Cosmos escrita por Sapphire


Capítulo 2
Capítulo 1 - Despertar de um pesadelo




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Richard acordou com o movimento da cama e a respiração arfada de sua esposa. Ele se virou no colchão para poder olha-la melhor.  Ele podia notar que seu olhar estava distante, assustada. Paola não havia se quer notado a presença dele ali.

— Amor?  Está tudo bem? – ele percebe que está suada e ofegante, virando a mão para acender o abajur e sentando junto a ela – Teve um pesadelo? - segura o rosto dela entre as mãos

Muito assustada Paola vê ele ali ao seu lado e tira a mão do marido de seu rosto. Como se fosse um completo estranho ela o encara por breves segundos como se fosse um fantasma.

— O que faz aqui? – pergunta ainda assustada com o que acabou de acontecer.

— Como assim? Nós dois dormimos no mesmo quarto, ou não? – Richard pergunta intrigado por sua esposa o olhar tão estranho.

Paola olhou para os lados e percebeu que não foi a mesma cama em que se deitou há poucos minutos. O antigo quarto no qual conhecia desaparecera totalmente e estava em um quarto que há anos não via e não dormia. Sem conseguir encarar o marido resolve perguntar a ele.

— Onde estou? – Sua expressão era de alguém aturdida. – Eu morri? – Só podia ser a única explicação plausível para se encontrar bem ali com ele.

— Paola, você não andou bebendo as escondidas, não é? – Richard olha desconfiado como se fosse costumeiro aquele tipo de comportamento dela.

— Só me responda. – Ela corre para frente ao espelho. E o que vê refletido é uma Paola mais jovial, com a idade entre 40 e 45 anos. A saúde voltara e as rugas e as bolsas em baixo dos olhos haviam sumido e estava mais corada também. – Acho que estou sonhando.

Richard levanta atrás dela, apenas com uma box branca como cobrimento da nudez marcando seus atributos, deixando seu peito a mostra.

— Que sonho você teve? – pergunta preocupado por sua companheira.

Paola o olha de cima abaixo do espelho e dá um sorriso discreto, amando ver o corpo de seu marido, achava o muito bonito.

—  Isso não é um sonho? Isso agora? – ainda com medo sobre o pesadelo, pergunta assustada. Richard a envolve com os braços carinhosamente.

— Mais real do que isso impossível – ele dá um sorriso, depositando sua cabeça sobre o ombro dela, e a olha pelo espelho refletindo os dois corpos na noite, sendo iluminados pela luz do abajur.

Paola repousa sua mão sobre a dele fazendo carinho nela, notando a aliança de casamento.

— Que dia é Hoje? – pergunta ainda perdida sobre tudo. Com a mente bagunçada.

— Você andou bebendo as escondidas. – Ele aponta para o calendário para que ela possa ver a data – Hoje é 13 de novembro. Tá esquecida?

Com a mente vagando, Paola tenta lembrar a data em que tudo aconteceu, mas sem êxito. A cabeça estava um turbilhão de pensamentos, mas todos bagunçados. Apenas olha para seu esposo.

— Grava esse dia. – disse Paola.

— Gravar? Por quê? – Richard a olha confuso. – O que há de especial hoje?

— Sou uma nova mulher! – declara segura.

— Não sei o que tá querendo dizer com isso meu amor, mas fique sabendo que eu gosto da antiga Paola. – Richard sorri beijando seu ombro.

— A antiga Paola te beijava quantas vezes por dia?

Richard tenta contar de cabeça e nos dedos pra brincar com ela e até provocar, sabendo que ela se aborrece com tudo que faça esperá-la.

— Preciso responder? – ele questiona.

— Sim, com a verdade. – Paola aguarda sua resposta, sabendo dentro de si.

— Bom, você não me beija. Sou eu quem te beija. Isso conta?

— Não! – Paola se vira pra trás para ficar de frente para seu marido.

— Até porque você nunca deixa, né? Mas o que interessa isso agora? Já está tarde. Vamos dormir. – Ele se vira para ir para cama, sem esperá-la ou sem puxa-la pela mão, porque há sempre discórdia quando tenta ser atencioso.

Ela caminha até a cama e se ajoelha ao lado dele, tocando o braço de Richard esperando que ele a olhe.  Assim que ele a encara pergunta:

— O que foi? Quer dormir essa noite sozinha? – Já se levantando da cama para ir para o outro quarto, mas Paola o segura firme, prendendo na beira da cama e se ajoelhando em cima da própria de frente para ele.

— E.u.. eu te amo. – seus olhos se fecham, esperando ele não estar mais ali quando abri-los novamente. Porque sempre fora tão difícil confessar aquilo ao marido? Sua voz chegava a tremer de nervosismo. Torcendo apenas que ele corresponda.

Richard estava em choque, sua esposa nunca mais falara que o amava desde o nascimento do seu único filho. Ele olha para ela de olhos fechados, sem saber se o que ouviu foi real.

— O que você disse? – pergunta com a voz quase inaudível.

— Eu te amo. – ela repete ainda de olhos fechados tocando sua mão. – Eu sei que não falo isso com uma frequência que deveria durante todos esses anos. Mas é a verdade e se quiser ir embora agora... Se quiser – Ela solta a mão dele, esperando que ainda fique ali.

Ainda parado fitando sua esposa, ele segura seu rosto entra as mãos.

— Abre os olhos, Paola. – pede em um tom carinhoso e calmo. A voz estava rouca.

— Não quero que você vá embora – Confessa abrindo os olhos com medo. Os olhos brilhavam ameaçando a chorar. Ela nunca se comportava daquela maneira, chegando a tocar seu marido.

Ele apenas sorri de forma calorosa.

— Eu não vou a lugar algum meu amor, eu também te amo muito. Eu só ia para o outro quarto, como você me pede em algumas ocasiões, quando não está bem ou estressada.

— Eu não vou te pedir mais isso... Eu só vou te pedir para nunca mais ir para o outro quarto - olhando para ele e o beijando - É só o primeiro de muitos - engolindo seco e sorrindo pra ele - eu gosto quando me abraça. Me sinto protegida.

Richard a encara sem saber se deve sorrir para a esposa, achando aquela atitude muito estranha, e até mesmo sentindo gosto de álcool na boca dela.

— Você bebeu. Você sempre assalta o barzinho lá em baixo de madrugada. Incrível, Paola. – Indignado.

— Você não me deixa beber direito...É claro que eu bebi. – ela o encara também – Mas estou sóbria!

— Paola... Eu acho que você deveria descansar. Amanhã não lembrará nem o que disse agora.

— Claro que eu vou! – Puxando ele para cama, para se deitar com ela.

— Eu falo sério – Richard olha para ela com o rosto sem esboçar um sorriso. – É melhor meu amor. – Diz já se levantando e dando um beijo na testa dela, saindo do quarto caminhando em direção ao de hóspede achando melhor dar um espaço para ela acalmar os nervos.

Ela olha para ele sair, e começando a sentir um desespero e um aperto no peito, ficando ajoelhada na cama olhando a porta um longo tempo. Pensando se deve tomar coragem e ir atrás do marido, ou passar a noite só.

Richard já se preparava para dormir ajeitando seus travesseiros, pensativo. Em toda sua vida de casado, nunca havia visto sua mulher se comportar com ele daquela maneira. Porém estava acostumado quando bebia antes de dormir. Podia ser o efeito do álcool ou mais um de seus truques para conseguir presentes novos.

Paola se levanta com a coberta enrolada em volta de seu corpo e anda até o quarto de hóspedes batendo na porta, esperando e aguardando desesperadamente em seu coração que ele abrisse.

— Paola, já disse que é melhor você ir dormir. – Richard responde as batidas, virando de costas pra porta á deitado na cama.

— Quero seu abraço – sua voz sai baixinho e com certa tristeza.

Com um suspiro, Richard levanta da cama e gira a maçaneta abrindo a porta. Ele olha por alguns segundos para sua esposa.

— A gente já conversou sobre seu novo carro de natal. Eu prometi te dar. Eu sei que quando se comporta dessa maneira é porque seu aniversário se aproxima e você procura ganhar um presente.

— Eu quero ficar com você. – ela o abraça. O deixando totalmente surpreso com seu gesto.

— Você está assustada com o seu pesadelo? – pergunta incrédulo. Paola nunca tinha medo de nada. Nem mesmo quando seu filho havia sofrido um acidente de carro.

— Estou! – confessa.

—  Tudo bem – deixando ela entrar e fechando a porta.

— Você me perguntou com o que eu sonhei. – começa a falar deitando na cama puxando um travesseiro pra ela.

— Tudo bem se você não quiser falar.

— Deita comigo antes, eu quero falar sim. Eu quero compartilhar com você. – Ela o observa sair de perto e buscar uma calça vestindo e deitando ao seu lado. – Me abraça? – ficando de costa para ele.

Richard hesita por alguns segundos, mas em seguida levantando o braço e se encostando nela, abraçando.

— Eu sonhei que te perdi! - Richard ouvia calado, olhando o perfil do rosto de sua esposa – E eu fiquei com medo de acontecer de verdade. Foi como se eu tivesse previsto o futuro. Foi muito real.

— Foi só um sonho. Todos nós temos sonhos assim. – Ele a tranquiliza.

— Mas foi horrível. – Paola vira de frente para ele o abraçando fortemente e escondendo o rosto em seu peito.

— Você está se sentindo mal porque sonhou comigo morto? – A voz de Richard em tom de surpresa.

— Humhum. – com o rosto ainda escondido em seu peito e a voz saindo abafada.

— Você não ficou feliz porque seu desejo se realizou pelo menos em sonho?

— E quem disse que é o meu desejo? – Ela o encara no mesmo instante, não acreditando no que acabara de ouvir. Seu marido estava achando que ela seria capaz de pensar uma coisa daquela.

— Não é o que você sempre me fala? Richard, porque não deita e morre? – Imitando ela fazendo uma piada tentando parecer engraçado.

— Eu só falo porque é o meu jeito – Ela olha para baixo com vergonha das coisas que dizia – Era o meu jeito.

— Sentiu minha falta foi? Ficou com saudade e não sabia quem ia te encher o saco? – Fala num tom brincalhão.

— Sim. E não sabia quem ia me abraçar de noite e não tinha mais ninguém lá, até o Rick havia me abandonado. Senti sua falta.

Richard levanta o seu queixo para olha-la olho no olho.

— Eu nunca te vi assim antes. – resolve confessar o que estava pensando o tempo todo.

— Eu acho que acordei para o que eu sinto. E não quero mais desperdiçar você!

— Me desperdiçar? – Richard levanta uma sobrancelha perdido com a frase.

— Era isso o que eu estava fazendo. Sem te tocar, sem te beijar, sem te amar... – Paola explica.

— Paola, eu estou sem entender você. Imagina o que é estar casado com alguém e BUM. Do nada ela acorda e parece ser outra pessoa.

— Porque eu sou outra pessoa. E espero que goste dela.

Richard semicerra os olhos.

— Você não é assim. Já sei! Não é só o carro que você quer. Eu sei amor... Vou te dar outros presentes se quiser.

— Para de achar que estou falando de presentes. – Paola se irrita por ele achar que não é de coração sua mudança. - Pois eu não estou dessa vez. É sincero o que eu digo.

— Mesmo que esteja assustada com esse sonho, eu não consigo compreender. Juro. É só um sonho. – Achando inacreditável que a esposa em uma noite tenha mudado tão radicalmente.

— Não precisa entender. Só acredita em mim.

Richard faz carinho em seu rosto, colocando os narizes juntos, dando um selinho em seguida.

— Você realmente bebeu escondido essa noite, né? – volta a brincar com ela.

— Bebi, mas estou sóbria – Batendo no braço dele – Viu? – Richard ri.

— Vamos dormir. – Ele a abraça colando mais os corpos para sentir o calor dela.

— Eu te amo. – Colocando o rosto no peito dele, querendo se esconder ali no abraço acolhedor. Naquela muralha, naquela fortaleza que sempre a fazia se sentir segura e a mulher mais bem amada de todas.

— Eu também te amo meu amor. MUITO! – dando um beijo na testa dela.

— Boa noite. – Paola diz fechando os olhos.

— Boa noite. – Richard responde cobrindo a esposa com carinho e apertando mais o abraço. Haviam se passados tantos anos desde da última vez que haviam dormido assim juntinhos, sem ele precisar forçar ela a isso. E agora ela estava ali com medo de perde-lo.

Paola estava sentindo insegurança e medo de voltar a dormir e achar que aquilo fosse um sonho e que a realidade era outra na qual estava aguardando. Ainda assim se fosse um sonho, seria o mais belo de todos. Ou se estivesse morta, estaria feliz. Porque havia passado por cima de seu trauma e havia declarado de coração que amava Richard. E apenas queria que ele soubesse disso, embora suas ações todos os anos lhe mostrasse ao contrário.

Não demorou muito para que o sono atingisse em cheio os dois e para que ambos dormissem. Dessa vez Paola não havia sonhado com nada, apenas uma noite tranquila como há tempos não havia. O amanhã seria um novo dia.


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Notas finais do capítulo

Gostou, então favorita, indique, e comente :) Autora agradece.



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