The Grey escrita por Milla Lyra


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Fic nova começando.
Espero que vocês gostem, acompanhem, comentem e recomendem minha estória.
Aproveitem a leitura!



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“Draco, dez minutos para a luta começar!” Diz Theodore Nott. Se eu não precisasse desse dinheiro, nem me preocuparia em lutar hoje, mas sou muito orgulhoso para pedir dinheiro ao meu pai, e ele muito duro para se procurar em saber se preciso de grana. E foi assim que isso tudo começou. Eu era calouro na faculdade, e um dia no refeitório um cara bem mais alto do que meus 1,85 passou por mim e me empurrou com o ombro. Eu até tentei fazê-lo se desculpar de modo pacífico, mas sua resposta foi que ‘no dia que minha mãe fizesse uma visitinha no quarto dele, ele pediria desculpas’. Nunca fui muito conhecido por ter paciência, e ao ouvir isso, a pouca paciência que eu tinha simplesmente evaporou. Soquei, chutei, surrei o sujeito até meus punhos ficarem dormentes, como punição quase fui expulso, mas ao que parece, meu pai é um bom amigo do Reitor, e o ‘incidente’ foi ignorado. Não que eu seja agradecido por isso, eu sei bem o motivo por trás desse gesto. O sonho do meu pai, Sr. Lucius Malfoy, é que seu filho ocupe seu lugar de Presidente da rede de hotéis da família, a Malfoy’s Hotel Company. Eu não faria isso pelo meu pai, mas foi meu avô Abraxas Malfoy quem fundou a empresa, e ele sim merece que eu me esforce e honre o legado deixado por ele. Enfim, depois da briga com o babaca, um cara chamado Mark me procurou, disse que existia um grupo que se encontrava em um dos prédios da faculdade, era chamado de Ciclo, eles se encontravam para lutarem entre si, e quem ganhava a luta, ganhava também uma boa grana. Quem dispensaria uma boa briga movida a dinheiro?

   Não entenda mal, eu não sou um delinquente, de jeito nenhum. Mas desde meus quinze anos, nunca dispensei uma briga, se eu tinha um motivo para bater, eu não hesitava. Fiz muitos tipos de artes marciais, meu pai dizia que melhoraria meu temperamento, mas não foi o que aconteceu. Eu fiquei mais forte, aprendi a lutar, mas a violência ainda estava presa em mim. O que eu sinto enquanto estou numa luta é viciante, uma adrenalina que mascara a dor, eu mal sinto os golpes que recebo, tudo que tenho em mente é procurar um modo de atingir o adversário até que ele caia, não desista e vá embora - qual a graça da desistência? - quero que ele caia em baixo dos meus punhos. E quando isso acontece, a sensação de poder é indescritível, meu corpo todo treme com a emoção da briga, é a melhor coisa que já experimentei. Theodore é meu ‘agente’ por falta de uma palavra melhor, e também meu companheiro de apartamento, mas principalmente meu melhor amigo. E no momento ele está mais nervoso do que eu, enquanto olha para o meu adversário que mais parece um armário do que uma pessoa.

   “Calma, Theo. É só um cara, posso dá conta disso.” Falo com um sorriso zombador. Theo franze as sobrancelhas.

   “Porque você insiste em subestimar esses caras?  Um dia você vai se dar mal por isso, e eu não quero estar presente para ver isso acontecer. Então presta atenção e foca nos pontos fracos dele, ok?  E pelo amor de Deus, tome cuidado. Se você morrer o seu pai me mata.”

   “ Theo, relaxa. Prometo que não vou morrer, certo? “

   “Certo. Então vai lá, Homem de Gelo, acaba com ele!” Lanço um olhar assassino para Theo.

   “Puta que pariu, Theo, não me chama assim! Você sabe que eu odeio isso!” Caminhamos até a multidão de espectadores, na maioria alunos sedentos por sangue. O local está lotado de gente, há um círculo no meio da multidão, onde meu rival me esperava com uma cara de poucos amigos. Parei de frente para ele, enquanto Mark gritava que as apostas estavam encerradas. Mark veio e ficou entre nós.

   “Muito bem, bonitões. As regras são a de sempre: sem morder, sem bater a cabeça em lugares sólidos, sem golpes nas regiões baixas, e sem frescura. Todo mundo aqui quer ver sangue, então se quiserem a grana, é bom mostrar bom serviço. Então apertem as mãos e esperem eu dizer ‘três’ e que o melhor filho da puta vença.” Eu já sei aquele discurso decorado, já faz quase um ano que estou no Ciclo. Mark foi para seu lugar de costume, na beira do círculo. Dei um sorriso cínico para o meu oponente, e me inclinei em sua direção.

   “Cara, você poderia dar um recado por mim?” ele balançou a cabeça, com um olhar confuso. “Avisa a gostosa da sua irmã que ela esqueceu a calcinha lá em casa. Diz pra ela ir buscar para repetirmos a festinha.” e me afastei com um sorriso enorme. O cara parecia completamente furioso, e era isso que eu queria. Deixá-lo com raiva, desestabilizá-lo, ele não vai ter total concentração agora. Escuto Mark contando e me preparo, mas deixo minha expressão corporal enganosamente relaxada.

   “Três!” Mark grita. A multidão parece enlouquecida. Mas tiro tudo da minha cabeça, agora só existem eu e esse babaca que eu vou surrar.

   O sujeito vem com tudo para cima de mim, e eu dou um passo despreocupado para o lado. Ele vem de novo com o punho cerrado para cima, pronto para me socar, me abaixo e desvio outra vez. O cara parece com mais raiva ainda por eu não tê-lo batido nem me esforçado ainda. Mas da terceira vez, ele parece pensar um pouco, ele avança mais uma vez, e no ultimo segundo se inclina e me joga no chão. O peso dele é esmagador, o ar foge dos meus pulmões e antes que eu desvie, ele me esmurra na boca. Na mesma hora sinto o gosto de sangue, e isso é o que me desperta. Com um soco certeiro no nariz, eu o derrubo de cima, o cara parece meio surpreso com a força do golpe e tonto com o nariz quebrado. Monto em cima dele, posicionando cada joelho em um braço com todo peso do meu corpo, e incessantemente eu esmurro a cara do infeliz. O sangue jorra do seu nariz, um corte se abriu tanto no lábio superior quanto no inferior, os olhos estão fechados. E quando sinto que estou passando dos limites enquanto aperto o pescoço dele e ele começa tentar puxar o ar com a boca aberta, Mark e Theo me tiram de cima dele. Me debato, tentando voltar para bater mais, mas Theo grita para mim:

   “Já chega, cara! Você já venceu, agora chega!” Olho para ele, e tento me acalmar. Quando enfim minha respiração desacelera, dou uma risada e limpo o sangue que escorre no meu queixo.

   “É claro que eu venci. Você duvidava disso?” Theo dá uma risada incrédula, e finalmente Mark me anuncia vencedor. Os gritos são ensurdecedores, mas eu gosto disso, da sensação de poder, de vitória, realmente gosto disso. Depois de alguns cumprimentos, tapas nas costas, e alguns números de celulares de garotas que nem lembro, vou em direção ao ‘corredor do pagamento’ como Mark chama. Ele está me esperando lá, com um sorriso satisfeito no rosto. Tira uma boa quantidade de notas do bolso da jaqueta jeans e me mostra.

   “Quatro mil dólares para meu campeão. Foi uma luta e tanto hoje, D, fazia tempo que eu não via tanto sangue.”

   “O importante é fazer um bom show, não é mesmo?” digo, com um sorriso. Mark ri e me dá o dinheiro. Coloco no bolso da calça e visto minha camisa que deixei pendurada ali.

   “É isso que eu digo, D. É isso aí!” Eu não gosto quando ele me chama de D, mas contanto que ele me pague, eu não me importo se ele me chama de Elsa do Frozen. Vou embora pela saída particular, que na verdade era uma abertura no alto da parede, no fim do corredor. Não quero ter que passar por aquelas pessoas de novo, só quero ir para casa, limpar esse sangue do meu rosto, comer um sanduíche bem gorduroso e dormir como uma pedra. Caminho pelo gramado até o estacionamento, e entro na minha caminhonete 4x4, um presente especial do meu pai, na verdade, um dos poucos que eu aceitei, e vou para casa.

   Theo chega quando estou comendo devagar, meu lábio inferior está cortado e inchado, mas não me importo.

   “E aí, cara. Você sabe que seu queixo está ficando roxo, não é?

   “Sei. Seu sanduíche está no balcão da cozinha.

   “Ah, cara, já falei que te amo hoje?” Theo vai apressadamente para a cozinha e volta já com a boca cheia.

   “É, eu sei.” Respondo revirando os olhos.

   “Porque saiu tão rápido? Pansy estava como louca procurando por você, eu disse que não sabia onde você estava, mas acho que ela não acreditou muito.” Ah, a Pansy. No começo era legal ter uma garota para transar de vez em quando, deixando sempre claro que era só transas casuais. Mas de algum tempo para cá, Pansy vem me perseguindo por todo lugar, sempre com insinuações e cobranças, perguntando quando nos veremos, ou onde eu estava. A relação está ficando preocupante.

   “Então ainda bem que eu saí logo. Assim não tive que falar com ela.”

   “Sabe a garota que eu estou saindo a um tempo?” Theo pergunta depois de uma pausa, fingindo desinteresse. Sorrio só de lembrar quem é a garota, Luna, uma loirinha avoada que parece sempre estar em um universo paralelo.

   “Você quer dizer a loira sonhadora?  Sei.” Theo revira os olhos, mas continua.

   “Ela quer sair amanhã, mas quer levar uma amiga com ela, então eu preciso de alguém para distrair a garota enquanto eu tento convencer Luna a vir pra cá comigo. Você bem que poderia me ajudar nisso, como o bom amigo que você é.

   “Você está brincando, certo?” Lanço um olhar cético, e quando vejo que ele não está brincando, logo mudo meu olhar para horrorizado. “Essa amiga deve ser entediante! Se for como sua loirinha, não vai ser meu tipo, eu concordo que sua garota é gostosa, mas eu gosto de garotas que pelo menos prestam atenção no que eu falo.”

   “Qual é, cara. Já fiz muitos favores a você que nunca cobrei!”

   “Até agora. “ Sussurro, mal humorado.

   “Não estou dizendo para ficar com a garota, ok?  Só conversa com ela, seja simpático para não estragar meu lance com a Luna.” suspiro derrotado, e olho para os farelos do meu lanche pelo chão da sala.

   “Tudo bem, idiota.” Resmungo. Theo agradece, sorrindo de orelha a orelha. “Mas vai ter que lavar minha roupa por um mês.” O sorriso desaparece do seu rosto na mesma hora.

   “Você é um babaca. Eu faço, imbecil.” Olho para Theo, quando tento sorrir de modo sarcástico, meu lábio se abre outra vez e eu coloco minha mão sobre ele, reclamando. “Bem feito. Isso é vingança divina. Do melhor tipo.

   “Imbecil.” Reclamo, indo para meu quarto.

 

   Acordo com uma dor de cabeça incômoda, meus lábios parecem duas vezes o tamanho normal, meus punhos estão doloridos. Abro e fecho a mão algumas vezes, mas não parece ter nenhum dano sério. Levanto da minha cama, pegando uma calça de moletom no chão e vestindo rapidamente e saio para a cozinha. Theo está assistindo algum filme qualquer na sala, e quando me vê arregala um pouco os olhos.

   “Cara, sua boca ta horrível.”

   “Bom dia também, idiota.” ele continua me encarando, então viro de costas e continuo andando até a cozinha. Pego uma tigela com cereal, e enquanto despejo o leite Theo continua:

   “Seu pai ligou a manhã inteira.” Paraliso no mesmo instante. Para meu pai ter ligado, deve ser uma coisa bem importante, e eu não vou gostar de saber.

   “Ele disse o que queria?” perguntei hesitante.

   “Ele falou para você passar no escritório dele hoje. Eu disse que você estava dormindo, mas ele respondeu que você tem uma responsabilidade com uma empresa, dormir não era sua prioridade. Depois disso eu desliguei porque fiquei com medo dele.” dou uma risada seca. É bem a cara de Lucius Malfoy dizer uma coisa assim. Houve um tempo em que eu admirei meu pai a ponto de imitá-lo, mas isso tinha acabado antes mesmo do fim da minha infância.

   “Ele sempre assusta os outros.”

   “E você herdou isso dele, obviamente.” franzo as sobrancelhas, incomodado pela comparação. Não sou igual ao meu pai, e nem quero ser. Deixo a tigela de cereais quase intocada em cima do balcão, e vou para o quarto me trocar. Depois de escovar os dentes, coloco um jeans, uma camiseta lisa qualquer e meus óculos de sol. Quando chego na porta de casa, Theo grita do sofá: “Não esquece da nossa saída hoje a noite, cara!” reviro os olhos, tinha esquecido totalmente disso e estava feliz assim.

   Quando chego ao escritório do meu pai, sinto a familiar sensação de ‘erro’; como se eu estivesse de alguma forma traindo a mim mesmo. Respiro fundo e entro no prédio. O saguão enorme de piso branco bem encerado chega a brilhar, a recepcionista Allana sorri para mim de modo convidativo enquanto avisa pelo interfone para secretária do meu pai a minha chegada. Entro no elevador e pressiono o botão do último andar. Ao chegar lá, Isabelle já está me esperando na porta do elevador, com um sorriso no rosto bonito e os cabelos, tão loiros quanto os meus, todo para o lado, deixando seu pescoço a mostra. Sorrio para ela, e as bochechas de Isabelle ficam vermelhas.

   “Seu pai está esperando, Sr. Malfoy.” Ela diz com sua voz doce.

   “Já falei para me chamar de Draco, Isabelle.” Digo, piscando o olho para ela. Isabelle abaixa a cabeça, claramente envergonhada.

   “Desculpe, Sr. M… hã, D-Draco.” ela dá uma risadinha tímida enquanto me acompanha até as grandes portas duplas da sala do meu pai. Isabelle bate levemente duas vezes na porta, e depois abre e coloca metade do corpo dentro da sala. “Sr. Malfoy, seu filho já está aqui.”

   “Manda ele entrar.” Lucius responde de modo ríspido. Isabelle olha para mim, mas a ignoro e entro no escritório. Meu pai está sentado na sua cadeira de couro alta, atrás da sua grande mesa de madeira escura e de aparência pesada. Ele está olhando para alguns papéis sobre a mesa, com aquela expressão superior que sempre está. Quando levanta a cabeça, seus olhos vão diretamente para minha boca um pouco inchada.

   “Outra briga? Você realmente quer me arruinar, Draco Malfoy? Depois de todo o esforço que fiz para que você não fosse expulso, e você se mete em outra briga?” seu sussurro ríspido é pior do que gritos histéricos. Calado, sento na cadeira de frente a mesa.

   “Caí na escadaria do apartamento.”digo irônico. Lucius arqueia uma sobrancelha, que é o máximo de emoção que vou conseguir dele.

   “Não zombe da minha inteligência, garoto.”

   “Que inteligência?” a pergunta sai antes que eu possa pensar duas vezes. Mas não me arrependo de ter dito, só não queria arrumar outra discussão com meu pai logo cedo e com a cabeça latejando; mas é sempre assim quando nos encontramos. Lucius me fuzila com os olhos tão claros quanto os meus. “Diz logo o que quer para que eu possa ir embora. Vir aqui não é a melhor parte do meu dia.”

   “Mas deveria ser. Você vai herdar tudo isso daqui a uns anos, meu filho. Deveria está trabalhando comigo agora, mas eu te deixei estudar porque era o que você queria. Mas não me provoque, eu posso te tirar de lá com um estalar de dedos.” sua voz está calma, mas a intensidade de suas palavras está clara. Ele não está brincando. Lucius nunca brinca. “Eu te chamei para avisar que vamos ter um jantar em família lá em casa amanhã. Sua mãe está com saudades, e sua prima Astoria vem nos visitar. Queremos sua presença, sem desculpas. “

    “E você não poderia ter dito isso por telefone?”

   “Eu sabia que você não me atenderia. E não queria ter que deixar um recado, como se fosse um completo desconhecido e não o seu pai.”

   “Eu atenderia a mamãe.” falo, do modo mais cruel que consigo. “Eu sempre atenderia minha mãe.” Lucius me observa, e por um momento, penso ter visto alguma vulnerabilidade nele. Mas me convenço de que foi impressão.

   “Eu sei.” ele diz. “E eu fico feliz que sempre esteja do lado dela, Narcisa precisa disso.”

   “Não ouse falar do que ela precisa!” rosno, com um olhar furioso dirigido ao meu pai. “Não depois do que você fez!” respiro fundo, tentando me acalmar, e me convencendo de que socar o meu pai não é uma boa ideia, por mais que pareça tentadora. “Eu já entendi. Jantar com a ‘família feliz’,  eu vou.” me levanto e ando até a porta.

   “Você é igual a mim quando tinha sua idade, garoto. Pode não querer, mas ainda é meu filho.” paro com a mão na maçaneta enquanto escuto suas palavras.

   “Eu nunca seria igual a você.” digo, e saio.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!!! Digam o que acharam, críticas construtivas e educadas são bem vindas. Até a próxima. Bj.



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