No dia seguinte, Sarada foi buscar Shinki no aeroporto. A menina olhava o telão com o horário dos voos aflita, mas ficou melhor quando viu que a aeronave do rapaz já estava aterrizada no pátio. Demorou um pouco, mas, quando Shinki apareceu pelo portão do desembarque, Sarada correu até ele o abraçou. Ele retribuiu o carinho, sentiu o perfume de seus cabelos e deu um beijo no pescoço da garota que, em seguida, se afastou um pouco encabulada.

— Você tá bem? – Perguntou Sarada, percebendo que Shinki estava um pouco abatido.

— Agora sim. To com você.

— Sem galanteios, Shinki. Eu ainda to muito brava por você ter mentido pra mim sobre Inojin.

— Sarada, eu errei. Pelo amor de Deus, me perdoa! Eu vim aqui pra te ajudar a achá-lo!

— Bom, vamos encontrar com Boruto... Ele também faz parte de tudo isso. – Explicou Sarada já caminhando com Shinki até o estacionamento onde estava o carro que pegou emprestado da mãe.

— Você e o seu ex ficaram amigos? – Perguntou curioso, guardando a mala no carro.

— Nós sempre fomos amigos, só estávamos afastados por causa do fim do namoro mesmo. Ele não tinha concordado com a minha ida pra Nova York.

— E agora tá tudo bem entre vocês?

— Para falar a verdade, eu não sei. Nos unimos para achar o Inojin, só isso. – Confessou Sarada.

— Vocês descobriram que ele está mentindo então?

— Na verdade, Boruto desconfiou e aí a minha ficha caiu. Inojin seria incapaz de fugir.

— Bem, a história dele é muito sofrida, Sarada. Ino é um mosntro.

— Shinki, se você sabe disso por que não o ajudou? Por que não contou a verdade pra mim?

— Muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo! Quando eu soube da verdade, a Ino me manipulou falando que você ia me trocar pelo Inojin. Eu fiquei confuso e tudo piorou quando eu vi a foto dele e amor imenso que você sente por ele.

— Shinki, eu tava com você. Eu te disse que te amava não?

— Disse, mas vê só... Agora você já fala de mim como se nós fossemos passado.

— E não somos?

— ...

— Vamos deixar para falar de nós quando isso acabar ok? A prioridade é o Inojin. Pode ir me contando?

— Melhor contarmos quando o Boruto estiver, assim eu não fico me repetindo.

— Ok, Shinki.

[...]

Boruto estava na praça esperando Sarada chegar com Shinki, quando Yodo passou por ele. Ela ficou um pouco indecisa sobre ir ou não falar com ele, então percebendo a dúvida interna da garota, Boruto sorriu, levantou do banco da praça e parou na frente dela para cumprimentá-la.

— Oi, Yodo. Tudo bem? – Disse ainda sorrindo.

— Er... Oi. Boruto, tá tudo bem sim. Como foi a conversa com a Sarada? Não que eu esteja roendo todas as minhas unhas para saber, mas ia ser legal se você contasse. – Falou rapidamente e Boruto riu.

— Foi surpreendente. Ela me contou que Inojin, meu amigo e ex-namorado dela, está vivo. O que é assustador já que ele estava desaparecido há três anos.

— Uau, então era pra isso? Ela não veio rastejar atrás de uma chance com você?

— Nop. – Riu – Você ficou preocupada?

— Bastante. Quem consegue competir com o primeiro amor? – Falou sorrindo.

— Yodo, você não precisa competir com ela. Até porque você venceria. – Boruto piscou e Yodo sorriu.

— Ouvindo você falar assim eu até acredito sabia?

— É pra acreditar! Topa sair comigo qualquer dia desses pra dizer que aceita ser minha namorada?

— Você acha que é seguro? Porque eu tenho medo que você se encante de novo com a Sarada e... – Boruto então colocou o dedo nos lábios dela para que Yodo parasse de falar.

— Ela é passado.

— Um passado muito recente pro meu gosto.

— Tá com ciúmes?

— Um pouco. Tem problema?

— Não, você fica linda com ciúmes. – Disse e Yodo sorriu.

— Tá. Mas o que você tá fazendo aqui na praça no meio do dia?

— Esperando a Sarada.

— Boruto, tá esperando ela? Logo ela?

— Ei, não fica brava, por favor! Ela vai vir com o ex-namorado dela que tem uma pista sobre o paradeiro do Inojin, enfim, é uma longa história.

— Vocês não vão ter um encontro?

— Claro que não! É só porque queremos encontrar nosso amigo. Só assim a gente pode enterrar nosso passado de vez e recomeçar! Eu quero recomeçar com você. – Boruto então segurou o rosto de Yodo com as duas mãos e a beijou delicadamente.

— Eu acredito. – Disse Yodo assim que o Uzumaki se afastou.

— Que bom! Quer esperar eles chegarem para conferir?

— Quero!

Yodo esperou ao lado de Boruto na praça. Para a estudante de medicina, era muito perigoso deixar Boruto a sós com Sarada. Embora, o Uzumaki tivesse um lindo discurso sobre querer seguir em frente, lá no fundo, Yodo sabia que ele ainda estava dividido, que Sarada significava mais do que ele falava. No entanto, se Yodo achava que ia surpreender ficando ao lado de Boruto, na verdade, ela é quem foi surpreendida.

— VOCÊ? – Gritou Yodo assim que viu Shinki sair do carro com Sarada.

— O que você tá fazendo aqui? – Perguntou  Shinki para Yodo.

Boruto e Sarada ficaram sem entender nada, se olharam estranhando a situação e observaram o diálogo que iniciou após o reencontro de Yodo e Shinki.

— Eu moro aqui, Shinki. Sua vez. – Disse Yodo.

— Eu vim com Sarada para ajudar a acharem o Inojin. – Contou e Yodo se lembrou do que Boruto dissera.

— Então, você é o namorado dela? – Perguntou Yodo.

— Sim. – Respondeu Shink.

— Na verdade, é ex-namorado no momento. Mas pera aí, vocês se conhecem de onde? – Sarada se intrometeu.

— Boa pergunta! Yodo, da onde você conhece esse cara? – Perguntou Boruto visivelmente incomodado com a situação.

— A minha família é amiga da família da Yodo. – Respondeu Shinki e Yodo assentiu.

— Eu e Shinki estudávamos na mesma escola até o fim do ensino médio. – Revelou Yodo.

— Vocês são amigos? – Perguntou Sarada.

— Acho que podemos dizer que sim. – Disse Shinki.

— Se a sua família é amiga da família dele, isso quer dizer que você também é nobre? – perguntou Boruto, que sabia muito pouco sobre a família de Yodo.

— Não, Boruto. Não sou nobre, mas sou filha de um Conde. Só que, por ser mulher, eu não herdo o título. Meu irmão vai herdar tanto o título quanto as nossas propriedades. – Revelou Yodo, deixando Boruto e Sarada surpresos.

— Nunca ia imaginar que vocês se conheciam. – Disse Sarada.

— Eu só não entendo por que está morando aqui. Pensei que tinha ficado em Suna. – Comentou Shinki.

— Pra que ficar lá? Pro meu pai me obrigar a casar com alguém que eu não amo? Muito obrigada, mas eu passo. – Disse Yodo.

— E aí veio fazer o que nessa cidade? – perguntou Shinki interessado.

— Estudar Medicina. Já estou estagiando e daqui a alguns anos me formo. Vou ser independente. – Disse Yodo.

— Seus pais vão te deixar sem nada mesmo? – Questionou Shinki.

— Você sabe que a solução que o meu pai achou foi me casar com o filho de Sasori I. Eu nunca ia aceitar! – Revelou Shinki.

— Você rejeitou ser Rainha? – Perguntou Sarada.

— Rejeitei, Sarada. Eu não amo o príncipe Nagato! Meu pai achava que isso me deixaria bem após a morte deles, mas não vai. Eu não me importo com dinheiro. Além disso, eu gostava de outra pessoa já, mas essa pessoa me largou por causa do pai... – Disse Yodo.

— Yodo, você sabe que o meu pai nunca ia permitir que eu ficasse com você! Tio Sasori a escolheu para ser a Rainha ao lado do filho dele. Não podia enfrentá-lo! Uma coisa é enfrentar o meu pai, que pode ser difícil e eu até faço, mas enfrentar o tio Sasori não dá! Ele é o Rei! – Disse Shinki, enquanto Sarada e Boruto ficaram boquiabertos.

— Vocês namoraram? – perguntou Sarada.

— Sim. – Respondeu Shinki.

— Por dois anos. – Completou Yodo.

— Nossa! – Disse Boruto.

— Caramba, você tá com o meu ex-namorado e eu tava com o seu ex-namorado. To um tanto chocada! – Disse Sarada.

— Você e o Boruto estão juntos? – Perguntou Shinki.

— Sim, ele é meu namorado. – Disse Yodo segurando a mão do Uzumaki.

— Formam um belo casal. Eu queria muito dizer que Sarada também é minha namorada, mas acho que não posso dizer isso. – Shinki olhou para Sarada melancólico.

— Gente, vamos falar do Inojin? Esse reencontro de vocês até tirou o foco do que a gente veio fazer aqui. – lembrou Sarada.

— Que pistas você tem Shinki? – Perguntou Boruto.

— Bem, tentei sondar com meu pai, mas ele não disse nada. Então, eu falei com Kankuro, meu segurança. Ele conhece Kiba, o segurança do Inojin. Então, eles se falaram e Kiba contou que eles estão em Londres. – Informou Shinki.

— Pelo menos temos a cidade... – Comentou Sarada.

— Temos mais que isso! Kiba contou também que Sai está com eles lá e que Inojin faz faculdade de arte. Onde é que eu não sei, mas isso a gente pode levantar lá.

— O que você sugere? – Perguntou Boruto.

— Sugiro que nós possamos ir até Londres atrás dele. Tipo, amanhã ou o mais rápido possível. – Disse Shinki.

— Nós ainda estamos de férias, então eu acho que dá. – Disse Sarada.

— Eu vou! Só preciso avisar meus pais. – Concordou Boruto.

[...]

Após combinarem os detalhes da viagem que fariam em dois dias, os quatro se despediram. Yodo não iria com os três, pois Inojin nada tinha a ver com ela. Aquela missão era dos três e apenas a eles cabia a tarefa de resgatar Inojin. Quando Sarada chegou a sua casa com Shinki, Sasuke e Sakura estranharam, então ela contou tudo que ela e Boruto supunham e que tinham chamado Shinki para ajudá-los.

— Eu só vou deixar você ficar para que possamos resolver as coisas com Inojin. – Avisou

— Obrigado pela confiança, senhor Uchiha. – respondeu Shinki.

— Vai mesmo enfrentar o seu pai? – Questionou Sakura.

— Vou, por Sarada. Eu fui um covarde ao esconder a verdade.

— Aliás, até agora você não me contou a história toda! É óbvio que Inojin mentiu, mas você ainda não nos contou a verdade! – Exigiu Sarada.

— Bem, quando Ino te viu no festival ela descobriu que o plano dela estava em perigo.

— E qual era o plano dela? – Questionou Sasuke.

— Ela sequestrou Inojin para punir Sai e Sarada. Na cabeça doentia da duquesa, levar o filho embora era a melhor vingança que ela poderia fazer contra todos que a fizeram sofrer. Não sei que mal Sarada fez a ela, mas foi isso que eu entendi. – Disse Shinki.

— Não foi Sarada que fez mal a ela, fui eu. – Disse Sasuke.

— Ino e meu pai foram amantes por um tempo no passado. – Informou Sarada.

— Ah, é recalque então... – Disse Shinki.

— E por que Inojin disse todas aquelas coisas? – Perguntou Sakura.

— Ele está sendo ameaçado. Ele fez tudo que fez para proteger o pai e Sarada. Se eu e Sarada não namorássemos, Ino continuaria escondendo Inojin para sempre. – Confessou Shinki.

— Então, ele ganhou uma chance de escapar por nossa causa? – perguntou Sarada.

— Sim, Ino teve que afrouxar a vigilância sobre ele porque meu pai sabe do que ela fez e não concorda. – Disse Shinki.

— Por que seu pai não deixou Inojin falara a verdade? – Perguntou Sasuke.

— Meu pai ama a duquesa. Ele não quer perdê-la. Se vier à tona que ela sequestrou o próprio filho, ela será condenada à prisão perpetua. Pelo menos, lá em Suna é essa a pena que é aplicada.  – Contou Shinki.

— Ino está com medo e ameaçando Inojin então. – Pensou Sakura.

— Sim, por isso ele precisa de nós. Vamos até Londres libertá-lo. – Disse Shinki.

— Mas como? – Perguntou Sasuke.

— Kankuro vai nos dar cobertura junto com Kiba.  – Garantiu Shinki.

— Não é perigoso? – Perguntou Sakura preocupada.

— E vocês vão tirar Inojin de lá e levar para onde? – Perguntou Sasuke.

— Nova York. Se vocês puderem esconder ele por um tempo no apartamento da Sakura era o melhor, porque no meu podem ir procurá-lo. – Antecipou Shinki.

— Faremos o possível e o impossível por Inojin. – Garantiu Sarada.

[...]

— Não pensei que seus pais fossem me deixar ficar aqui. – Disse Shinki já deitado no colchão que estava no chão do quarto de Sarada.

— Eles só deixaram por causa de Inojin.

— Mesmo assim, é um voto de confiança.

— Shinki, você é bom. Apesar de viver numa família complicada e com tantas regras, você é  nobre. E a sua nobreza não tem nada a ver com o sangue, tem a ver com a forma como você se importa com os outros..

— Eu me importo com você e com o Jin.

— Quando percebeu que estava agindo errado?

— Quando eu vi que estava infeliz e nada mais fazia sentido. Lembrei do que Jin me falou... Ele disse que preferia que você o odiasse, mas que permanecesse viva. Então, eu percebi que ele te ama mais do que eu. E, olha, eu amo muito você. Então, eu decidi que vou salvá-lo para você, para que você viva essa história de amor que foi interrompida pela maldade alheia. – Disse Shinki chorando.

Sarada abraçou Shinki com força e então o cobriu com beijos.

— Eu te amo, Shinki. – Confessou Sarada.

— Eu abri mão de tudo por você, mas quando nós libertarmos o Inojin...

— Eu vou ficar com você! – Sarada o interrompeu.

— Como? Você não o ama?

— Eu amo Inojin, mas não é dessa forma. Eu o amo como um amigo. Meu melhor amigo. Inojin foi meu chão, minha paz, mas é com você que eu quero ficar! É com você Shinki!

— Você me perdoa?

— Shinki, eu perdoo!

Ao ouvir aquela confissão, Shinki beijou Sarada com paixão. O beijo era urgente, as línguas estavam entrelaçadas e o rapaz apenas gostaria de senti-la. Naquela noite, Sarada e Shinki dormiram juntos. Precisavam reafirmar a paixão intensa que sentiam um pelo outro, a necessidade de possuírem um ao outro.

— Quando tudo isso acabar, eu vou casar com você. – Prometeu Shinki.

— Você não pode. Esqueceu da regra de só se casar com uma nobre?

— Eu aceitei quebrar todas as regras pra vir atrás de você. Sarada, eu nunca fiz isso por ninguém. Só por você.

— Nem pela Yodo?

— Nem pela Yodo. Quando meu pai disse sobre o interesse do meu tio em fazer de Yodo sua nora, eu abri mão dela.

— Você abriu mão de mim também...

— Mas eu me arrependi e to aqui não to?

— Queria abrir mão de mim pelo Inojin...

— Ele te merece mais que eu! Você tem ideia de todas as coisas que Inojin abriu mão para te manter segura?

— Não, não tenho ideia...

— Ele viveu três anos trancados em um internato, fingindo que era mudo para todos, privado de falar com todos com quem se importava e o refúgio dele sempre foi a pintura. Acho que ele desenhou uns mil quadros seus. – Revelou Shinki.

— Eu me sinto culpada... Se ele não tivesse se envolvido comigo...

— Sarada, você não tem culpa que a mãe dele é desequilibrada! Fique tranquila que nós vamos salvá-lo.