Someplace escrita por idtristf


Capítulo 1
Prólogo - Clouds


Notas iniciais do capítulo

* CAP DE APRESENTAÇÃO DOS FATOS*

Fazem anos que não escrevo no Nyah...Na verdade, fazem anos que não escrevo.
Comentem a opinião de vocês quando terminarem de ler, e fiquem tranquilos: existe uma possibilidade gigante de eu criar essa história e continuá-la até o final, pois é algo que tenho pensado faz teeempo



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Apesar de ser o quinto ano seguido no qual Scorpius Malfoy frequentava o feriado de natal d'A Toca, dessa vez as coisas estavam um pouco diferentes. 

Desde que Rose e Albus convidaram o rapaz, no o primeiro ano, se tornou uma tradição encontrar um único rapaz loiro em meio de tantas pessoas ruivas e morenas.

Foi durante o primeiro natal juntos em que realmente formaram um trio.

Apesar disso, as coisas agora estavam diferentes.

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O inverno não impediu a garota ruiva de se sentar no quintal da casa, sentindo a neve que cobria o chão. O frio era congelante, porém o sentimento de se isolar por alguns minutos e olhar para o céu estrelado da noite de natal era único.

— Ei você não tem vergonha de passar o natal na casa dos avós da sua ex-namorada não, Scorp? - Um rapaz sussurrava indiscretamente atrás de Rose.

Era Albus enquanto tentava claramente repreender a própria risada.

— Não, vocês são meus amigos antes de tudo. E não foi nada demais, cara. - Scorpius o respondeu com um tom calmo.

Ele claramente não se importava com a prima mais velha de Albus.

Sem pedir licença, os dois se aproximaram de Rose. Sentando-se no lado direito da ruiva, Scorpius Malfoy comia uma maçã do amor despreocupadamente. Ao colocar o doce nas mãos da menina, ela rapidamente deu uma mordida com cuidado para não cair em seu vestido vermelho.

Rose adorava sentir o gosto de açúcar misturado com maçã.

Devolvendo a guloseima ao amigo, agradeceu silenciosamente. Como já era de costume, ambos adoravam o doce e jamais recusavam um pedaço.

Albus se sentou na  frente dos dois com um prato cheio de bolinhos nas mãos. Não satisfeito com a resposta, questionou o loiro novamente.

— Victoire foi sua namorada por quase um ano, como isso não foi nada demais? 

— Eu só precisava do namoro para que me aceitassem no time de quadribol. Nós conversamos sobre isso, cara. - Scorpius falou em tom sério, dando uma mordida na maçã antes de continuar. - Jamais me deixariam jogar enquanto eu não tivesse uma namorada Weasley.

O menino não estava mentindo.

Mesmo sendo o melhor goleiro dos últimos tempos, o capitão da Sonserina havia deixado claro as condições para que aceitasse o Malfoy no time:

Ele só daria seu cargo de goleiro caso o menino conseguisse cumprir sua "tarefa".

E Scorpius havia escolhido Victoire para isso. 

Não Lily, não Rose, não Roxanne, nem Lucy ou Molly.

Victoire.

— Tudo bem, mas como vai explicar que ficaram bem mais que o "previsto"? Nós três sabemos que você e ela não estavam apaixonados. - Retrucou o moreno, ainda incrédulo.

— Nós nos tornamos amigos, e com esse título de namoro acabei aprendendo bastante coisa.  Não foi ruim, cara.- Scorpius suspirou, se deitando na grama.

Ele já tinha terminado de comer seu doce, porém o cheiro de maçã ainda pairava no ar.

— Eu sei muito bem o que aprendeu, Malfoy. - Resmungou Albus, revirando os olhos e deitando-se ao lado do colega. - E você, Rose? Algo novo desde que resolveu que andar com os irmãos Scamander?

Quando Scorpius, Rose e Albus haviam parado de passar a grande maioria do tempo juntos, a garota ruiva resolvera se juntar aos garotos gêmeos. Assim como ela, eram da Grifinória, portanto passavam horas estudando no salão comunal.

Na cabeça de Rose, revisar sobre Herbologia era muito mais interessante do que aguentar as crises adolescentes de Albus sobre como era chato não ter uma namorada para sumir do mapa junto, igual o loiro sonserino fazia.

— Ah, por esses dias descobri como chamar sozinha a Sala Precisa. - Era a única resposta verdadeira que a menina ruiva conseguia pensar. Pouco antes do feriado, havia encontrado a sala com intenção de testar suas poções em paz.

A neve continuava a cair lentamente, porém nenhum dos três se importava com isso.  

Albus voltou a se sentar imediatamente, parecendo desnorteado. Para ele, a Sala Precisa não era exatamente um local de estudos

— Ro, você não contou pra gente que estava com alguém. Digo, todo mundo sabe que o lugar só serve pra duas cois-

— Olha, eu já fui lá algumas vezes. E você também, Albus. - Scorpius interrompeu, voltando a se sentar também. - Digo, tem umas festas às vezes. Você podia ir com a gente, Rose.

— Não, não. - O outro se apressou. Potter era inquieto, e não tinha capacidade em disfarçar as coisas. Rose arqueou as sobrancelhas com curiosidade. - Ela não iria gostar. Ela prefere lugares calmos. Não é?

"Talvez, mas nós andamos tão distantes. Uma ou duas festas não me fariam mal."  a menina pensou, antes de responder: 

— Na verdade, até que seria uma boa experiência.

Um grito impediu que o assunto continuasse. Dentro da casa, Lily estava berrando sobre como o Albus era uma pessoa extremamente nojenta.

— Droga, vou subir para ver o que ela quer. Scorp, tem como conversarmos em particular daqui a pouco lá no quarto? - E sem esperar por respostas, o moreno entrou n'A Toca procurando pela irmã.

Em um silêncio estranho, a garota ruiva se deitou na grama agora lotada de floquinhos de neve. Scorpius estava ao seu lado, pensativo. Logo em seguida ele fez o mesmo, se virando para o lado em que a amiga estava.

— Nós somos monitores e sei como se importa com o cargo, vou entender se não quiser ir nas festas, Rose. E não vai gostar muito, não é do seu feitio... - Ele falou baixo, olhando para os centímetros de chão que os separavam.

— Você não devia ter começado a andar com Victoire. - Rose sussurou com sinceridade, tentando contar as estrelas ao invés de o encarar. - Ela nunca foi uma boa companhia, e sei que foi ela quem te fez começar a ir nessas coisas. Você também não gosta festas, lembra? 

— Eu não gostava. As coisas mudam, ruiva. - Apesar da menina não estar olhando, ela sabia que o amigo a fitava com tristeza.

— E o que me impede de não gostar disso também?   

Ele deu uma pequena risada, tocando na bochecha da menina. Os olhos de Scorpius brilhavam de um modo diferente, apesar da tristeza. O garoto observava discretamente o rosto da amiga, sabendo que os olhos azuis dela transbordavam revolta.

— Você é uma garota inteligente, com certeza deve ter gastado todo o tempo em que nos afastamos com muitos e muitos livros. Mas já não somos mais tão parecidos, entende?

—Não. - Rose disse com sinceridade. Ela gostava do modo em que o trio se portava até tempos atrás.

— Eu e Albus nos divertimos de outras formas agora. Sua prima foi uma escolha que fiz e isso me fez perceber muitas coisas. - Scorpius se afastou, observando as próprias mãos, geladas e próximas da ruiva. As dela pareciam estar quentes, apesar da baixa temperatura.

— Aquele idiota nunca exigiu que fosse Victoire Weasley, você sabe. - A ruiva se virou para ele, mas não encarando sua face. - Poderia ter sido qualquer outra. Poderia ter sido Lily.

— Eu escolhi ajudar Victoire, e ela escolheu me ajudar. Foi uma troca de favores, ruivinha. - O rapaz sorriu, enquanto suas mãos tiravam uma mecha do cabelo da menina que cobria seu rosto cheio de pequenas sardas. 

— Você podia ter ajudado ela enquanto fingia namorar outra Weasley. - Ela sussurrou, e o sorriso de Scorpius se desfez. 

— Lily é uma Potter, então eu só tinha duas opções: Vic ou você. Não converso com suas outras primas, entende? E eu não podia escolher a minha melhor amiga, isso seria muito errado. - Murmurou o menino, apoiando a cabeça nos ombros dela.

— Eu sei, desculpa. - Rose suspirou fraco, afagando os cabelos loiros do menino.

Os dois olhavam o céu com falta de interesse, perdidos nas próprias reflexões. O natal do ano anterior havia sido ótimo, porém hoje o trio estava menos animado.

No último natal, a essa hora os três estavam trancados no quarto fazendo planos e mais planos para quando Scorpius fosse um jogador de quadribol. Imaginavam treinar juntos sempre que possível, mesmo não sendo do mesmo time.

A maioria das coisas não passaram de planos.

— Olha, se não fosse por você, nada disso teria acontecido. Eu sou grato a você, ruivinha. - Scorpius sussurrou após alguns minutos em silêncio, pegando nos dedos da garota com cuidado, e então segurando suas mãos.

Ele não se referia ao fato dela ser uma boa amiga.

A garota estava com a pele aquecida, assim como Scorpius havia imaginado. Porém, Rose afastou as mãos, se levantando rapidamente.

— Acho que ouvi alguém te chamando. Vá conversar com Albus, ele deve estar lá em cima esperando você.

Batendo de leve no próprio vestido para retirar os resquícios de neve, fitou o amigo. Eles sabiam que ninguém havia chamado o garoto loiro, porém Rose não sentia vontade de continuar a conversa e o menino compreendia isso silenciosamente.

Talvez citar o acontecimento, mesmo que indiretamente, era um erro.

  

*Flashback do ano anterior*

— Feliz natal, Scorp. - Uma garota feliz gritava de longe, se aproximando de Scorpius Malfoy. Nesse ano não havia caído neve alguma, porém estava extremamente frio.

Albus estava longe dali, ocupado com os usuais pratos de sobremesa após a ceia.

— Feliz natal, ruiva. - Scorpius abraçou a melhor amiga. Porém, seu sorriso não era o mesmo animado de sempre.

Rose antes segurava uma maçã do amor, mas agora passava para as mãos geladas do amigo. Apesar de ser noite, os dois conseguiam escutar pássaros próximos dali, misturando-se ao som de grilos e do próprio vento.

— Você está estranho. O que aconteceu? - Ela perguntou, se sentando ao lado do menino.

— O goleiro da Sonserina, Theo, disse que posso entrar ano que vem no time e pegar a vaga dele. Mas falou que eu precisava namorar uma Weasley por algum tempo.- Respondeu Scorpius, cabisbaixo. - Ele sabe que eu não vou conseguir, e isso é uma merda.

O loiro era um ótimo jogador, e sonhava em seguir essa profissão. Porém, o outro cara estava no time a tantos anos que ninguém queria tirá-lo, principalmente por ser o que mais tinha chances em virar o próximo capitão do time.

— Mas você tem opções, e eu posso explicar para a Lily a situaç-

— Eu não quero fazer isso, Rose. - Ele a interrompeu, ainda olhando para o chão. 

— Não precisa ficar assim. Vai ser de mentira, lembra? - A ruiva levantou o rosto amigo. Entretanto, a expressão dele ainda era triste.

Apesar da fama do sobrenome, Scorpius Malfoy era uma das pessoas mais sentimentais que a menina conhecia. Não haviam resquícios de maldade no garoto, ele ainda era extremamente ingênuo.

Talvez fosse por isso que a menina o adorasse tanto. 

— Eu não quero beijar alguém que não gosto. - O menino suspirou, inconformado. Ela deu um sorriso fraco.

A ruiva tinha noção de como o desejo dele de ser um jogador da Sonserina era importante. Eles tinham que arranjar um jeito de seguir o que Theo havia mandado, ou as chances do garoto loiro de conseguir seguir o ramo seriam mínimas no futuro.

— Scorp, não vai ser nada demais, só vai acontecer quando tiverem que encenar. E eu posso te ensinar a encenar, é só fingir q-

— Eu nunca beijei ninguém, Rose. - Ele interceptou com um sussurro.

Ambos ficaram em silêncio, e curiosamente o ambiente inteiro pareceu fazer o mesmo. Os pássaros pararam de cantar, e até mesmo a respiração do loiro e da ruiva ficaram escassos de som.

Ninguém jamais negaria a beleza do sonserino, e ele era constantemente rodeado de pessoas. Rose nunca havia pensado no fato de que ele realmente nunca tinha segundas intenções com as meninas.

— Eu não queria que as coisas fossem assim. - Scorpius resmungou.

Um vento gelado de inverno começava a bater na face dos dois adolescentes, porém nenhum dos dois queria sair dali. Se Albus se juntasse a eles para tentar arranjar um plano, alguma ideia boa poderia brotar.

Infelizmente, o garoto Potter não sabia de nada disso e estava bem focado nas guloseimas que sua avó tinha feito. 

— O que você vai fazer agora, Scorp? - Perguntou Rose, olhando para os próprios pés. Ela não sabia como ajudar, e talvez isso não fosse possível.

— Não sei. - E era verdade, o garoto loiro não tinha ideia do que fazer. Apesar de ter seus quinze anos, jamais concordaria em fazer as coisas que considerava erradas.

Um pequeno visco verde começou a se formar em cima dos amigos, parecendo flutuar. Os cabelos cacheados e longos de Rose dançavam junto ao vento.

— Estamos de baixo de um visco, o natal está debochando de mim. - Scorpius riu, balançando a cabeça negativamente.

A menina olhou para cima de si, também soltando uma pequena risada.

— Relaxa, não precisa seguir a tradição, ninguém está aqui.- Ela disse, sorrindo amigavelmente. Em seguida deitou na grama, pensando se o visco desapareceria logo.

O rapaz pigarreou, um pouco vermelho. Talvez não fosse uma má ideia.

Virando-se para a ruiva, perguntou em tom baixo:

— Mas...Você se importaria se eu...?

— Eu...Hã?- Ela respondeu, olhando para o amigo surpresa. Aquilo não era de se esperar— A-acho que não.

— Tudo bem. Fecha os olhos, ruiva.- Ele pediu, corando ainda mais.

Então a menina obedeceu, fechando-os lentamente. Scorpius suspirou, se aproximando com toda a calma possível.

 

*Fim do Flashback*

 

Durante todos os anos Scorpius, Albus e Rose dividiam o mesmo quarto no natal.
Após dar um bom tempo para seu primo e o loiro conversarem sobre o que quer que fosse, a menina resolveu ir para o quarto. Estava ciente de que havia deixado o pijama em Hogwarts, mas só precisava pedir que um dos dois lhe emprestassem uma grande camiseta.

Pouco antes de abrir a porta, Rose escutou sussurros inconformados saindo de dentro do local.

A conversa entre os dois amigos não havia terminado, pelo visto. 

— Você não entende, cara. Rose é nossa amiga, e nós dois concordamos em não deixar que ela faça escolhas ruins. - Albus falava o mais baixo possível, apesar de ter exaltação em sua voz. A ruiva se aproximou da porta lentamente, tentando compreender as palavras com clareza.

— Não vai acontecer nada, eu prometo. Mas ela está se sentindo excluída, não vai fazer mal se a levarmos. -O outro menino sussurrou de volta, enquanto fazia um barulho que parecia ser de procurar algo dentro da mala.

— E se ela gostar, Scorpius? Quem vai cuidar disso?- O garoto de cabelos castanhos insistia.

Rose encostou o ouvido na porta, com curiosidade. Em sua mente, dava respostas mal-educadas para o primo. Ela não precisava que ninguém cuidasse dela.

— Nós podemos tentar cuidar dela, eu não s-

— Sério isso, Scorpius? Se vamos levá-la, não podemos esquecer que lá não tem só pessoas dançando. E se ela começar a beber, Scorpius? E se acontecer alguma outra coisa, Scorpius? -Albus falou um pouco mais alto, sendo reprimido por um barulho do outro que pedia por menos exaltação.

— Ela nunca faria nada disso, Albus. Rose continua a mesma garota que conhecemos, você sabe. - O loiro suspirou.

Aquilo era parcialmente verdade.

A garota sempre passava horas e mais horas focada nos estudos e não tinha noção alguma do que era sair com as pessoas, se socializar, ir em festas.

Mas nada dessas coisas relacionadas a festejar pareciam que Rose faria. Nada dessas coisas pareciam algo que os três fariam.

— O que ela vai pensar de nós dois quando nos ver daquele jeito, cara? - Albus insistiu.

— Eu não s-

A ruiva entrou no quarto repentinamente, interrompendo a conversa no momento em que considerou oportuno. Rose não queria escutar mais sobre aquilo.

— Desculpa, é que eu preciso encontrar um pijama, acho que deixei o meu em Hogwarts. - Ela abria o próprio malão, mesmo já sabendo que realmente não havia trazido nada para dormir.

Os dois garotos permaneceram em silêncio, como se não tivesse existido discussão alguma a alguns segundos atrás.

Em seguida, a ruiva perguntou com uma voz estranhamente calma:

— Será que tem como me emprestar uma camiseta, Scorp?

— Claro, ruivinha. - Respondeu ele, jogando uma camiseta cinza para a amiga. 

De costas mesmo a garota retirava o vestido, colocando então a camiseta por cima das roupas íntimas. Ela parecia um pouco apressada.

— Vocês deveriam dormir, está tarde. - Os garotos concordaram acenando com as cabeças, indo rapidamente procurar os próprios pijamas para vestirem. 

Antes que mais alguém se manifestasse, Rose se deitou no colchão e adormeceu.


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Notas finais do capítulo

E aí? Continuo?



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