"Portão da Fazenda Plantanal"
Loreto estaciona a camionete um pouco antes de chegar ao portão!
Inês: Por que parou aqui? Vamos voltar?
Loreto ri com ironia e acaricia o rosto de Ines, que se afasta.
Loreto: Calma, meu amor! Sei que meu velho amigo ficará muito surpresa ao me ver, mas acho que ele ficará mais surpreso
ainda quando ver você. Daqui da pra ver o portão, quero você fique aqui e só vá até lá quando eu chamar.
Inês: E por que eu obedeceria você?
Loreto: Pelo mesmo motivo que você me obedece e está do meu lado todos esses anos.
Inês estremece. Loreto sobe um pouco a camisa e Inês vê uma arma em sua cintura.
Inês: O que pretende com isso, Loreto?
Loreto: Calma, minha linda! Isso é só por segurança. Mas vamos deixar de conversa. Fique aqui até o meu sinal, do contrário não
será uma situação agradável.
Loreto desce do carro e deixa Inês aflita. Estava com medo da reação dos dois e no seu íntimo, medo de ver Victoriano depois de tudo.
Loreto chega ao portão e ao invés de tocar a campainha. Ele prefere gritar por Victoriano;
"Dentro da casa"
VICTORIANOOOO! VICTORIANOOO!
Victoriano apenas cochilava, despertou de imediato ao ouvir seu nome sendo chamado. Débora que tinha o sono mais pesado, não acordou.
Victoriano: Quem será essa hora?
VICTORIANOO!
Victoriano estava com uma dor de cabeça terrível por causa da bebida e falta de sono, mas mesmo assim se levantou e resolveu
ir ver quem era. Saiu da casa e se dirigia ao portão.
Victoriano: Quem está aí? Responda logo, não estou com paciência!
Victoriano abre o portão e é surpreendido por um homem que sai de trás da árvore.
Loreto: Vejam só! Quanto tempo meu velho amigo!
Victoriano: Loreto?! Não pode ser!
Inês observava tudo de longe, não ouvia nada do que estavam falando mas do ponto em que estava dava pra ver tudo.
Loreto: Claro que pode ser! Não vai me dar um abraço de boas vindas?
Victoriano: Você só pode estar de brincadeira! O que faz aqui?
Loreto: Nossa! Lembro que antigamente você era mais educado com os amigos. Enfim, como nossa amizade é de longa data, vim
te dar a grande notícia em primeira mão!
Victoriano: Que notícia?
Loreto: Que agora eu sou o mais novo proprietário da Fazenda Olhos D'água.
Victoriano: Era essa a grande notícia?
Loreto: Não vai me dizer que não ficou surpreso de eu ter comprado a maior fazenda do Vale Amazonas! Fazenda que inclusive,
é maior que a Plantanal!
Victoriano: Pra falar a verdade, não. Não estou nenhum pouco surpreso de você ter comprado a única fazenda do Vale Amazonas que
é maior que a minha... Já sou acostumado com você sempre querendo ser melhor ou igual a mim.
Loreto se enche de ódio pela a reação de desdém de Victoriano.
Victoriano: Isso já é caso antigo. Eu comprava um carro novo, na mesma semana você comprava um também. Eu comprava um cavalo,
e no outro dia você comprava um igual. Eu fazia amizades novas e você sempre queria fazer amizades com meus amigos. Pena
que eles sempre te desprezavam por ver o covarde que você era!
Loreto se exalta e grita com Victoriano
Loreto: EU NUNCA FUI COVARDE! NUNCA FUI. Aliás sempre fui muito mais homem do que você.
Victoriano: Covarde sim! Não se lembra que era eu que tinha que conversar com as mulheres para lhe dar uma chance porque você
nunca tinha coragem de puxar assunto? Pena que elas sempre ficavam interessadas em mim e não em um homem tão idiota como você.
Loreto: Inês Huerta não me achou covarde quando foi pra cama comigo.
Nesse momento, Loreto pegou Victoriano no seu ponto fraco e percebeu isso.
Loreto: Aliás, ela já me disse muitas vezes o quanto eu sou melhor que você.
Victoriano estava destroçado por dentro mas não iria deixar que Loreto ficasse por cima.
Loreto: Deve ter sido difícil pra você, perder a mulher que mais amava para seu amigo...
Victoriano: Você não sabe o que diz!
Loreto: Vai me dizer que não amava Inês? Quando nós fomos embora, fiquei sabendo que você ficou muito depressivo. Mas não se
preocupe meu amigo. Eu cuidei muito bem dela para você!
Victoriano não se controla mais e parte para cima de Loreto. Loreto que estava distraído inventando suas mentiras, é golpeado
várias vezes no rosto por Victoriano.
Victoriano: Cala a boca, desgraçado! Como ousa vir na porta da minha casa e ainda falar sobre... essa mulher! Eu quero mais
que vocês dois vão para o inferno. Não me importa o que você faça e muito menos me importa aquela mulher.
Um minuto de distração de Victoriano foi o bastante para que Loreto sacasse a arma.
Victoriano solta uma risada alta
Loreto: Do que você ri, desgraçado! Acha a sua morte uma situação engraçada?
Victoriano: Você não mudou nada mesmo. Tem que trazer uma arma? Continua o mesmo covarde de sempre.
Loreto se enche de ódio, bate com a arma na cabeça de Victoriano e aponta a arma para ele.
Loreto: Juro que esta não era minha intenção quando cheguei aqui hoje... Mas acho que ninguém sentirá sua falta, já que seus
pais não estão mais vivos e a mulher que você achou que te amava preferiu a mim.
Victoriano: Anda! Dispara isso logo se você tem coragem! Pelo menos uma vez na vida não seja esse lixo de homem.
Loreto: Vou te mostrar quem é o lixo aqui seu desgraç...
Inês: PARA!
Loreto se virou e deu de cara com Inês.
Loreto: Eu não falei pra você ficar no carro? O que faz aqui sua...
Inês: Loreto você está ficando louco? O que pretendia fazer com essa arma apontada para Victori... ano.
Nesse momento, ela se vira para Victoriano que estava com um corte grande na cabeça, devido ao golpe que levou.
Inês: Victoriano...
Victoriano: O que faz aqui?
Loreto: Volte pro carro meu amor! Não acha mesmo que eu atiraria contra meu amigo não é? Foi só uma brincadeira.
Inês se aproxima de Victoriano e toca na cabeça dele.
Inês: Victoriano, você está bem?
Victoriano sorri sarcasticamente.
Victoriano: Ah! Pare de fingir que se importa Inês. Não precisa bancar a preocupada comigo. Sei que você só ta querendo impedir
que Loreto seja preso. Mas não se preocupe. Está tudo bem! Só é desagradavel eu ter reencontrado vocês depois de tanto tempo.
Loreto: E por que é desagradavel?
Victoriano: Digamos que não sou muito acostumado à presença de covardes e traidoras ao meu redor.
Inês ficara extremamente magoada com o que Victoriano, por ter se referido a ela como traidora.
Loreto pega na mão de Inês e a puxa para perto de si.
Loreto: Pois não se preocupe, já vamos embora. Estamos cansados da viagem e nosso filho está nos esperando.
Victoriano: Filho?
Loreto: Sim! Não soube que quando fomos embora, Inês estava grávida de um filho meu?
Victoriano olha para Inês e fica confuso ao ver que ela estava prestes a chorar.
Victoriano: Que linda história de amor não é mesmo?!
Inês: Victoriano, me desculpa... Eu não queria que... A verdade é que... Me desculpa!
Inês sai correndo rumo a camionete e deixa Victoriano tocado por vê-la chorar.
Loreto: Essas mulheres... Inês é muito sentimental. Deve ter ficado com pena de você.
Victoriano não respondeu. Pensava nas palavras de Inês. Loreto se dirigiu a camionete também e depois de alguns minutos deu partida.
Victoriano ainda não tinha entrado.
Victoriano: Por que chorou, Inês? Que verdade é essa que você queria me contar.
Depois de algum tempo, Victoriano voltou para dentro de casa. Disposto a procurar Inês no outro dia.