Tris

Eu gostaria de ser emancipada. Gostaria mesmo. Quando disse isso para meus pais, eles disseram que eu não sabia do que estava falando, e me mandaram subir para o quarto.

Eu adoraria ser emancipada, assim não seria obrigada a ir visitar a tia Anne e meu irmão na Flórida. Para você, caro alienado, que não sabe o que é emancipado, é quando um adolescente é responsável por si, e não depende de ninguém, como pais, tutores, etc.

Não, eu não estou dramatizando. Eu não tenho nada contra a tia Anne, mas o lugar onde ela mora é um completo tédio. Morar um tempo lá seria como, ser trancada em uma jaula por dois meses.  Meu irmão vive dizendo que ama morar lá, mas só diz isso por causa da namorada e da faculdade! Só por isso também que mora com a tia Anne, porque caso o contrário estaria aqui em Chicago. Porém, como não sou emancipada e tenho que fazer o que meus pais mandam, subi para o quarto e fiz a mala. O que mais se pode fazer?

Você deve estar se perguntando: Mas por que vai morar com sua tia?! Aparentemente, a relação dos meus pais não está indo muito bem, e eles resolveram que seria legal tirar quatro meses de férias, se livrar do trabalho, e consequentemente, da filha.

Não me leve a mal, amo meus pais, e quero o melhor para eles, mas poxa, me mandar para a Flórida?

Tanto faz, continuando a história, arrumei minhas malas porque no dia seguinte mesmo eu pegaria um vôo para Tampa. Sim, o nome da cidade realmente é “Tampa”. Mas voltando ao assunto, resolvi dormir cedo, primeiro porque não estava com vontade de falar com meus pais, e segundo porque estava com sono. Então às 19h eu já estava deitada.

No dia seguinte, meus pais me levaram ao aeroporto, eles me colocariam em um avião, e depois pegariam seu vôo para a Grécia.

— Filha, eu sei que você não quer ir, mas pense bem, pode ser uma ótima experiência para você, conhecerá novas pessoas, lugares e quem sabe um namoradinho? – minha mãe disse e eu fiz careta. Pelo amor de Deus, mãe.

— Natalie, deixe-a, pelo amor de Deus. – meu pai, Andrew, disse a ela, e eu o agradeci mentalmente. – Filha, não se preocupe em achar algum namorado, ok? Só os amigos e os lugares estão ótimos. – ele disse, olhando mamãe com repreensão.

Eu sorri.

— Tudo bem. – afirmei. – Eu amo vocês.

Eu sei que disse que estava revoltada com toda a situação, mas não podia deixar de pensar que sentiria falta de meus pais, não é mesmo? Queria ter uma despedida apropriada para depois não ficar martirizando-me.

— Também te amamos, querida. – meu pai disse, e me deu um beijo entre as sobrancelhas.

— Vou sentir saudades, meu amor. – minha mãe me abraçou, me dando um beijo no topo da cabeça.

— Também irei, mamãe. – eu disse. – Por favor, voltem logo.

— Voltaremos, querida, pode deixar. – meu pai disse, me dando um abraço.

Despedi-me deles mais uma vez, e finalmente arrastei a mala de rodinhas até o portão 7. Mal sabia o que, ou melhor, quem eu encontraria no avião.