Alice escrita por Letícia de Pinho da Silva


Capítulo 5
Capítulo 4 - Eu te amo




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    Na manhã seguinte, eu estava com olheiras por ter dormido apenas 2 horas na noite passada. E pensar que quando eu entrei naquela minivan, minha vida mudaria para sempre.

  Os dias passavam, os encontros à noite aumentavam, minha vida estava quase perfeita. A cada manhã que eu acordava, minhas esperanças renovavam-se. Eu abria meus olhos sempre pensando que hoje seria o dia em que Max diria “eu te amo, mais do que você possa imaginar. Seja minha para sempre”. Mas por enquanto esse dia está muito distante. Max não fala muito de Juliet em minha frente, mas eu vejo todo dia nos olhos dele, que ele a ama, mas também vejo outra coisa, ele se sente ligado a ela, porque foi ela quem o ajudou naqueles dias difíceis. Às vezes, quando vejo ele a olhando de uma maneira tão doce, esqueço de verdadeira Juliet e imagino uma garota sensível, uma garota digna do verdadeiro Max. Acho tudo isso muito impossível, mas será que ela era diferente com ele quando ninguém estava olhando?

  Há alguns dias, Max descobriu que tem talento com futebol americano – está mais para Juliet fez ele descobrir que tem talento -, ele fez um teste e conseguiu uma vaga no time. Ele é incrivelmente bom. Palavra de quem assiste aos treinos escondida.

  Andy se deu muito bem com a família de Gabriel, eles simplesmente amaram ela. Sobre o colar, Andy desconfiou um pouco, mas acabou aceitando o colar e acreditando que foi pura coincidência ele comprar o colar que ela gostou.

  Janel e Tyler terminaram o namoro na semana passada, quando Janel viu Tyler com outra garota. Ela descobriu alguns dias depois, que eles estavam namorando escondidos há muito tempo. Achei que Janel ficaria um pouco depressiva, mas na verdade ela ficou com muita raiva de Tyler. Ontem Tyler apareceu de mãos dadas com a garota no refeitório, como se estivesse assumindo o namoro ao público. Jany jogou-seem cima da garota e começou a puxar os cabelos dela; Tyler e Gabriel conseguiram separar as duas, mas não conseguiram impedir Jany de dar um baita soco em Tyler. E claro que Kim tinha que se intrometer e chutar as partes baixas de Tyler.

  Eu disse, quando um popular vier falar com você, corra.

  É incrível o rumo em que a vida nos leva.

  Hoje era o primeiro jogo de futebol americano da nossa escola, estreia no campeonato, e principalmente, o primeiro jogo de Max. Eu e minhas amigas nosreunimos para assistir o jogo no estádio, pegamos lugares bem perto do campo, para que Janel, meio ceguinha, conseguisse enxergar tudo. E porque eu queria ter uma vista privilegiada de Max.

Juliet era a líder das animadoras de torcida, o que é uma coisa boa, assim ela não vai me incomodar e eu não vou ver seu rosto popular, a menos é claro, que eu queira ver a dancinha das líderes de torcidas, que eu simplesmente evito. Não gosto de ficar vendo a calcinha alheia.

  - Tira essa cabeça da minha frente! – gritou Kim para um garoto de seis anos que se sentou na sua frente.

  - Interessante. Por que estamos aqui mesmo? – perguntou Janel, nem um pouco interessada afinal, Tyler também jogava no time titular. Estaríamos com sérios problemas se Jany decidisse invadir o campo e decapitar Tyler.

  - É que o namorado da Alice vai jogar hoje. – respondeu Andy, rindo.

  - Ele não é meu namorado. – disse.

  - Não. Mas vai ser. – disse Andy me cutucando.

  - Alguém tem um machado por ai? – perguntou Kim.

  - Não Kim, você não pode cortar a cabeça do garoto fora. – respondeu Janel balançando negativamente a cabeça.

  O garotinho ouviu o que Janel disse, ele olhou com olhos esbugalhados de medo, e começou a chorar.

  - Pai, eu quero ir embora! – gritava ele para o pai.

  - O jogo já vai começar filho. – respondeu o pai.

  - Eu tô com medo! Quero ir para casa! – ele gritou desesperadamente.

  - Querido, espere só um pouco. – pediu o pai.

  - Vamos sentar em outro lugar! – pediu o filho, fazendo o pai balançar a cabeça negativamente, levantar e sair com a criança.

  - Kim, você assustou o garotinho. – disse.

  - Não fui eu quem disse em voz alta os planos para o machado. – respondeu ela.

  - E agora a culpa é minha? – perguntou Janel rindo.

  - É, sim, é isso ai.

  - Talvez ela seja. Mas quem foi que pediu o machado?

  As duas entraram em uma discussão de quem era a culpada, Andy e eu ficamos comendo pipoca e observando a cena.

 Os jogadores começaram a entrar em campo, logomeus olhos começaram sua busca pelo Max, e encontraram. Ele estava aquecendoe ao mesmo tempo olhando a arquibancada, como se estivesse procurando alguém. Quando ele me viu, acenou para mim, eu retribui. Depois disso ele parou de procurar por alguém, como se já tivesse encontrado.

  - Ele gosta de você. – disse Andy, parece que ela viu a troca de acenos.

  - Como sua melhor amiga.

  - Não, acho que não Alice.

  - Como assim, “acho que não”?

  - É o jeito que ele olha pra você. Às vezes você não nota, mas ele está lá, só olhando em sua direção.

  - Imaginação sua.

  - Ou sua Alice.

  - Dividimos a culpa e fim de papo! – gritou Kim ao meu lado.

  - Fechado! – concordou Janel, finalmente terminando o assunto, e tirando Andy dos seus pensamentos sobre o Max.

  O jogo começou e sinceramente eu não sei nada sobre futebol americano. Apenas que as pessoas eram esmagadas, pisoteadas, dilaceradas, massacradas. Está bem, parei, não era tudo isso. O importante é que nós ganhamos. O time inimigo começou abrindo o placar e para alegria de Jany, Tyler nada fazia, além de ser esmagado com a bola em mãos.Logo Tyler foi tirado do jogo, substituído por Max, que não deixou barato e marcou umtouchdown. Quando ele marcou seu primeiro touchdown, pensei que ele o dedicaria a Juliet, ou para ninguém, mas do nada ele apontou para mim. Mas claro que podia ser um “viu o que eu fiz?”.

No mínimo eu penso que foi para mim. Juliet viu isso, é claro que viu. Ela fuzilou-me com os olhos.

  - Acho que alguém fez um ponto para você. – disse Janel.

  - Vai ver os pais deles estão sentados por aqui. – disse.

  - Claro. Eles estão logo aqui, do outro lado do estádio. Bem pertinho. – ironizou Kim.

  - Alice, ela tem razão. – concordou Andy. – Ele fez isso porque te ama Alice. – sussurrou ela em meu ouvido, quando Janel e Kim não estavam prestando atenção.

  Corei. Eu sei que uma parte de mim, quer que o que Amanda disse, seja verdade. Mas a parte de mim, a parte que está de olhos abertos para a realidade, sabe que isso nunca vai acontecer.

  O técnico do nosso time fez uma passeata pela cidade. Há anos o nosso time não ganhava um jogo. Já estão começando a falar que Max é o grande salvador da pátria, o time inteiro está caindo sobre os seus pés. Ele parece um rei.

  Mais alguns dias se passaram e Max ficava cada vez mais cheio de treinos, o que diminuía suas visitas na minha janela. A cada jogo, ele abria o placar com um touchdownem minha homenagem e Juliet ficava cada vez mais irritada.

  O sinal havia tocado, tirando-me do devaneio em que eu estava, lembrando dos últimos meses. Levantei de minha carteira e abri minha bolsa a procura de um trabalho que eu deveria entregar na próxima aula.

  - Droga! – resmunguei.

  Eu o havia deixado no armário.

  A passos largos, fui em direção ao meu armário, logo começaria minha aula.

  - Alice cara de cavalo. – ouvi uma voz feminina atrás de mim, enquanto eu abria meu armário.

Virei-me  para dar de cara com Juliet.

  - Você não acha que esse apelido já está ultrapassado? – perguntei, voltando minha atenção para o armário.

  - Nunca me canso dele. – disse ela.

  Juliet esperava que eu rebatesse, ou que falasse alguma coisa, mas nada disse, apenas peguei meu trabalho.

  - Sabe, não pensei que você fosse uma piranha para sair com caras que tenham namorada. – disse ela depois de um tempo.

  Fechei meu armário com um pouco mais de força do que o necessário. Olhei para o lado, e lá estava Tyler parado, encostado nos armários com os braços cruzados em frente ao peito.

  - Ela sempre esteve afim do que não era dela. – disse ele á Juliet, mas com o olhar fixo em mim.

  - Max e eu somos apenas amigos. – respondi, irritada com a presença deles.

  - Não foi o que eu ouvi enquanto namorava aquilo que você chama de amiga.

  - Cadê sua nova namorada? – perguntei, tentando fugir.

  - Cansei dela, do mesmo jeito que cansei de Janel.

  - Você é um canalha.

  Ele teria respondido, mas Juliet levantou a mão, em sinal que ele se calasse. Ela parou do meu lado, meio que me trancando entre ela e Tyler.

  - Eu vou ser bem especifica no que vou dizer. – disse ela – E vou dizer bem devagar, pra você entender muito bem. Quero. Você. Longe. Do. Max. – disse ela pausadamente, eu já esperava essas palavras.

  - E eu vou responder bem devagar, para você entender muito bem. Eu não procuro seu namorado. Seu namorado me procura.

  Seus olhos castanhos brilharam de raiva, ela deu um passo em minha direção, com uma expressão ameaçadora nos olhos.

  - Não me importa quem procura quem. – disse ela – Fique longe dele, finja que ele não existe. Se ele falar com você, finja que é surda e muda. Entendeu?

  - Algum problema aqui? – perguntou Max, parando em nossa frente.

  - Amor! – exclamou Juliet indo na direção dele, dando-lhe um beijo – Não está acontecendo nada por aqui, apenas estávamos conversando com Alice. Não é Tyler?

  - Claro amigão! – respondeu Tyler dando um tapinha no ombro de Max – E eu já estava indo, até mais para vocês. – ele acenou para nós e foi em direção ao refeitório.

  - Juliet, eu preciso conversar a sós com Alice, - disse Max após a saída de Tyler – Se importa?

  - Claro que não. – respondeu ela depois de um tempo em silêncio – Te vejo mais tarde. – ela agarrou Max, dando-lhe um beijo demorado.

  - O que ela lhe disse? – perguntou ele depois que sua namorada havia partido.

  - Nada de mais. – respondi – Só pra ficar longe de você.

— E você vai? – seus olhos pareciam transmitir um pouco de medo.

  - Claro que não. Quanto mais uma pessoa me diz para não fazer alguma coisa, mais eu tenho vontade de fazer.

  Ele riu, exibindo aquele seu lindo sorriso.

  - As pessoas gostam do que é proibido. – disse ele.

  - Eu tenho que ir para minha próxima aula. Tenho um trabalho para entregar.

  - Tudo bem Alice. Posso lhe acompanhar até lá?

  - Claro.

Dirigi-mepara a minha sala e Max seguiu-me, ambos caminhávamos lentamente, aproveitando a companhia um do outro.

  - Me desculpe por Juliet, - disse ele enquanto caminhávamos – ela é um pouco ciumenta.

  - Um pouco? – disse rindo.

  - Está bem, muito ciumenta. – admitiu ele, rindo.

  - Eu também seria, se fosse sua namorada.

  Ele parou de andar e ficou encarando-me, com uma expressão desconhecida no rosto. Eu também parei e fiquei olhando para ele, com uma cara de palhaça que não entendia o que disse de errado.

  - O que foi? – perguntei – Falei alguma bobagem?

  - Não, nada. – respondeu ele sorrindo.

  - Sai da frente! – gritou alguém no corredor.

  Antes que eu pudesse raciocinar, fui atropelada por um garoto, que corria com uma maquete de vulcão nas mãos.

  Fui jogada em cima de Max com uma tremenda força, fazendo com que ele caísse, mas antes de cair ele bateu a cabeça em um quadro de avisos, arrancando algumas folhas do mural.

  Olhei para o garoto que tinha nos atropelado,mas ele não estava nem à vista. Deveria levar uma multa por fugir do local do acidente.

  - Ai. – exclamou Max,  fazendo-me olhar em sua direção.

  Ele estava sentado, com as mãos na cabeça.

  - Você está bem? – me agachei ao seu lado, preocupada.

  - Estou. Só bati com força a cabeça. Até que você não é tão leve, Alice. – disse ele rindo.

  - Sou bem reforçada. – respondi – Deixe-me ver o machucado.

  Com calma, tirei a sua mão da testa, passei levemente meu dedo na região em que estava vermelha.

  - Você vai ficar com um belo galo, mas vai sobreviver.

  - Obrigado, enfermeira Alice.

  Não sei ao certo porque, mas me aproximei mais dele e dei um leve beijo em seu machucado. Afastei-me um pouco, corando ligeiramente pelo que eu tinha feito.

  - Me desculpe, não deveria ter feito isso. – disse.

  - Não se desculpe, foi bom. – respondeu ele.

  Só agora notei o quanto estávamos próximos, e que eu ainda segurava a sua mão. Nossos olhares estavam presos um no outro. Seu rosto tão próximo do meu, meus lábios ansiando por um beijo dele. Eu podia sentir sua respiração de encontro com a minha, seu hálito doce e quente. Podia ver que ao redor de sua pupila, havia pequenos traços da cor verde de seus olhos.

  Não sei por quanto tempo teríamos ficado hipnotizados um pelo outro, se o sinal não tivesse tocado novamente.

  Levantamos depressa.

  - Tenho que entregar meu trabalho. – disse.

  - Tudo bem. – disse ele, ficando um pouco vermelho.

  - É melhor você ir na enfermaria, ver se não foi nada grave.

  - Não foi Alice. Não se preocupe.

  - Qualquer coisa, me mande mensagem. – disse sem graça – Eu tenho mesmo que ir, até mais Max.

  - Até logo Alice.

  Comecei a caminhar em direção a minha sala, deixando Max para trás. Mas antes de virar no corredor e o perder completamente de vista, olhei para trás por um segundo, e ele ainda estava no mesmo lugar, parado, me observando.

  Já era tarde da noite quando minha mãe chamou-me para jantar. Desci as escadas com meu celular nas mãos, esperançosa por uma mensagem de Max, que sairia logo do treino. Sentei na mesa ao lado de meu irmão, que já estava atacando um prato enorme de macarrão com carne.

  - Nossa Noah, você não poderia comer como gente, e não como um porco? – disse ironicamente, fazendo meus pais rirem.

  - Trive muicho trabale hoje. – disse ele com a boca cheia.

  - Filho, não fale com a boca cheia. – disse meu pai, enquanto roubava um pedaço de carne no prato de Noah.

  - Papai! – gritou ele, engolindo a comida.

  - Desculpa filho, esse pedaço estava bonito. – respondeu papai, passando a língua nos lábios.

  - De tanto olho gordo que seu pai estava colocando nesse pedaço, - disse minha mãe – você poderia ter morrido engasgado meu filho.

  - Mas enfim, o que você estava dizendo Noah? – perguntei.

  - Teve muito trabalho na oficina hoje, estou morto da fome. – disse ele – Depois preciso que você me faça brigadeiro. Preciso repor minhas energias.

  - Me diga onde vai caber uma colher de brigadeiro aí nessa barriga? – disse apontando para o prato, que mais parecia uma montanha de comida.

  - Não se preocupe maninha, eu dou um jeito. – respondeu ele piscando para mim.

  Eu ia dar a primeira bocada em meu macarrão, mas aí meu celular apitou, sinal que eu havia recebido uma mensagem. Rapidamente, peguei-o.

“O treino foi cansativo. Diga a Janel para ficar feliz, pois Tyler quebrou o nariz :), bjs Max”.

Sorri assim que li a mensagem, deixando meus pais fitando-me, curiosos.

  - Que sorriso é esse, minha filha? – perguntou meu pai.

  - Nada pai. – respondi, voltando atenção para minha comida.

  - Estranho, não é amor, - disse mamãe – que nossa filha começou acompanhar os jogos do colégio, coisa que ela não gostava, está sempre nesse celular. Me diga, quem é o atleta gatinho? – perguntou minha mãe.

  - Ninguém mãe. – respondi corando.

  - O cara mais popular do colégio. – respondeu Noah.

  - E esse garoto tem nome? – perguntou meu pai.

  - Papai! Podemos não discutir minha vida amorosa na hora do jantar? – disse.

  - Vida amorosa? – perguntou meu pai apontando a faca para mim, levantei as mãos em um ato de defesa – Você não pode ter isso. – ele riu, abaixando a faca.

  - Ok pai. – respondi rindo.

  - É John, nossos filhos estão crescendo e se apaixonando. – disse minha mãe.

  - Finalmente. Estava com medo que Noah fosse virar cafetão e Alice lésbica. – respondeu ele.

  - Pai! – dissemos Noah e eu juntos, enquanto mamãe dobrava-se de rir.

  -Graças a Deus não são.

  Logo, meu celular apitou novamente e eu logo estava absorta em minha conversa com Max, até meu pai tirar meu celular e dizer “celular na mesa não Alice”.

Subi para meu quarto, mas Max havia parado de responder.Fiquei olhando algumas revistas velhas para passar o tempo. Talvez Max apareça na minha janela hoje. Talvez não. O que eu mais odeio no futebol, é que ele toma quase todo o tempo de Max, e o que sobra para mim? Menos do que sobra para Juliet.

Meu celular tocou, meu coração acelerou na esperança de ser Max, avisando que logo estaria atirando pedras em minha janela e sussurrando meu nome.

  Peguei o celular na cômoda, quando eu olhei o número, fiquei decepcionada. Era Amanda.

  - Oi Andy. – disse com uma voz triste ao atender a chamada.

  - Olá Alice. Que voz é essa? – perguntou ela.

  - Nada. Estou bem. –joguei-me na cama, completamente desanimada.

  - Você esperava uma ligação de Max?

  - Não. Não esperava. Mas queria que fosse. – confessei.

  - Alice, ele não esqueceu de você. Sabe, ele tem toda essa história do treino, Juliet ciumenta. Não se preocupe, é só até acabar o campeonato.

  - Qual o motivo da ligação Andy? – fui direto ao ponto, não querendo falar sobre meu coração partido.

  - Conversar.

  - Sobre?

  - Max, Juliet e você.

  Ótimo, o que adiantou fugir?

  - Fale.

  - Eu andei notando que Juliet anda muito diferente.

  - Que tal, ela anda com muito ciúmes.

  - Até minha mãe sabe disso. Estou querendo dizer que o namoro com Max está estranho. Será que Max já deixou de lado seu superamor por Juliet?

  - Como assim estranho? Eu não notei nada.

  - Alice, você não notou, porque você quer acreditar que Max nunca vai se apaixonar por você?

  - Andy, eu não quero me machucar. E se eu acreditar e no final ser apenas uma brincadeira?

  - E se não for?

  - Prefiro não arriscar. Ter o Max como meu melhor amigo já está de bom tamanho.

  - Mas não é o que você quer de verdade. Você pode não notar, mas você está se machucando somente pelo fato de não acreditar.

  - Você me ligou só para me fazer acreditar?

  - Alice, você precisa acreditar. No colégio ou em qualquer outro lugar, você foge da conversa. Nem meus e-mails sobre isso você responde. Estou tentando pelo telefone, acho que você não vai desligar na minha cara. Não vai, certo?

  - Não Andy. Mas vou deixar bem claro que se dependesse de mim, nunca teríamos essa conversa.

  - Se dependesse de você, Max nunca teria voltado a falar com você.

  Fiquei em silêncio. Ela tinha razão, por mais que eu queira acreditar que não. Se Max não tivesse falado comigo naquele dia no cemitério, se por uma incrível coincidência do destino nós não estivéssemos no mesmo lugar, eu nunca teria trocado um “oi” com ele novamente. Porque eu era fraca e tímida.

  - Alice, você não pode fingir que não vê. Juliet e Max estão distantes. Max passa mais tempo com você do que com Juliet. Seja lá o que você está fazendo, está funcionando, ele está se apaixonando por você. Já faz três jogos que Max não marca nenhum touchdownpara Juliet, só para você. 

  - E se for verdade. E se ele realmente está se apaixonando por mim. O que eu faço?

  - Nada. Está indo do jeito que está. Apenas não fuja quando ele tentar te beijar. – ela riu.

  - Como você pode achar que eu fugiria?

  - Por que ele tem namorada. É por isso que eu sei que você fugiria, Alice.

  - Mas eu não vou. – disse com confiança.

  - É isso aí garota. Nos vemos amanhã.

  - Até amanhã Andy. 

  Desliguei o celular, estava ficando sem bateria por isso coloquei para carregar. Estava tão feliz, que comecei a pular, peguei uma escova de cabelos redonda e comecei a cantar Lullaby, do Nickelback.

 - Está tão feliz assim? – essa voz vinha da porta do meu quarto. Provavelmente Noah enchendo o saco.

  - Vai ver se eu estou na esquina, Noah.

  - Eu acabei de vir de lá, e você não estava. Por isso vim aqui procurá-la, sem você por perto minha vida não tem cor. E eu me chamo Max, aliás, e não Noah.

  Merda. Virei e vi Max parado em frente a minha porta, com o sorriso mais lindo do mundo. E eu ali, descabelada de tanto pular, cantando com uma escova de cabelo.

  - Max! Deus! – corei completamente.

  - Sabe, você fica mais bonita quando está vermelha. – ele se aproximou de mim, eu larguei a escova no chão. Ele passou a mão em meu cabelo. – E seu cabelo fica mais bonito bagunçado.

  - Você... me pegou em uma cena bem... estranha.

  - Todos nos ficamos feliz de mais às vezes.

  - Você deve estar me achando uma louca.

  - Eu nunca pensaria que você é louca. Talvez que você não bata bem da cabeça. – ele sorriu, fazendo-me sorrir também.

  Olhei fundo nos seus olhos, ele parece um anjo. Juliet tem muita sorte, isso eu devo admitir. Além da sua beleza de um Deus grego, notei que ele estava com olheiras, e parecia muito cansado.

  -Max, você esta bem?

  - Estou ótimo. – ele sorriu.

  - Você parece muito cansado.

  - É que estamos treinando demais. Faz apenas trinta minutos que terminou nosso treino. Eu tinha que ver você, caso contrário, não conseguiria dormir.

  - Sente. –sentamos na cama, um do lado do outro. – Como você entrou?

  - Seu irmão estava saindo, acho que ele ia ver Isabella, ele disse que seus pais não estavam em casa e me deixou entrar.

  - Ele saiu escondido de novo? – ele concordou com um leve aceno de cabeça – E ele nem me avisou! Cachorro!

  - Seu irmão é muito legal.

  - Você diz isso porque ele não é seu irmão.

  - Mas ele parece ser um irmão legal.

  - Somente quando está feliz, ou quer um favor. – ele riu, e em seguida eu também.

  - Então ele devia estar muito feliz para me deixar entrar.

  - É que você não é a irmã dele. – ri novamente – Fora as loucuras, Noah é muito legal.

  - Ele ama você. Ele chegou até a me ameaçar.

  - Como assim? – quase gritei.

  - Ele disse que se eu magoasse você, ele me arrancaria a cabeça, faria uma sopa com ela, passaria em cima de meu corpo com um caminhão gigante, me cremaria e jogaria meus restos mortais no Mississipi. – olhei para ele com uma cara espantada, o que fez ele se dobrar de tanto rir.

  - Ei, não ria! – disse dando um tapinha nele – Eu não quero que você vire sopa.

  - Ele me mandou ser um cara muito legal com você, e me deu dicas para te dar o primeiro beijo. – ele bocejou cansado e pousou sua cabeça em meu ombro. É possível eu ficar mais corada? – Ele disse que você é muito tímida, e disse que se acontecesse alguma coisa ruim com você por minha culpa, ele me mataria. Aí eu disse que te amava e que não deixaria nada de ruim acontecer a você. – ele bocejou mais um pouco e se calou.

  Eu estou sonhando? O cara que eu amo disse que me amava? Eu estava surda ou o que? Só posso ter entendido errado.

  - Max, o que você disse? – perguntei, mas ele não respondeu – Max?

  Olhei para ele e percebi que ele havia caído em um sono profundo.

  O garoto de quem eu gosto estava dormindo em meu ombro? Só podia ser um sonho.

  Eu não queria acordá-lo, e muito menos que ele fosse embora. Tentei deitá-lo em minha cama, foi difícil, mas consegui.

 Será que eu acordo ele? Será que durmo do lado dele? O que eu faço meu Deus?!

Enfim, peguei um travesseiro e um cobertor, coloquei-os no sofá que tinha no canto de meu quarto, tranquei a porta e fui dormir no meu pequeno sofá.

  Eu estava contrabandeando um garoto para meu quarto?


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