O presente de Peeta para Prim escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 12
Pausa para uma dança




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696648/chapter/12

 

 

Por Peeta

Evelyn aprofunda seu beijo. Depois de ficar tenso pelo susto inicial, meu corpo relaxa com o seu toque feminino e, a princípio, não ofereço nenhuma resistência. Ela toma isso como um incentivo e solta meus braços para envolver minha cintura.

No entanto, não é a ela que quero devotar meus beijos e minhas carícias. Esforço-me, então, para refrear meu desejo de um adolescente de 16 anos e tento me desvencilhar do seu abraço.

— Eve, você é linda e eu gosto muito de você. Mas eu sinto muito. Existe uma outra menina por quem sou apaixonado há muito tempo e…

— Isso pode até ser um problema… pra ela, pois eu não me importo! – E ela cola novamente sua boca à minha.

Eu a seguro pelos ombros, tentando afastá-la suavemente.

— Desculpa, Eve, é sério. Não posso corresponder… – sussurro e ela põe um dedo em meus lábios.

— Shh, Peeta. Eu só queria mesmo um beijo seu. Sempre quis. – Ela dá um passo para trás, rindo maliciosamente.

Quando penso que Evelyn desistiu de me agarrar, afrouxo as minhas mãos de seus ombros e começo a falar:

— Meu irmão Brad… - começo e ela não deixa eu terminar a frase, puxando a gola da minha camisa para me dar outro beijo.

Dessa vez, escuto os passos de alguém se aproximando, porém ela somente afasta seus lábios dos meus quando essa pessoa pigarreia propositalmente para denunciar sua presença.

Se for o Brad, sou um homem-morto. Nem preciso esperar a Colheita para que chegue o meu fim – penso antes de abrir os olhos e ver meu pai, que entrou pelos fundos.

Nesse exato momento, Brad surge pela porta da frente. 

É tudo muito rápido. Evelyn ainda está segurando minha camisa, quando Brad pergunta:

— O que está acontecendo aqui? – Sua expressão é de desconfiança.

Ela finalmente me solta e eu respondo, com a voz entrecortada pelo nervosismo:

— Co-como eu ia dizendo, Eve, meu irmão Brad quer conhecer melhor você. – Dou um sorriso sem graça em direção a Brad, que estreita os olhos para mim, deixando claro que ele entendeu perfeitamente que algo mais estava se passando, encarando-me furioso.

Meu pai é o primeiro a interromper o silêncio:

— Seus amigos estão esperando vocês lá fora. Acompanhe a Evelyn, Brad, pois preciso falar com o Peeta.

Ela me devolve o avental que Delly lhe emprestou e se retira ao lado do meu irmão, que, antes de sair, posiciona os dedos indicador e médio diante de seus olhos e depois os aponta para mim, sem que Evelyn veja.

Meu pai está em frente à mesa onde estão as tortas, todas prontas.
Ele não ergue os olhos em minha direção, mantendo sua atenção fixa nos bolinhos.

— Muito bem. Estou vendo que seu trabalho aqui já acabou, filho. Você já pode se juntar aos seus amigos.

Não consigo decifrar o semblante do meu pai, não sei se está aborrecido ou decepcionado. Só sei que continua sério ao dizer:

— Deixe tudo como está. Depois que os confeitos secarem, vou embrulhar as tortas para a entrega. Quando a reunião de vocês terminar, vou anunciar a surpresa que preparamos para sua mãe e seus irmãos.

— Tudo bem, pai. Só preciso tomar um banho para me reunir ao pessoal.

— Só mais uma coisa, Peeta. – Sua voz carrega um tom grave. — Vou pedir a você que, se de fato existe esse interesse de seu irmão por essa menina, converse com o Brad sobre o que presenciei aqui. Hoje ainda. — Meu pai frisa essa parte final.

Abaixo minha cabeça, fazendo sinal de afirmativo.

— E quando você vai assinar? – questiono.

— Assinar o quê?

— Minha sentença de morte.

— Não seja dramático! – retruca ele, agora rindo. — Eu não quero esse tipo de coisa atrapalhando o relacionamento dos meus filhos e… eu estarei por perto.

— Pai, peço desculpas se eu o decepcionei de alguma forma.

— Não se preocupe, filho. Você está mesmo na fase de querer ter essas experiências. É que, num dia, você abre seu coração a respeito de uma menina e, na tarde seguinte, está aos beijos com outra. E logo por quem seu irmão está interessado, como você disse.

— Eu continuo fiel aos meus sentimentos! Ela me pegou de surpresa! – ressalto, indignado.

— Não duvidei disso nem por um segundo sequer. Eu vi o jeito como ela agarrou a sua camisa e deixou você sem saída. – Ele gargalha. — Por isso, serei sua testemunha de defesa em seu julgamento. Agora vá.

Subo depressa as escadas, ainda ouvindo as risadas do meu pai, e me preparo para tomar um banho, que, apesar de rápido, serve para esfriar minha cabeça depois do que ocorreu com a Evelyn e com o meu irmão.

Quando finalmente chego ao local onde nossos amigos estão reunidos, cumprimento a todos com um aceno e alguns brincam comigo a respeito do meu atraso.

— Fazendo hora extra justo hoje, Peeta! Achei que você fosse fazer a desfeita de não aparecer, depois de pedir para trocar o lugar do encontro! – graceja Deacon, sendo acompanhado pelos protestos de outros colegas.

Percorro os olhos por todo o grupo e percebo que vários casais haviam se formado. Brad e Evelyn estão de pé, bem próximos um do outro e de mãos dadas. Respiro aliviado. Isso é sinal de que minha integridade física ainda pode ser poupada esta noite.

De repente, eu me dou conta de que, na verdade, estão todos se preparando para começar uma dança, pois não demora muito Deacon posiciona o violino em seu ombro, Brian começa a dedilhar o violão, Freddie empunha sua flauta e Taylor puxa sua gaita do bolso. Eles, então, iniciam uma animada sessão de músicas tradicionais do Distrito 12.

Talvez a única vantagem de morarmos no distrito mais insignificante de Panem seja o fato de a negligência da Capital deixar algum espaço para a nossa espontaneidade. Nós sabemos como nos divertir.

Os pares logo ficam de frente um para o outro, formando duas filas. Delly não fez dupla com ninguém, então corro até ela e a pego pelas mãos para nos juntarmos às fileiras já alinhadas, e o baile começa.

Depois de dançarmos algumas músicas de ritmo vibrante nessa formação em pares, a banda começa a tocar uma canção mais calma.

Nesse momento, todos juntamos as mãos e fazemos uma grande roda, que gira, enquanto cada um executa os passos que aprendemos desde crianças. De vez em quando, observo o olhar de Evelyn sobre mim e Delly. Talvez ela esteja desconfiada de que Delly é a menina por quem sou apaixonado.

Ao final da música, todos aplaudem com entusiasmo o desempenho dos nossos amigos músicos e também dos dançarinos.

É um momento maravilhoso, que infelizmente está chegando ao fim.
Em meio às palmas, Deacon grita para todos ouvirem:

— Peeta, já que chegou atrasado, cabe a você o discurso de despedida!

Ao ouvir essa última palavra, olho para Delly, que continua ao meu lado, e o seu sorriso desaparece. Todos fazem silêncio, aguardando eu começar a falar.

— Bem… Fico contente de ter chegado a tempo de participar com vocês desse momento maravilhoso. Mas, ao mesmo tempo, não consigo esquecer o motivo que nos trouxe aqui. Viver algo tão bom hoje e ter que enfrentar a Colheita daqui a poucos dias traz uma mistura de emoções… é difícil expressar com palavras apenas. – Limpo a garganta para desfazer o nó que já estava se formando. — Acho que todos aqui sentem o mesmo… Felicidade por ter amigos ao nosso lado e tristeza por saber que alguém pode nos deixar. Gratidão. Saudade. Apreensão. Medo… Muito medo. Mas, ainda que exista esse conflito de sentimentos, tenho esperança de que nos reunimos aqui, não para dizer um "adeus", mas um "até breve", ao menos a um dos sorteados na quarta-feira. Mesmo que a sorte quase nunca esteja a favor dos nossos tributos… E independente de quem for escolhido, vamos fazer um pacto de nos reunirmos sempre, assim como fizemos hoje, mas em momentos que não sejam ligados aos Jogos Vorazes, e pelos motivos certos… para celebrar a vida e a amizade. – Deixo a minha mensagem com os olhos marejados.

Então, o grande círculo que havíamos formado estreita-se para um abraço coletivo, não sem antes eu puxar nossos talentosos músicos para o centro da roda.

A lua cheia já aponta alto no céu e 
todos já estão se dispersando para ir embora. Delly, no entanto, não me solta de seu abraço de lado. Ao contrário, ela se vira de frente para mim e me aperta ainda mais forte. 
Depois, segura meu rosto em suas mãos e, entre lágrimas, diz baixinho:

— Esqueça tudo o que eu falei pra você lá dentro hoje, Peeta. Esqueça o meu conselho bobo. Faça o que o seu coração mandar e não desperdice uma chance sequer de falar com Katniss, se seu coração conduzir você a isso. – Ela respira fundo, como se tomasse coragem para terminar o que tem a dizer. — Eu sonhei com você sendo sorteado na Colheita e, desde então, estou com o mesmo pressentimento ruim que você me confessou mais cedo que também está sentindo.

¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸¸.•*'¨'*•.¸


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, pessoal!

Os nomes dos músicos da fic foram uma homenagem à minha banda favorita: Queen! 
Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon.


Beijos!  Obrigada pela leitura!

Isabela



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O presente de Peeta para Prim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.