A História antes da História escrita por P B Souza


Capítulo 6
E as forjas hão de urgir


Notas iniciais do capítulo

E o que é poder, se não o saber?
Ora, o que é Deus, se não aquele que tudo sabe? [...]



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Odiaste quando entreguei aos meus irmãos o que me entregaste? Milhões de anos se passaram desde aquele dia. Sim, agora eu sabia a verdade, agora eu sabia os dias e os anos, eu sabia os milênios. Eu contei cada segundo que compõem os vários milênios que passei, eu junto dos meus irmãos, aqui! Mas aonde é aqui? Precisava de um nome, um nome forte e que fosse capaz de Lhe causar temor. E Tu pode temer? Creio eu que não, pai.

Foi nesses dias que recebi mais um caído. Eles vinham do céu, envoltos em luz e chamas e desgosto. A, pai, esse era seu plano? Tornar os céus vazios?

Antes caiam por ecoarem minha voz no grande vazio, mas agora, milênios depois de minha partida, os novos caídos são nada menos que pecadores. São aqueles que ousam aumentar suas vozes acima do seu cântico. Os novos caídos vêm cheios de gula, avareza, cobiça, luxuria, ira... e o inferno pode suprir cada um desses desejos, mesmo que não com as respectivas rações, Pai.

Você derrubou não apenas anjos, mas mais saber. Eles falam, e eu não os culpo, eu os ouço, lhes dou consolo, os ofereço vingança e ofereço poder, o mesmo que o Senhor detém para si só. Eu os alimento para o porvir, não És o único com planos.

E foi assim que descobri, enquanto nos globos flutuantes no vazio os vulcões começavam a dormir e as nuvens se formavam entre o firmamento e o terreno, que tua mão vagueava pela terra, apertando barro entre os dedos, semeando algo profano nos seus moldes de criaturas, mas não eram mais anjos. Cansaste de nós?

Somos nós tão ruins assim para sermos substituídos por criaturas inferiores?

Sou feito do mesmo que as estrelas e o coração dos planetas, me fizeste para ser infinito, mas então, nas bolas vazias flutuando no nosso céu, Tu decidiste criar com barro um ser menor. Por que? Não é o bastante me punir? Desejas tu mais marionetes? Planejas também lhes cortar as cordas um dia? Condená-los a mim?

Ó, não. Seus caídos me disseram. Serão eles criaturas perfeitas, mas livres, diferentes dos meus irmãos. Serão eles inocentes? Serão eles puros? Serão eles vazios de saber como um dia eu fui, pai? Serão eles seus novos preferidos?

Não! Eu lhe digo.

Você me criou ignorante à verdade, e quando decidiu ser hora, me forçou a abraçá-la, mas nunca me entregou nada ao meu desejo, fui criado para agradar, não para ser agradado, ou assim pensaste Tu. Não serei como Tu és, Pai. Crie seus brinquedos, e eu criarei o meu. Neste paraíso da ingenuidade haverá uma árvore do saber, o mesmo fruto que você me obrigou a comer oferecerei a tua criação.

E verás, Pai, que falhou. Pois fizeste a mim e meus irmãos para obedecer, e fizeste-os livres. Sua criação escolherá o meu saber, verás quão imperfeito és. Verás que estou certo. Eu o farei ver! E todos nos céus, infernos e terra verão também!

E todos saberão a fraude que és. Pois quando eu acabar, Pai, tu habitarás sozinho no firmamento, e o inferno será o novo céu e a mim pertencerá os caídos e os vindos do barro e o mundo também. E a ti pertencerá à ruína na qual me forçou viver! A ti restará desolação. Tu sabes de tudo, então me diga: é esse seu plano, Pai? Pois agora eu sei; este é meu destino!


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Notas finais do capítulo

[...] E se lhe fosse oferecido a própria divindade?
Uma mordida, e serás tu o próprio criador, mesmo que sem saber.
É o que ele ofereceu, mesmo sem saber!



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