O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 8
O encontro inesperado




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— Vocês vieram do futuro? – Isinu tinha o olhar confuso e cheio de incertezas, sem acreditar no que ouviu, mas relaxando a mão com a espada.

— Sim, viemos – Jessica confirmou, mirando diretamente os olhos de Isinu.

— Mas, não conheço ninguém que tenha esse poder de viajar no tempo – Isinu ainda estava atônito com aquela revelação.

— Agora, conhece – Alex confirmou, passando a mão no pescoço, onde o fio da navalha encostara.

— Precisamos conversar. Acho melhor nos vestirmos – Inisu concluiu, saindo da piscina e pegando a toalha de linho, que o servo lhe oferecia.

Alex fez o mesmo, se vestiram e seguiram para outra sala.

Esse ambiente tinha o chão em mosaicos representando frutas e animais e as paredes pintadas de um vermelho queimado, havia algumas estátuas pintadas de cores vivas, tentando assemelhar com figuras humanas, eles sentaram-se em cadeiras dispostas em círculo. Isinu dispensou o sevo com um gesto de mão que desapareceu através da cortina.

— Então, quem é você, meu jovem? – Isinu perguntou, inclinando-se para frente e encarando Alex.

— Sou o que você adivinhou, filho de Enlil, mas ainda não nasci, esse não é o meu tempo – Alex respondeu, sem tirar os olhou de Isinu, sua voz era firme, não demonstrava dúvida.

O anfitrião ouviu aquilo, arregalando os olhos, inclinando-se para trás, demonstrando sua surpresa, mas, não tanto quanto esse tipo de revelação causaria em alguém que não fosse tão antigo, que tivesse visto e vivido tantas situações inimagináveis, para os simples mortais.

— Vejo o mestre em você. Mas, quem seria a sua mãe? – Isinu estava curioso, cçou a barba, tentando adivinhar, pois a árvore genealógica era sempre importante para eles, assim determinando o quão poderoso alguém poderia ser.

— Acho melhor você não saber quem é minha mãe, por enquanto. Só posso dizer que ela não pertence ao povo do meu pai.

— Sua mãe é uma grega? O senhor dos ventos teve um filho com uma grega? Não é possível, mas isso explicaria a sua arma.

 — Terá que confiar em mim, Isinu, como eu confiei em você durante toda a minha vida – Alex afirmou, nos seus olhos não haviam sinais, que ele iria voltar atrás quanto a isso.

— Então, nós nos conheceremos no futuro.

— Sim, e você me contará e me mostrará muitas histórias do passado, ajudará na minha educação.

Isinu o encarou, analisando, escolhendo se deveria ou não confiar naquele rapaz.

— Vou lhe dar meu voto de confiança, mas estarei de olho em você, Aleph. Agora me conte, o porquê trouxe a mortal com você e o que querem aqui neste tempo.

Alex e Isinu voltaram-se para Jessica, que estava sentada, em silêncio, esperando eles conversarem.

— Foi um acidente – Alex explicou. – Estamos juntos, eu queria sair depressa de um lugar e não sei porque e como acabamos aqui, nesse tempo.

— Então, você pode viajar no tempo? Isso é incrível! De quando vocês vieram? – Isinu perguntou curioso.

— Eu não sei como eu fiz isso, mas nós viemos de cerca de 2000 anos no futuro.

— Isso é fantástico! – Isinu falou, abismado. – Tenho tantas coisas que quero saber. O que farei no futuro?

— Sim, você será o contador de história. Escreverá muitos livros. Eu conhecerei você durante toda a minha vida.

—Isso é maravilhoso! exclamou Isinu, exultante. — Mas, o que são livros?

— Livros serão como os papiros atuais, só que poderão ser copiados muitas vezes — Jessica se intrometeu, quando Alex demorou, tentando achar a melhor resposta.

— Jessica é muito inteligente — Alex respondeu ao olhar admirado de Isinu.

— Deve ser uma época muito perigosa a sua, meu rapaz, com mulheres inteligentes. Perigosa e fascinante — Isinu deu um sorriso irônico. — Gostaria de conversar com sua serva mais tarde, se permitir, Alex.

— Amiga, Jessica é minha amiga.

— Amiga? — Isinu franziu o cenho com a declaração inusitada.

— Mas, antes, há algo que você deverá saber. Meu pai está vindo para cá, em segredo, tentando evitar uma guerra entre o oriente e o ocidente, mas ela será inevitável – Alex revelou, sob o olhar atento do seu anfitrião.

— Uma guerra?

— Sim, ela acontecerá e todo o mundo, como vocês conhecem, mudará.

Isinu abriu a boca para fazer mais uma pergunta, porém, nesse momento, Arus surgiu através das cortinas, que separavam o cômodo e entrou na sala, inclinando-se na frente de Isinu.

— Senhor, temos visitantes – Isinu olhou surpreso, com certeza ele não esperava ninguém, levantou-se rapidamente, mas antes que falasse algo as cortinas se abriram outra vez, e três homens entraram na sala, completamente coberto por capas de tecido rústico.

Alex e Jessica se levantaram, o queixo dela caiu, quando abaixaram o capuz e ela viu o primeiro deles. Era uma versão, um pouco mais velha de Alex, ligeiramente mais alto e forte, com as feições mais definidas e a pele mais escura, levemente dourada, mais os mesmos cabelos negros e os olhos intensos, profundos e escuros, que atraiam o olhar como buracos negros, usava bigode e barba bem cuidados e aparados. Jessica não o havia conhecido no seu tempo, então ficou surpreendida, não só pela sua beleza, mas também com a semelhança com o filho, apesar de usar traje simples como disfarce, demonstrava imponência e autoridade, um verdadeiro principe.

Ao lado dele, dois homens também fortes e altos, um deles ela não conhecia, porém o outro era o segurança que tirou Alex do seu carro, dias atrás, quando se conheceram.

— Enlil! Não esperava por você – Insinu declarou, atônito, depois deu uma rápida olhada pelo canto do olho para Alex, pois ele já o alertará que o pai viria. Enlil não percebeu, abraçou o amigo, contente.

— Insinu, que bom revê-lo, meu amigo! Desculpe-nos o incomodo, mas não queríamos que ninguém soubesse da nossa vinda até aqui. Lembra-se de Kadir e Aslan!

— Claro! Sejam benvindos a minha humilde casa! É bom revê-lo, meu amigo – Isinu relaxou, contudo, não fez menção de apresentar os jovens que estavam com ele.

— Vejo que está ocupado – Enlil reparou no jovem casal na sala.

— Não, só são viajantes, estou dando hospedagem a eles. Este é Aleph e essa é Jessica — Isinu os apresentou e eles inclinaram a cabeça levemente — Arus, levem os jovens para os seus aposentos – ordenou ao servo e depois se virando para o grupo recém-chegado – Estão com fome? Providenciarei uma ceia. Querem um banho? Meus servos providenciarão.

Por um segundo, os olhares de Alex e Enlil se cruzaram.

— Eu não conheço você, meu jovem? – Enlil tinha curiosidade nos olhos, quando encarava Alex, como se procurasse em algum arquivo na sua memória.

— Suponho que não, senhor? – Alex respondeu, humildemente, mantendo a cabeça baixa, para evitar mais perguntas e saiu correndo da sala, com Jessica logo atrás.

— Como eles não perceberam que você é a cara dele? – Jessica cochichou no ouvido de Alex, espantada, pois mesmo sendo tão poderosos e antigos, os homens continuavam a ser completamente distraídos quanto a isso.

— Não somos tão parecidos assim – Alex negou, com veemência.

— Sim, são muito parecidos, só há alguns poucos detalhes em altura e feições, porém ele parece ser o seu irmão mais velho. No entanto, o mais importante é que ele está aqui. Então, pelo que você me contou, ele deverá encontrar-se com seu avô materno. Qual é o nome de dele?

— Júpiter — respondeu, distraído.

— Júpiter ! Você está dizendo que seu avô é Júpiter?

— Fale baixo! Alguém pode ouvir você — sussurrou.

— Sim, e minha mãe é Diana, a caçadora, e meu pai é Enlil, o deus dos ventos sumério, um dos mais antigos da humanidade. Todo esse tempo que estamos falando nisso, você nem se tocou?

— Bem, só achei que eram metáforas, que tinham nomes parecidos.

— Só que, não, meu pai irá para o Olimpus e se tornará prisioneiro do meu avô – Alex continuou e não gostava desta parte.

— Mas sua mãe irá salvá-lo, não é isso?

— Sim. E será punida ficando presa no limbo por certa de dois mil anos –respondeu, desanimado.

Jessica olhou para o servo a sua frente.

— Ele não está entendendo o que estamos falando?

— Não se preocupe, eu desfiz o feitiço, eu não pode nos entender.

No outro aposento, um outro servo se inclinava na frente dos homens recém-chegados e os informa que o banho estava pronto.

— Podem ir, preciso falar com Isinu – determinou Enlil, os outros homens saíram, deixando os outros dois sozinhos. – Quem é o rapaz, Isinu? – Ele continuava curioso.

— Filho de um velho amigo, meu príncipe.

— Ele é confiável?

— Tenho certeza que sim e confio muito no pai dele.

— Nesses tempos, não podemos confiar em quase ninguém.

— Está falando da guerra que se aproxima.

— Como você sabe disso, meu amigo? – Enlil podia se ver um certo ar de surpresa nos seus olhos.

— Tenho meus informantes.

— Há traidores que não sei que são, talvez, dentro do próprio palácio.

— Desconfia de alguém?

— Sim, mas não posso provar, por isso não quero lançar acusações infundadas, para não se virarem contra mim. Vim para negociar uma paz, tentar manter nosso mundo com está, apesar que acho que a nossa era esteja chegando ao fim.

— Você acredita que nosso mundo será destruído? – Isinu inquiriu, incrédulo.

— De certa forma, sinto as mudanças no ar. Brincamos por tempo demais de deuses com os humanos, não mudamos, mas eles sim. Eles são curiosos e inquietos, apesar de alguns desejarem manter a situação como está, pois, assim preservam o controle, outros se rebelam e tem sede de mudança.

— Podemos impedir isso, Enlil? – Isinu parecia preocupado.

— É isso que meu irmão, Enki, e o ocidente querem, mas acho que será impossível, as mudanças já começaram, sutilmente, ela está se infiltrando como água na terra seca. A pergunta é que será se iremos sobreviver?

Isinu sorriu ao pensar no jovem herdeiro que veio do futuro.

— Tenho certeza que sim, Senhor.


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