Os jovens riscos de giz na calçada da tua alma
preparam o terreno para mais uma atração habitual
me pergunto se, outra vez, o desejo vem da carne
ou senão da torpe mania de se esconder da solidão.

Penso em ti, e vejo o típico exemplo das meias-laranjas,
das maçãs cortadas, incapazes sem suas outras metades
continuo me perguntando se realmente faz sentido a ti
sentir-se completo apenas na companhia de outro alguém.

Curiosa, a consciência inquieta borbulha interrogações
sussurrando-me imensuráveis teorias que regem corações
seus mais profundos pecados são aqueles que esperam
que a satisfação física esteja agarrada à espiritual.

Lástima que uma inspiração tão pura como o sopro do amor
origine também a improdutiva obsessão humana em se apegar
à miragem de acreditar que a complexa satisfação individual
será plenamente preenchida, e não por si, mas por outrem.

Não o desejo mal. Compreendo que seus sentimentos são sinceros.
Contudo, me pergunto até quando estará sempre buscando uma nova companhia.
Me pergunto... se tal companhia será tão ou mais íntima do que um dia fomos.
E se o será, também, por plena vontade, ou o fará apenas por trazer, a ti, felicidade.

Me pergunto se você também a faz feliz.
A felicidade espiritual vai muito além da satisfação física.