Pov. Alvo

Logo depois que meu pai falou aquilo, todos nos olhamos assustados esperando uma mínima movimentação se qualquer um.

—Então... O que faremos? -Pergunto suspirando e percebo que Annie busca pela minha mão desesperada e entrelaço nossos dedos tentando passar segurança.

—Todas as chaves de portal e rede de flú foram interceptadas, pelo menos por um tempo. Terão que ficar aí, tentaremos ao máximo chegar aí, mas precisamos tentar controlar as coisas por aqui... Ainda não sabemos quem está no comando deles, mas logo iremos descobrir. Enquanto isso, precisam manter sigilo. Meninos, vocês irão se revezar para a segurança da casa, e vocês não irão poder sair daí... Eu sinto muito crianças, mas no momento, não podemos confiar em ninguém, estão correndo perigo! Teddy, James e Fred, estamos confiando em vocês para nos manterem informados... Precisam agir normalmente, mas fiquem sempre com um pé atrás, amamos vocês... -Meu pai desliga e voltamos todos a nós sentar na mesa de café.

—Uou... -Fala Fred quebrando o silêncio que se depositou entre nós.

—EU AVISEI! FALEI PARA VOCÊS NÃO TRAZEREM ESSAS MENINAS PARA CASA! VOCÊS SÃO UNS IDIOTAS, SÉRIO! QUE MERDA! -Rose grita tremendo e se levanta colocando as mãos na cabeça e em seguida Scorpius se levanta rápido e a abraça.

—Iria acontecer de um jeito ou de outro Ross, você escutou meu pai, não é algo que poderíamos controlar... -Lily sussurra engolindo em seco e eu afirmo.

—Não vamos deixar nada acontecer com vocês! -Teddy fala se levantando. -Irei conjugar feitiços de proteção envolta da casa, James e Fred, me ajudem, por favor. -Ambos afirmam e vão para o Jardim conjurar alguns feitiços.

—Preciso me distrair... -Fala Lucy que parecia que tinha acabado de despertar de algo e todos afirmamos.

—Hm... Nós podemos jogar algum jogo... -Rox sugere e a maioria parecia concordar e logo em seguida, Teddy volta com os meninos.

—Nós vamos revezar, Fred, James, Louis, Lorcan e Lysander protegem a casa durante o dia, e eu, Scorpius, Alvo e Hugo ficamos pela noite! -Teddy fala e depois de algumas objeções, nós concordamos.

—E nós faremos o que? Desculpa, mas não vou ficar parada sem fazer nada! -Rose fala ainda meio nervosa.

—Você não vai fazer nada, amor! -Scorpius fala dando ombros.

—Como assim? Eu não sou uma inútil! 

—Mas eu não quero que te machuquem! Eu vou cuidar de você e ponto final! -Scorpius termina e Rose acaba abaixando a cabeça concordando.

—Podemos ir jogar, então? -Todos afirmamos indo em direção a sala, menos Fred, James, Louis, Lorcan e Lysander que vão para o Jardim.

Pov. Annie

Tudo rodava na minha cabeça como um flash, e percebo que assim que tio Harry falou a notícia, Scorpius pensou a mesma coisa que eu, precisava falar com ele!

—UNO! -Alice gritou pela terceira vez em cinco rodadas, eu sempre perco nesses jogos, então não me esforço nem para chegar aos pés delas.

No momento, estou deitada no chão, apoiada com a cabeça no colo de Alvo, jogando uma porcaria de um jogo para passar o tempo. Minha mente não parava de pensar o pior, acho que todos estávamos com medo, mais um pelo outro, do que por nós mesmos. E eu torcia de verdade, para que meus pensamentos estivessem errados.

—Eu desisto dessa merda! -Dominique taca as cartas na mesa e bufa alto.

—E eu preciso comer! -Vic fala colocando suas duas mãos na barriga, o que eu achei um gesto materno extremamente fofo e Hugo afirma rapidamente com a cabeça, concordando com Vic.

—Vou preparar algo para a gente! -Rose se levanta e vai até a cozinha e quando vejo todos dispersos, percebo que aquela era a hora.

—Preciso ir ao banheiro... -Me levanto do colo de Al e lanço um olhar para Scorpius, que segundos depois me segue até os quartos de cima e nos trancamos no quarto de hóspedes.

—Você não está achando que...

—Sim, eu acho! -Corto Scorpius que passa a mão pelo cabelo em um gesto preocupado.

—Ele não seria capaz, Annie! Ele é nosso avô!

—E desde quando o Lúcio ligou para a família? Me diz, Scorpius! -Falo o olhando e cruzando os braços em frente ao peito.

—Não Annie... Você viu a felicidade dele quando eu fui para a Sonserina, ele me teve como neto! Ele me deu conselhos, Annie! Ele me deu minha primeira vassoura, ele não seria capaz de tirar a nossa felicidade assim! -Acabo revirando os olhos perdendo a paciência.

—Pelo amor de Merlin, Scorpius! Lúcio te queria como seguidor, não como neto! Para de defender ele apenas porquê é nosso avô! Ele nunca nos tratou como netos! E sabemos qual eram os objetivos dele! Nós precisamos contar! -Falo decidida.

—Me dá um tempo, por favor... -Ele fala com a voz um pouco embriagada.

—Quer tempo, Scorpius? Esse tempo que você quer é a deixa perfeita para ele matar todos que amamos! Eu não quero perder o Alvo e creio que nem você quer perder a Rose! Precisamos fazer sacrifícios por quem amamos! -Sussurro nervosa o abraçando. -Ele também é meu avô! Mas todas as pessoas que estão aqui, são muito mais a minha família do que ele!

—Você está certa... Eu vou falar toda a verdade para eles, e você vai me ajudar, espero que possamos estar errados, mas em todo o caso, eu prometi proteger a Rose, e perder ela me mataria! -Abro um sorriso e aperto a mão do meu irmão e saímos juntos do quarto de hóspedes, porém quando abrimos, damos de cara com Rose com os olhos marejados.

Ela deixa a bandeja que estava carregando cair no chão e nos abraça com força.

—Eu não sei o que está acontecendo, mas eu estou com medo! E pela conversa de vocês, creio que sabem mais coisas que nós, por favor... Me ajude! Eu não posso perder vocês! -Ela sussurra para nós e percebo que estava chorando também, era difícil fazer aquilo, mas extremamente necessário.

—Podemos ir para a sala? -Pergunto e Rose afirma descendo com a gente.

Chamamos todos que estavam do lado de fora para a sala também e pedimos para James ligar para tio Harry.

—O que aconteceu? -Harry fala desesperado ao telefone.

—Precisamos falar algo... -Scorpius fala e me olha me dando espaço para assumir.

—Não temos tempo para enrolos, espero que seja algo importante! -Harry reclama bravo e sinto uma lágrima cair.

—Quando eu e Scorp tínhamos 10 anos, Lúcio pediu a Draco se podia dar uma volta conosco. Nossa avó tinha acabado de morrer, então meu pai concordou. Lúcio sugeriu de irmos morar com ele na antiga mansão Malfoy, ele disse que tinha planos conosco, planos onde nos tornaríamos muito mais poderosos... -Percebo que não conseguiria continuar, então olho para Scorpius que estava abraçado a Rose acariciando seus cabelos.

—Meu avô era um seguidor fiel de Voldemort, como todos sabemos. No dia em que saímos com ele, fomos até um vilarejo trouxa, e ele disse com todas as palavras que aquilo era uma raça nojenta, assim como todos os mestiços e nascidos trouxas. Como eu e Annie tínhamos amigos assim, e meu pai queria ser um bom homem, resolvemos negar ir morar com o nosso avó. Mas ele continuou mantendo um pouco contato, principalmente comigo. Ele foi um bom ouvinte quando precisei, mas sempre com seus ideais errados. Paramos de nos falar faz uns dois anos, mas ele sempre deu indícios de que queria colocar seus ideais em prática. Eu não podia comentar de vocês para ele que ele ficava semanas sem falar comigo... Ele é meu avô, mas achamos que ele pode ter algo envolvido com isso... -Scorpius finaliza e percebo que a todo tempo, Rose apertava a sua mão e acabo sorrindo com a cena.

—Obrigado pela informação, será muito útil, e não irão se arrepender. Annie e Scorp, vocês sempre serão parte da nossa família! -Meu sogro fala e desliga o telefone e sou abraçada por Alvo que me sufoca um pouco.

—Estou orgulhosa de você, pequena! -Dou um sorriso tímido e ele retribui. 

Todos ficaram um pouco assustados, mas fico com a consciência mais leve e tranquila, e percebo que fizemos o certo. Pisco um olho para Scorp e ele sorri para mim, sinto que ele ficou um pouco mexido, mas está bem...

Aqui nós encontramos a nossa verdadeira família, e nada mais importava a não ser ela. 

Resolvemos comer alguma coisa e depois de mais uns três jogos, fomos deitar, menos Scorp, Alvo, Teddy e Hugo que estavam vigiando.

Percebo a luz de uma varinha acessa na varanda e encontro Rose na mesma.

—Ei! Precisa dormir... -Sussurro colocando uma coberta encima dela que estava deitada em uma cadeira no frio.

—Os pesadelos não deixam a minha cabeça, e pelo mundo real, eu posso impedir que algo aconteça... -Ela fala olhando em meus olhos e me sento ao seu lado a abraçando.

—Vou ficar aqui com você... Agora tente pelo menos descansar... -Ela afirma e beijo a sua testa enquanto observamos meu irmão e meu namorado no Jardim.