A Flight For Love escrita por Becca Solace


Capítulo 6
Maps


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. E ah, a música desse capítulo é Maps, do Maroon 5. Acabei de concluir o capítulo, então, se tiver erros, me avisem!
Enjoy!



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 Tobias

— Então... – Tris falou, para tirar o clima tenso que havia se estabelecido no carro. – Gosta de pudim?

Não pude evitar uma risada.

— Por que está rindo? – ela disse, arqueando a sobrancelha esquerda.

— Isso veio tipo, do nada. – falei, finalmente cessando o riso. – Gosto sim. Gosta de bolo de chocolate? O refeitório da escola faz o melhor do mundo.

— Na verdade, nunca provei. – confessou.

— Não. Você só pode estar brincando com a minha cara! Você nunca comeu um bolo de chocolate? – olhei-a incrédulo.

— Em Chicago, minha mãe só cozinha coisas saudáveis e “caretas”. – explicou, ela parecia ansiosa para mudar de assunto e tirar os holofotes de cima dela. – Mas então, o que aconteceu com a sua família?

Suspirei e de repente me vi despejando todos os anos de sofrimento naquela casa. As cintadas que minha mãe e eu levávamos nas costas, os desaforos... Ter que fingir para os outros que estava tudo bem. Que não doía. O alívio diante do fato de minha mãe finalmente tomar uma atitude e expulsar meu pai de casa, e então, o desespero quando ele voltou atrás de dinheiro. Expliquei também toda a situação que estava ocorrendo agora, como tínhamos de passar no banco por ordens de minha mãe para pegar dinheiro para aquele inútil, mas como eu pretendia estrangulá-lo.

— Você não pretende realmente fazer isso, pretende? – Tris perguntou, e não pude decifrar seus olhos. Não sabia se era preocupação, ou determinação.

— Pretendo, ele merece saber como é. – respondi, reparando que estávamos a duas quadras do banco.

— Mas aí você estará se rebaixando a ele, Quatro. E não deixarei que faça isso. Acha que isso irá aliviar a dor e o ódio que acumulou em seu peito? Não irá, só fará com que, talvez, vá parar na cadeia.

— Estou ciente de tudo isso, Tris, mas eu preciso... Ao menos tentar. – argumentei.

— Mas Quatro, e se ele o contra-atacar? – ela perguntou, e finalmente pude decifrar seus olhos. Mostrava compaixão e preocupação.

— Deixa que o faça. Tenho feito aulas de vários tipos de luta nos últimos anos, e eu sou mais jovem, é possível que ele vá parar em um hospital. – eu disse, esperando um olhar assustado de Tris, mas tudo o que recebi foi desaprovação.

— Ainda acho uma péssima ideia.

— Bem, não pedi sua opinião. – falei, no mesmo momento que estacionei o carro. Ela apenas me olhou com raiva e desceu do carro, indo em direção oposta de minha casa. – Aonde vai, sua louca?

— Um lugar em que alguém queira a minha companhia. – ela disse, apertando seu cardigã contra o corpo, devido à queda de temperatura.

— Qual é, Tris! Volte aqui! – gritei, mas ela já estava virando a esquina. Suspirei e finalmente fechei a porta do carro.

Caminhei tremendo por conta da ansiedade até a porta de entrada de minha casa. A vizinhança estava escura e silenciosa, devido ao fato de que já era 23hrs. Havia apenas uma luz acesa em toda a rua. Essa luz vinha da minha casa.

Ao parar em frente à porta de entrada, pude ouvir um choro constante e uma voz masculina que deduzi ser de Marcus. Agarrei a maçaneta e a girei lentamente, preocupado com o que veria. Finalmente abri a porta e visualizei minha mãe agachada ao lado do sofá e Marcus em sua frente, olhando-o de jeito duro.

— Tobias! – Evelyn gritou. – Eu te avisei para não vir até aqui!

Encarei seu rosto. Seu olho esquerdo apresentava uma coloração arroxeada, ela tremia e chorava. Olhei Marcus com raiva.

— Ora, ora, que saudade que eu senti de você, meu filho amado! – ele disse, os olhos cheio de crueldade.

— É mesmo? Por que você não vai arranjar um cu pra comer e nos deixa em paz, Marcus? – indaguei.

— Lhes deixar em paz? Está brincando? Atormentá-los é o passatempo da minha vida. – ele sorriu, cruelmente.

Senti a raiva crescendo dentro de mim e simplesmente acertei um soco em seu olho direito. Ele me olhou incrédulo.

— Saiu das fraldas? Acha que virou macho agora, Tobias? Nunca foi um e agora acha que é? Você é um nada. Chamam-te de Quatro sendo que deveriam lhe chamar de Zero. – sussurou, esperando me provocar. E conseguiu. – Um Zero. Um completo nada.

Não consegui me controlar e comecei a socar seu rosto sem parar, não estava conseguindo raciocinar muito bem o que estava acontecendo. Só sei que em algum momento da luta ele resolveu revidar, e em pouco tempo eu estava deitado no chão, tentando me proteger do ser que,  segundo a ciência, deveria ser meu pai.

Minha visão estava desfocada, mas vi quando ela chegou. Tris. Ela carregava uma pá, que me lembro de ter usado para ajudar minha mãe no jardim alguns meses atrás, e sem que eu pudesse prever seu movimento, ela atingiu Marcus na parte de trás de sua cabeça, o fazendo cair inconsciente.

Minha mãe estava finalmente de pé, agora chorando incontrolavelmente. Tris parecia abalada, e agora estava agachada ao meu lado, tentando me ajudar a levantar.

— Estou feliz que esteja aqui. – eu sussurrei e ela me olhou dando um sorriso fraco.

— Você é um idiota, Quatro.  – ela disse, e vi algumas lágrimas se juntando em seus olhos. Ela fez o máximo para disfarçar esse fato.

 - Faça-me um favor. – eu disse, com certa dificuldade.

— O quê?

— Não me chame assim. – disse.

— Devo lhe chamar como, então? – perguntou.

— Com o tempo você descobre. – respondi, agora respirando com mais dificuldade.

— Eu irei ligar para a ambulância. – minha mãe disse preocupada, já de pé, correndo em direção ao telefone. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar e havia hematomas por todo seu corpo.

Senti uma vontade desesperadora de dormir, comecei a fechar os olhos, mas Tris me impediu.

— Não faça isso! Se você dormir, Quatro, eu te mato. – ela disse, ameaçadora.

Ri fraco.

— Está bem. – falei. – Hey, ainda quer provar aquele bolo de chocolate?

— Sim, por quê?

— Nosso próximo encontro. – respondi. – Invadir o refeitório da escolha durante à noite.

Ela riu fraco e falou algo, mas não pude ouvi-la, pois meus olhos se fecharam e logo meu subconsciente já estava longe.


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