Guarde seu coração escrita por Rômadri


Capítulo 5
Eu o amo


Notas iniciais do capítulo

Gostaria muito de poder postar com mais frequência, mas não estou conseguindo. Espero que gostem e que deixem ao menos um "Oi!" pra mim. ;)



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— Estou esperando você falar alguma coisa. Seu silêncio está me matando.

Cristopher esfrega a mão no rosto. Parece que ele correu da cama após meu telefonema. Sinto-me culpada. Ele deveria estar dormindo agora pra fazer uma prova faculdade mais tarde, mas não posso evitar. Preciso dele.

— Não quero ir pro colégio.

Cris suspira e sei que não concorda comigo.

— Sua família vai pensar que eu sou um irresponsável e você sabe como é importante pra mim ter a confiança deles.

— Ninguém vai ficar sabendo.

Cristopher me olha com mágoa antes de acelerar o jipe no sinal verde.

— Você vai continuar me escondendo da sua família, não é? Mesmo depois de todo esse tempo.

— Eu não estou escondendo nada. Eles conhecem você.

— Não como seu namorado.

Fico irritada. Tudo tem sito tão, tão estressante e agora Cristopher decide discutir nosso relacionamento! Sinto vontade de sair do carro e ficar sozinha, só pra evitar a discussão. Meu cérebro parece querer explodir de tanta dor de cabeça.

— Mas que saco! Eles sabem que você é meu namorado, tá legal?!

Vejo o maxilar de Cris ficar tenso, mas ele não retruca, sua concentração voltada ao engarrafamento de carros. Fico encarando a janela com raiva. Preferia mil vezes que ele tivesse discutido ao invés de assumir sua postura adulta, fazendo-me sentir uma criança do primário dando chiliques. Observo a paisagem mudar. Ao menos ele não está me levando ao colégio e sim ao mesmo lugar de ontem. Cris estaciona o carro e me encara com seriedade. Desvio o olhar para as folhas agitadas de um coqueiro.

— Seu irmão, Estevão, me ligou.

Eu arfo, em choque. Cris suspira e esfrega o rosto novamente. Seu cansaço é visível.

— Ele me ligou ontem à noite. Ou melhor, hoje de madrugada. Disse um monte de coisas e ...

— O que ele disse? – Pergunto curiosa e desesperada porque sei que meu namorado está me omitindo informações.

— Algo sobre eu ser um aproveitador de garotinhas do ensino médio.

Engulo em seco.

— O que mais?

— Ele deixou claro que não quer que fiquemos juntos. Eu ia te dizer ao telefone que não era saudável ir busca-la na sua casa e que isso traria mais atrito entre seu irmão e eu antes mesmo de podermos conversar pessoalmente, mas você me pareceu tão assustada que eu não pude dizer não.

Cris segura minha mão, mas eu recuo. Não quero a pena dele. Quero que ele me diga tudo e isso não é o que está acontecendo agora.

— O que mais ele disse, Cristopher?! Você precisa me contar!

Cris suspira e encara o céu por alguns instantes antes de me responder.

— Não sei se você vai acreditar em mim, mas... ele disse: “Eu sei que você é um deles, mas não vou deixar que controle minha irmã também”. O problema é que eu não tenho a menor ideia a respeito de quem são “eles”. Não faz o menor sentido. Quando eu perguntei, ele...

Um soluço terrível nasce em minha garganta, alto o suficiente pra fazer Cris ficar em silêncio. Sinto um peso tão grande sobre meus ombros que é como se eu fosse desmoronar porque estou tão, tão exausta de tudo. Tão exausta de ser impotente. Eu faço de tudo, mas meu irmão não fica feliz, não consegue superar seus próprios monstros e meu namoro está piorando tudo porque agora ele acha que não estou segura saindo com Cris. Mas eu amo Cris e isso está me deixando maluca e eu estou chorando feito uma doida agora, sem conseguir me controlar, desejando que Charles apareça e me diga que isso tudo é uma de suas piadas sem graça e que logo, logo vai passar.

Cris me aproxima de seu peito e eu não tenho ideia de quando vim parar sentada em seu colo, nesse banco minúsculo. Sua camisa está molhada com as minhas lágrimas e eu só quero que meu coração pare de doer, mas ele está batendo tão forte que eu mal consigo ouvir o que Cris está dizendo.

— Eu queria tanto que sua dor fosse minha, Lisa – Consigo captar essas palavras no mar de coisas que ele diz e sinto vontade de dizer que ele não faz ideia do que está falando porque eu preferiria morrer a ter que lhe causar tanto sofrimento. Minha respiração se acalma e Cris me dá um pedaço de papel higiênico do porta-malas. Assoo meu nariz sem me preocupar com as rígidas regras de etiqueta de minha mãe.

 - Sinto muito por você me ver desse jeito. De verdade. – Constrangida, coloco o papel usado na sacola de lixo do carro, pego o álcool em gel na minha bolsa e limpo as mãos. Meus irmãos dizem que eu tenho mania de limpeza. Gostaria de dizer que estão errados.

— Não seja boba. Você fica uma graça com o nariz vermelho – Cris toca meu nariz e eu não consigo deixar de sorrir enquanto me movo de volta ao meu banco. Quer dizer, enquanto tento voltar ao meu banco, já que os braços de Cris em volta de mim parecem determinados a não me permitir tal movimento. Ergo uma sobrancelha.

— Vai me prender, é?

— Até que não é uma ideia ruim, afinal. – Cris afunda o rosto em meu pescoço e me abraça. Sem beijos. Sem toques íntimos. Apenas um simples e maravilhoso abraço. É claro que o ar pesado a nossa volta se deve ao desejo que sentimos um pelo outro, mas naquele momento eu não poderia imaginar nada melhor que um abraço. Encosto meu rosto em seu peito e fecho os olhos, ouvindo os batimento de seu coração. Ficamos assim por muito tempo, até eu sentir uma espécie de urgência. Um desejo inexplicável e irracional pelo mar. Preciso nadar. Preciso da água. E preciso agora.

— Quero nadar.

Cris me encara com surpresa.

— Agora?

— Sim.

Desvencilho-me de seu aperto e desço do carro, arrancando meus tênis e tirando minha farda. Cristopher me encara, estupefato. Eu sempre tive meus momentos de insanidade. Aqueles que eu não penso muito e simplesmente faço. E é exatamente isso que está acontecendo agora. Meu namorado está aqui, de boca aberta ao me ver somente de lingerie, mas não tenho tempo pra isso. Preciso deixar que água fria refresque minha nuca e clareie minha mente. Agora. Começo a andar pela trilha e ouço os passos de Cris atrás de mim. Avisto o mar e corro, sem conseguir me conter. Estou tão cansada de me segurar e reprimir. De calar e obedecer. Tão cansada de ter medo! Mergulho de olhos abertos, observando os peixinhos que passam ao meu lado. Aqui dentro parece ser outro mundo. Subo para respirar e vejo Cris nadar até mim. Em poucos instantes, suas mãos estão em minha cintura. Seu toque faz minha pele incendiar.

— Você é maluca, sabia?

Não respondo. Estou muito distraída com seu cabelo caindo sobre os olhos e seus lábios rubros e salgados. Minhas mãos espalmadas apertam seus bíceps e eu sinto o estremecer sob meu toque. Cris me beija apaixonadamente. Agradeço a Deus pela maré estar baixa, ondas agora estragariam tudo. Ele agarra meu corpo com desespero e eu enlaço minhas pernas em sua cintura. Preciso dele. Agora. Acaricio seus cabelos sedosos e ele puxa meu pescoço pra trás, beijando cada centímetro de pele. Fico louca de desejo e algo a mais. Amor, percebo.

Eu o amo. EU O AMO!


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