I Got You On My Mind escrita por Lady Mataresio


Capítulo 1
Capítulo Único — I Got You On My Mind


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem da leitura, lindos!



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Capítulo Único | I Got You On My Mind

“— Você quer a verdade, James Barnes? Bom, eu sinceramente não sei o motivo de ter vindo aqui, mas eu tenho você em minha mente desde que te vi nos jornais, e isso está me deixando maluca, pois… Eu sinto que conheço você. Maluquice, não é?”

***

Para cima, para baixo. Para cima, para baixo. A mulher já havia perdido a conta de quantas vezes suspirara pesadamente, mas sabia que seu tédio era enorme o suficiente para que ela ficasse repetindo para cima, para baixo mentalmente a cada suspiro. Seus olhos fitavam o teto creme acima de sua cabeça, enquanto ela se encontrava jogada em sua cama, os cabelos castanho-claro espalhados pelo edredom azul bebê. Levou sua destra até onde seus olhos podiam ver e mexeu os dedos, vendo leves fios escarlate envolverem sua mão. Antes do incidente em Wakanda, repetia esses movimentos e se sentia especial ao ver poder em suas mãos, mas agora aquilo tinha outro significado. Você emana monstruosidade, Wanda Maximoff, ela pensou consigo mesma e abaixou a mão novamente, repousando-a sobre o estômago.

Steve Rogers havia dito que ela não era culpada pela morte daqueles inocentes… Mas se não era, por que sentia o peso do mundo em suas costas?

Incrivelmente, havia um lado irônico em toda aquela situação: a hipocrisia. Todos ao seu redor lhe diziam para não se condenar pelo ocorrido, e o resultado? Tony Stark mostrou que, mais do que nunca, não era confiável. Suas ordens a Visão foram claras para não permitir que ela ousasse sair da sede dos Novos Vingadores, e seus movimentos estavam sendo observados pelo androide até mesmo quando respirava. Sua única técnica para escapar do robô era fingir dormir até tarde, quando na verdade ficava deitada e entediada — da mesma maneira em que estava naquele instante.

— Senhorita Wanda? — ela ouviu a voz do androide, após batidas na porta de seu quarto. Olhou para o relógio digital no criado-mudo ao lado de sua cama, que marcava 11:45, e chegou a conclusão de que não podia fugir para sempre. — Já está acordada?

— Acordando, Vizh. — a Maximoff forçou um bocejo, falando com seu carregado sotaque russo. Voltou para debaixo dos edredons e bagunçou um pouco os cabelos, se sentando na cama. — Pode entrar.

O androide abriu a porta, carregando uma bandeja prateada de café da manhã. Havia algo similar a um sorriso em seu rosto.

— Achei que poderia estar com fome. — ele disse, se aproximando dela. — Posso me sentar aqui? — questionou e ela assentiu. Visão então se sentou de frente para ela, na beirada da cama, e repousou a bandeja no colo da morena. — Não sei ao certo se é o suficiente para a senhorita, mas confesso ter me esforçado.

Wanda sorriu e fitou a bandeja — um copo morno de chocolate quente, biscoitos variados de leite e de coco, uma torrada com manteiga e uma maçã vermelha e suculenta. A garota riu e fitou o androide.

— Sabe que não precisava fazer isso… Mas obrigada. — agradeceu ela, ganhando um sorriso de volta. Pegou a maçã e deu uma demorada mordida. — Há anos não como uma fruta tão doce. Lembro-me da minha infância, quando meus pais sempre visitavam um grande pomar em Sokóvia, eu e Pietro corríamos pelo campo de macieiras o dia todo.

Ambos riram levemente.

— Pode ligar a televisão para mim, Vizh? Se não for lhe incomodar. — a Maximoff pediu. Sem pensar duas vezes, o androide atendeu o pedido dela.

Assim que o aparelho foi ligado, os dois prestaram atenção no plantão noticiário que estava passando, com o assunto tema sendo Incidente durante a assinatura do Tratado de Sokóvia deixa 15 mortos e 12 feridos.

Após a explosão que deixou 12 feridos e 15 mortos, incluindo o rei T’Chaka de Wakanda — o repórter dizia. O cenário ao fundo dele mostrava desastre; ambulâncias e pessoas feridas, e vários médicos tentando acalmar a população. Wanda chegou a ter a impressão de ter visto Natasha Romanoff sentada em um dos bancos ao fundo. — A gravação da polícia revelou o rosto do suspeito, reconhecido como James Buchanan Barnes, o Soldado Invernal.

A Maximoff se ajeitou na cama ao ver o rosto do suspeito. Seus traços, suas linhas, cada pequeno detalhe no indivíduo da foto no jornal lhe parecia familiar. Sabia que Steve já havia lhe falado sobre Barnes, mas ela nunca tinha o visto, nem mesmo por fotos. Visão mudou de canal, o qual foi para um programa de culinária, e fitou a feiticeira.

— Acho que é melhor mudarmos de assunto, não é mesmo? — o androide questionou e Wanda assentiu.

***

Uma semana depois

Um lindo pôr do sol ilustrava a paisagem do lado de fora da janela da sala de reuniões. Wanda aproveitara a momentânea ausência de Visão, que tratava alguns assuntos com Tony Stark no laboratório, para usar um computador e um dos telões da sala de reuniões e pesquisar algo que vinha lhe perseguindo na última semana. Digitou Soldado Invernal e, depois de analisar os diversos resultados, descobriu que nenhum daqueles era o que procurava. Sabia que ele havia pertencido a Hydra e que era um soldado, mas queria conhecer o homem por trás do braço de metal. Pesquisou novamente, dessa vez por James Buchanan Barnes, e abriu o primeiro arquivo que lhe agradou, fitando o telão em seguida.

Uma foto, seguida por um texto resumido sobre sua história na Segunda Guerra Mundial. Leu rapidamente e analisou a foto do homem, curiosa. Ele é familiar… E bonito, pensou ela — no entanto, logo reprimiu esse pensamento. Você é uma idiota, Wanda Maximoff, a garota pensou consigo.

Fechou o arquivo segundos depois e retomou sua pesquisa. Dessa vez, uma ideia lhe ocorreu, e digitou novamente o codinome de James. Se eles tinham algo de familiar, como sua mente teimosa insistia em dizer, a Hydra poderia revelar o quê. Viu os minutos passando rápido enquanto ela analisava arquivo por arquivo, sem encontrar nada que lhe rendesse resultados. O pôr do sol já havia sumido, e a lua tinha tomado seu lugar no céu ao lado das estrelas e da escuridão. Outra ideia veio aos pensamentos de Wanda — o Soldado Invernal tinha centenas de pastas com milhares de arquivos, o que dificultava muito sua pesquisa. Mas, talvez, houvesse algo registrado… No nome dela.

A mulher estremeceu com a ideia. Sabia que, se encontrasse resultados sem ao menos se lembrar dos ocorridos… Sua memória estava incompleta. Na verdade, era uma possibilidade em potencial, levando em conta que a Hydra também tinha apagado vários fragmentos da memória de James. Seu coração se acelerou ao pensar no assunto, porém respirou fundo e fitou o computador.

Digitou cada letra de seu nome com aflição; Wanda Maximoff, e hesitou no momento em que daria enter. Era isso mesmo o que queria? Desvendar seu passado e descobrir que, talvez, pudesse ter feito coisas ainda piores em sua época na Hydra? Tudo isso valia a pena, por um cara que ela acabara de “conhecer”?

Antes que sua mente lhe desse as respostas, escutou passos e desligou tudo em um estalar de dedos. Girou na cadeira giratória no momento em que Visão entrou no local, surpreendendo o androide.

— O que faz aqui, senhorita Wanda? — Visão perguntou.

— Estava entediada. — comentou ela, dando de ombros. Era uma ótima mentirosa quando queria ser. — Pensei em falar com você, mas Stark estava aqui e não queria vê-lo. Resolvi dar um passeio.

Ambos se fitaram e o robô sorriu.

— Bom, o senhor Stark já vai partir. No entanto… — começou ele, se aproximando da feiticeira. — Partirei junto. Ele precisa de todos os heróis que concordaram com o Tratado de Sokóvia presentes em uma reunião em Lagos, inclusive eu, para decidirmos a nova data de assinatura. E, Wanda… Tem certeza que quer…

— Sim. — a Maximoff foi ignorante, desviando os olhos do androide e encarando as próprias mãos. — Jamais irei concordar com esse tratado, Visão, e nenhum de vocês irá me convencer.

— Certo. — ele suspirou. — O senhor Stark mandará alguém de confiança para cuidar da senhorita. É só por alguns dias.

— Não preciso de uma babá, Visão! — esbravejou a garota, se levantando. — Eu não sou uma criança e não vou aceitar isso, posso cuidar de mim mesma!

— Eu realmente não queria que essas medidas precisassem ser tomadas. — o androide insistiu. Wanda se aproximou, ficando a centímetros do rosto dele.

— E o que você quer?

A Maximoff tinha um tom carregado de raiva e rancor. Visão era bom em várias coisas, mas servir ao “senhor Stark” era a melhor delas — ele fazia isso tão bem que, em certo ponto, chegava a irritá-la profundamente.

— Que as pessoas te vejam, como eu vejo. — o androide falou calmamente, colocando uma mão no ombro dela. A mesma riu irônica e retirou a mão dele, se virando de costas.

— Você e Tony sairão por aquela porta e, se alguém metido a babá passar por ela, eu juro que…

— Sabe de uma coisa? — Visão a interrompeu. — Eu vou dizer ao senhor Stark que não poderei comparecer e que ficarei com a senhorita. Conversa encerrada. Agora, se me der licença…

O androide saiu pela porta e Wanda ficou parada, observando enquanto ele saía. Pensou um pouco e foi atrás dele.

— Vizh! — chamou, fazendo ele se virar para ela. — Desculpe, eu… Sei que quer ir nessa reunião. Pode ir, eu vou ficar bem com seja lá quem vier cuidar de mim.

— Tem certeza? — falou ele com ternura.

— Tenho. — ela sorriu. — Pode ir. Sei que suas malas já estão na nave.

Visão sorriu.

— Obrigado. — disse ele. — Nos vemos em breve.

O androide saiu e Wanda permaneceu, esperando alguns minutos até sentir que ele deixara totalmente a sede. Nem tão breve assim, Vizh, pensou ela. Sabia que, a qualquer momento, uma babá chegaria para vigiá-la — e que tinha pouco tempo para pegar suas coisas, encontrar um destino para ir e deixar o local o mais rápido que pudesse. Mas afinal, para onde ela iria?

Por algum motivo, sua mente lhe apontou Bucareste, na Romênia. Havia passado algumas semanas lá, ao lado de Pietro e de seus pais, na faixa dos cinco anos; e amava a brisa relaxante do lugar. Tinha dinheiro, tinha um destino — no entanto, antes de ir até seu quarto pegar algumas coisas essenciais, fitou novamente o computador acima da mesa. Droga, James, saia da minha cabeça, pensou consigo mesma e se surpreendeu, James? Já está o chamando pelo primeiro nome? Brilhante, Wanda, brilhante.

***

Três dias depois

A mulher não se lembrava de ter estado, algum dia, em uma feira tão bonita como na qual estava no momento. Wanda Maximoff caminhava entre as barracas e pessoas, satisfeita ao sentir o cheiro fresco das frutas e legumes enquanto a calma ventania de Bucareste batia contra seu rosto. Sabia que Tony Stark provavelmente havia notado sua ausência, mas nenhuma perseguição havia ocorrido até então e ela estava contente com isso. Queria paz, queria distância da guerra que os heróis queriam começar. Queria descanso da culpa que sentia.

Seu olfato detectou o cheiro adocicado de ameixas, o que a fez sorrir. Colocou as mãos nos bolsos do casaco bege que vestia, arrumou o cachecol vermelho no pescoço, ajeitou a touca que usava para que seus olhos ficassem menos visíveis e começou a caminhar na direção da barraca de ameixas. Quando estava prestes a chegar até ela, esbarrou contra um homem e sentiu metal bater contra seu braço. Se virou assustada para fitá-lo e ele também se virou, constrangido. No primeiro momento em que seus olhos se encontraram, Wanda o reconheceu.

James.

No entanto, ele a reconheceu também: a garota que havia visto nos jornais, a garota que estava no noticiário sobre Lagos há algumas semanas, e mais que isso — a garota que invadia seus pensamentos nos últimos dias, a garota da qual ele tinha memórias. As poucas memórias que havia recuperado, sobre a Hydra e sobre sua vida, só envolviam duas pessoas: seu irmão do peito, Steve Rogers, e a enigmática Wanda Maximoff.

— Me desculpe… — a feiticeira começou, tentando disfarçar.

— Não, tudo bem. Eu estava distraído. — sorriu o soldado, um pouco nervoso. Wanda reprimiu um suspiro ao ver o lindo sorriso amarelo do homem. — Nós…

— Nos conhecemos? — completou ela, rindo. — Frase típica mas… Não sei. Quem sabe?

A resposta dada por ela deixou ambos receosos, principalmente Bucky Barnes. A leve indireta tinha lhe deixado confuso.

— É, quem sabe. — deu um meio sorriso. Nervoso demais para conversar, falou algo sem pensar ao certo. — Bom, moça, eu estou atrasado para um compromisso, mas… Nos vemos por aí.

Sem esperar muito, Barnes se retirou. Wanda ficou pensativa e riu ao notar que ele estava a evitando, e logo deduziu que ele estava escondendo algo. Então, uma ideia impulsiva de segui-lo invadiu sua mente, e foi isso o que ela sorrateiramente fez. Seguiu-o por um período da tarde, até que o viu entrar em um edifício. Esperou alguns minutos do lado de fora, e hesitou.

Okay, Wanda, você vai subir lá e dizer o quê? Ela questionou a si mesma. Oi, James, eu sou a Wanda e eu acho que nos conhecemos, eu posso entrar? Riu com o próprio pensamento. A Maximoff sabia que, se subisse até lá, tudo para ambos mudaria — se um conhecesse realmente o outro, que consequências aquilo poderia trazer?

No entanto, ela ganhou um novo ponto de vista. Afinal, ela já havia perdido tudo: a liberdade, a fama de heroína, o irmão e o que mais gostava de fazer: salvar pessoas. Não tinha mais um objetivo, porém Barnes era a única coisa que a estava estimulando a se arriscar, se aventurar, a ser a Wanda que era. Não importavam as consequências, falar com ele seria… Um novo começo.

Perdeu a noção do tempo enquanto entrava e se viu parada em frente a porta de seu apartamento — pelo menos, o que ela achava ser. Por diversas vezes, levantou a mão em punho para bater e abaixou em seguida, receosa e sem saber o que dizer, e então foi surpreendida ao ver a porta se abrir.

James Barnes estava ali, a encarando. Riu de leve e a fitou nos olhos.

— Estava esperando você bater.

Ambos ficaram se olhando por alguns segundos, analisando expressões e tentando decifrar sentimentos.

— Posso entrar? — a Maximoff disse sem pensar.

— Deve. — respondeu Bucky, dando passagem para que ela entrasse.

A mulher entrou e encarou o apartamento: a mobília, a decoração e as coisas espalhadas. A leve bagunça; as cores escuras; o cheiro de panquecas misturado com um perfume amadeirado… Tudo aquilo parecia exatamente com o que ela imaginava sobre James Buchanan Barnes. Ouviu ele fechar a porta e se virou, ambos olhando nos olhos um do outro.

— O que faz aqui? — o homem perguntou.

— Não sei. — sibilou ela, dando de ombros com sarcasmo.

— A verdade.

— Você quer a verdade, James Barnes? — Wanda aumentou levemente o tom. — Bom, eu sinceramente não sei o motivo de ter vindo aqui, mas eu tenho você em minha mente desde que te vi nos jornais, e isso está me deixando maluca, pois… Eu sinto que conheço você. Maluquice, não é? — exclamou, sem resposta. — Não é?

— Você não se lembra, não é, Wanda Maximoff? — Bucky perguntou e ela negou, o fazendo rir. — Eu achei que eu era o desmemoriado.

— Se for fazer piadinhas, pode calar a boca, James. — Wanda falou com ar de riso, como se fosse íntima dele. Reprimiu um sorriso.

— Bom, você ainda se parece com a Wanda que conheço. — ele sorriu de leve e puxou uma cadeira na mesa da cozinha, sentando e puxando uma ao seu lado. — Acho melhor se sentar. Parece que tenho que contar muitas coisas.

Ao invés de discutir, a garota obedeceu e se sentou, o fitando.

— Pode começar.

— Bom… — Bucky suspirou. — Não sei quanto tempo faz. Não sei como nos conhecemos, não sei o motivo de nos conhecermos e não me lembro de quase nada. Mas me lembro do seu nome, do seu sorriso, do seu sotaque. Do seu humor, do jeito que fazia um soldado frio sorrir quando mais ninguém estava vendo esse sorriso além de você. Me lembro que você tinha um irmão. Me lembro que nos conhecemos na Hydra e que tinham uma missão para nós: recuperar um artefato antigo em uma fortaleza amaldiçoada. Não sei se fomos bem-sucedidos, mas sei que tivemos outras missões juntos. Muitas outras.

— Você se chamou de desmemoriado… — a Maximoff começou minutos depois, ainda chocada com tudo o que ele havia contado. — Como se lembra disso tudo e eu não?

— Não sei como não se lembrou, mas sei como eu me lembrei. — Barnes a fitou nos olhos e ela corou, desviando. — Quando te vi no noticiário, sobre Lagos… Seu nome, o jeito do seu cabelo… Tudo isso me pareceu familiar demais. Cerca de duas semanas depois, alguns fragmentos começaram a aparecer. Seu sorriso, flashes de nossas missões, sua voz. Em sonhos, no meio de refeições… As memórias surgiam do nada.

Vários minutos de silêncio se fizeram.

— O que éramos? — questionou ela. — Armas? Colegas? Amigos?

— Algo entre armas, amigos e… — James começou, porém achou melhor não revelar tudo o que havia recordado. — É.

— E…? — questionou ela, exigindo saber e olhando nos intensos olhos de Bucky. — James, eu quero saber.

— Não vai gostar de saber. — ele abaixou a cabeça.

— Mas eu quero saber. — insistiu a morena. — James…

— Eu também não sei com certeza, mas sei que já nos beijamos. — interrompeu, falando rapidamente e não conseguindo a encarar. Escutou a respiração dela trancar por alguns segundos. — Mais de uma vez. Eu… Me recordei, a alguns dias.

Wanda abaixou a cabeça e colocou os dedos, cheios de anéis, entre os cabelos. Não conseguia acreditar no que ouvira: tinha tido um relacionamento com o Soldado Invernal sabe-se lá a quanto tempo, e a Hydra tinha tirado tudo isso dela. Ela estava perdida no momento que vivia.

— Eu creio que você vai se lembrar um dia. Eu acho, não sei. — Bucky estava atrapalhado e nervoso. — Mas eu quero que saiba que…

— Como aqueles monstros dormem durante a noite, sabendo que tiraram nossas memórias? — a Maximoff exclamou com um choramingo.

— Dormem muito bem, na verdade. Eles só apagam o que é perigoso para eles, Wanda. — falou James. — Se apagaram isso em ambos de nós, significa que trazemos um risco grande para eles com essas memórias. E eu sei que o que me lembro não é nem o começo.

A feiticeira ficou parada, encarando os próprios pés por longos minutos, até levantar a cabeça e fitar o soldado. Seus olhos se perderam uns nos do outro, homem e mulher se encarando sem saber ao certo que rumo tomar. E se era difícil para ela, era ainda pior para ele.

Ela não se lembrava ainda, mas ele sim. Havia sido mais do que beijos, havia sido mais do que simples missões, havia sido mais do que sorrisos bobos. Barnes sabia exatamente o que eram no passado, mas não queria assustá-la ainda mais do que ela parecia estar. E o pior: James Buchanan Barnes era totalmente, completamente e insanamente apaixonado por Wanda Maximoff, e ela era também. Ele continuava com o mesmo sentimento, mas ela sequer lembrava-se de tê-lo sentido.

— Eu acabei de chegar em Bucareste e não tenho lugar para ficar, James. — a morena dizia. — Eu… Eu posso te chamar de James?

— Você era a única que me chamava assim, e eu amava isso. — comentou ele, sorrindo bobo. — Com certeza pode.

Meio sem graça, a garota continuou.

— Bom, James. — retomou Wanda. — Posso ficar aqui por algum tempo? Claro, claro, se isso não causar incômodo e desconforto.

— Claro. — Bucky falou animado, mas controlou o tom de voz. — Eu não tenho sofá e só tenho uma cama, mas podemos dar um jeito. Fique o tempo que precisar.

— Obrigada. — ela tentou sorrir.

Ambos se fitaram mais uma vez e ele sorriu, se levantando. Logo reparou que a garota levava uma mochila nas costas, certamente com roupas e outras coisas para se virar em Bucareste. O clima podia estar relativamente pesado entre os dois, mas daria certo.

***

O relógio já mostrava que era madrugada quando Barnes terminou de arrumar tudo para começar a dividir seu pequeno apartamento com a Maximoff. A cama de solteiro estava arrumada, com o travesseiro macio no lado onde ela iria dormir e um improvisado de cobertores no lado dele. Havia se certificado de deixá-la dormir no lado mais fofo da cama, ainda que fosse seu lado favorito. Acima de tudo, tinha fortes sentimentos por ela e só queria o melhor para ela.

— Wanda? — chamou o soldado.

Virou-se e viu a mulher com outras roupas, saindo do banheiro. Uma calça e uma regata, ambas pretas e folgadas no corpo, os cabelos jogados acima dos ombros. Usava meias brancas e fitava o homem com seriedade.

— Sim?

— Ah… — ele estava perdido em vê-la daquela forma, mas tentou se concentrar. — Eu… Eu terminei a cama. Podemos dormir agora.

— Confesso: estou morrendo de sono! — ela falou com um ar feliz, indo em direção a cama e apontando para o lado mais caprichado. — Presumo que esse lado seja o seu.

— Na verdade, é o seu. — ele falou baixinho, fazendo ela o fitar. — Você é nova aqui e acho que fez uma longa viagem, então… O melhor fica com você.

Os olhos deles se encontraram e ela deu um meio sorriso.

— Agradeço demais por isso, James.

— Não há de quê.

Depois de alguns minutos receosos de troca de olhares, ele decidiu se deitar primeiro. Ao fazer isso, a fitou e viu que ela estava um pouco receosa. Virou-se de costas para o lado dela na cama e, segundos depois, ela se deitou — também de costas para ele.

Passaram alguns minutos dessa forma, até que ela se virou e o cutucou, fazendo-o virar também. Os olhos dele encontraram os dela, e ela sorriu levemente.

— Sei que o clima está ruim, mas quero agradecer por tudo. Por me contar o que sabe, por deixar que eu fique aqui. — o sorriso da Maximoff aumentou, o que fez Bucky ficar radiante.

O soldado colocou uma de suas mãos na bochecha rosada dela, e então acariciou. Sorriu levemente e a fez ficar corada, as bochechas queimando um pouco.

— Boa noite, Wanda. — o homem falou e ela sorriu.

— Boa noite, James.

Ao respondê-lo, a feiticeira fechou os olhos calmamente e sentiu o sono começar a lhe atingir; mas quando já estava prestes a adormecer, sua boa audição conseguiu ouvir um leve sussurro vindo do rapaz ao seu lado.

— Você pode não se lembrar, mas nos amávamos. Ainda te amo, e espero que possa me corresponder novamente um dia.


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Notas finais do capítulo

Obrigada se leu até aqui! Deixe um comentário se tiver gostado, ficarei muito feliz XD
Beijos!
P.s.: talvez haja uma continuação ^^