O presente de Peeta para Prim escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 6
Na Campina




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696648/chapter/6

 

Por Peeta 

Caminho na direção de Prim, mas ela parece não notar minha aproximação.

— Por que está chorando, pequena? Posso ajudar? – indago e ela se sobressalta. — Desculpa, não queria assustar você.

Prim enxuga as lágrimas de sua face e se levanta apressada, olhando para todos os lados, como se estivesse preocupada com minha presença e com o fato de estar sozinha.

— Não precisa se desculpar. Não foi nada. – Ela pega a corda na qual está amarrada uma pequena cabra, que estava pastando naquele campo desmazelado. — Só estou preocupada com a Colheita.

— Você não tem que ir embora por minha causa. Afinal, eu sou o intruso aqui.

Ela não fala nada, mas também não faz menção de sair do lugar. Então, estendo minha mão a ela.

— Muito prazer. Eu sou o Peeta, filho do padeiro.

Ela aperta minha mão timidamente.

— Meu nome é Primrose, mas pode me chamar de Prim.

— É a primeira vez que seu nome estará na Colheita, não é?

— Sim. E estou com o pressentimento de que serei eu a sorteada – balbucia, ainda fungando um pouco.

— Sei que isso não vai confortar você, mas estou sentindo a mesma coisa. Por isso, eu compreendo sua preocupação… Você teve que se inscrever para receber a Téssera, Prim?

— Não. Minha irmã nunca permitiria. Katniss pega todas as Tésseras em seu nome e, por isso, eu temo por ela também… na Colheita.

— Sua irmã ama muito você. Aliás, vocês duas se amam muito, dá pra perceber. Hoje eu as vi lá na padaria e não consigo apagar da minha mente o carinho que vocês demonstram uma pela outra.

Prim fica corada e assente com a cabeça.

— Eu vi você do outro lado da vitrine também. Sempre peço pra minha irmã me levar até lá para ver os bolos decorados. Fomos hoje, pra eu me distrair um pouco.

— E deu certo?

— Ah, os bolos são lindos, todas as vezes que Katniss me leva, fico encantada! – Seu sorriso se ilumina, porém por pouco tempo. — Mas agora estou preocupada com ela, pois, como fomos à cidade de manhã, ela só conseguiu ir para a floresta agora à tarde.

Primrose leva a mão à boca, fazendo uma expressão preocupada, como se houvesse lembrado que atravessar a cerca para ir à floresta e caçar são atividades ilegais no Distrito 12.

— Não se apavore. Eu sei quem é a sua irmã e imagino que ela esteja caçando, como sempre faz. Meu pai costuma negociar com ela. E posso contar um segredo? Nunca passaria pela minha cabeça denunciá-la – confesso e isso parece tranquilizar Prim.

— Você conhece a Katniss? Ela é da sua turma da escola, não é?

— Sim. Mas nós nunca nos falamos. O jeito dela é um pouco intimidador – falo num tom de brincadeira, fingindo tremer de medo.

— Ela não vai gostar de saber disso. – Prim sorri.

— Não conte a ela o que eu falei, por favor! – Eu me desespero.

— Não se preocupe, não vou contar.

— Na verdade, eu a admiro muito. Eu fico mais admirado com a Katniss do que intimidado por ela. Está melhor assim?

— Bem melhor! – diverte-se ela.

— Mas vou insistir pra você não dizer nada – imploro.

— Esse já é o nosso segundo segredo! – Prim sussurra pra mim.

— Acho que, até o final do nosso papo, você terá arrancado de mim uma porção deles – admito, com um sorriso.

— Já que é assim… Quero saber uma coisa. O que você está fazendo aqui na Campina?

— Eu vim colher algumas flores, pois preciso decorar muitos bolos inspirados nelas.

— É você quem faz aqueles desenhos tão bonitos?

— Obrigado pelo elogio e… Sim, todos os confeitos dos bolos são de minha responsabilidade. Só às vezes o meu pai me ajuda – falo baixinho. — E adivinha? Esse é mais um dos meus segredos…

— Você vai colocar os bolos na vitrine? Quando ficarão prontos? Posso ver?

— Sim, sim! Será uma honra receber você na padaria. Amanhã à tarde já devo ter preparado alguns.

Prim bate palmas animada.

— Que bom ver esse sorriso de volta, Prim! Você me ajuda a colher as flores?

— Claro! – aceita ela, já recolhendo algumas com suas mãos ágeis.

— Qual você prefere? Prímulas ou dentes-de-leão? – questiono.

— Essa é uma escolha difícil… As duas têm um significado importante pra mim.

— Você pode me dizer o porquê?

— As prímulas simbolizam a minha vida, pois é por causa delas que me chamo Primrose. – Ela colhe uma prímula e me entrega em seguida. — Foi escolha do meu pai.

— Realmente, as prímulas combinam com você. São pequenas, belas e delicadas.

— Assim como as plantas chamadas katniss combinam com a minha irmã. Você sabia que as folhas têm o formato de pontas de flechas? E que podemos nos alimentar com suas raízes?

— Interessante… E as flores são lindas também, estou certo?

— Certíssimo! É pena que não tenha nenhuma florescendo aqui por perto – constata ela, olhando ao nosso redor.

— E quanto aos dentes-de-leão? – Aponto para alguns e pego uma das flores próximas a mim, a qual já está branquinha, naquela fase em que, quando é assoprada, desfaz-se com facilidade. — Gostaria de saber o significado deles pra você – peço e sopro as sementinhas, que voam pelo ar num movimento suave.

— Esperança! – Prim responde com convicção e, depois que lanço um olhar curioso para ela, explica-se: — Quando meu pai faleceu, minha família passou por dificuldades. Mas, desde a tarde em que Katniss avistou o primeiro dente-de-leão na primavera daquele ano, e se lembrou de tudo o que ele havia ensinado sobre como conseguir alimentos na natureza, nós nunca mais passamos fome. Isso aconteceu no dia seguinte a uma tarde chuvosa, em que estávamos sem comer há muito tempo e minha irmã chegou em casa com dois pães um pouco queimados, mas ainda quentinhos e deliciosos.

Não esperava ouvir esse relato tocante sobre aquele fim de tarde que até hoje me traz tanto arrependimento. Minha voz, embargada de emoção, quase não sai, porém preciso perguntar:

— Você sabe como sua irmã conseguiu esses dois pães?

— Não sei ao certo. Mas, naquele dia, ela levou algumas roupinhas de quando eu era bebê para vender no mercado. Imagino que ela tenha comprado com o dinheiro que recebeu – responde Prim naturalmente, sem parecer estranhar uma pergunta tão invasiva quanto a que acabei de fazer.

Fico aliviado por ela desconhecer o que, de fato, aconteceu, e por Katniss tê-la poupado de saber que eu estava atirando aqueles pães ao porco, sob as ordens da minha mãe, e sequer tive a decência de olhar na direção dela e entregá-los em suas mãos de forma digna.

Lágrimas teimam em cair de meus olhos e, quando levo minha mão ao meu rosto para enxugá-las, Prim toca em meu braço.

— Você está queimado aqui… O ferimento parece recente. Vamos até minha casa, pois lá eu tenho uma ótima loção para queimaduras feita por minha mãe.

— Não quero incomodar, Prim. E, além disso, não estou com dinheiro aqui comigo…

— Não era minha intenção cobrar nada, Peeta. E minha casa é bem pertinho daqui, só temos que passar uns poucos portões para chegar.

Primrose nem espera minha concordância e já se encaminha para a estrada de chão que leva à sua casa, carregando consigo a sua cabra. Pego, então, o triciclo, porém não subo logo nele. Antes, posiciono as duas na carroceria à frente, onde há espaço suficiente para ambas, e só então começo a pedalar.

— Sua mãe está em casa, Prim?

— Não. Ela foi auxiliar um parto e deve demorar. Em geral, eu a ajudo nessas horas, mas como estava muito chorosa, ela disse que eu não seria de muita utilidade hoje…

No restante do caminho, Prim brinca com a cabra, desviando das investidas do animal, que tenta comer o buquê de flores que ela havia colhido. Não muito longe, ela indica:

— Pode parar aqui. Esta é a minha casa.

Quando começo a retirar Prim e a cabra da carroceria, ouço sons vindo de dentro da residência, como se alguém houvesse derrubado uma panela ou algo assim. Sinto um frio na barriga.

Prim me entrega o buquê de flores e exclama:

— Minha irmã já deve estar em casa, Peeta! Ela deve ter vindo pelo outro lado da cerca. Espere aqui fora, por favor, preciso avisar que temos visita! – solicita Prim, enquanto deixa a cabra no pequeno quintal.

— Tudo bem – assinto num fio de voz e vejo a menina sumir porta adentro.

— Katniss, é você? – escuto a voz de Prim. — Temos visita! Alguém que adorei conhecer.

Estou tremendo da cabeça aos pés e devo estar vermelho como um tomate.

O que eu vim fazer aqui? O que Katniss vai pensar de mim quando me vir na porta de sua casa, com um buquê nas mãos? Cadê toda a minha coragem e determinação de algumas horas antes? O que vou dizer a ela?

Não consigo nem pensar direito, quanto mais falar alguma coisa que preste. 

No entanto, agora já é tarde demais para eu voltar atrás. A porta está se abrindo novamente.

¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, pessoal! E o sábado mais comprido da história das fanfictions não acabou! Faltam alguns acontecimentos ainda. 
Quando comecei a escrever,  não havia pensado nesse encontro entre Peeta e Prim na Campina, mas depois tive essa ideia e achei interessante incluí-la. Espero que concordem…
Beijos e obrigada por acompanharem!

Isabela



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O presente de Peeta para Prim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.