Freaks escrita por Lua Chan


Capítulo 21
Vinte




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3rd POV

Lá estava ele, lutando pela vida. Ainda não era muito perceptível, mas em algum momento, Stiles sabia que outras pessoas iriam notar. O adolescente estava curvado, numa posição de defesa, mesmo sem ter algum atacante por perto.

O recém criado meio-vampixiita agora se encontrava na cidade de Beacon Hills. Tinha alguns privilégios, já que a luz do sol não o afetava (por não ser um vampixiita completo) e por nem muitas pessoas terem comparecido ao seu funeral. Ficou lembrando disso por alguns instantes. "Tinha tantos amigos... por que só a alcateia e os meus familiares estiveram lá para me ver pela última vez?" pensou, mas logo esqueceu e se concentrou na missão principal.

O garoto estava cansado, com frio e faminto. Faminto não pelo alimento ordinário, o que era acostumado a comer. Sentia fome pelo precioso "mercúrio vermelho" que corria nas veias dos humanos, como um rio segue seu percurso.

De repente, Stiles Stilinski ouve uma rouca voz.

—Olá? -Um homem estranho perguntou, sozinho e próximo a uma viela. Tinha notado que o garoto estava mais pálido que o normal e completamente sujo de terra. Da terra que o cobrira, vinda do lugar que se tornou o seu lar por cerca de 1 semana: o cemitério -Posso ajudar, amigo? -O senhor parecia amistoso, mas Stiles não se importava. Queria sair logo dali e não machucá-lo.

—Por favor, vá embora. -Sussurrou, encolhido.

—Se eu tivesse uma casa, moço... quem me dera ir embora daqui. -O Stilinski continuou ignorando as queixas do pobre homem. Sentia seu coração bater forte em seu peito em níveis regulares. A cada batida, o meio-vampixiita avançava um passo à sua frente -O que está fazendo, chapa? -O mendigo começou a se distanciar do menino. Não se sentia mais seguro. O pior era que ele estaria sendo abordado por um adolescente bizarro.

—Só estou querendo me alimentar, senhor. -Stiles disse, abrindo um pouco mais sua boca. O garoto sentiu 2 pares de caninos enormes que substituíram os seus caninos antigos, de quando era um humano. Passou a língua entre eles, como se quisesse se acostumar à presença de suas novas presas pontudas.

O velho homem reparou que não tinha saída e que a poucos segundos seria atacado por um menino monstrengo de presas animais. Com sua nova e mais eficiente velocidade, ficou frente a frente com seu banquete e pegou (apertou) seu pescoço contra a parede.

—Me desculpe... -Cochichou.

Então veio o mar de silêncio, antecedido por um fraco grito do morador de rua. Stiles estava sugando o sangue do homem, como se estivesse bebendo um suco de caixinha que seu pai costumava lhe dar quando era um pirralho.

—Por favor... p-p-pare... -O coitado falava entre pausas, já sem forças.
Como se suas presses fossem atendidas, Stiles foi atingido por algo desconhecido, deixando o homem cair no chão. Logo percebeu que não se tratava de uma coisa, e sim, de alguém.

***

POV do Darren

Estava na floresta, tentando me recuperar do ferimento que obti há pouco tempo. Tinha perdido sangue, minha camisa já estava encharcada, mas só ignorei.

—Você precisa de sangue. -Ouvi um murmúrio do meu mentor. Me virei para encará-lo.

—Não, eu estou bem. -Menti, mordendo os lábios. Darius notou.

—Sabe... -Começou -Quando eu me machucava, a mamãe sempre ia correndo na minha direção com uma caixa cheia de remédios! -Sorri com a inocência do meu sobrinho, mas sua lembrança me causou um pouco de dor.

Doía ter que viver todos os dias da minha "vida" sem poder ver a Annie, minha irmã, de novo. Sem poder dar um oi para meus antigos amigos, ou para os meus pais. Balancei a cabeça, esforçando-me para esquecer das boas memórias de quando era humano.

—Tudo bem. -Larten Crepsley me encarou, admirado com minha atitude -Vamos voltar para Beacon Hills. Eu procuro alguma coisa para comer.

—Sabe que é arriscado se alimentar de um ser humano em plena luz do dia, não é? -O vampiro ruivo lembrou. Dei de ombros e respondi com um fraco sorriso no rosto.

—Eu dou o meu jeito.

Como seria perigoso para o Sr. Crepsley sair à luz do dia, pedi que fosse direto para a mansão dos Hale. Como esperado, ele hesitou. Tinha medo de que eu pudesse fazer alguma besteira (o que inclui se expor aos humanos), mas o tranquilizei. Levei Darius comigo.

Enquanto andávamos nas ruas de Beacon Hills, ouvi uma voz inocente e triste que reconheci no mesmo momento.

—Só estou querendo me alimentar, senhor. -Não podia ser! Não ouvia essa voz há semanas. Stiles estava morto, não podia ser ele. Mas como a voz era tão parecida? E por que o cheiro do indivíduo se assemelhava ao que Larten e eu sentimos na floresta? -Me desculpe...

Não importava mais. Era um vampixiita, com certeza. Reconheço esse odor a quilômetros. Quando chegamos mais perto, vi um adolescente de cabelos castanhos se apoderar de um senhor. Por sorte, o vampixiita e sua vítima estavam numa viela, mas mesmo assim, não poderia deixar que ele machucasse o pobre homem.

—Darius! -Sussurrei -Fique aqui. Preciso resolver umas coisas. -Tentei me livrar dos braços da criança, mas meu sobrinho era forte e me puxou.

—Não vou sem você! -Gritou, fazendo-me cobrir sua boca com minha mão. Era tarde demais. O vampixiita já tinha mordiscado o mendigo. Apesar disso, acho que ainda posso salvá-lo. Fiquei furioso.

—Escuta aqui, moleque! Se persistir, vou quebrar seu pescoço! -Falei, com um tom ameaçador. O estranho era que eu não reconhecia essa voz dentro de mim, mas continuei -E não vou ter pena de você, como na última vez.

O garoto cobriu-se de medo. Estava tremendo e choramingando. Uma vozinha na minha cabeça ficou me torturando por ter feito isso. Já tinha me esquecido que quase matei o garoto em uma das vezes que confrontei Steve Leonard.

Depois de me recompor, encontrei uma pedra do tamanho do meu punho. Sem pensar duas vezes, atirei no vampixiita, que estremeceu de dor e olhou nos meus olhos.

—D-Darren? -Congelei. Era ele, com toda a certeza. Stiles Stilinski estava bem na minha frente. Quase caí, assustado. O mesmo diria do garoto na minha frente, mas já estava no chão.

—Vampiros, vampiros! -O mendigo gritou, correndo para um lugar mais concentrado -Vampiros por todo o lugar! -Desprezei o velho. Estava muito mais atento ao garoto supostamente morto e que cheirava a um vampixiita.

—Stiles? -Perguntei, me sentindo idiota -É mesmo você? -O adolescente afirmou. Sua boca tinha um tom avermelhado e entendi o que tinha acontecido. Ele foi transformado, assim como eu fui há muito tempo...

—Tem certeza que tudo está pronto? -Perguntei, ansiosamente para o vampiro horripilante que estava prestes a me matar. Estávamos no telhado da minha casa.

—Sim, Darren. Seu funeral ocorrerá daqui a uns dois dias, quando descobrirem da sua morte. -Engoli em seco, pensando em como deve ser a sensação de ser um morto-vivo, uma experiência que estava disposto a enfrentar por Steve.

—Tudo bem. -Elevei minha voz -O que eu preciso fazer?

—Tome isto. -Larten Crepsley ergueu um frasco com um líquido negro -É um veneno. Sugiro que beba logo. A não ser que queira sentir-se mergulhado em um incêndio. -Me arrepiei. Peguei o recipiente de sua mão e bebi tudo, deixando o copo vazio.

—Me sinto... estranho. -Falei, um pouco enjoado. A bile queria subir, mas me segurei.

—Ótimo. Sinal que o veneno está agindo em seu organismo. Daqui a pouco, você estará morto. -Meu mentor falou com um incrível tom de naturalidade -Mas para tornar isso mais real...

—O quê? -Perguntei, confuso, ainda sentindo o veneno passar pelos túneis (veias) do meu corpo.

O vampiro segurou meu pescoço e o virou. Primeiro para a esquerda e depois, direita. Num simples movimento, havia tirado minha vida.

—Vou te jogar daqui. Depois eu conserto sua coluna. -Larten sussurrou, mesmo sabendo que eu já estava morto. E então lançou meu corpo inerte ao chão.

Lembro-me, não sei como, de ouvir as vozes dos meus pais correndo para o quintal.

—Dermot! Dermot, venha aqui! -Ouvi a voz distorcida da minha mãe, chamando pelo meu pai -Oh, meu Deus!

—Darren! -Ouvi o último suspiro, vindo do meu pai. E lá estava eu, aos seus pés, prestes a sair da vida deles para sempre.

—D-Darren? -Acordei. Retirei os pensamentos do dia da minha morte assim que ouvi Stiles repetir a mesma coisa que antes -P-por favor, me ajuda!


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Notas finais do capítulo

Continua...



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