A Seleção de Apolo escrita por CarolFonseca


Capítulo 18
A cueca do Apolo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinha do outro lado da tela! Tudo bem com você? Como prometido, aqui está o capítulo novo! Agora vocês vão ver tudo o que aconteceu no capítulo passado mas pela perspectiva do Apolo! Estão prontos pra passar um dia e uma noite com ele? Espero que sim e que Atena os ajude!
Desculpem a demora. A gente pretendia postar ontem mas eu cheguei tarde do trabalho e não deu. E é isso aí. Boa leitura! Vou deixar o Apolo levar vocês agora. Bye!



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Meu dia começou bem. Ótimo, na verdade. Ninguém me incomodou depois que eu fui para o meu quarto e eu ainda pude dormir até tarde, adivinhe só o porquê (você tem três opções).  A) Papai me ama; B) Consegui criar um novo haicai; C) Eu estou de folga.

Se você respondeu “A”, parabéns, você tem algumas coisas a mais (ou a menos) nessa sua cabeça. Tipo, sério? Eu sei que meu pai me ama e tals, mais aí já seria demais né? (Sem falar que ele – ou Ártemis - sempre arranjam uma maneira de ficar puto comigo). Se você chutou “B”, parabéns! Você acertou! Mas esse não é o motivo da minha felicidade momentânea. (Mesmo assim, fiquem com o meu incrivelmente-máster-supremo haicai:

“Violetas são azuis, meu pijama é roxo,

Casa comigo? Sei fazer miojo. ”

Ele não é simplesmente adorável? Estou pensando em cantar ele pra alguma Selecionada hoje. Cammy talvez? Ou será que ela me faria dar uma visitinha pro tio Suquinho? Bom, de qualquer maneira, estou saindo do assunto aqui. Continuando...) Mas, porém, entretanto, contudo, todavia, se você falou letra “C”, acabou de ganhar um pirulito! O quê? Vai me dizer que você não sabia que até deuses lindos e maravilhosos como eu merecem folga? Pois fique sabendo que merecemos sim! A propósito esqueça o pirulito, porque não vou dar nenhum a ninguém!

Bom, voltando as folgas; Eu, por exemplo, tenho uma por mês. Em dias assim, Hélio conduz o sol naquela coisa que ele chama de carruagem solar (nem pensar que eu vou emprestar a minha pra ele) e eu durmo até algum deus fazer um escândalo por nada e me acordar com seus gritos. Nesse dia em especial, o deus em questão era Afrodite. Ela estava gritando com as ninfas como se elas fossem suas escravas, e estava dando aquele ataque especialmente próxima a porta do meu quarto.

— DITE! – Berrei com a cara enfiada num travesseiro. – DÁ PRA VOCÊ IR GRITAR EM OUTRO LUGAR? EU QUERO DOOORMIIIIR!

Então ela calou a boca e foi embora.

Mentira. Você realmente acreditou nisso? Sério? Estamos falando da Dite! A deusa mais escandalosa do Monte Olimpo!

— JÁ SÃO TRÊS DA TARDE! – Ela berrou de volta. – VOCÊ É DEUS DO SOL OU O DEUS DA HIBERNAÇÃO?!

Xingando como um condenado, saí da cama, fui até a porta do quarto e a abri.

— Olha aqui, sua...

Apolo!— Ela deu um gritinho esganiçado e se virou de costas. – Você não está vestido decentemente...

Olhei pra baixo. Abaixo do tanquinho (e que tanquinho... tá, parei), eu vestia apenas uma cueca box com estampa de fanarts de mim mesmo que uma ex-peguete minha havia me dado. Ela era estilista.

— Você já me viu pelado antes. – Falo pra Dite. – Não sei por que todo esse rebuliço.

Lentamente, ela se virou e espiou por entre os dedos. No começo, achei que era pra relembrar os velhos tempos, mas então ela pareceu finalmente reparar na estampa e começou a rir. Algumas ninfas se aglomeraram pra ver também e darem risadinhas. Praguejei e escondi a parte debaixo do corpo atrás da porta.

— Olha aqui... por que não vai gritar em frente o quarto de Ares?!

O riso dela morreu. Dite parou de cobrir a boca com as mãos e me lançou um olhar mortal antes de ir pra outro corredor, com as ninfas seguindo-a como um bando de fãs, mas olhando ocasionalmente pra trás e rindo. Por um momento cogitei sair do quarto e baixar a cueca, mas não valia a pena. Elas não eram merecedoras dessa visão (quase ninguém era, na verdade).

— Saco – resmunguei, batendo a porta. – Odeio esse lugar!

Tentei voltar a dormir, mas o sono havia derretido e vazado por entre meus dedos. Xinguei Dite mais um pouco e depois fui tomar um banho de banheira.

Mas não um banho de banheira qualquer. Um banho de banheira enquanto toco flauta!

— APOLOOOOOOOOO!

Baixei a flauta e soltei um grunhido de frustração. Havia me esquecido... Merda! Sempre que toco, as ninfas ficam loucas! Parecem fãs de doze anos gritando ao ver seu ídolo teen. Claro que, quando estou na minha casa, ninguém ouve o som da música. A minha única empregada é uma ninfa bem velha e surda. Com ela tá tranquilo.... Mas aqui no Olimpo? As pessoas irão a loucura!

Levantei da banheira e, molhando o chão todo, corri até a porta para trancá-la um segundo antes que ela fosse esmurrada por alguma ninfa tarada qualquer. Demorou um pouco pro efeito passar, mas então elas pararam, sem o som da música para motivá-las, e ouvi seus passos indo embora.

Suspirei aliviado e voltei pro meu banho, sem flauta dessa vez. Ao invés disso, coloquei fones de ouvido e fiquei escutando um álbum meu enquanto me ensaboava, me esforçando para não cantar alto. Era bem difícil.

Por fim, fiz toda a minha rotina de preparação que cumpro antes de sair do quarto, e que eu não vou contar aqui por que é segredo e além de mim só Dite conhece. Não é à toa que somos os deuses da beleza.

O resto do meu dia foi chato. Perdi o café da manhã e o almoço, então comi uma pizza enquanto assistia meu reality show de humanos favorito na sala. Emilly, depois de algumas tretas básicas com o boy (agora ex) e com outro carinha que eu não faço a mínima ideia de quem seja, se contrabandeou (mentira, ela foi porque tava se sentindo alone mesmo) pro lado de Ialda (ou algo assim, não sou muito ligado a nomes). Essa, por sua vez, estava falando com a Emilly porque ela agora era a líder da bagaça toda, ou seja, não queria sair da casa tão cedo. Bom, pelo menos foi o que eu entendi, já que nem a pau vou começar a ler aquele dicionário Inglês/Portugûes que Atena deu pra todos os Deuses. #SomosTodosIalda

Depois que acabou, Afrodite veio me lembrar da festa e me disse pra ir escovar os dentes e me arrumar. Eu revirei os olhos, mas fiz o que ela pediu. Repeti todo o meu ritual secreto de deus da beleza que não posso te contar, leitor, e fui pra festa. Tudo começou muito bem. A música era boa, as garotas estavam lindas e a maioria sexy em suas fantasias de Coelhinhas da Playboy, Bruxinhas e Harley Queen’s, embora a repetição fosse meio enjoativa. Eu estava curioso pra saber do que Cammy estaria fantasiada. Apostaria minha lira que não era nem Coelhinha da Playboy nem Alerquina, o que estragava a minha cantada de perguntar se ela queria que eu fosse o Pudinzinho dela.

E então eu a vi.

A fantasia dela era totalmente sem graça, mas ela continuava linda de qualquer jeito, o que ela não podia evitar, já que era filha da deusa da beleza. Ela estava dançando Queen com as amigas, feliz. Fiquei observando por um tempo, segurando um copo de néctar, mas sem beber, até alguém chamar meu nome.

— Apolo?

Desviei o olhar de Camille lentamente e fiz uma careta involuntária para o troço estranho com o qual me deparei. Demorei um tempo pra perceber que era uma espécie de fantasia.

— Oi, hã...

— Peggy. – Ela abriu um sorriso malicioso. – O que achou da minha fantasia?

Olhei-a de cima abaixo. Peggy usava um vestido no estilo grego antigo, porém simples, do tipo que as ninfas costumavam usar no passado. Só que era verde, e havia desenhos de galhos subindo por ele e se espalhando em pintura por seus braços, pés e pescoço, quase alcançando o rosto. Parecia tatuagem, mas não era. Era pintura de ninfa, que ela provavelmente pedira as suas para fazerem...

— Hã... você é uma dríade?

— Sim! – O sorriso dela passou de malicioso para vitorioso e ela se aproximou de mim, colocando o dedo no colarinho da minha camisa. – Mas não uma dríade qualquer...

A encarei, sem entender, e pareceu por um momento que ela ia bufar, mas ela só sorriu. Estranho. Então reparei na pintura subindo por seu pescoço como garras, como se ela estivesse se transformando em árvore, e meus olhos se arregalaram. Eu entendi.

— Você se fantasiou de Dafne?

O sorriso dela murchou com o meu tom de voz. Ela me olhou com olhos de cachorrinho que caiu do caminhão de mudança – ou Dite quando quer que eu faça algo pra ela – e deu um passo pra trás.

— Você não gostou?

Eu não conseguia falar. Fiquei apenas olhando pra ela, sem acreditar que alguém tinha tido coragem de fazer isso. De inventar uma fantasia dela. Era como se estivessem profanando sua imagem!

Peggy tocou meu braço, e eu me afastei dela do mesmo modo que Afrodite faz quando vê uma barata (na verdade ela grita, correr, faz o maior auê e ainda fica atazanado a gente por três dias seguidos, mas foco Apolo, foco).

— Desculpa, foi tudo culpa das ninfas. Elas disseram que ia agradar você e eu questionei, mas elas me convenceram! Foi tudo culpa delas!

Apesar dos olhos arregalados e sérios de Peggy, eu só dei mais um passo pra longe daquela garota. O que diabos ela estava pensando quando resolveu usar aquela fantasia? E até parece que as ninfas sugeririam uma atrocidade dessas! Elas consideram Dafne um mártir e me consideram culpado pela morte dela! E é, talvez eu seja, mas não vamos entrar nesse tópico agora. Eu só queria entender como ela convenceu suas ninfas a fazerem essa fantasia. Conclui que Peggy não era muito diferente daquelas pessoas que veem um morto e ficam tirando fotos e filmando pra compartilhar no whatsapp, desrespeitando a pessoa! Sim, era isso que ela tinha feito, tinha desrespeitado Dafne e me desrespeitado.

— Apolo? – Ela tentou me tocar de novo, mas eu agarrei seu pulso. Ela me olhou assustada.

— Tira isso. – Falei. – E não chega mais perto de mim.

Soltei seu pulso e me virei, indo pra longe dela. Estava com medo de me descontrolar e fazer algo que deixasse Zeus com vontade de me castigar (mais vontade de que ele já tinha). Então saí andando, por que se ficasse perto dela, minha raiva poderia me dominar. Sendo assim, fui caminhando pra longe. Esbarrei em alguém na pista de dança, murmurei um pedido de desculpas e continuei caminho. Só parei quando encontrei um balanço. Sentei lá e fiquei um tempo olhando pro céu estrelado. Como as pessoas podiam ser tão desrespeitosas? Se fossem os humanos eu conseguiria entender, mas os semideuses? Eles têm sangue divino. Isso não deveria tipo, torná-los melhor?

— Olá...

Uma garota, selecionada, pra ser mais exato, estava parada me olhando. Usava uma fantasia de bruxa. Bruxa sexy. Se bem que todas as fantasias eram sexy, menos a de Camille. Eu nem sabia se aquilo podia ser chamado de fantasia...

— Olá... – murmurei desanimado.

Ela se aproximou, hesitante, e sentou no balanço ao lado.

— Você está legal? – Ela perguntou. – Aconteceu alguma coisa?

Dei um sorriso fraco. Será que ela realmente se importava ou estava só fingindo? Parecia sincera, mas nunca dava pra ter certeza. Talvez seja por isso que, dentre todas as selecionadas, eu prefira Camille. Por que ela nunca finge, e eu sempre tenho certeza disso. Ah droga, eu estou pensando nela de novo. Isso está ficando frequente!

— Estou bem – menti. – Você é...

Ela me encarou, decepcionada.

— Isobel. Sou filha de Deméter.

— Ah... – forcei um sorriso. – Claro, Isobel... Eu sou Apolo.

Ela riu, como se eu tivesse dito algo engraçado.

— Eu sei quem você é, Apolo.

Seria estranho se não soubesse, pensei, mas não falei. Ela começou a perguntar o que é que me deixou desanimado assim, e quando contei de Peggy, ela ficou tão do meu lado e falou tão mal da Peggy que não foi difícil perceber o interesse em sua voz.

— ...e eu fico ofendida pela Dafne! Você devia eliminar essa garota! Ela desrespeitou a memória de uma heroína!

Heroína? Que eu saiba a única coisa que Dafne salvou foi a ela mesma de mim.

Levantei do banco, tentando pensar numa desculpa pra fugir daquela interesseira.

— Hum... Eu preciso mijar. Nos vemos depois! Tchau!

— Você vai voltar?

Fiz uma careta. – Sabe o que é? Acho que não vou mijar...

Ela demorou um tempo pra entender e arregalar os olhos. – Ah! – Forçou um sorriso. – Mesmo assim, volta depois. Eu queria te conhecer melhor.

Assenti com a cabeça, sorrindo, e fiz força. Um barulho de estrondo preencheu o ar e Isobel arregalou os olhos novamente, sem acreditar que eu, o Incrível Apolo, havia peidado na sua frente.

Patética.

— Acho melhor você não esperar – fiz uma expressão sofrida e coloquei a mão sobre a barriga, fazendo outra careta e peidando novamente. – Na verdade, acho que vou passar o resto da festa no banheiro, então divirta-se sem mim!

Ela torceu o nariz e percebi que ela estava prendendo a respiração. Agora fiquei ofendido! Meu “pum” fedia a rosas, no máximo!

— Hã, claro... eu entendo. Melhoras! – Ela levantou e se afastou com uma careta.

— Obrigado!

Dei um sorriso agradecido e comecei a ir embora de lá também. Estava com intenção de ir até o bar e encher a cara, mas pra isso eu teria de atravessar a pista de dança e no meio do caminho avistei quem? Sim, ela mesma, a diaba que não sai da minha cabeça e que parece ter o objetivo de acabar com a minha autoestima! Camille dançava I Can Get No dos Rolling Stone com sua amiga meio assustadora filha de Deimos. Eu tive de sorrir pra cena. Ela tinha bom gosto musical! Será que, se eu lhe contasse que sou pai do Mick Jagger, ela me olharia diferente? Ponderei por um momento... não! Ri, e fui até a única garota da qual eu tinha certeza que não estava ali por interesse, nem me trataria diferente por que queria ser imortal. Quando eu estava chegando perto a fantasia dela ganhou cor com luzes de neon e ela ficou ainda mais linda, se possível!

— IH MENINA! O BOY TA VINDO! – Gritou a filha de Deimos.

— PERA... O QUÊ?

— O GOSTOSÃO DO APOLO! ELE...

— Estou bem aqui – falei, ficando ao lado delas e sorrindo com o que tinha ouvido. – Olá meninas. Como estão?

— Estamos bem. Hã... – a meio assustadora franziu as sobrancelhas pra mim. – Do que você está fantasiado?

Aumentei meu sorriso, contente. Ninguém tinha perguntado sobre a minha fantasia ainda, e eu estava louco que alguém perguntasse pra eu poder explicar.

— Eu estou fantasiado. – Falei. – E com a melhor fantasia de todas!

A garota franziu ainda mais a testa. Cammy revirou os olhos.

— Ele está fantasiado de si mesmo. – Disse ela.

— Ah... – exclamou a filha de Deimos.

Eu a ignorei. Estava com uma vontade louca de beijar Cammy por ter acertado. Ela me conhecia tão bem!

— Céus – apontei pra ela. – Essa garota me ama! – E ficando de frente pra ela, me aproximei, passando um braço ao redor de sua cintura e a puxando pra mim. – Vamos dançar?

— É... Deixa eu pensar... – ela segurou o queixo com a mão e depois me empurrou no peito. – Não.

Mas eu a puxei pra mim de novo e comecei a arrastá-la pra longe da amiga, que gritou:

— É ISSO AÍ! AGARRA O BOFE AMIGAAA! PARTE PRA CIMA! UHUUUUUUL!

— Sua amiga nos apoia. – falei pra Cammy.

— Minha amiga está bêbada.

— Bom... – sorri. – Dizem que bêbados sempre falam a verdade.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Como foi passar o dia com o titio Sol?
AVISO IMPORTANTE: eu e a Carol não acompanhamos o BBB 100%. Na verdade eu, Janis, nunca assisti nem um episódio. Nossas fontes foram a internet e a alguns familiares e amigos que assistem. E nós não nos posicionamos, então não fiquem ofendidos. Beijos e até o próximo!



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