O presente de Peeta para Prim escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark
Por Peeta
Meu coração acelera após a revelação de Delly. Agora está explicado o motivo de ela ficar tão emotiva quando o tema da Colheita veio à tona e também quando mencionei uma provável despedida. Limpo o rastro de suas lágrimas com meus polegares, mas elas não param de descer em seu rosto pálido. Torno a abraçá-la:
— Não chore, Delly. Foi só um pesadelo e é só um pressentimento ruim. Nada aconteceu. – Eu queria acreditar nas minhas próprias palavras para me tranquilizar também.
— Nada aconteceu – repete ela. — Ainda.
— Não, ainda não – comento, num fio de voz.
Ela se acalma um pouco, porém não tenho mais meios de animá-la, pois também estou bastante abalado com o que ela me disse. Nesse instante, Deacon se aproxima de nós e exclama:
— Finalmente! Vocês resolveram assumir o amor de vocês!
Vindo dele, eu e Delly sabemos que não passa de uma de suas piadas.
— Nós nunca escondemos nada de ninguém. – Felizmente, Delly se entusiasma a continuar a brincadeira. — Espero que você não esteja com ciúmes, Deacon.
— Eu? Jamais! Vocês têm a minha bênção!
Deacon, então, começa a tocar com seu violino a canção tradicional que costumamos cantarolar quando os recém-casados cruzam a soleira da casa em que darão início a uma vida a dois, logo antes do ritual em que acendem sua primeira fogueira e torram alguns pães para serem compartilhados entre eles.
Entro no clima descontraído, erguendo o braço de Delly com uma das mãos, e a rodopio. Quando ela pára de girar, digo:
— Eu, Peeta, recebo você, Delly, como minha melhor amiga, e prometo ser chato e pegar no seu pé, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da nossa vida, até que a sorte não esteja mais a nosso favor.
Todos nós rimos juntos. Delly fica engraçada, sorrindo com seu nariz ainda vermelho pelo choro de minutos atrás. Por ora, isso foi suficiente para aliviar a tensão.
— Vou levá-la em casa, Dell. Você vem conosco, Deacon? – pergunto.
— Sim! Vou! – Ele se vira para as outras pessoas. — Ei! Alguém mais indo nessa direção agora? – Deacon aponta para o caminho que leva à sua casa e à sapataria dos pais de Delly.
Logo um pequeno grupo se forma e caminhamos juntos, enquanto Deacon continua tocando algumas melodias pelo percurso.
À distância, vejo que Brad acompanha Evelyn ao seu endereço também, na companhia de alguns de seus amigos que moram do outro lado da cidade.
— Eu fico por aqui – avisa Ashley, por quem Deacon tem uma quedinha, ao chegarmos em frente à casa dela. — Esse encontro foi mesmo divertido. Concordo com o Peeta, devemos fazer isso mais vezes. – Ela se despede de todos com um breve aceno de mão, mas planta um beijo na bochecha do nosso amigo violinista. — Você me surpreendeu hoje com seu talento, Deacon.
Ele fica boquiaberto com o gesto de Ashley e, somente depois que ela entra em casa, diz com cara de bobo:
— Devemos fazer isso mais vezes, Ashley!
Aquela cena era um prato cheio para futuras brincadeiras com o Deacon, mas apenas digo a ele:
— Você não teve a oportunidade de dançar com ela, mas, no final das contas, foi recompensado.
— Valeu cada minuto de ensaio nos últimos meses, meu amigo. – Ele apoia sua mão livre em meu ombro.
Não acho que ele esteja exagerando. Eu também ficaria dias e dias confeitando tortinhas, se a minha recompensa final fosse um beijo de Katniss.
Outros amigos se despediram pelo trajeto, até que chegamos à loja dos pais de Deacon. Por fim, ficamos apenas eu e Delly andando lado a lado.
— Então, Peeta, já pensou no que vai fazer ou dizer amanhã à Katniss?
— Como você sabe que estou decidido a falar com ela?
— Porque é isso o que você mais quer na sua vida.
— Você tem razão. Mas também é o que eu mais temo. Não sei o que acontece comigo quando estou perto dela.
— Pense assim: "Ela é uma garota de 16 anos. Ela é da minha turma. Eu converso com as garotas de 16 anos da minha turma. Eu posso conversar com ela também." — completa ela. — Isso não parece lógico?
— Queria que fosse fácil como você faz parecer. A diferença é que ela é a única garota de 16 anos da minha turma por quem sou completamente apaixonado. Faltou esse detalhe, Cartwright!
— Entendo você perfeitamente. Queria eu ter um pretexto para puxar assunto com o Thom… sem surtar. – Delly ri.
— Exato. É bem assim que me sinto! – concordo com ela.
Quando chegamos à loja de sapatos, respiro fundo, desviando o olhar para um ponto distante.
— Eu conheço esse seu jeito, Peeta. Você quer me dizer alguma coisa – comenta Delly, curiosa.
— Preciso contar a você o que aconteceu… A Evelyn me beijou hoje lá na padaria.
— O quê? Percebi que ela tinha segundas intenções, mas pensei que ela fosse apenas flertar com você. Não podia imaginar que ela partiria para o ataque! – admira-se ela. — Até porque, depois, ela passou quase todo o tempo ao lado do seu irmão.
— Pois é. Essa é a parte mais difícil. Se fosse só o beijo, não estaria tão preocupado. Mas, pouco antes de você chegar, Brad me disse que está a fim dela.
— Que confusão em que você se meteu, Peeta!
— Não é só isso. Meu pai viu o beijo e o Brad quase nos flagrou.
Delly faz uma cara de espanto.
— Meu pai quer que eu converse com Brad a respeito do que aconteceu. Na verdade, ele me deu uma ordem pra falar com meu irmão hoje ainda— lembro das palavras dele. — Não sei o que pode resultar desse papo. Espero estar inteiro amanhã pra lhe contar.
— Estarei torcendo para dar tudo certo.
— Ainda faltou contar um detalhe, que envolve você. – Fito seu rosto por uns instantes para aguçar sua curiosidade.
— Não faça suspense! Conta logo!
— Acho que ela desconfia que nós dois estamos juntos, como namorados.
— Será? Nós sempre fomos próximos e praticamente todos sabem da nossa amizade.
— Reparei que ela ficou nos observando em alguns momentos – explico. — Mas o ponto onde quero chegar é o seguinte: você pode me ajudar a mantê-la afastada, se ela insistir em me procurar? Tive a impressão de que ela não pretende me deixar em paz.
— É claro que eu ajudo! Só espero que ela se entenda com o Brad e que isso não seja necessário, senão… – Agora foi a vez dela de fazer suspense.
— Senão?
— Senão existe o sério risco de eu cair de amores por você, aí seremos nós duas correndo atrás do padeiro mais charmoso do Distrito 12 – brinca Delly.
— Ah, não! Eu não mereço tanto! – dou corda. — Mas obrigado por me proteger, Cartwright.
— Estou sempre às ordens, Mellark! Boa sorte com seu irmão… e com Katniss também, caso eu não veja você antes de falar com ela. Eu sei que você vai tomar coragem pra fazer isso!
Nós nos despedimos e volto a percorrer as ruas, já vazias, fazendo o caminho de volta para casa. Aproveito esse momento tranquilo para pensar nos desafios que tenho pela frente.
Tentar esclarecer as coisas com o Brad.
Abordar Katniss amanhã. Estou realmente decidido a fazer isso.
No primeiro momento em que eu a avistar na escola.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Olá, pessoal!
Peeta está decidido, mas será que a sorte estará a seu favor?
Grata pelo carinho de vocês em acompanhar a fic!
Beijos!
Isabela