O presente de Peeta para Prim escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark
Por Peeta
Caminho na direção de Prim, mas ela parece não notar minha aproximação.
— Por que está chorando, pequena? Posso ajudar? – indago e ela se sobressalta. — Desculpa, não queria assustar você.
Prim enxuga as lágrimas de sua face e se levanta apressada, olhando para todos os lados, como se estivesse preocupada com minha presença e com o fato de estar sozinha.
— Não precisa se desculpar. Não foi nada. – Ela pega a corda na qual está amarrada uma pequena cabra, que estava pastando naquele campo desmazelado. — Só estou preocupada com a Colheita.
— Você não tem que ir embora por minha causa. Afinal, eu sou o intruso aqui.
Ela não fala nada, mas também não faz menção de sair do lugar. Então, estendo minha mão a ela.
— Muito prazer. Eu sou o Peeta, filho do padeiro.
Ela aperta minha mão timidamente.
— Meu nome é Primrose, mas pode me chamar de Prim.
— É a primeira vez que seu nome estará na Colheita, não é?
— Sim. E estou com o pressentimento de que serei eu a sorteada – balbucia, ainda fungando um pouco.
— Sei que isso não vai confortar você, mas estou sentindo a mesma coisa. Por isso, eu compreendo sua preocupação… Você teve que se inscrever para receber a Téssera, Prim?
— Não. Minha irmã nunca permitiria. Katniss pega todas as Tésseras em seu nome e, por isso, eu temo por ela também… na Colheita.
— Sua irmã ama muito você. Aliás, vocês duas se amam muito, dá pra perceber. Hoje eu as vi lá na padaria e não consigo apagar da minha mente o carinho que vocês demonstram uma pela outra.
Prim fica corada e assente com a cabeça.
— Eu vi você do outro lado da vitrine também. Sempre peço pra minha irmã me levar até lá para ver os bolos decorados. Fomos hoje, pra eu me distrair um pouco.
— E deu certo?
— Ah, os bolos são lindos, todas as vezes que Katniss me leva, fico encantada! – Seu sorriso se ilumina, porém por pouco tempo. — Mas agora estou preocupada com ela, pois, como fomos à cidade de manhã, ela só conseguiu ir para a floresta agora à tarde.
Primrose leva a mão à boca, fazendo uma expressão preocupada, como se houvesse lembrado que atravessar a cerca para ir à floresta e caçar são atividades ilegais no Distrito 12.
— Não se apavore. Eu sei quem é a sua irmã e imagino que ela esteja caçando, como sempre faz. Meu pai costuma negociar com ela. E posso contar um segredo? Nunca passaria pela minha cabeça denunciá-la – confesso e isso parece tranquilizar Prim.
— Você conhece a Katniss? Ela é da sua turma da escola, não é?
— Sim. Mas nós nunca nos falamos. O jeito dela é um pouco intimidador – falo num tom de brincadeira, fingindo tremer de medo.
— Ela não vai gostar de saber disso. – Prim sorri.
— Não conte a ela o que eu falei, por favor! – Eu me desespero.
— Não se preocupe, não vou contar.
— Na verdade, eu a admiro muito. Eu fico mais admirado com a Katniss do que intimidado por ela. Está melhor assim?
— Bem melhor! – diverte-se ela.
— Mas vou insistir pra você não dizer nada – imploro.
— Esse já é o nosso segundo segredo! – Prim sussurra pra mim.
— Acho que, até o final do nosso papo, você terá arrancado de mim uma porção deles – admito, com um sorriso.
— Já que é assim… Quero saber uma coisa. O que você está fazendo aqui na Campina?
— Eu vim colher algumas flores, pois preciso decorar muitos bolos inspirados nelas.
— É você quem faz aqueles desenhos tão bonitos?
— Obrigado pelo elogio e… Sim, todos os confeitos dos bolos são de minha responsabilidade. Só às vezes o meu pai me ajuda – falo baixinho. — E adivinha? Esse é mais um dos meus segredos…
— Você vai colocar os bolos na vitrine? Quando ficarão prontos? Posso ver?
— Sim, sim! Será uma honra receber você na padaria. Amanhã à tarde já devo ter preparado alguns.
Prim bate palmas animada.
— Que bom ver esse sorriso de volta, Prim! Você me ajuda a colher as flores?
— Claro! – aceita ela, já recolhendo algumas com suas mãos ágeis.
— Qual você prefere? Prímulas ou dentes-de-leão? – questiono.
— Essa é uma escolha difícil… As duas têm um significado importante pra mim.
— Você pode me dizer o porquê?
— As prímulas simbolizam a minha vida, pois é por causa delas que me chamo Primrose. – Ela colhe uma prímula e me entrega em seguida. — Foi escolha do meu pai.
— Realmente, as prímulas combinam com você. São pequenas, belas e delicadas.
— Assim como as plantas chamadas katniss combinam com a minha irmã. Você sabia que as folhas têm o formato de pontas de flechas? E que podemos nos alimentar com suas raízes?
— Interessante… E as flores são lindas também, estou certo?
— Certíssimo! É pena que não tenha nenhuma florescendo aqui por perto – constata ela, olhando ao nosso redor.
— E quanto aos dentes-de-leão? – Aponto para alguns e pego uma das flores próximas a mim, a qual já está branquinha, naquela fase em que, quando é assoprada, desfaz-se com facilidade. — Gostaria de saber o significado deles pra você – peço e sopro as sementinhas, que voam pelo ar num movimento suave.
— Esperança! – Prim responde com convicção e, depois que lanço um olhar curioso para ela, explica-se: — Quando meu pai faleceu, minha família passou por dificuldades. Mas, desde a tarde em que Katniss avistou o primeiro dente-de-leão na primavera daquele ano, e se lembrou de tudo o que ele havia ensinado sobre como conseguir alimentos na natureza, nós nunca mais passamos fome. Isso aconteceu no dia seguinte a uma tarde chuvosa, em que estávamos sem comer há muito tempo e minha irmã chegou em casa com dois pães um pouco queimados, mas ainda quentinhos e deliciosos.
Não esperava ouvir esse relato tocante sobre aquele fim de tarde que até hoje me traz tanto arrependimento. Minha voz, embargada de emoção, quase não sai, porém preciso perguntar:
— Você sabe como sua irmã conseguiu esses dois pães?
— Não sei ao certo. Mas, naquele dia, ela levou algumas roupinhas de quando eu era bebê para vender no mercado. Imagino que ela tenha comprado com o dinheiro que recebeu – responde Prim naturalmente, sem parecer estranhar uma pergunta tão invasiva quanto a que acabei de fazer.
Fico aliviado por ela desconhecer o que, de fato, aconteceu, e por Katniss tê-la poupado de saber que eu estava atirando aqueles pães ao porco, sob as ordens da minha mãe, e sequer tive a decência de olhar na direção dela e entregá-los em suas mãos de forma digna.
Lágrimas teimam em cair de meus olhos e, quando levo minha mão ao meu rosto para enxugá-las, Prim toca em meu braço.
— Você está queimado aqui… O ferimento parece recente. Vamos até minha casa, pois lá eu tenho uma ótima loção para queimaduras feita por minha mãe.
— Não quero incomodar, Prim. E, além disso, não estou com dinheiro aqui comigo…
— Não era minha intenção cobrar nada, Peeta. E minha casa é bem pertinho daqui, só temos que passar uns poucos portões para chegar.
Primrose nem espera minha concordância e já se encaminha para a estrada de chão que leva à sua casa, carregando consigo a sua cabra. Pego, então, o triciclo, porém não subo logo nele. Antes, posiciono as duas na carroceria à frente, onde há espaço suficiente para ambas, e só então começo a pedalar.
— Sua mãe está em casa, Prim?
— Não. Ela foi auxiliar um parto e deve demorar. Em geral, eu a ajudo nessas horas, mas como estava muito chorosa, ela disse que eu não seria de muita utilidade hoje…
No restante do caminho, Prim brinca com a cabra, desviando das investidas do animal, que tenta comer o buquê de flores que ela havia colhido. Não muito longe, ela indica:
— Pode parar aqui. Esta é a minha casa.
Quando começo a retirar Prim e a cabra da carroceria, ouço sons vindo de dentro da residência, como se alguém houvesse derrubado uma panela ou algo assim. Sinto um frio na barriga.
Prim me entrega o buquê de flores e exclama:
— Minha irmã já deve estar em casa, Peeta! Ela deve ter vindo pelo outro lado da cerca. Espere aqui fora, por favor, preciso avisar que temos visita! – solicita Prim, enquanto deixa a cabra no pequeno quintal.
— Tudo bem – assinto num fio de voz e vejo a menina sumir porta adentro.
— Katniss, é você? – escuto a voz de Prim. — Temos visita! Alguém que adorei conhecer.
Estou tremendo da cabeça aos pés e devo estar vermelho como um tomate.
O que eu vim fazer aqui? O que Katniss vai pensar de mim quando me vir na porta de sua casa, com um buquê nas mãos? Cadê toda a minha coragem e determinação de algumas horas antes? O que vou dizer a ela?
Não consigo nem pensar direito, quanto mais falar alguma coisa que preste.
No entanto, agora já é tarde demais para eu voltar atrás. A porta está se abrindo novamente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Olá, pessoal! E o sábado mais comprido da história das fanfictions não acabou! Faltam alguns acontecimentos ainda.
Quando comecei a escrever, não havia pensado nesse encontro entre Peeta e Prim na Campina, mas depois tive essa ideia e achei interessante incluí-la. Espero que concordem…
Beijos e obrigada por acompanharem!
Isabela