The Man I Love escrita por Nancy Watson


Capítulo 2
I. Old Money


Notas iniciais do capítulo

A história vai ter uma vibe meio Lana del Rey, e bastante inspirada nas músicas dela também! Espero que gostem, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696498/chapter/2

"Where have you been? Where did you go?
          Those summer nights, seem long ago..."
                                                                         Lana del Rey - Old Money

                      

Cinco anos atrás...

Damon estava preocupado. Já havia ligado cinco vezes para Elena, e ela não atendera. Não tinha nada importante para falar, queria apenas ouvir sua voz, já que não a via há mais de uma semana - acontecimento incomum. Fora isso, ela não estava passando por um bom momento, e ele sentia necessidade de estar sempre por perto, para garantir que o dia dela sempre pudesse melhorar.
Impulsivo como era, decidiu ir a sua casa. A ansiedade causada pela saudade fez com que ele dirigisse rápido demais, por isso, chegou rapidamente ao local.
Bateu impaciente na majestosa porta de entrada, e em seguida foi atendido por um empregado.
"Rapaz Salvatore, que prazer vê-lo" Falou Tom, o mordomo, cordial.
"Olá, Tom. A Elena está?" Recebeu em troca um olhar triste.
"A menina Elena disse que viria. Pediu que eu lhe entregasse isso." Estendeu um envelope azul, perfumado.
Curioso e apavorado, Damon tomou o papel da mão de Tom. "Onde ela está?"
"Infelizmente não sei lhe informar." Mais um olhar triste.
"Obrigada, Tom." O moreno retornou para seu carro com um mau pressentimento. De alguma forma sabia que, quando lesse o conteúdo do envelope, tudo mudaria.


De uma das janelas do terceiro andar, Damon observava o carro preto deixar a propriedade numa velocidade absurda. Seu coração desobediente se acelerou quando ele percebeu quem era a motorista. Elena sempre dirigiu como uma louca. Ele se perguntou se apenas essa característica continuava intacta. Fez uma autoanálise e divagou sobre o tanto que ele mesmo mudara. Maioria dessas mudanças para melhor, outras que o perturbavam, como qualquer outro ser humano. Mas ele sabia que haviam coisas que jamais mudariam. Acreditava com convicção que jamais se livraria das doces lembranças que seu cérebro armazenara e fazia questão de lhe mostrar em sonhos com tanta realidade, e, nesse aspecto, o tempo não passara. O corpo de Elena Gilbert despertava toda manhã em seus lençóis, o perfume estava para sempre impregnado em suas roupas e a voz sempre lhe sussurrava obscenidades. Seu extremo realismo o fez aceitar que seus sentimentos eram resistentes, e que ele conseguia conviver com isso, mas também destruíra qualquer vestígio de esperança ou confiança sobre qualquer coisa que a envolvesse.
Tomou metade do seu café e acendeu um Parliament, tentando não ficar ansioso com o reencontro que aconteceria mais tarde. Se perguntou se ela sentiria ciúmes de sua linda acompanhante, se lhe pediria perdão (gostava de fantasiar coisas impossíveis), se ela manteve o lindo cabelo longo, se fizera todas as coisas que desejava, se havia vencido a luta contra o alcoolismo, se ainda compunha e cantava... Todas essas questões sempre foram muito constantes, mas agora a ansiedade dera uma urgência agoniante nelas. Acendeu mais um cigarro, terminou o café.
Decidiu acordar Rose, sua amiga que, nua, dormia sobre a cama king size do monumental quarto de hóspedes. Os Gilbert nunca gostaram de coisas pequenas, então obviamente sua mansão principal não seria simplesmente luxuosa. Os quartos principais poderiam abrigar uma família inteira, os de hóspedes pareciam serem feitos para realeza, a maior parte da decoração era de ouro, o jardim enorme continha inúmeros tipos de flores cultivadas por especialistas que com outros superprofissionais compunham o time de mais de 20 empregados e a extensão do terreno era grande o suficiente para você se perder. Damon sempre adorou os Gilbert, apesar de ter se afastado nos últimos anos. Estar com eles sempre fazia-o lembrar de Elena, e ele não queria ouvir nenhuma notícia sobre ela, boa ou ruim.
Desceu com Rose para tomarem café da manhã com todos, relaxado, pois sabia que Ela não estaria presente.

— Bom dia. - Ele e Rose cumprimentaram.

— Bom dia! - Disseram Klaus, Kol, Rebekah e Tyler em uníssono.

Tyler era da família Blackwood. Sua mãe era sócia na Gilberty, assim como o pai de Klaus, Kol, Rebekah e Elijah (que ainda não saíra de seu quarto), os Mikaelson. Ainda haviam outras duas famílias: os Donavan e os Branson.

— Quais são os planos para hoje? - Perguntou Damon, pegando um pedaço de torta de maçã.

— Vai ter um almoço "especial". - Respondeu Klaus. - Não sei pra que, é sempre a mesma coisa, todo mundo falando de negócios. - Deu de ombros com seu tom aveludado de desdém.

As famílias sempre gostaram de reuniões onde todos fingiam estarem relaxados, despreocupados e íntimos, quando na verdade só queriam resolver assuntos do trabalho e falar mal uns dos outros. Com o passar dos anos, as intrigas ficaram para trás, mas a obsessão pela vida profissional se perpetuou ainda mais quando os filhos ingressaram no negócio.

— Algum de vocês falou com a Elena? Uma das empregadas me disse que ela já chegou, mas ainda não a vi. - Rebekah falou com um beiço nos lábios.

Os músculos de Damon tensionaram instantaneamente e Rose notou. Todos negaram, ninguém havia visto Elena.

— Você está bem? - Perguntou Rose baixinho, acariciando os cabelos pretos do amigo.

Damon apenas lhe lançou um olhar de "você sabe que não", e desviou da carícia.
Rebekah, observadora e sem papas na língua, não deixou de comentar a reação.

— Ainda nessas, Damon? A estadia aqui vai ser divertida. - Provocou, e como resposta recebeu apenas um longo olhar irritado.

Assim que terminou sua refeição matinal, o Salvatore mais velho se arrastou até a sala de estar que dava acesso à enorme varanda coberta com vidro. A vista era lindamente melancólica: rosas vermelhas e brancas molhadas, água da chuva levemente evaporando do chão por causa da temperatura abafada, vento balançando as árvores devagar, fazendo com que mais água tocasse o chão, e o sol fazendo um lento strip-tease, livrando-se das nuvens cinzas.

— Espero que até ela chegar você melhore essa cara de dor. - Rose falou, parada ao seu lado.

— Quando ela chegar vai ficar pior, provavelmente. - Resmungou ele.

Aquela paisagem lhe trazia lembranças doces e atormentantes.

A risada de Elena tomou conta do quarto pouco iluminado. O som da chuva era trilha sonora do momento íntimo que eles compartilhavam. "Eu sei, eu sei que é brega. Mas não consigo evitar, sou uma romântica incorrigível." Ela deu de ombros de um jeito charmoso, e deu um selinho no moreno deitado ao seu lado.
"Já notei isso, apesar de os boatos dizerem o contrário" Ele alfinetou, brincalhão. Ela ficou séria por um instante, mas em seguida o sorriso voltou aos seus lábios.
"Você alguma vez acreditou no que falam de mim?"
"Só quando falavam que você é linda...E louca" Ela soltou mais uma risada antes de beijá-lo.

(...)

"O que faz aqui fora? Vamos para dentro, você vai acabar ficando doente!" Damon pediu, preocupado.
Elena não respondeu. Continuou encarando a roseira em sua frente, com uma expressão mórbida, debaixo da chuva forte.
"Elena, meu amor, vamos entrar." Ele falou num tom suave, se aproximando do pequeno corpo feminino que tremia.
"Não." Ela se afastou do toque cuidadoso. "Damon, eu não posso entrar, não posso ser igual a ele." Ela disse transtornada. Encarou os olhos azuis, como se pedisse ajuda e perdão ao mesmo tempo. Ele não teve tempo de responder, pois ela saiu correndo, desaparecendo ente as árvores da propriedade de sua família.

Damon saiu de seu transe assim que tragou o cigarro que recém acendera.

— Bom, eu já não gostava dela. Vendo você assim a antipatia cresceu ainda mais. - Rose falou, manhosa, passando um braço sobre os ombros largos. Ele forçou um pequeno sorriso. - Acha que ela vai se incomodar muito com minha presença?

— Creio que não. - Ele respondeu, no fundo torcendo que sim e que aquele "minha presença" não fosse tão presunçoso quando soou.

Horas depois, já estavam todos prontos para se reunirem em um farto e luxuoso almoço. Mais alguns amigos foram convidados. O "evento" estava acontecendo no salão de festas, que ficava separado da casa, cercado por arbustos e estátuas renascentistas. Uma enorme mesa fora disposta no centro do lugar, a fim de acomodar todos os convidados juntos. Algumas outras estavam mais nos cantos, com petiscos e bebidas. A decoração era toda bege, com detalhes vermelhos, de um bom gosto impecável.
O sol já não estava escondido, brilhava fortemente, terminando de secar os vestígios da chuva que passara.
Aquele ambiente era completamente familiar e aconchegante para Damon. As cores e as pessoas o remetiam à sua adolescência, sua casa, antes de partir para outra cidade construir sua vida e carreira como advogado. E claro, lembravam de Elena, a pessoa mais comentada naquele dia. Todos pareciam estar dispostos a não deixar que ele esquecesse a maldita por um segundo sequer.

— Nervoso? - Perguntou Stefan ao irmão, enquanto bebericava seu champagne.

— Menos do que eu esperava.

— Espero que ela esteja preparada para ouvir poucas e boa, porque...

— Não pretendo estender nenhum tipo de conversa com ela, Stefan. - Damon contou, num tom amargurado.

— Bom, eu pretendo. Você não foi o único que sentiu a ausência dela. Todo mundo se preocupou, irmão.

Damon deu de ombros, querendo encerrar o assunto.

Logo os jovens Mikaelson se juntaram a eles, seguidos de Lexi, filha única dos Branson.

— Só eu estou achando que isso parece uma festa de boas vindas para a Elena? - Ela questionou o grupo.

— Eu também! - Concordou Rebekah. - O Sr. e a Sra. Gilbert estão radiantes! Não falam de outra coisa.
"Ninguém fala." Pensou Damon, incomodado.

— Não foi o que eu notei, Bekah. Eles ignoram quando perguntam sobre a reabilitação dela, têm vergonha. Não é atoa que ela era toda errada.

Não suportando mais ouvir sobre ela, ele se retirou.
Encontrou Rose, que até então estava se arrumando, no caminho para o jardim.

— Está linda. - Ele elogiou sem emoção.

— Obrigada. - Ela sorriu radiante, e lhe roubou um breve beijo nos lábios. - Onde estava indo?

— Dar uma volta. Tem muita gente falando ao mesmo tempo lá dentro. - Ele explicou.

— Oh. Eu vou entrar, estou com sede de champagne. - Ela riu, e adentrou o espaçoso recinto.

O moreno seguiu o conhecido caminho de pedra que levava até uma elegante e enorme fonte, a qual ele adorava. Caminhou lentamente, aproveitando o calor dos raios solares e o som da água chocando contra si mesma, que ficava cada vez mais nítido.

Ao chegar, levantou o olhar, que mirava seus sapatos envernizados sobre o revestimento bem-feito do chão.

A imagem que viu, tomou seu fôlego. Um arrepio tão forte subiu por sua espinha que ele emitiu um som estranho, como se sentisse dor.
A cabeça com longos cabelos ondulados, cor de chocolate, se virou; e seu corpo curvilíneo, envolto em seda branca, acompanhou.

O olhar de Elena não enganava: ela estava tão surpresa quanto ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem!!!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Man I Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.