" Um homem de chapéu preto aguardava na parte de fora do quarto. Sua esposa gritava muito lá dentro. Uma das freiras conversava baixinho com a outra, que lançava olhares ao homem. Ele escuta um pouco da conversa: -Essa história não faz sentido algum... A mulher chega aqui grávida, aos berros, e no mesmo instante, é dito que ela está possuída. Não sei se salvaremos a criança, ou ela... - A outra Irmã, uma garota de uns 20 anos muito bela, responde a primeira observando o homem de canto de olho - Ele é o marido. E agora? E se os dois lá dentro morrerem? Não há tempo para fazer o parto, muito menos chegar a ponto de fazer um exorcismo... - Nesse momento a conversa se interrompe com a chegada do homem. - Minha esposa e filha? Vocês tem noticias se... - Um grito agoniante irrompe de dentro da sala, misturado ao som de um choro de bebê. O homem larga uma das freiras mais velha tentando falar com ele e parte com a mais nova em seu encalço para dentro do outro cômodo. Quando entra lá, vê várias freiras do lado direito da cama, a cabeça baixa. Todas seguravam um terço com uma cruz pendurada. Na cama, a esposa do homem estava com sangue em todo o corpo; especialmente no pescoço e na barriga. Uma criança recém nascida jazia nos colos de um padre que estava no meio das sombras. Ele murmurava palavras baixinho, quase como sussurros, uma reza sem dúvida. O homem corre até sua esposa e a sacode brutalmente, dizendo com pavor o nome da mulher repetidamente. Os olhos dele lotados de lágrimas, mostravam muito mais que desespero diante da cena. O padre se aproxima com o bebê no colo, e o entrega ao homem horrorizado e ensanguentado. A criança era uma linda menina que chorava muito. Quando o homem a pegou a encostou em seu peito, lotou sua roupa de sangue. A jovem freira disse em seu ouvido:- Alice. Combina com ela. - A frase se repete milhões de vezes no ar, então a cena desaparece, e a freira se vê sozinha. O local havia mudado. Agora a jovem se encontrava nas ruínas do convento, de frente para uma árvore. Outra jovem estava encostada nesta árvore. A garota devia ter uns 13 anos no máximo. Ela estava sentada a cabeça apoiada nas mãos. Estranhamente, a menina estava toda ensanguentada cheia de cicatrizes com um formato específico. A freira conhecia esse formato. E também a jovem que estava encostada na árvore:- Alice -Diz a jovem levantando o rosto - Foi esse o nome que você me deu mãe. Alice... - A garota faz uma pausa. As lágrimas dela. Eram sangue. A freira da alguns passos para trás. Tentou dizer algo, mas sua voz não saiu. A garota começou a se levantar, cambaleante. As cicatrizes ensanguentadas em seu corpo... Deixou a freira desesperada: - Vamos, mãe. Você sabe o que eu quero. Você não pode fugir de mim. - A cena muda de novo. A freira se vê em sua antiga casa, no quarto de sua filha. Alice. A menina tinha 9 anos. A freira, Rose, lembrava-se daquele dia. Fora uma época feliz. A menina corria em seu quarto rindo sem motivo aparente. Então se aproximava da porta, bem onde Rose estava. A garotinha paralisa observando a mãe jovem, como se realmente a enxergasse. Então abre um sorriso: - Ele voltou, mãe. Voltou para nossa casa. Desta vez, ele vai vir comigo sim! - A menina ri e atravessa a imagem de Rose, corre pelo corredor inteiro e desaparece..."

Rose acorda sobressaltada. Ela começou a chorar sofregamente. Não fora apenas um sonho. Foi uma visão. Uma mensagem de seu subconsciente.

A mulher se veste e olha o despertador. Ele não havia apitado, mesmo que tivesse passado uma hora do horário normal de Rose. 

Pela primeira vez em anos, a mulher sonhara de novo com sua filha. E por muita coincidência, seu filho voltara a sua antiga casa. Ela não gostou muito disso, embora fosse bom que eles tenham feito as pazes. James passou anos odiando a mãe, e agora, eles voltaram a se falar. O jovem rapaz tinha três adoráveis filhos (que por acaso tinham passado a tarde do dia anterior com a avó, enquanto James ia ao hospital) e uma linda esposa.

Rose decide ir direto para a igreja. Precisava urgentemente pedir ajuda do padre, afinal...

Sua filha estava de volta.