Alice escrita por Letícia de Pinho da Silva


Capítulo 12
Capítulo 11 - Apaixonada




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  - Ahh! - gritou Janel – Que coisa maravilhosa! – ela começou a dar pulinhos na minha frente.

  - Por favor, - disse Kim com as mãos na cintura – repita.

  - Eu estou namorado. – respondi sorrindo.

  - E por acaso esse seu namorado é Lyen? – ela franziu a sobrancelha.

  - Quantas vezes eu vou ter que repetir? Eu e Lyen estamos namorando. – sorri mais ainda.

  - É Janel, você é a única que vai ficar para titia. – disse Kim meio séria, tirando a mão da cintura.

  - Mas que merda! Agora eu sou a solteira do grupo. – disse Janel cruzando os braços.

  - De novo. – completou Kim, rindo.

  - Parabéns Alice. – disse Amanda, envolvida pelos braços de Gabriel.

  - Sempre soube que você encontraria alguém perfeito. – disse Gabriel, dando uma piscadinha para mim.

  - Mas a onde está o Kevin? – perguntou Kim, não me permitindo dizer “obrigada” ao casal.

  - Ele está com Lyen. – respondi, segurando a vontade de dizer “meu namorado”, ao invés de Lyen.

  - E quando você iria me contar? – ela novamente levou suas mãos à cintura.

  - Hmm, quando ele chegasse? – respondi revirando os olhos.

  - Rá. Muito engraçado. O que eles estão fazendo?

  - Ajudando la maestra.

  - Tem um maestro aqui? – todos riram de Kim, o que a deixou um pouco vermelha, e bem irritada.

  - Kim, maestra é professora em espanhol. – esclareceu Amanda.

  - Mas aquele diabo do Kevin nem faz Espanhol. – disse Kim – Ele nem sabe dizer oi em espanhol.

  - Eu me atraso alguns minutos, e já sou um diabo? – diz Kevin, vindo em nossa direção, parando ao meu lado – Finalmente garota! – ele pousa sua mão em meu ombro e suspira – Estou tão orgulhoso de você. – ele finge estar chorando, enxugando algumas falsas lágrimas.

  - Obrigada, eu acho. – disse revirando os olhos e sorrindo.

  Kevin foi até Kim e a cumprimentou com um beijo na testa, logo Lyen estava ao meu lado, me dando o mesmo beijo e envolvendo-me em seus braços.

  - Bom dia. – disse ele.

  - Bom dia. – repeti.

  - Oi. – disse ele para o grupo, que respondeu em uníssono – Mandando mensagens tão cedo? – disse ele para Janel.

  - Estou mandando uma mensagem para Erick. Ele tem que saber da novidade. – respondeu ela.

  - Fofoqueira. – disse Kim.

  - Não sou fofoqueira, apenas estou mantendo os outros informados.

  - Isso é ser fofoqueira, Janel querida.

  - Kim está com inveja porque não foi ela quem contou. – disse Lyen rindo.

  - Ah, Lyen meu querido, - respondeu Kim – pode deixar que eu vou pôr a escola a par disso. – ela piscou para meu namorado, fazendo ele rir mais ainda.

  - Acho melhor irmos para as aulas. – disse Amanda, observando o fato de ainda estarmos no estacionamento, e nossas aulas estarem prestes a começar.

  As primeiras aulas se arrastaram lentamente, talvez porque uma ansiedade tomava conta de mim. Eu não sei se era em parte, porque eu queria ver a expressão de Max ao me ver com Lyen, ou porque eu simplesmente queria ver meu namorado. Quando estava prestes a ir para a última aula da manhã, um frio percorreu minha espinha. Será que Max ainda estaria nesta aula? Ou ele teria mudado novamente por minha causa?

  Quer saber, não me importo. Agora eu tenho Lyen; Max é passado, e aliás, acho que não sinto mais nada por ele.

  Era o que eu achava.

  Assim que vi Max, meu coração disparou, fazendo eu sussurrar um “merda”. Ele sentou ao meu lado, a expressão de sempre quando me vê, virei o rosto para frente, tentando esboçar a mesma expressão que ele transmitia.

  - Não consegui mudar de aula. – disse ele com um tom de voz leve.

  - Problema seu. – dei de ombros.

  Senti o olhar curioso dele sobre mim, porém ele não disse mais nada. Ele não esperava uma resposta tão grosseira de mim. E nem eu. 

  Eu queria ter dito ali mesmo que eu estava com Lyen, e que estava feliz, e que eu o havia superado – supostamente, mas ele não precisa saber -, mas tudo o que fiz foi ficar quieta, na minha, prestando atenção na aula. Ou melhor, vendo ela decorrer lentamente.

  Parecia que tinha passado um ano, quando o sinal finalmente tocou, corri para porta, esperando encontrar Lyen me esperando, mas assim que saí, Erick me envolveu em um abraço.

  - Estou tão feliz por você! – disse ele.

  Max passou por nós com um belo ponto de interrogação no rosto, ele se dirigiu para o refeitório nos lançando olhares curiosos, Erick e eu continuamos ali, sem pronunciar uma palavra até Max estar fora de vista.

  - Acho que alguém ficou curioso. – disse meu amigo.

  - É. – concordei, mordendo o lábio – Podemos não falar dele? – fiz um gesto com a cabeça na direção em que Max foi.

  - Claro. – concordou ele, entendo meu pedido silencioso, começamos andar na direção ao refeitório - Então, demorou para perceber que você amava o Lyen.

  - Como?

  - Tava na cara que vocês se amavam, só você não sabia. Quem te ajudou a perceber?

  - Hey, por que alguém tem que ter me ajudado?

  - Fala sério, quem? – suspirei e respondi:

  - Amanda.

  - Bom, a Kim que não podia ser. – disse ele sorrindo – Aquela garota não enxergaria um incêndio, mesmo se ele estivesse acontecendo embaixo do seu nariz. 

  - Definitivamente. – concordei, rindo de seu comentário.

  - Agora você não pode mais dizer que não quer sair com a gente por que não tem namorado. – Erick piscou para mim, como se dissesse “se ferrou amiga”

  - Droga. – sorri e ele também – Vou ter que inventar uma mentira melhor.

  - Nunca entendi por que você não ia.

  - Me sentia... deslocada. Todos vocês dando uns amassos e eu ali vendo de camarote.

  - Isso está me parecendo inveja. – seu tom de voz era brincalhão.

  - Não... – respondi, mas pensei melhor e disse – Talvez possa ser.

  - Agora você tem alguém para dar uns “amassos”. – rimos – Alice, - ele parou um pouco antes de entrarmos no refeitório, parei também – vou te falar porque você é minha amiga, não devia estar te falando porque ele me pediu para não te contar, mas...

  - Fala Erick. – apoiei todo o peso de meu corpo em um pé, e cruzei as mãos, num jeito em que meu próprio corpo dizia “lá vem bomba”.

  - Lyen foi convidado para uma festa e ele vai convidar você.

— Acho que não seria uma boa ideia eu ir. – disse mordendo os lábios, lembrando como foi minha última festa, tentando não chegar no momento em que Max... bom, você sabe.

  - Se você gosta mesmo dele, então você vai.

  - Ele gosta tanto assim de festas? – fiquei um pouco surpresa, eu não sabia disso, mas Erick sabia.

  - Gosta. Acho que ele nunca contou pra você porque, bem você não gosta de festas. Mas Lyen em seu antigo colégio era meio popular. Curtia essas festas. Acho que depois de tudo que aconteceu com a mãe, ele largou esse jeitão, mas o que gostamos não morre assim.

  - Ele não parece uma pessoa que era popular.

  - Ele se separou do irmão.

  - Eu sei disso. – disse, meu olhar começando a transmitir preocupação.

  - Ele entrou em depressão, a doença da mãe foi descoberta, o pai começou a se embriagar, você sabe disso tudo.

  - Sim, ele me falou uma vez. O pai dele está internado em uma clínica de reabilitação. Mas ele nunca me falou que ficou em depressão. – meus olhos estavam arregalados com essa notícia.

  - Foi difícil pra ele. Acho que ele não queria que você soubesse disso. Mas me escuta, essa vida de “festas” era o que ele tinha antes, ele gosta disso, e ele ama você e quer você junto com ele nas festas. Ele perdeu tudo isso com a depressão e a mudança pra cá.

  - Acho que eu vou a uma festa hoje à noite. – disse com um meio sorriso – Afinal, quando pessoas se juntam e formam um casal, cada um tem que entender a necessidade um do outro, cada um tem que viver com o gosto de cada um. Às vezes, tem que fazer alguns sacrifícios um pelo outro, ir a algum lugar que não goste, só porque o outro gosta, assistir a algum filme que você ache patético, só porque seu parceiro ama aquele filme.

  - Isso aí Alice. Você manda bem nesse assunto, para quem só namorou uma vez na vida.

  - Eu tive um ótimo professor. – pisquei para ele, fazendo-o rir, afinal, eu me referia a ele.

  Passei meu braço ao redor de Erick, e rindo, entramos no refeitório.

  Fui recebida com um doce beijo de Lyen, que falou animadamente durante todo o almoço. Quando tocou o sinal seguimos para nossas aulas de mãos dadas. Foi difícil conversar em nossa primeira aula, o professor já havia colocado um aluno para fora da sala por estar conversando. No meio da aula, Lyen escreve uma mensagem em seu caderno e o coloca bem no meio da mesa, a mensagem dizia:

“Eu vou falar com seus pais.”

Rabisquei de volta.

“Quando?”

  “Não sei ainda. Fui convidado para uma festa hoje à noite.”

  “Que horas você passa me buscar?”

Ele abriu um grande sorriso ao ver minha resposta. Era bom ver que eu estava começando a me adaptar a vida dele, ao seus costumes e gostos.

“Às nove.”

Às nove horas eu já estava pronta para a festa, esperando ele em frente a minha casa com o melhor vestido que eu tinha e a melhor maquiagem. Pena que eu não tinha um bom calçado, ou no mínimo um com um supersalto, para eu não me sentir deslocada entre as paty.

  - Você está linda. – disse ele quando chegou.

  - Obrigada, você também está. – ele vestia um jeans e uma camisa listrada, com um pequeno decote em V, a camisa era de manga comprida, mas ele havia dobrado elas para parecer curta, o que ao meu ver, dava um charme a ele.

  Ele pegou minha mão e a beijou, depois me conduziu para o carro, ele deu uma breve olhada para a casa e nos envolvemos em um longo beijo.

  A festa era na casa de Elena, uma garota ruiva do último ano, ela fazia parte das líderes de torcida, e era apenas isso que eu sabia dela. Nem preciso dizer o quanto era desconfortável estar em uma festa, ainda mais na casa de alguém que eu não conheço.

  Foi Elena quem atendeu a porta, ela abriu um sorriso quando viu quem estava em frente à porta, e seu sorriso não se desfez quando seu olhar recaiu sobre mim. O que eu julguei ser: A) falsidade, ou B) legal da parte dela.

  - Lyen! Que bom que veio! – disse ela.

  - Não podia perder essa. Elena, essa é Alice, minha namorada. – disse ele, nos apresentando.

  - Namorada? – ela se virou novamente para mim, ela estava surpresa, e um pouco decepcionada, como se eu não fosse a melhor escolha para Lyen, dava para notar, mas continuou gentil – É um prazer conhecê-la. Fiquem à vontade. – ela foi para o lado, dando espaço para nós passarmos – As bebidas ficam ali, - ela apontou para um bar de vidro – e o banheiro naquela porta. – ela direcionou seu dedo para o lado oposto, apontando para uma porta branca, logo atrás de um monte de gente que dançava loucamente.

  - Venha Elena. – uma garota loira do terceiro ano com um copo na mão, pegou Elena pelo braço e a conduziu para a pista de dança.

  - Se precisarem, é só chamar. – disse Elena por cima do ombro.

  - Acho que ela ficou decepcionada quando você disse que eu era sua namorada. – disse enquanto Lyen me conduzia em direção às bebidas.

  - Você acha? – perguntou ele, com uma leve curiosidade no rosto, como se o que ela pensava não importasse para ele.

  - Lyen, é claro que sim. Acho que ela gostava de você.

  - Na verdade eu acho que todo mundo aqui, - ele vez um gesto para as pessoas que ali estavam – gosta da minha suposta fama de popular, do meu rosto bonitinho, do que eu supostamente tenho a oferecer. Pena que eu não faço mais parte dessa vida, - sentamos em um sofá vazio com os copos de bebidas em mãos, claro que Lyen não me deixou pegar nada forte, tive que implorar para ele não me servir de Coca-cola, pensa que mico – prefiro você a esse tipo de vida. – seus lábios tocaram levemente os meus em um rápido e doce beijo.

   Durante toda festa eu andava de um lado para o outro com Lyen, enquanto ele conversava com seus amigos, de vez em quando Lyen me arrastava para a pista de dança, e eu desajeitadamente tentava acompanhar seu ritmo. Alguns de seus amigos eram legais, outros falsos, outros nem disfarçavam o quanto não gostavam do meu namoro com Lyen. Não demorei muito para notar que grande parte das garotas que ali estavam tinham uma quedinha por Lyen, eu via elas olhando com raiva para mim, eu estava ficando sufocada com toda essa agitação.

  - Vou ao banheiro. – sussurrei no ouvido de Lyen.

  - Ok. – disse ele com sorriso – Mas não demore, ou vou ficar com saudade.

  Ele falava com duas garotas, cujos nomes eram Mary e Anne, uma morena de cabelos negros e uma garota de pele branca com cabelos cor de mel, assim que eu me distanciei delas ouvi elas perguntando a Lyen o que ele via em mim.

  Fui em direção ao banheiro, tentei abrir a porta, mas ela estava trancada, encostei na parede e esperei, meu olhar estava em Lyen quando alguém bloqueou minha visão. E esse alguém era Max.

  - O que você faz aqui? – perguntou ele, com um tom curioso na voz.

  - Curtindo a festa. – senti meu rosto corar, sorte que as luzes estavam apagadas.

  - Você conhece Elena?

  A porta do banheiro se abriu e Juliet saiu pela mesma, ela não ficou nada contente em me ver ali.

  - Quem convidou a plebeia? – perguntou ela, me olhando de cima a baixo – Como você conseguiu entrar? Eu disse para Elena convidar apenas os populares.

  - Pensei que ela disse que não poderia trazer companheiros. – disse Max.

  Não dei atenção aos dois, entrei no banheiro e tranquei a porta. Aquilo era demais para mim.

  Joguei um pouco de água no rosto, tirando um pouco da maquiagem. Suspirei fundo. Você vai aguentar essa. Olhei meu rosto no espelho, o que uma plebeia como eu, está fazendo com um príncipe como Lyen? Lutei muito para segurar as lágrimas que ameaçavam cair, sorte minha meu rímel ser à prova d’água.

  Saí do banheiro e me dirigi em direção de Lyen, agora ele estava falando com Tyler.

  - E aí Alice. – disse ele estendo a mão para um cumprimento, eu não a peguei.

  - Olá Tyler. – disse rispidamente.

  - Que isso Alice, meus problemas são com Janel e não você. Estamos na nice.

  - Tyler, ela é minha amiga.

  - Qual é garota?!

  Não respondi a ele, logo os dois voltaram para a conversa que eu interrompi. Meus olhos vagaram pela casa, não querendo ouvir o que os dois falavam. Meu olhar recaiu sobre um pequeno grupo composto por Elena, Max e Juliet. Eu tive a impressão que Elena falava sobre o meu namoro para eles, porque Juliet ficou vermelha e roxa, sua expressão mudou para espanto e seu olhar se voltou em minha direção.

  Posso dizer que a reação de Max não foi muito diferente, mas havia alguma coisa em seu olhar... Algo diferente.

  Voltei meu olhar para Lyen que continuava falando com Tyler, e ele não parecia gostar nada de estar falando com ele, sentia o olhar deles em mim, passei a mão em meus cabelos, sentindo-me completamente desconfortável.

  - Lyen, - voltei minha atenção para o que Tyler estava dizendo – sua namorada está uma gata – ele se virou para mim assim que notou que eu estava focada na conversa – Que revolução gata, deveria ter pegado você em vez da Janel. – Lyen ao meu lado enrijeceu, não gostando do rumo em que a conversa tomava.

  - Eu nunca ficaria com você. – disse rispidamente. 

  - Whoo, - ele levantou as mãos – calma gata. Você não teria resistido ao meu corpinho sexy.

  - Pare de me chamar de gata. – exigi no mesmo tom de voz que tinha usado.

  - Acho melhor – Lyen interveio – nós irmos dançar. – ele pós seu braço ao redor da minha cintura e me levou para a pista de dança sem se despedir de Tyler.

  - Aquele garoto é um idiota. – disse enquanto entrava no ritmo da dança, bom, no mínimo tentava, com todo meu corpo travado por conta da raiva que sentia por Tyler.

  - Sinto muito. – ele passou a mão em meus cabelos, fazendo todo meu corpo destravar.

  - Você não tem que se desculpar.

  Observei Max e Juliet, eles estavam de mãos dadas, ela falava animadamente, mas seu olhar dizia que algo estava errado. Quando eles notaram que eu os fitava, rapidamente desviei o olhar e peguei a mão de Lyen. Dei uma olhada pelo canto do olho a tempo de ver Juliet me lançar um olhar de desgosto e depois voltar sua atenção para Elena. Mas Max não desviou seu olhar, ele continuou nos observando com uma expressão séria, ainda de mãos dadas à Juliet.

  Lyen levou meus lábios aos deles em um longo beijo, eu ainda sentia o olhar de Max sobre mim, fazendo minha nuca formigar, mas parecia... mais intenso.

  A música agitada foi substituída por uma batida lenta, Lyen passou os braços em minha cintura, conduzindo-me na dança. Pelo canto do olho, pude ver que Juliet convidou Max para dançar, mas ele negou; brava, ela agarrou Tyler e o levou para a pista de dança, enquanto Max sentava nas escadas e fixava o olhar em nós. Desviei o olhar dele, distraindo-me nos olhos castanhos de Lyen.

  Mas ele ainda olhava para nós, ele não piscava, não movia o olhar, parecia uma estátua. Nossos olhos se encontraram novamente e eu abaixei a cabeça constrangida por estar procurando aquele olhar novamente.

  - Algum problema? – perguntou Lyen levantando minha cabeça, me fazendo olhar em seus olhos.

  - Nenhum. – sorri.

  Lyen olhou na direção em que eu olhava a poucos segundos, meu coração acelerou com medo de ter sido pega olhando para um cara que eu gostava, enquanto meu namorado estava bem a minha frente. Mas Max não estava mais lá. O olhar de Lyen pousou no meu novamente, nossos corpos estavam encostados, mas ele se afastou um pouco, deixando um espaço para que a mão dele pudesse pousar no local onde estava meu coração acelerado, fazendo ele reduzir o ritmo.

  - O que houve? – o olhar que estava sobre mim não era de ciúmes ou de desconfiança, mas sim um olhar amável que queria me ver bem, custe o que custasse.

  - Nada mesmo.

  - E por que seu coração estava tão acelerado? – suspirei derrotada.

  - Era Max.

  - O que ele fez?

  - Nada. Só... ficava olhando pra nós. – Lyen vasculhou a sala a procura dele, mas nada achou.

  - Não precisa se preocupar com ele, eu estou aqui agora. – sua mão acariciou meu rosto – E se ele fizer alguma coisa pra você de novo, eu mato ele. – meu corpo paralisou com a palavra “mato”, Lyen notou – Desculpa.

 - Eu...

  Parei minha frase mal formulada pela metade, pois alguém havia mudado a música, de volta para os remixs de grandes sucessos. Um grande coro de desaprovação se estendeu pelo recinto, olhei para a mesa do DJ, mas não era ele que estava lá, mas sim Max.

  - Hey, Lyen! – disse uma garota um pouco longe, se aproximando de nós, notei que era Anne novamente – Me concede essa dança? – pediu ela, praticamente se jogando em cima de Lyen.

  - Anne, me desculpa, mas prefiro dançar com minha namorada. – respondeu ele.

  Com um olhar de cachorro magoado, Anne pisou o pé fortemente, em um ato de manha e se afastou pisando firme.

  - Ela é assim mesmo, - disse uma voz ao meu lado. Quando me virei, encontrei Elena ao nosso lado – não sei nem porque a convidei.

  - Só não me diga que depois piora. – implorou Lyen.

  - Não se preocupe, ela notou o superfora que você deu, ela não é lá grandes coisas, mas se dá um pouco de respeito quando recebe um fora. – os dois riram, senti uma pontada de ciúmes, ainda mais depois que percebi que eles entrariam em uma conversa longa.

  - Eu preciso de um pouco de ar. – disse para Lyen – Eu já volto, tudo bem?

  - Quer que eu vá junto? – perguntou ele, já se movimentando.

  - Não precisa. Estou bem. – disse sorrindo.

  - Tudo bem. Se precisar me chame. – respondeu ele sorrindo também.

Dirigi-me para os fundos da casa, que não foi difícil de achar. Havia uma sacada com algumas cadeiras e uma churrasqueira, por sorte ninguém estava ali. Sentei-me no primeiro degrau que conduzia ao jardim. Fiquei curtindo a leve brisa que batia em meus cabelos, mas por pouco tempo, pois Max havia sentado ao meu lado, mesmo de olhos fechados eu sabia que era ele, reconhecia aquele perfume em qualquer lugar.

  - Desculpe se pareci meio rude hoje. – disse ele.

  - Tudo bem. – respondi ainda com os olhos fechados.

  - Então Lyen e você estão realmente namorando. – olhei para ele a fim de descobrir que tipo de expressão estava estampado em seu rosto, mas ele era uma máscara.

  - Estamos. – afirmei algo que ele já sabia.

  - Parabéns. – disse ele sem olhar para mim, pois seus olhos estavam fixos no céu quando ele disse.

  - Obrigada. – disse ainda olhando para ele, mas se ele percebeu que meu olhar estava sobre ele, não demonstrou.

  - Você não parece muito bem. – disse ele, ainda sem olhar para mim.

  - Durante toda a noite, um turbilhão de gente praticamente me humilhara.

  Seu olhar pousou sobre mim, e sua máscara caiu por alguns minutos, pude ver preocupação em seu olhar.

  - Eles fizeram algo contra você? – perguntou ele, novamente com a mascara erguida sobre o rosto.

  - Não. – suspirei, comecei a mexer em minhas unhas, algo que eu fazia quando estava nervosa – Eu ouvi, ou simplesmente via no olhar das pessoas, que elas não gostam de mim. Dizem que eu não sou a pessoa certa para Lyen. Eu sei que eu não pertenço a esse mundo...

  - Você pode pertencer ao mundo que você quiser. – disse ele me interrompendo – Não deixe os outros te intimidarem, dizendo que você não é boa o suficiente, porque você é. Você é a pessoa certa para qualquer homem descente. Incluindo Lyen. – a última frase ele pronunciou devagar, hesitando um pouco.

  - Obrigada, eu acho. – disse, desviando o olhar dele.

  - Acho que você está com ciúmes também. – disse ele depois de um tempo.

  - Eu? Claro que não. – ele me fitou por um momento, enquanto eu o fitava de volta – Um pouco. – confessei.

  - Não se preocupe, você viu o fora que ele deu em Anne. Não acredito que ele seja o tipo de cara que vá te trocar, ou te magoar com essas coisas. Muito menos te trair.

  Olhei para ele, muito intrigada por ele estar elogiando meu namorado.

  - É muito engraçado ouvir você dizendo isso.

  Ele corou por um momento, e então levantou, como se percebesse que deveria estar em outro lugar.

  - Tenho que ir Alice. Faz um favor para mim?

  - Claro. – disse.

  - Diga a Noah, que sinto muito pela briga.

  - Não acho que ele vá te desculpar, Max.

  Ele nada disse, apenas me olhou por um momento e depois voltou para dentro da casa.

  Alguns minutos depois, eu fiz o mesmo. Assim que encontrei com Lyen, pedi para irmos embora, com a desculpa de que eu não estava me sentindo bem.

Ao que se parece todos cobiçavam a suposta popularidade e a beleza de Lyen. Saímos da casa, entramos no carro e partimos de volta para meu “lar”.

  Ao chegar em meu bairro, vi o carro de Max saindo da minha rua, evitei olhar para ele, desviando minha atenção para Lyen. O que ele fazia ali?

  O carro de Lyen parou em frente a minha casa, ele colocou sua mão na minha, seus olhos fixos nos meus, transmitindo a calma de sempre.

  - Vou falar com seus pais, agora.

  -Agora? - fiquei surpresa em ouvir aquilo, eu sabia que uma hora isso ia acontecer, mas não esperava que fosse hoje. Agora.

— Sim. Eu não posso mais esperar, estou ansioso demais. Quero tornar nosso namoro oficial. E não quero esperar até amanhã, ou depois.

  - Está bem. – cedi depois de um tempo em silêncio.

  Ele abriu um sorriso, o qual eu tentei imitar sem grande sucesso, pois eu estava um pouco assustada. Ele tirou o sinto de segurança e se inclinou em minha direção, seus lábios tocaram o meu por alguns instantes antes de ele interromper o beijo.

  - Eu te amo Littleton. – disse ele.

  - Eu também te amo.

 Lyen abriu a porta do carro para mim, e juntos fomos em direção a minha casa, quando abri a porta me deparei com meus pais, suas expressões não eram das melhores. Eu não os esperava encontrar no corredor, esperando por mim.

  - Boa noite Sr. e Sra. Holloway. – ele estendeu a mão em direção do meu pai, mas ele não a pegou.

  - Garoto, - disse meu pai, sua voz era sério, sem tirar os olhos de mim – acho melhor você ir para casa.

  Lyen ficou mais surpreso do que eu, mas ele não disse mais nada, apenas se despediu e foi embora, deixando-me sozinha com meus pais.

  - Alice, - disse minha mãe – precisamos ter uma conversinha.

  - O que houve? – perguntei, começando a ficar assustada.

  - Quando você ia nos contar que estava namorando?

  - Eu... – fiquei assustada e acabei me embaralhando com as palavras – Mas não... Hoje mãe.

  - Você espera que acreditemos nisso?

  - Como? – meus pais nunca suspeitaram de mim – Mas é verdade!

  - O que me incomoda filha, - continuou minha mãe – é que não soubemos por você, tivemos que descobrir pelo acaso e com outra pessoa. Essa família não gosta de segredos.

  - Sua conduta não está sendo nada disciplinar. – disse meu pai, interrompendo minha mãe - Namora escondida, se envolve em problemas na escola. Joga tinta no refeitório! Desse castigo você escapou, devíamos ter sido mais duros. O que eu vou fazer com você filha?

  - Se você não confia em nós, não conta para nós, então não vai poder namorar. – nesse momento, senti como se o chão estivesse sumido, me senti tonta, isso não podia ser verdade, devia ser uma peça, meus pais nunca fariam isso – Eu sabia que tinha algo... diferente naquele Lyen, mas fui cego de mais.

  - Se você tivesse nos dito antes, isso tudo não seria necessário, e agora nesse momento você estaria namorando aquele garoto.

  - Mas pai, ele me pediu em namoro ontem!

  - Não foi isso que nos disseram. – disse minha mãe.

  - Mas...

  - Sem mas Alice, seu pai já disse tudo. Você não vai namorar aquele garoto.

  - Qual o problema de ser ele? – nesse momento soube pelo que Alyson passava em casa.

  - O problema não é ele, - disse meu pai mais sério – é você. Se você tivesse nos contado antes, tudo seria diferente. – não disse nada, apenas baixei a cabeça, reconhecendo a derrota – Pro seu quarto garota, você está de castigo, você vai de casa para escola, e da escola pra casa. Sem celular, sem computador, sem amigos, sem namorado. – ele estendeu a mão, querendo o celular, entreguei a ele sem hesitar.

  Passei por eles para subir as escadas, mas minha mãe segurou meu braço. Me virei em sua direção;

  - Você ainda é virgem? – perguntou ela.

  - Mãe! É claro que sou! – não pude acreditar que meus pais tinham essa suspeita sobre mim. Mas olho para tudo o que acabou de acontecer, e não acredito que esses sejam meus pais. Eles nem eram capazes de acreditar em mim!

  Por que tudo tinha que ser tão difícil para a garota da família?

  Ela soltou meu braço, eu ia me dirigir ao meu quarto, mas a campainha tocou, parei onde estava pensando que podia ser Lyen novamente. Mas não era.

  Meu pai foi até a porta e abriu-a, ficando em um ângulo que não me permitia ver quem tocou nossa campainha, mas ele não podia me impedir de ouvir a voz dessa pessoa.

  - Alice está? – era a voz de Alyson, havia algo de errado na voz dela, um tom fora do normal. Rapidamente enxuguei as lágrimas.

  - Ela está de castigo. – respondeu meu pai.

  - Por favor, deixe-me falar com ela. – a suplica em sua voz era enorme.

  Então eu pude entender o tom que estava errado na voz dela, Alyson estava chorando. Fui em direção a porta sem me importar se eu estava de castigo ou não, e pelo visto meus pais não tinham um coração completamente de pedra, pois não me impediram de falar com Alyson.

  Dois corações partidos em uma única noite. Era isso que me parecia.

  Ela suspirou aliviada assim que me viu surgir ao lado de meu pai. Ela estava com os olhos inchados, algumas lágrimas ainda rolavam pelo seu rosto, mas ela fazia uma força imensa para impedir que mais delas caíssem, o nariz estava vermelho, o cabelo bagunçado.

  Mas o que mais me surpreendeu foi ver que ela segurava um travesseiro em uma de suas mãos, e carregava uma mochila nas costas.

  - Alice, - disse ela em meio às lágrimas que ela conseguiu conter – preciso de sua ajuda.

  É quando achamos que as coisas não podem ficar pior, que elas ficam.


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Notas finais do capítulo

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