Tobias

Graças a Deus cheguei na Flórida. Passar um tempo na casa dos meus avós não foi nem um pouco divertido. Exceto os momentos do bolo de chocolate de minha avó, aí eu parecia uma criança de seis anos coberto de chocolate*. O ponto alto da viagem foi definitivamente eu ter conhecido a loirinha.

No começo, só dei bola pra ela porque estava realmente entediado e ela me parecia interessante. Depois passei a achá-la completamente incrível. Meio teimosa, talvez, mas era apenas seu charme. Fiquei meio chateado quando o avião finalmente pousou, mas sei que eu a veria novamente. Achava isso principalmente pelo simples fato de que, quando ela dormia, eu abri sua agenda e anotei o número do meu telefone. Talvez demorasse para ela ver, mas estaria ali. E sei que nos encontraríamos novamente. O destino pode ser um filha da puta desgraçado, e muitas pessoas podem reclamar da vida, mas uma hora ou outra coisas boas sempre acontecem. E encontrá-la novamente estava definitivamente em meu destino. Pelo acaso ou não, cinco dias depois, a encontrei novamente.

Antes de descrever meu encontro com Tris, acho que deveria explicar um pouco de minha vida a todos. Bem, meu nome é Tobias, mas todos me chamam de Quatro. Em fato, acho que quase ninguém na escola que estudo sabe o meu verdadeiro nome. Talvez os professores, mas os alunos... Quase ninguém sabe. Exceto pelo meu melhor amigo Zeke. Ele sabia de tudo que acontecia em minha vida. Tenho esse apelido pelo simples fato de eu ter deixado quatro garotos quase aleijados quando eles tentaram implicar comigo no primeiro ano do Ensino Médio.

Continuando, eu moro com minha mãe, Evelyn. Ela expulsou meu pai, Marcus, de casa há alguns anos pelo simples fato de que ele batia em nós dois. Nunca tive coragem de revidar, mas juro a mim mesmo que da próxima vez que esse desgraçado aparecer aqui em casa, eu o espancaria. Minha mãe simplesmente o deu dinheiro para nos deixar e ele o fez. Mas às vezes ele ainda aparece para pedir dinheiro e se não damos, ele nos bate. Minha mãe o dá grandes quantias de dinheiro porque temos bastante. Ela é uma arquiteta famosa aqui em Tampa, por isso ganha muito. 

Quanto à escola, Zeke, Marlene, Shana, Lynn, Uriah e eu somos conhecidos como os badboys da escola. Aqueles com quem não se deve mexer e essas coisas, como se fossemos mortíferos. Voltando ao meu encontro com a Tris... Foi uma dois dias antes de as aulas voltarem. 

Eu estava saindo de uma loja de discos antigas que estava quase falindo, quando a vi andando pela calçada com um garoto. Minha primeira reação, foi felicidade, mas então vi que eles andavam meio que abraçados, e minha cara murchou.

Tris me viu e se aproximou sorrindo com o garoto em seu encalço. 

— Quatro! - ela disse ao se aproximar. - Estava contando com te ver novamente! Este é Caleb, meu irmão.

Então ele é seu irmão! Finalmente sorri para ela e o cumprimentei. 

— Já que contava com isso, acho que não deve ter lido o que escrevi em sua agenda. - eu disse. Ela franziu o cenho.

— Mas eu não tenho agenda.  

— Certo. Então eu abri a bolsa de alguma desconhecida. - concluí e ela riu, sendo acompanhada por Caleb e eu.

— Beatrice, vou pegar um sorvete, querem algo? - perguntou Caleb. Negamos e ele foi até o carrinho de sorvete que estava na calçada.

— Que colégio você se matriculou? - perguntei, quando Caleb se afastou.

— **Plant High School. - ela respondeu. - Em qual você estuda?

— Estudo nessa!*** - eu disse, sorrindo pela feliz coincidência.  Ela sorriu de volta.

— Pelo menos já vou ter conhecido alguém! - falou e Caleb logo voltou com um sorvete de pistache. 

— Bea, vamos? - ele perguntou e eu o amaldiçoei mentalmente.  Tris concordou com a cabeça e logo já estávamos nos despedindo.

— Tchau, Tris! - eu disse e pisquei. Dei um beijo demorado em sua bochecha, igual fiz no outro dia, e suas bochechas ficaram rosadas. Caleb pareceu constrangido, mas acenou para mim e logo já estava puxando a irmã para longe de mim. Mas logo Tris se soltou dele e voltou com um papel na mão. Me entregou, deu um sorriso de lado e se afastou. Desdobrei o papel.

"Queridíssimo,

não, isso não é uma carta. Mas aí está o meu número!

Tris"

E abaixo tinha o número dela. Sorri e guardei o papel no bolso da calça, torcendo para que eu não o perdesse. Segui caminho para a casa de praia do Zeke, porque ele iria fazer um luau de despedida das férias. Isso me deu a brilhante ideia de chamar Tris para a festa. Assim ela já conheceria todos ao chegar no colégio na segunda. Enquanto caminhava até a casa de Zeke, liguei para o número que ela me deu e aproveitei  e o salvei na agenda. 

— Alô?— ela atendeu no quinto toque, quando eu estava prestes a desistir.

— Oi, Tris. Aqui é o Quatro. - eu disse. 

— Ah, oi Quatro! — ela respondeu, e não pude reparar se seu tom de voz foi de felicidade ou de decepção. Taquei o foda-se e finalmente a convidei para a festa.

— Meu amigo vai dar uma festa de início às aulas. Quer ir? - fui direto ao ponto. 

— Que horas vai ser e aonde? Minha ida dependerá dessa série de fatores.— ela disse. Lhe disse que a festa seria às 21hrs e lhe dei o endereço da casa de praia do Zeke. Nesse momento, eu já podia avistar a porta da frente de sua casa. Ela me disse para esperar um segundo e eu finalmente pisei na pequena varanda da frente.

Toquei a campainha, ainda com o celular na orelha, e logo Zeke abriu. Cumprimentei-o apenas com um colisão de mãos e logo já estava na sala de estar da casa. 

— Eu vou. - ela disse, finalmente. - Às 22hrs estou aí.

— Certo. - eu disse. - Te espero aqui.

Após desligar, o celular tocou novamente. O atendi e era uma voz de velha.

— Olá? É o tal garoto que tem nome de número?— a senhora falou e eu confirmei. - Por que você escreveu seu número na minha agenda? És prostituto? Pois posso usar seus serviços muito bem.

Encarei Zeke com cara de lesado e ele perguntou o que aconteceu. Comecei a gargalhar loucamente e desliguei o celular na cara da velha.