaron, não tem você e não tem NINGUÉM.

— Bom, não parece. Aquele idiota não parava de te encarar. - Hunter cruzou os braços.

— Você é impressionante! - ela quem quase parecia estar gritando agora. - Já se deu conta do papel de ridículo que você tá fazendo?!

— Qual o problema?!

— Você chega aqui no meu apartamento sem propósito nenhum e agora acha que tem algum direito sobre mim. Esse é o problema.

 

I Can't Live Without Your Love - Dan Torres

 

 

— Eu já falei que vim aqui me desculpar, Natalie! SACO, garota!

— Eu é quem digo! SACO! Quantas vezes você vai se desculpar comigo?! - ela abriu os braços, gesticulando já fora de controle. - Aliás, quantas vezes eu vou ter que dizer pra você me deixar em PAZ?! Eu não tenho interesse nenhum, não vou transar casualmente com você, não sou esse tipo de garota! Desculpe te desapontar, mas BREAKING NEWS, nem todas as garotas do mundo querem ir pra cama com você, Hunter Saxton. - Natalie estava tão raivosa que já estava com o rosto bem perto do de Hunter enquanto continuava a falar alto, apontando o dedo na cara dele, deixando-o igualmente irritado e com uma feição irada. - Você é o cara mais idiota, o mais canalha que eu já conheci. Me dá decepção de saber que adolescentes do mundo inteiro acham que você é um príncipe encantado, porque você não passa de um cafajeste que não se importa com mais ninguém além de si mes...

Natalie não conseguiu terminar de falar, pois Hunter a puxou com sua mão esquerda pela cintura enquanto a outra a puxou pela nuca, tomando os lábios dela para si e envolvendo-os em um beijo quente. Embora a castanha tivesse sido pega de surpresa, correspondeu ao beijo no mesmo ritmo, sentindo a língua dele brincar com a sua. As mãos da garota se perderam nos cabelos que por tantas vezes ela o viu jogar para o lado de uma maneira que a fazia perder o fôlego.

Sentiam que o ar de seus pulmões ia se esvaindo cada vez mais, mas ainda assim não se soltavam. Hunter pressionava o corpo dela contra o seu com certo desespero, como se ela fosse se soltar dele a qualquer instante. Sentia que seu peito ia explodir sem oxigênio, mas não se importava. Não queria se separar daqueles lábios que desejava há mais tempo do que de fato gostaria.

Quando a mão esquerda de Hunter começou acariciá-la nas costas, Natalie se deu conta do que estava acontecendo, e subitamente o empurrou com toda a força que restara em seu corpo, afastando-o.

Hunter viu a raiva que parecia transbordar dos olhos arregalados de Natalie. Ambos estavam com a respiração descompassada, o peito subindo e descendo em busca de ar. Parecia que ela iria voar no pescoço dele.

— Me... Me desculpa, eu... Eu nã...

Ele sequer conseguira completar a frase. Ficou meio sem reação nos primeiros cinco segundos em que Natalie o puxou para um segundo beijo de tirar o fôlego, mas dessa vez com menos desespero. Era como se eles agora estivessem se conhecendo. O beijo era lento, mas ainda assim, cheio de volúpia. As mãos de Natalie haviam ocupado um lugar diferente daquela vez, entrelaçadas ao redor do pescoço de Hunter. Este agora a envolvia pelas costas com uma mão, enquanto a outra lhe segurava o rosto delicadamente.

Assim que Natalie recobrou os sentidos novamente e percebera que ela fora a culpada por aquele segundo beijo, desvencilhou-se dos braços de Hunter, ficando de costas para ele. Tampou a boca, passando os dedos nos lábios que imaginava estarem levemente inchados.

(GIF)

Hunter se apoiou no encosto da cadeira, completamente desnorteado, encarando as costas de Natalie, os dois tentando recuperar o fôlego.


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Notas finais do capítulo

Quem morreu do coração? Posso ouvir um "Aleluia!"?