A Seleção de Apolo escrita por CarolFonseca


Capítulo 17
Quando minha própria cara conspira contra mim


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!
Como cêis tão? Cêis tão bem? Então tá tudo bem! E quem quase caiu pra trás quando recebeu a notificação de capítulo novo em ASDA? Erga a mão e grite "EEEUUUU!!!".
Agora sério, como um pedido de desculpa por toda a demora, esse capítulo tem 3877 palavras. É o maior capítulo que já escrevemos pra essa fic! E nós juramos de dedinho que agora tudo vai se ajeitar e que não vamos demorar mais. Vocês perdoam a gente? Espero que sim. Beijocas e boa leitura! :)
— Janis.



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Acordei de cara emburrada no dia seguinte. O porquê? Francis e Flora quase me mataram ao perceber meus olhares de desejo encima da minha mais confortável – e velha – calça jeans. Acabou que eu tive que usar um vestido, mas depois de muito implorar – e ameaça-las de morte, diga-se de passagem – elas finalmente me deixaram escolher um modelo: o mais simples e confortável de todos. Pra falar a verdade, o vestido mais parecia um moletom, tendo magas compridas (o motivo de eu tanto amá-lo) e um caimento que acabava em minhas coxas, sem marcar muito. Como não queria usar salto, coloquei uma rasteirinha prata e saí do quarto tentando fazer o mínimo de barulho, aproveitando que Francis e Flora estavam fazendo sei-lá-o-quê. Já no corredor, comecei a me encaminhar rumo ao refeitório, faminta, enquanto pensava em como enganar Afrodite e comer o máximo de comida que eu realmente quisesse, de preferência alguma coisa muito calórica. Só de imaginar uma panela completamente cheia de brigadeiro... Hum... Me deu até água na boca.

— Você tá babando?

— O que? – coloquei rapidamente minha mão perto do canto da boca, constatando que sim, realmente havia uma pequena baba lá. Tratei de limpá-la discretamente com a manga do vestido. – Eu? Babando? Pfffff! Por favor! Eu só estava... Hm... É... Como que eu posso dizer? Eu estava só...

— Babando. – Foi a vez Margot fazer chacota.

— Ela não estava babando! – Emy me defendeu, fazendo Margot e Willow a olharem com sobrancelhas arqueadas. – Quer dizer, ela estava babando, mas também estava distraindo vocês com essa lábia digna de Afrodite pra roubar o seu docinho Margot, então... – Ela voltou seu olhar pra mim, apoiando o cotovelo em cima da mesa e abrindo sua mão com a palma pra cima. – devolve.

Revirei os olhos, sabendo que aquilo era praticamente uma causa perdida, e coloquei em sua mão o beijinho que eu havia pegado emprestado sem pedir de Margot. Ela rapidamente o devolveu para o prato da mesma.

— Eu te odeio. – sentenciei, depois de bufar alto.

Ela sorriu.

— Eu também te amo.

Revirei os olhos, me afundando mais ainda na cadeira acolchoada e dando uma descontente mordida em uma maçã.

— Muito bem. – Emy fez gracinha, como se estivesse falando com um animal domesticado, enquanto dava uma generosa mordida no seu próprio docinho. Bela amiga que eu fui arranjar! – Continue assim.

Só de pirraça, praticamente me deitei no assento, colocando as pernas em cima da mesa, praticamente ao lado do meu prato, exibindo minhas recém unhas feitas.

Willow franziu o cenho, olhando de mim para o docinho. – Eu perdi alguma coisa...?

— Não. E Cammy, tire já este pé da mesa, a menos que queira ficar sem ele! – Emy disse rapidamente, desviando o assunto.

Dei um sorriso divertido.

— Me. Obrigue.

Ela deu de ombros.

— Foi você quem pediu. – Ela se virou para Margot. – Margot, você não acha que ontem rolou um clima entre a Cammy e o Apolo? Quer dizer, o que foi aquela discussão...

Escancarei a boca, dividida entre ficar com raiva da minha melhor amiga ou começar a rir pela sua esperteza. De qualquer jeito, tirei os pés da mesa.

Margot, por outro lado, só deu de ombros.

— Não me metam nessa briga de vocês. Estou muito feliz só vendo o circo pegar fogo. – Levantou as mãos em sinal de paz, pra logo depois mordiscar o seu docinho.

Poxa! Isso é um complô?

— Ok Emy, já entendi o recado, ok? Agora será que podemos...

— Voltar a falar que você está com toda razão, Emy? Quer dizer, me dê outro motivo para a Cammy chegar aqui e começar a babar imaginando você sabe o quê... – Willow trocou um olhar malicioso com Emily. Margot se remexeu na cadeira.  – Ou no caso, você sabe quem.

Bati as mãos na mesa, inexplicavelmente começando a ficar irritada.

— Primeiro: não estamos em Harry Potter para ficarmos falando sobre Você-Sabe-Quem. Segundo: Nem morta minha preciosa cabecinha pensaria em coisas tão... Apolísticas de se pensar, e terceiro: eu não sei nem porque estou me explicando pra vocês. Sério. Porque eu estou me explicando pra vocês?

— Porque somos suas amigas. E Cammy, sua tentativa de fugir desse assunto seria um sucesso... Se você não tivesse esquecido – fez aspas com o dedo – de falar sobre o clima entre você e o Apolito.

— Pela milésima vez, Emy, - me pronunciei. – não rolou clima nenhum. Eu apenas tive um ATP por causa daquele id...

— ADP? – Margot franziu as sobrancelhas, trocando um olhar confuso com a Willow.

— Ataque de Pelancas. – traduzi. – E só pra deixar claro, antes que vocês comecem a falar merda: não foi por causa do traste do Apolo que eu tive o ADP. Foi por causa daquelas selecionadas desprovidas de cérebro! – Nossa, pareci até a Annabeth agora. – Quer dizer, quem vem pra Seleção de um cara e não sabem que ele é bissexual?

Emily rapidamente desviou o olhar, um pigmento vermelho logo tomando conta de sua face. Zeus! Ela não sabia? Por um momento, quase senti vergonha por ser sua – melhor— amiga. Foi quando Dionne chegou, me salvando da minha recém-autoflagelação.

— E aí? – ela exibiu um pequeno sorriso, enquanto nos cumprimentava com o queixo e arrastava uma cadeira para o lado de Willow, fazendo um barulho infernal. – Do que as garotas tanto falam? – se inclinou sobre a mesa, roubando um mousse de Emy.

Viu? É disso que eu estou falando!

— Sobre o fato das outras selecionadas não saberem da preciosa opção sexual do seu objeto de desejo. – Willow contou calmamente. Margot concordou.

— A Cammy ainda está um pouco irritada com isso. Mas se vocês realmente querem minha opinião...

— E não queremos... – Willow brincou.

— Não estou realmente nem um pouco surpresa. – Margot deu de ombros, quando viu a nossa cara meio interrogativa. – O que foi? Não dá pra esperar muito da maioria dessas garotas. – E apontou para um grupinho pequeno de garotas, onde de segundo em segundo alguma delas soltavam um gritinho um tanto quanto histérico.

Eu ri.

Então, daquele jeito tranquilo de “lãs não são importantes o suficiente para terem a minha atenção por muito tempo”, Margot pegou uma de suas tiras de bacon e levou a boca, o que me fez sentir uma súbita vontade de pular em cima dela e roubar aquele precioso alimento de suas mãos antes que...

— Cammy, Cammy! – Emily gritou do meu lado. – Você está assustando as meninas com esse olhar esfomeado. Até parece que você passa fome! – Falou risonha.

— Não está muito longe disso. – Acabei soltando.

— Você quer um pouco de bacon? – Ela se virou, indo em direção ao Buffet, mas logo voltando. – Os de lá já acabaram, mas... – me estendeu seu prato, com um olhar solidário. – Eu tenho. Tome, pode pegar!

Sorri, como quem pede desculpas, e agradeci, porém recusei. Ela me olhou sem entender, mas logo deu de ombros e introduziu um assunto qualquer à mesa. E eu, infeliz, comi a minha maçã, subitamente sentindo um frio na espinha e a sensação de estar sendo observada. Olhei para trás, discretamente, podendo ver Apolo com o rosto apoiado em mãos, me olhando descaradamente. Quando percebeu que eu o estava encarando, abriu um sorriso presunçoso e levemente abobalhado, piscando um de seus olhos para mim. Fechei a cara, irritada, pronta para sair da mesa e praticamente marchar em direção ao meu quarto, quando Afrodite deu a louca e entrou correndo no refeitório, seus saltos fazendo um incessante “ploc” “ploc”. Mais atrás, em toda a sua calma e glória, Atena a seguia.

— SELECIONADAS! – Dite meio berrou, meio deu um gritinho histérico. – ATENÇÃO! FOCUS ON ME! FOCO EM MIM! – Bateu três palminhas. Imediatamente a luz do refeitório escureceu, e uma luz muito forte – muito forte mesmo— apareceu em cima dela. Franzi o cenho, tentando entender que porcaria era aquela. – Eu tenho novidade pra vocês! Hoje, vocês terão nosso primeiro... – um sorriso sinistro se estendeu pelo seu rosto, e ela não conteve um novo gritinho histérico – baile! – Algumas selecionadas a acompanharam no grito. Loucas. – Eu sei! Não é demais?!

— Afrodite... – Atena alertou.

— Oh sim, e não é só isso! Esse não é um baile qualquer, é um baile temático! E como tudo o que produzo, ele obviamente não poderia ter apenas uma proposta, não é? É por isso, que, é com grande satisfação, anuncio a vocês que o nosso baile será a fantasia – piscou pra mim – nos anos 80!

Certo. Agora eu que tive que controlar o gritinho histérico. Os anos 80 eram simplesmente incríveis! A música, o estilo, as roupas... até as expressões das pessoas! Mas também franzi o cenho. Afrodite não faria aquilo só pra me agradar... ou faria? E pior... e se tivesse dedo de mais alguém nisso?

Olhei para a mesa dos deuses, mas Apolo encarava Afrodite com o rosto sério. No entanto, tive uma leve impressão que ele olhou para mim quando desviei meu olhar. Porém, provavelmente foi coisa da minha cabeça. Além do mais, eu tinha mais com o que me preocupar.

Afinal, minha mãe sabia que eu simplesmente amava esse tema. Provavelmente só estava fazendo aquilo pensando que eu iria querer me destacar.

E eu iria. Se, e eu disse se, a intenção de Afrodite não fosse exatamente essa.

Emily colocou sua mão em meu ombro.

— Você tá bem?

— Hã? Ah sim, - abri um sorriso matreiro, enquanto meu olhar repousava em minha mãe, que me encarava um tanto desconfiada, provavelmente pelo meu sorriso. -  Estou simplesmente fantástica.

E eu estava.

Pelo menos, até uma garota soltar um grito de puro pavor. Rapidamente (e obviamente) todos os olhares caíram em cima dela.

— Espera aí... Você disse hoje?

E tudo virou um caos. As selecionadas começaram a atropelar as falas umas das outras, a sentir falta de ar, e uma até começou a correr pelo salão enquanto gritava algo que eu – nem ninguém – entendeu.

Revirei os olhos ao mesmo tempo em que Atena, o que a fez abrir um imperceptível sorriso.

— Acalmem-se – a deusa começou levemente entediada. – suas ninfas foram informadas desse baile alguns dias atrás, e já devem ter no mínimo três esboços de fantasias prontas de acordo com a personalidade de cada uma de vocês. E sobre a decoração, bom, elas trabalharam comigo nisso. – A Deusa da Beleza arranhou a garganta. Atena lhe mandou um olhar de dar medo em qualquer um. – Quero dizer, eu trabalhei na decoração enquanto Afrodite ficou com a iluminação.

— E – acrescentou Afrodite, com um sorriso empolgado nos lábios. – Por este ser o primeiro baile d’A Seleção, vocês vão ganhar um presente único: o dom de Afrodite.

Arquejos foram ouvidos em todo salão, e logo conspirações do que este dom poderia ser começaram a ser formadas. Já eu, por outro lado, roubei uma fatia de bacon de Dionne, não dando a mínima para esse dom.

Uma fatia não iria fazer mal, certo?

— Porém, - Afrodite ergueu os braços, em uma tentativa falha de fazer um pouco de drama. – Tem mais uma coisa! No fim da festa... haverá uma eliminação!

Novamente uma onda de arquejos foi ouvida pelo salão, para logo depois murmúrios descontentes e alguns chorosos tomarem o seu lugar. Eu apenas fiquei calada, enquanto formava de modo discreto um plano em minha mente. Porém, não fui tão discreta assim.

— Eu sei o que você está planejando. – Emy me disse mais tarde, quando nos sentamos em um dos inúmeros sofás no Salão das Deusas.

— Eu estou planejando algo? – Franzi as sobrancelhas, fazendo-me de desentendida.

— Por favor, não de uma de burra pra cima de mim, Camille Rousseau. Eu. Te. Conheço!

Revirei os olhos e suspirei.

— Você deveria estar me apoiando! Se eu consegui ser eliminada hoje, posso voltar pra minha vida antiga, destrancar a faculdade e dar adeus para Apolo e suas canalhices!

Ela me lançou um olhar melancólico.

— Por favor, Cammy. Não faz isso... você vai acabar se arrependendo! O Apolo não é esse monstro que você criou!

Revirei os olhos.

— E também não é esse deus legal que você tanto pensa. – Decretei já de pé. – Vou pro meu quarto. Até o baile, Emy.

Caminhei em direção a porta enquanto sentia seu olhar de pena e preocupação queimando minhas costas, o que só me deixou ainda mais irritada. Ignorei Flora e Francis, que me esperavam no meio do quarto e fui direto para o banheiro, vendo minhas bochechas vermelhas de raiva pelo espelho. Fiz minha aplicação rapidamente e joguei um pouco de água no rosto, tentando me acalmar um pouco. Deu certo.

Quando voltei ao quarto, as duas ninfas que já me esperavam estavam cochichando conspirativamente. Franzi a testa, logo arranhando minha garganta para anunciar minha presença no quarto.

— Senh... Cammy! – Francis chamou. – Estamos com as suas fantasias. Porque não se senta para escolhê-las? – Me estendeu cinco folhas de papel.

Pra que tanta roupa?

— Valeu Fran, mas acho que vou fazer dois buracos em um lençol e me cobrir com ele. – E me joguei na cama.

Virei minha cabeça para o lado, vendo elas se entreolharem, sem entender se eu estava falando sério ou não.

— Hum.... Acho que eu entendi. – Flora falou após uns dois minutos. – Você não quer nada exagerado, né?

— Isso aí. Na verdade, eu quero a fantasia mais simples e horrorosa que você tiver. Uma que, quando Apolo me veja, queira sair correndo do Salão do Baile até o Tártaro. – Abri um sorriso, apoiando meus ombros na cama. – Entenderam?

Elas engoliram em seco.

— Bom... Receio que não podemos fazer isso, a não ser que queira que sejamos demitidas, mas... – ela amassou três das cinco folhas, fazendo bolinhas de papel com elas e logo as acertando no lixo. – Ainda sobram essas duas. – E me passou as folhas que sobraram.

A primeira era uma fantasia de mímico. Blusa preta e branca, calça preta com suspensórios, e muito pó de arroz branco na cara. Eu até escolheria ela, mas... A segunda prendeu totalmente a minha atenção. Era um simples macacão estampado com os ossos do corpo humano e ramos com flores os decorando, e na maquiagem, uma linda caveira mexicana toda colorida.

— Bom... – dei um sorriso, mostrando a segunda folha pra elas. – Não é exatamente horroroso, mas é simples e eu gostei. Obrigada. – Abracei as duas, o que as deixaram bastante constrangidas. – Podemos começar?

Logo elas me enxotaram para o banho, e quando eu voltei para o quarto, as duas praticamente me arrastaram para a cadeira em frente a minha penteadeira. Elas sorriram, nervosas, e logo começaram a me arrumar. Como eu já tinha feito minhas unhas ontem – acredite, eu estava muito entediada -, Flora começou a me maquiar e Francis a arrumar meu cabelo. Sem nada pra fazer, me encostei ainda mais na cadeira e relaxei, fechando os olhos.

Só fui perceber que tinha algo errado quando outra ninfa bateu na porta. Ela colocou minha fantasia na cama, se curvou em minha direção e saiu, provavelmente para entregar a fantasia das outras selecionadas.

— Meninas, esperem. – Pedi. – Tem algo muito errado acontecendo aqui.

Me encarei no espelho, começando a me analisar. Pelo canto do olho, pude ver Francis e Flora um pouco nervosas, provavelmente pensando que eu iria falar mal do trabalho delas. Por isso, rapidamente as lancei um olhar tranquilizante.

Meu rosto estava quase acabando de ser maquiado. Meus olhos já estavam maquiados como o miolo de uma flor e, na minha testa, já havia uma pequena teia de aranha. Minha boca já estava costurada, e, pelo que eu pude observar, faltava pouco para a make ficar pronta. Confesso, achei meio estranha a maquiagem, pois ela era meio pastosa e sua cor parecia ser mais “vibrante” que as normais, mas não dei muita bola, afinal, eu não entendia de maquiagem mesmo. Mas quando voltei para analisar a escova pra fora que Francis fazia em meu cabelo...

— Ah. Meus. Deuses. – Arregalei os olhos, passando as mãos pelo cabelo. Um cabelo que não deveria estar onde estava. – De onde veio isso?

Flora deu uma risada. Eu arregalei os olhos.

— É a benção de Afrodite.

Arregalei ainda mais os olhos, enquanto dava uma segunda conferida no espelho. Meu cabelo estava escovado, partido em dois lados... e tinha cabelos castanhos preenchendo toda a minha cabeça! Meu cabelo deveria estar rasado em um dos lados!

— Eu vou matar aquela vagabunda que não teme a própria imortalidade. AFRODITEEEEE!

— Ela pode demorar um pouco para te atender. – Francos avisou. – Lady Afrodite anda muito ocupada dando assistência a todas as selecionadas.

— Mais que merda!

Grunhi e me dei o direito de xingar Afrodite por mais algum tempo. Ah, mais ela ia ver só! Ô se ia...

Enquanto eu pensava em mais um milhão de jeitos de matar a minha tão adorada – só que não – mãe, as meninas acabaram de fazer a minha make e o meu cabelo. Também me ajudaram a me vestir – mesmo eu falando mil vezes que não precisava. Fala sério, aquilo era um macacão! – e a calçar a minha simples bota preta de salto. Alguns minutos depois, eu já estava pronta, passando pela porta de meu quarto indo em direção da festa.

Uau.

A decoração estava simplesmente incrível, digna de Atena, assim como o resto do salão. Porém, não me prendi aos detalhes e logo que achei minhas amigas, fui em direção a elas. Willow, Dionne, Margot e Emily dançavam juntas ao som de nada mais nada menos que Queen. Pode-se dizer que eu realmente me surpreendi por eles estarem tocando mesmo músicas dos anos 80...

— CAMMY! – Emmy gritou por causa da música. – VOCÊ ESTÁ DE... HÃ... VOCÊ ESTÁ DE QUE?

— UMA CAVEIRA. – Gritei por cima da música, enquanto aceitava o copo que Dionne me entregava. Dei um gole. Vodca. – EU SOU UMA CAVEIRA!

— AH...

Percebi que não era só ela que me olhava meio decepcionada. Aliás, Emmy estava fantasiada de Mulher Gavião. Dionne era Alice versão Tim Burton, só que com um machado todo ensanguentado enfiado nas costas, Willow estava fantasia da Harley Quinn (o que eu amei, diga-se de passagem) e Margot era... demorei alguns minutos para entender, mas ela estava fantasiada de Elizabeth Bennet. Não a Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito, mas sim a Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito e Zumbis. As facas escondidas em suas meias 7/8 só confirmavam isso.

— HUM... – fiz, impressionada. – ADOREI A FANTASIA DE VOCÊS. PRINCIPALMENTE SUAS FACAS MARGOT. PARECEM MUITO REAIS.

Ela deu de ombros.

— É PORQUE SÃO.

E continuou a dançar. Fiquei chocada.

— É, eu sei. – Willow falou em meu ouvido. – Parece estranho mais logo você se acostuma. Afinal, mesmo Margot sendo doce ela continua sendo uma filha de Marte. – Ela logo se virou para a mesma, que nos olhava de testa franzida e começou a se explicar. Estranho. – Estava falando sobre suas facas. Vêm. – A puxou pela mão. – VAMOS PEGAR MAIS BEBIDAS. – Gritou para nós. E saíram.

As meninas logo vieram dançar comigo, falando que também haviam adorado minha fantasia, mas não pareciam tão sinceras assim. Exceto por Dionne, que realmente pareceu ter a apreciado.

Eu e as meninas já havíamos engatado em uma dancinha muito estranha – e engraçada – quando alguém esbarrou em mim. Já estava pronto pra xingar o filho da puta quando dei de cara com Apolo. Ele, por outro lado, não pareceu realmente me ver e soltou um rápido pedido de desculpas, enquanto voltava a ir para não sei aonde.

— Que estranho... – soltei, parando de dançar. – Vocês viram a cara dele?

— Ele parece irritado...

— E magoado. – Emmy completou a frase de Dionne. – O que será que aconteceu?

— Dever ser a pressão de ter que eliminar uma selecionada no final do baile.

— É... – Concordei. – Deve ser isso.

Como se pra tirar o clima pesado que havia se instalado ali, começou a tocar We Will Rock You.

— EU AMO ESSA MÚSICA! – Dionne gritou. – Vem, vamos dançar! – E nos arrastou mais ainda para o meio da pista que haviam construído.

Alguns minutos depois Margot e Willow voltaram trazendo uma nova rodada de bebidas para todas e, enquanto eu a bebia, comecei a olhar ao redor. Tinha no mínimo umas dez Harley Quinn’s ali, sem brincadeira nenhuma (mesmo a da Willow sendo a melhor). A única diferença entre elas eram as roupas. Algumas usavam as versões mais antigas, algumas as mais novas, outras encurtaram a fantasia que usavam e por assim ia. O resto se preocupava em usar fantasia de Coelhinha da Playboy, ou qualquer coisa que fossa tão sexy ou revelador quanto.

As horas estavam passando. Eu e Dionne nos divertimos e riamos muito (mesmo não estando bêbadas – bom, pelo menos eu não estava), enquanto cantávamos e dançávamos ao som de I Can Get Now, dos Rolling Stone. Willow, Emmy e Margot já tinham ido se sentar a algum tempo, falando algo sobre descansar os pés (sinceramente, eu nem sentia os meus) e as outras selecionadas logo começaram a sair da pista de dança, parecendo não saber muito como dançar aquele tipo de música. Havia gelo seco no chão, e eu até tinha me esquecido do infeliz do Apolo quando as luzes começaram a piscar, mas voltaram ao normal segundos depois. Continuei a dançar, com Dionne chegando bem próxima aos meus ouvidos.

— CAMMY! – Gritou. – VOCÊ TÁ BRILHANDO!

— O QUÊ?

— VOCÊ TA BRILHANDO! PORQUE NÃO CONTOU PRAS MENINAS QUE A SUA MAQUIAGEM ERA NEON? CARA, EU DEVERIA TER PENSADO EM FAZER ALGO ASSIM! TÁ SIMPLESMENTE DEMAIS!

— O... O QUÊ?

— TÁ TODO MUNDO TE OLHANDO! UHUUUUUUUUUUUUUUUUL!

Foi aí que eu entendi. A insistência de Afrodite para ser um baile dos anos 80. O nervosismo das minhas ninfas quando notaram que eu as fitava pelo espelho. Minha mãe querer ressaltar sua ajuda na iluminação do baile e o motivo para ela não ter aparecido quando eu a xinguei de tudo o que era nome. Ah Afrodite, você vai me PAGAR!

— IH MENINA! O BOY TÁ VINDO!

— PERA... O QUÊ?

— O GOSTOSÃO DO APOLO! ELE...

— Estou bem aqui. – Pelo seu sorriso malicioso, ele já havia se recuperado do que aconteceu mais cedo. E de quebra, ouviu o que a bocuda da minha amiga havia dito. Suspirei. Era só o que me faltava. – Olá meninas. Como estão?

— Estamos bem. Hã... – franziu as sobrancelhas - Porque você não está fantasiado?

Apolo, se possível, alargou ainda mais o seu sorriso.

— Eu estou fantasiado. E com a melhor fantasia de todas!

Dionne franziu ainda mais a testa.

Eu revirei os olhos.

— Ele está fantasiado de si mesmo. – Expliquei.

— Ah...

— Céus, - ele apontou pra mim – essa garota me ama! – Voltando-se completamente para mim e se aproximando ao mesmo tempo em que passava um braço ao redor da minha cintura, ele perguntou:

— Vamos dançar?

— É... Deixa eu pensar... – coloquei uma mão abaixo do queixo, para logo depois empurrar o seu peito másculo – e bota másculo nisso. – Não.

Mas eu já estava sendo empurrada para longe de Dionne.

— É ISSO AÍ! AGARRA O BOFE AMIGAAAA! PARTE PRA CIMA! UHUUUUUUUUUL!

— Sua amiga nos apoia.

— Minha amiga está bêbada.

— Bom... – me lançou um sorriso extremamente sedutor. – Dizem que bêbados sempre falam a verdade.


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Notas finais do capítulo

A Carol pediu pra eu perguntar o que vocês acham que deixou o Apolito daquele jeito magoado e irritado ao mesmo tempo, quando esbarrou na Cammy. Digam nos comentários! Beijos, e até o próximo!