Someplace escrita por idtristf


Capítulo 2
Thestral


Notas iniciais do capítulo

Enquanto eu escrevia, já recebi atualização de gente comentando... SOCORRO COMO ASSIM DJSIDJSOI

Espero que gostem, uh?



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 — Não, eu não vou fazer isso.

Rose repetia insistentemente, tentando afastar os gêmeos Scamander  de perto. Eles eram infinitamente mais irritantes que Albus e Scorpius, e claramente sabiam importunar um jantar.

Desde que o feriado havia acabado, ela não estava mantendo o contato que gostaria com seus melhores amigos. A menina enxergava os dois na mesa da Sonserina, porém não conseguiria sair do lugar tão cedo.

— Por favor, meu anjinho de abóbora. - Implorou Lorcan, fazendo um biquinho no mínimo estranho enquanto o irmão segurava o riso. 

Os gêmeos tinham cabelos quase brancos, e eram um ano mais velhos que a menina. Claro que isso não condizia com a idade mental de Lorcan e Lysander.

— Eu não vou ajudar ninguém a encontrar par para a formatura, e a formatura é de vocês. Não me metam nisso. - Ela resmungou, enquanto tentava alcançar a jarra de suco de abóbora que flutuava na mesa. - E faça o suco parar de voar, Lysander, eu estou com sede.

— Você é uma garota...Poderia ir como o par de um de nós dois.- Arriscou Lorcan, recebendo tapa fraco como resposta. -Era só dizer que não, Weasley!

— Eu não vou como par de ninguém.- Rose resmungava, tentando se afastar. Os três se davam muito melhor quando estavam estudando, em silêncio. - E eu não vou participar dessa festa, tá bom?

Mas é claro que o recado nervosinho de Rose não havia sido recebido e eles não sairiam de perto enquanto o horário de recolher não tocasse.

— Albus! Qual é... - Scorpius falava em sua mesa, risonho. A ruiva conseguia reconhecer de longe aquela voz. Ele parecia estar achando graça de alguma coisa enquanto o outro saía do salão. - Vai ser rápido, cara! 

O que raios está acontecendo? ela pensou, antes de ser chamada pelo mesmo menino loiro.

— Rose, sente-se aqui! Diferente do Potter, eu sei que você vai ser uma boa pessoa comigo. - O loiro sorria, a chamando. Ao mesmo tempo em que ele parecia salvá-la dos gêmeos, Scorpius claramente queria pedir algum favor.

A menina se apressou, juntando os livros e se levantando da mesa. Não dirigindo palavra alguma ao passar pelos Scamander, caminhou até o lado do amigo. Por sorte, ninguém se importava em ter uma intrusa no meio de tantos sonserinos jantando.

— Então, nós somos monitores e temos a mesma ronda, certo? - Ele começou, passando para Rose um copo de achocolatado.

— Você não aparece todas as vezes, mas sim. Temos ronda juntos na sexta, Scorp. - A ruiva respondeu, enquanto se concentrava na bebida.

— E hoje é sexta-feira, né? - Scorpius se aproximou dela, sem aguardar resposta. Diminuindo o tom de voz, sussurrou nos ouvidos da menina para que ninguém ouvisse. - Eu preciso que me ajude a encontrar um testrálio, vai ser rápido.

Rose imediatamente virou o rosto, encarando o rapaz. 

— Vai ser rápido? - Ela franziu o cenho, enquanto o menino continuava com um rosto sério. Não parecia ser brincadeira. - E onde vamos encontrar uma criatura invisível? 

— Só concorde que vai me ajudar, eu sei onde o deixei.

— Certo, então você  perdeu um testrálio. - A garota resmungou. 

 

~"~

 

Depois de checar o horário duas vezes, Rose sentou-se próxima à porta da Sala Precisa. Batia os pés no chão impacientemente, desejando não ter aceitado ajudar Scorpius. Por alguns minutos, somente o barulho das batidas ecoavam pelo corredor, seguindo um ritmo próprio da menina.

— Então, quando você vai entrar? - Uma voz interrompeu o compasso da garota. Era Scorpius do seu lado.

— Agora, ué.- A menina respondeu, levantando-se. - Eu estava te esperando.

Dando um passo para dentro da sala, Rose imediatamente se surpreendeu com a forma que o local tinha tomado.

O teto estava cheio de pichações coloridas, assim como todo o resto do cômodo. Muitas portas de diferentes formas tomavam um belo espaço das paredes, fazendo com quem ali parecesse um ponto de encontro. E, apesar de tudo estar completamente limpo, uma fogueira apagada e um grande palco ao lado esquerdo denunciavam que talvez os alunos utilizassem o lugar frequentemente para se reunirem.

— Olha, eu consigo ver testrálios, então não é difícil enxergar um em uma sala vazia.- Scorpius quebrou o silêncio, tirando de dentro do bolso um donut e o jogando no chão. - Mas talvez seja melhor a gente esperar que ele chegue até nós.

— Você disse que seria rápido. -A menina resmungou, se ajoelhando próxima ao donut.  Ao soprar um de seus cachos ruivos, escutou a resposta do colega.

— Talvez minha visão de rapidez seja diferente da sua. - Ele sorriu, sentando-se ao seu lado. Colocou a própria varinha no chão, e então ela fez o mesmo. - Não vai demorar muito, ele está aqui e pelo visto já sentiu o cheiro.

— Não precisava ter me chamado se sabe como encontrá-lo, Scorpius. 

— Eu sei, mas achei que gostaria de ficar aqui ao invés de andar sozinha pelo castelo à procura de alunos de primeiro ano se aventurando.- O rapaz respondeu distraidamente, olhando para frente como se tivesse algo extremamente interessante ali.

— Você gosta de testrálios?- Rose perguntou, olhando para o mesmo local que ele. Apesar de sentir algo se aproximando, não era capaz de enxergar.

— Eles são bem esqueléticos, sabe. - Disse em tom baixo, levantando a mão como se estivesse a acariciar alguma coisa. A garota acompanhou o movimento com o olhar. - Mas são bonitos de um modo diferente. Você gostaria, se os visse. 

O donut agora parecia levitar, levando mordidas invisíveis de algo que parecia ser o cavalo alado. Scorpius continuava a ter suas mãos levantadas, alheio ao olhar curioso da ruiva.

— Tem como eu sentir ele? - A menina sussurrou, fazendo o amigo olhar para ela. Os olhos acinzentados do rapaz agora brilhavam em aprovação à pergunta.

— Quer tentar? - Ele perguntou retoricamente, já levando as mãos da garota em direção ao testrálio. É óbvio que Rose queria.

A natureza selvagem da criatura era de se esconder e não permitir que humanos chegassem perto tão repentinamente. Scorpius já conhecia o animal e já tinha sua confiança, porém não sabia ao certo se isso influenciava ou não o testrálio a confiar na menina também.

— É um pouco áspero. - Comentou a garota de olhos fechados, sentindo algo se afagar em suas mãos. - Como vamos fazer ele voltar para o rebanho, Scorp? Ele deve estar com saudades da família.

— Na verdade, é ela. - Ele corrigiu, tirando outro donut do bolso.- Temos uma porta para a floresta aqui dentro,  pode ficar tranquila.

— Todas as portas são passagens? - Rose observava o rapaz alimentar novamente o animal. Ela adoraria um dia enxergar testrálios, se não fosse pelo fato de que as pessoas geralmente viam alguém morrer para que isso acontecesse.

Scorpius pigarregou, ficando um pouco vermelho.

— Nem todas, algumas são armários.

— Sério? Armários? -A garota riu, então puxando o loiro para mais perto das portas. Ela não compreendia o motivo de existirem armários por ali, mas não era algo importante. - Faça o seu trabalho, e a devolva para a natureza, Scorp.

Tirando o último doce que tinha em seus bolsos, o rapaz pediu para a ruiva:

— Feche os olhos de novo, não vou me arriscar de permitir que a senhorita descubra como entrar na floresta por meio das portas. 

— Tudo bem.- A menina concordou, fechando os olhos ao escutar uma delas se abrir. - Eu posso ao menos saber a cor da porta? Só por curiosidade.

— É a cor dos olhos mais lindos que já viu na vida, ruivinha.- Ele respondeu, soltando uma risada. 

— Albus tem olhos castanhos bem bonitos.- A ruiva comentou, com humor. - Mas sabe quem tem os melhores?

— Eu!- Rose escutou a resposta como se o garoto estivesse a vários metros dali. Talvez ele realmente estivesse, pois a floresta era vasta e ela não tinha ideia do que Scorpius estava fazendo nesse momento.

— Claro que não, Malfoy. - A menina segurou o riso. - Os meus são os melhores, eles são azuis.

Depois de alguns segundos de silêncio, uma risada suave agora ia se aproximando, enquanto ela ouvia uma porta se fechar.

— Pode ver agora, ó garota dos olhos da cor do céu-  O sonserino caçoou.- Mas cuidado, não olhe diretamente para mim, não quero ficar apaixonado.

— Não acredito que está zoando com a minha cara!- Ela abriu os olhos, demonstrando humor. Sua voz estava alta, fingindo indignação.

— Eu jamais faria isso! - Scorpius respondia em tom afetado, colocando uma mão no peito. A garota sorriu, achando graça. - Assim você me machuca, Ro.

— Oh, estou com pena de você agora. - Ela respondeu, e o garoto voltou a rir baixinho. 

Porém, os dois se silenciaram imediatamente ao escutar algo além de suas vozes. A porta da entrada principal se abria com cuidado, e ambos estavam longe demais para que fosse brincadeira de um deles.

Scorpius rapidamente entrou no local mais próximo que tinham. Ela em pânico resolvera repetir o ato, passando pela mesma porta azulada que o garoto.

Talvez essa porta não fosse exatamente uma passagem.

Dando somente um pequeno passo de costas, a garota ruiva sentira encostar em algo quente. Era o menino, para seu alívio.

— Você podia ter escolhido um lugar melhor. - Rose comentou baixinho, com um pouco de medo.- Ou ao menos algo que não fosse um armário escuro e minúsculo.

— Nossas varinhas estão lá fora, desculpa. Eu sei que tem medo de escuro.- Ele surrurrou, abraçando-a.

A menina, encostada em seu corpo, não deu resposta alguma.

— Você está bem, Ro?- O garoto loiro a virou para si, sendo capaz de sentir seu hálito de hortelã. Estavam extremamente próximos.

— Ei. - Ela resmungou com a voz oscilante de nervoso, encostando os lábios no ouvido do amigo. - Eu estou tentando escutar o que está acontecendo lá fora.

— Certo, e está conseguindo ouvir alguma coisa?- Scorpius sussurrou de volta, se sentindo corado.

Os dois permaneceram paralisados e em silêncio por alguns minutos, fazendo então o garoto resolveu fechar os olhos. Ele realmente devia ter escolhido outra porta.

— Está tocando uma música, Scorp. - Rose falou em um tom mais alto, indignada. - São alunos, e eles estão aqui porque não tinha ninguém monitorando os corretores!

— Calma, a gente pode resolv-

Antes que o rapaz a impedisse, ela já havia saído do armário apressadamente. A música parou no mesmo momento em que as pessoas ali viram os dois monitores.

— Eu não quero saber o que vocês estão fazendo, mas se não saírem agora, vou fazer cada um de vocês ganhar dois meses de detenção.- A menina avisou em voz alta, ajeitando suas vestes amassadas. O loiro estava logo atrás dela, colocando a mão na própria testa.

— Eu quem não quero saber o que vocês estavam fazendo. Mas já estamos de saída, pode ficar tranquila. - Ralhou uma garota, em meio a vários murmúrios. O rosto de muitos ali eram bem conhecidos.

— Albus, você não disse que iria estudar hoje? - Scorpius cochichou, próximo a um dos rapazes antes sentados em um círculo, que agora se retiravam do local.

— O que estava fazendo com a minha prima ali dentro? - Uma voz feminina perguntou com malícia para o adolescente loiro. Quando a ruiva se virou para procurar quem era, engoliu uma cara de nojo.

Victoire, preciso repetir que estou prestes a dar detenção pra todo mundo aqui?- Rose falou novamente, sentindo seu rosto arder. Ela notou que talvez, para esses alunos, os armários não tivessem apenas a função de guardar coisas.

Pouco a pouco, os alunos iam entrando em portas ou se retirando pelo corredor. Mesmo sem fazer contagem alguma, a monitora sabia que mais de trinta pessoas estavam fora da cama.

Aquilo era uma vergonha para a menina. Será que não era a primeira vez que alunos sorrateiros passavam pelos monitores até a Sala Precisa?

Albus ficara ao lado dos amigos enquanto a sala se esvaziava, e os três permaneciam em silêncio, até que Rose se virou para os dois.

— Nós acabamos de sair do feriado e vocês já estão quebrando regras? É isso? 

O garoto moreno olhava para baixo, enquanto Scorpius pedia desculpas silenciosamente. A face de Rose mostrava desgosto, e ela claramente se segurava para não xingar ninguém.

— Volta pro dormitório, Albus Severus. -A menina ralhou, aguardando o menino se retirar. Em seguida, olhou para o loiro. - Foi a primeira vez que viu os alunos virem para cá?

— Rose, me deixa exp-

— É por causa disso que não andava indo para as rondas, não é? - Ela interrompeu, indignada. 

Scorpius permaneceu em silêncio.

— Você não vai continuar sendo monitor assim. Converse com a diretora Minerva, ela pode te liberar do cargo. - Rose suspirou, encarando-o.

Novamente, ele não se manifestou. Sua face naturalmente pálida olhava para o chão agora, evitando contato com o da amiga.  

— Olha, acho que vou para o meu quarto. Você termina a ronda, pode ser? -A garota determinou, se dirigindo cabisbaixa para a saída. 

— Já passou das onze. O nosso turno terminou, ruiva... - Scorpius sussurrou com uma voz abalada.

Mas a menina não o escutara.


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Notas finais do capítulo

Comentem!
Essa história pode não ser das melhores, mas assim como as outras, é movida por comentários e (futuros) reviews!!



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