Dividindo Um Amor escrita por BensonMills


Capítulo 3
Capítulo 3 - Emma Swan


Notas iniciais do capítulo

Amando cada comentário!
Hora de chorar e conhecer alguém!



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Regina não saberia dizer como conseguiu chegar aquele hospital central de Boston. Dirigiu em alta velocidade, sem ao menos lembrar que existia sinalização e regras de trânsito. Estava sentada na sala de espera, após já ter discutido com todos os funcionários do hospital, esperando para ver Mary, David e Henry. 

Saiu correndo ao encontro do médico que vinha da parte interna do hospital, onde obviamente ela tentou entrar, mas sem sucesso.

"A senhora é familiar?" 

"Não! Eu vim porque me ligaram, sou amiga da família há anos. Dr, pelo amor de Deus, como eles estão?" Regina não se reconhecia, estava incrivelmente nervosa, falava rápido, embolando as palavras.

"Infelizmente as notícias não são boas. O rapaz, David, não resistiu aos ferimentos." Fez uma pausa, sabia que esse tipo de notícia nunca era fácil de ser ouvida. "A moça, Mary, está em estado grave, está consciente, mas vamos sedá-la por..."

"E o menino, doutor, e o menino, pelo amor de Deus não me diga...Não consigo nem continuar!" Regina estava se desesperando cada vez mais e não tinha paciência de ouvir tudo que o médico tinha a dizer.

"O menino está bem, inclusive foi ele que nos deu o seu contato e pediu que chamássemos a senhora." O doutor falava calmo, sem alterar seu estado, estava acostumado a lidar com todos os tipos de reações.

"Meu Deus, que loucura! Não posso acreditar!" Regina estava completamente atordoada, pode sentir o médico pegando em seu braço num claro sinal de que ele sentia muito. "Eu posso vê-los?"

"Sim, evite conversar muito com Mary, vamos sedá-la em seguida. Me acompanhe por gentileza."

Enquanto caminhava pelos corredores frios daquele hospital, Regina pensava o quanto o destino fora traiçoeiro com seus amigos. Agora que eles formavam uma família, cheia de esperança, isso acontece. Respirou fundo enquanto fazia os procedimentos de higienização da UTI, olhou mais ao longe e pode ver Mary cheia de aparelhos que ajudavam a mantê-la viva. Sentiu sua amiga ficar muito agitada quando a viu e só conseguia fazer preces silenciosas para que ela se acalmasse.

"Regina..." Mary tinha a voz baixa e fraca, tentava tirar a máscara de oxigênio para falar com Regina, mas suas mãos fracas a traíam.

"Mary, por favor, não se esforce! Eu estou aqui, eu não vou a lugar nenhum!" Regina tentava se manter firme perto de sua amiga, queria demonstrar força para ajudá-la nesse momento. Afagava os cabelos negros e curtos de Mary, enquanto uma lágrima traiçoeira escorria por sua face.

"O Henry, por favor, ele não tem ninguém!" Ela insistia e os médicos tiveram que sedá-la.

Regina tentava não se desesperar, mas o choro preso em sua garganta a queimava, aquilo tudo era inacreditável, triste demais para ser verdade. Acompanhava o médico e as enfermeiras medicando Mary e um vazio se apoderou dela, era sua melhor amiga, uma das poucas pessoas que a entendia, que a compreendia e que acima de tudo a amparava.

"Dona Regina, surgiu uma emergência e eu terei que ir para outra ala. Você pode seguir reto e sairá direto na UTI pediátrica, Henry está logo no primeiro leito." O médico a orientou e logo depois saiu apressado. Regina seguia as instruções do caminho a passos lentos. Não sabia como lidar com tudo aquilo e ainda ter que falar com Henry sobre tudo. Avistou logo o menino deitado, aparentava estar bem abatido, e ela se perguntava se ele sabia de tudo, se sabia de uma parte ou se não sabia de nada. Desacelerou ainda mais seus passos, estava praticamente parada no corredor da UTI, mas precisava respirar fundo uma ultima vez antes de encontrar Henry. “Vamos Regina, pare de moleza e reaja!” Repetia silenciosamente em sua cabeça, enquanto voltava a caminhar lentamente em direção ao leito que o menino estava.

“Hey, senhora, é proibida a entrada de estranhos aqui!” Regina sentiu seu sangue ferver ao escutar aquilo e sentir uma mão gelada a puxando de seu caminho.

“Como é?” Regina tentava não elevar seu tom de voz enquanto respirava fundo encarando aqueles dedos finos, com unhas incrivelmente bem feitas segurando seu braço.

“Eu disse que é proibida a entrada de pessoas não utorizadas aqui na UTI pediátrica, a senhora se retire por favor!” A mulher repetiu pausadamente e apertou ainda mais o braço de Regina tentando a retirar dali.

“Escuta aqui o enfermeirazinha, você retire suas mãos geladas do meu braço ou eu chamo sua supervisora!” Regina não conseguiu mais controlar seu tom de voz.

“Eu não sou enfermeira, a senhora me...”

“Ok, residente que seja... você pode soltar o meu braço, por favor?” Regina não deu chances da estranha continuar o que falava e alterou ainda mais ou seu tom de voz puxando seu braço em seguida.

“Ou a senhora sai agora daqui ou eu terei que chamar os segu...”

“Regina? É você?” Uma voz manhosa, chorosa, transbordando medo a chamava e ela não esperou aquela discussão terminar para ir ao encontro de Henry.

“Hey...” foi o que conseguiu dizer, e já era muito, estava suportando aquela situação com uma força que ela não imaginava.

“Regina, você sabe da minha mãe e do meu pai? Por que eu estou aqui? Ninguém me fala nada! Eu posso ir embora?” Henry disparou de uma vez todas aquelas perguntas, deixando Regina sem palavras, pela primeira vez em sua vida. Emma acompanhava tudo em silêncio, sem acreditar no que via. Foi engolida por um turbilhão de pensamentos, lembranças que ela realmente queria esquecer, que ela preferia não ter. Mas, já era tarde, elas estavam todas ali, bem em sua frente.

“Wow, calma rapazinho! Muitas perguntas! Você precisa descansar, eu estou aqui, não estou?” Regina tentava mudar de assunto, fazia preces desesperadas e silenciosas para que ele não a metralhasse com mais perguntas, ela não saberia o que dizer, não agora, não enquanto nem ela havia digerido tudo aquilo.

“Dra, eu não posso andar?” Henry perguntou quebrando o raciocínio de ambas.

“Não ainda meu amor! Ainda tem uns remedinhos para tomar!” Emma respondeu passando as mãos nos fios do menino, enquanto Regina observava e repetia em sua cabeça o “Meu Amor”, quem essa loira pensava que era para o tratar assim?

“Doutora?” Regina perguntou com desdém, só para provocar, não tinha ido muito com a cara da fulana que havia segurado em seu braço.

“Sim, Emma Swan, ortopedista infantil e diretora desta UTI que a senhora está pisando e sem minha autorização!” Emma respondeu com um ar superior, não que isso a pertencesse, mas, ela sabia que nesse momento podia ser assim.

“Pois para mim parecia enfermeira, no máximo uma residente atrapalhada!” Regina não perderia seu ar superior, não com essa loira atrevida. “Você não tem outras crianças para cuidar? Eu já cheguei, pode deixar o Henry!” Ela estava com ciúmes e se sentia ridícula por isso.

“Eu acho que se tem alguém aqui que está sobrando e na hora de ir embora, esse alguém é a senhora, dona Regina Mills!” Emma se arrependeu logo depois de ter dito o nome dela, sabia que não passaria despercebido.

“Como você sabe meu nome?” Regina retrucou rápido, sem se importar com o começo da frase.

Emma abriu a boca várias vezes tentando formular uma resposta, e se martirizou mais uma vez por ter uma boca tão aberta.

“Eu sou responsável por Henry, estou cuidando dele, e seu nome estava nos contatos de emergência, é minha obrigação saber essas informações!” Emma respondeu esforçando-se ao máximo para ser convincente. “Mas por favor, está na hora de se retirar, a senhora está aqui dentro sem autorização.”

“Dra. Swan, eu a autorizei, estava em uma emergência em outra UTI e a indiquei o caminho.” O médico que cuidava de Mary adentrou a UTI, salvando as duas de uma possível discussão. “Senhora Mills, podemos conversar?”

“Claro!” Regina respondeu apreensiva, mas não deixou de dar seu sorriso ao beijar a testa de Henry sussurrando que já voltava. Sentiu seu coração aquecer ao receber um sorriso em troca.

Regina sentiu um vazio repentino enquanto caminhava junto ao médico para que conversassem. A ultima vez que sentira aquilo, foi quando Daniel saiu de sua casa e logo depois faleceu.

“Dona Regina, está tudo bem?” O médico a arrancou brutalmente de seus pensamentos, apenas com essa pergunta. Recebeu um aceno positivo de Regina e continuou. “Infelizmente eu não tenho boas noticias. Mary entrou em coma logo depois que a sedamos, e em seguida teve duas paradas cardíacas, fizemos de tudo, mas infelizmente ela veio a óbito, eu sinto muito!”

Nem se Regina quisesse responder algo para o médico, ela conseguiria. Sentiu seu mundo cair. Há cinco dias eram os quatro jantando na casa dos Nolan, felizes com a família formada, e agora ela não tinha mais seus amigos. Ela não tinha mais seu apoio. Escutou o médico dizer algo sobre providenciar documentos e apenas concordou acenando com a cabeça. Sentou no primeiro banco que viu disponível e pegou seu celular, precisava falar com Zelena, precisava de alguém, precisava de socorro. Mas, parecia que o destino estava brincando com ela, Zelena não atendia suas ligações.

“Droga Zelena, custa ficar com essa merda perto!” Falou alto demais, com um choro preso em sua garganta, sentia que logo iria desabar, e ela só não queria estar sozinha nesse momento.

“Está tudo bem?” Emma passava pelo corredor e, mesmo sabendo que se arrependeria, decidiu parar.

“Está tudo ótimo! Estou aqui para fazer uma plástica, mas acabei de ficar sabendo que infelizmente meus melhores amigos morreram e o filho que eles acabaram de adotar, está sozinho na vida. Portanto, sim, estou ótima, obrigada!” Regina soltou, ríspida, sarcástica e com um humor obscuro.

“Eu não sei porque eu me importei. Você sempre tão simpática e cheia de sentimentos!” Saiu reclamando pelo corredores, deixando Regina confusa com o que disse.

Apesar de confusa, Regina voltou sua atenção a seu celular que tocava com uma ligação de Zelena. Atendeu, contou tudo a ela, e então permitiu-se desabar enquanto conversava com a irmã que tentava acalmá-la do outro lado da linha, desejava estar perto de sua irmã, mais que tudo, mas havia acabado de chegar no aeroporto.

 

~~X~~

 

Enquanto esperava sua irmã, Regina resolvia as burocracias necessárias para liberação dos corpos e todas documentações que foram solicitadas. Zelena foi direto do aeroporto para o hospital, encontrou uma Regina abatida, sentada perto da recepção pediátrica, enquanto respirava e tirava uma pausa de todo aquele clima. Zelena não esperou Regina pedir, a abraçou forte, como sempre fazia para irritar ou quando sabia que ela estava precisando, e embora esse fosse o momento, a ruiva também precisava daquele abraço. Eles eram uma família, sempre foram os quatro para tudo. Desde sempre, os Nolan e as Mills, para jantar, para brigar, para se divertir, e de repente, os Nolan não existiam mais, eles simplesmente as deixaram da pior maneira possível. Era dolorido demais para as duas, e elas tinham certeza que seria mais dolorido quando ambas as famílias soubessem. Naquele abraço cabia tristeza, cabia sofrimento e acima de tudo, cabia conforto e amor. Enquanto Regina explicava em detalhes, entre soluços, tudo que acontecera, Emma acompanhava de longe. Pela primeira vez na vida, depois de muito tempo, via Regina Mills sem defesas, mostrando os sentimentos, exibindo sua dor, e aquilo a comoveu. Ela já havia visto esse lado de Regina, mas achou que havia sido uma exceção, pois ela preferia ser aquela mulher sem sentimentos, de humor negro, e que fazia questão de esconder seus sentimentos.

 

~~X~~

 

Emma saiu do hospital mais cedo, precisava respirar e aliviar toda tensão daquele diz cansativo e cheio de surpresas. Ligou para Ruby, sua melhor amiga, e combinou de encontra-la em um bar, perto do hospital. A intenção era ficar um pouco, conversar e desabafar, já que com certeza estaria no hospital mais cedo no dia seguinte, sabia que a liberação dos corpos demoraria um pouco, e assim, teria um tempo para voltar e acompanhar Regina ou Zelena, ou quem quer que fosse, para dar aquela noticia a Henry.

Ruby acompanhava, apenas com o olhar, sua amiga virar a quarta dose seguida de tequila.

“Ok, antes de você virar a próxima dose, pode me contar o que está acontecendo? Assim eu decido se vou te acompanhar na bebida, ou se te darei meu ombro e limparei seu vômito mais tarde!” Ruby, sempre Ruby com o senso de humor que era só dela e acertando em cheio o que Emma sentia.

“Regina Mills esteve no hospital mais cedo!” Um nome pronunciado e o gatilho fora disparado para que um turbilhão de lembranças viesse a tona, deixando Ruby ainda mais indecisa sobre pedir sua bebida, ou amparar sua amiga.


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Notas finais do capítulo

Parece que Emma Swan conhece Regina Mills! Mas acho que Regina Mills não conhece Emma Swan...

Ou conhece?