O senhor do tempo escrita por calivillas


Capítulo 7
Nós viemos do futuro




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— Sei que estão procurando um lugar para passar a noite, ouvi quando perguntou a taberneira. Por isso, ofereço a minha humilde casa – o homem moreno de cabelos escuros e com a barba e bigodes bem aparados, movia-se com elegância e desenvoltura, com poucos e contidos gestos, e vestia-se com requinte, suas roupas pareciam caras mesmo para aquela época, uma túnica bordada de cor escura tecida em fina lã, usava joias de ouro e pedras, demonstrando que era um estrangeiro de sua classe social elevada, mesmo assim se curvou levemente diante deles, fazendo uma graciosa reverência e Alex relaxou o braço que retesava a corda do arco. – Meu nome é Isinu – Alex sabia disso, pois o conhecia desde de criança, com outro nome, Samuel, já que as pessoas do seu povo mudavam de nome de tempos em tempos, para que os humanos não perceberem sua imortalidade.

— Meu nome é Aleph e essa é minha serva, Jessica – Alex os apresentou, lembrando de usar seu nome oriental, sentiu os olhos dela o espreitarem, mal contendo a sua raiva por ser apresentada como uma serva. – Aceito seu convite tão gentil, Isinu. Obrigado. — Nem a surpresa do sumiço repentino do arco das mãos de Alex apaziguou a ira da garota.

— Por aqui, por favor – Isinu indicou o caminho para eles o seguirem.

— Que história é essa de serva? – Jessica repreendeu Alex, baixinho, tentando conter sua ira.

— Como eu ia explicar você a ele? Uma amiga? – Ele rebateu, com ironia. – Não nesse tempo. E, por favor, ande atrás de mim. – Porém, antes que Jessica falasse alguma coisa, Isinu abriu os braços e foi como se tivesse entrando em um túnel, tudo ficou rapidamente escuro e, então, tudo clareou novamente

— Esta é minha humilde casa – Isinu anunciou, quando pararam em frente a um portão de ferro, que ele abriu em um toque.

Jessica estava de boca aberta, era a primeira vez que estava lúcida para entender o que aconteceu, nunca havia imaginado poder viajar através da dimensão espacial, pulando de um lugar para outro

A casa de Isinu era circunda por um muro alto, entraram em um átrio, que era uma pequena antessala, com o chão decorado com um mosaico em pedras coloridas representando uma caçada a leões e as paredes eram pintadas de cores vivas, uma porta levava a um pátio, onde havia um chafariz com a estátua de um fauno segurando uma cornucópia, que jorrava água. Na parte coberta do pátio, sustentada por colunas, se abriam várias portas, que levavam para os outros cômodos, tudo pintado com cores alegres e fortes e com painel coloridos, decorados em estilo que misturava o romano com o oriental.

— Aqui, eu sou um comerciante, quase um embaixador, assim me mantenho informado, se sabe muito nos mercados – Isinu explicava sua posição, enquanto entrava pela casa. – Arus, leve o senhor Aleph para o banho e a serva para a cozinha – ordenou a um homem, mais velho, calvo e que vestia uma túnica simples de linho, que apareceu junto a eles. O servo se curvou e já indicava o caminho para Alex.

— Por favor, eu prefiro que minha serva fique junto a mim – Alex pediu e Isinu e o servo olharam para ele como se não compreendesse.

— Se prefere assim — Isinu concluiu. – Mas não entendo, porque uma serva e não um servo, ela é tão magrinha e parece tão frágil –Continuou a falar de Jessica, como se ela estive ali, o que a deixou mais enfurecida ainda.

— Não parece, mas ela é muito forte e muito obediente – Alex olhava para Jessica, divertindo-se com a raiva estampada no rosto da garota e a luta que travava consigo mesma, para permanecer calada.

— Então, sua serva, cuidará do seu banho? Ou prefere que Arus o faça? – Isinu perguntou, solicito.

— Não se preocupe, Jessica cuidará de mim! – Alex deu um sorriso maroto e a cara de Jessica, completamente, sem jeito.

— Se você pensa que vou dar banho em você, Alex, está muito enganado! – falou, baixinho para ele, enquanto o servo os guiava até o banho.

— Você tem que representar seu papel. Não vai ser tão difícil assim – sussurrou para ela.

No primeiro aposento do banho, haviam nichos na parede para guardarem seus pertences, Alex começou a tirar a roupa, sem cerimônia na frente dela e do servo Arus, Jessica ficou de cabeça baixa, olhando para seus pés, envergonhada demais para olhar. Não está acostumada a ver um homem nu.

Nesse momento, o servo colocou nos braços dela toalhas de linho, óleos perfumados e esponja para banho, sempre olhando para o chão, ela só conseguia ver os pés de Alex, que seguiu, só erguendo a cabeça para uma rápida olhada, quando ouviu o barulho dele entrando na piscina de água quente, o caldário, que deixava o ambiente enevoado pelo vapor que emanava dela.

Arus seguia logo atrás deles, em silêncio, Alex relaxou na água quente, enquanto Jessica ficou parada ao lado da grande banheira sem saber o que fazer, Arus a olhava de modo interrogativo, esperando que ela tomasse alguma iniciativa. Sem saída, Jessica colocou as toalhas sobre uma das estantes da parede e se ajoelhou no chão de mármore, ao lado da banheira e começou a esfregar as costas de Alex, com força.

— Ai! – ele reclamou baixinho para ela. – Assim você vai arrancar minha pele!

— É o que você merece, por está me fazendo passar por tudo isso! – respondeu, sussurrando na orelha dele, mas suavizou os movimentos, mesmo com o vapor, Jessica podia sentir os músculos firmes e a pele suave e de um tom dourado perfeito das costas de Alex, sem irregularidade ou manchas, teve vontade de passar os dedos nela, para sentir a sua maciez, nunca tivera aquela intimidade com ninguém antes, principalmente, com um homem. O material áspero da esponja natural, ela percorria os ombros, braço e pés deles, Jessica estava agradecido por todo aquele vapor d’água no ar, dificultando a sua visão, pois seu rosto estava queimado de constrangimento. A situação ficou pior, quando ela olhou para o lado e Isinu estava nu, entrando na sala, abaixou os olhos, envergonhada, esperou até que ele entrasse na piscina junto de Alex e Arus começou a esfregá-lo.

— Este é um costume romano que eu aprovo, os banhos. Normalmente, uso os banhos públicos, são um ótimo lugar para saber de todas as novidades, gosto de me misturar com os mortais, pois, apesar de terem uma vida tão limitada e curta, perdem muito tempo com bobagens. – Isinu comentou, relaxando na água quente, enquanto Arus esfregava, suavemente, suas costas.

— Então, você está aqui como um espião? – Alex quis saber.

— Digamos, uma espécie de embaixador, mantenho o meu senhor informado – Isinu o corrigiu, com ironia.

— Anan?

Isinu o olhou com desconfiança.

— Sim, o Senhor do Oriente. É você, jovem guerreiro, o que faz por aqui?

— Uma viagem de conhecimento – Alex improvisou.

— Afinal, o que você quer conhecer, jovem guerreiro?

— Vamos passar para o frigidário – Alex disse, se levantando, Isinu o seguiu para outra sala, Jessica os acompanhou, sempre olhando para o chão, até a outra sala, mas, agora não havia mais o vapor d’água no ar, pois a piscina tinha água fria.

— Você não respondeu a minha pergunta. O que procura, jovem guerreiro? – Isinu insistiu, quando os dois se acomodaram na piscina

— Nada. Como eu falei é só uma viagem de conhecimento. Afinal, Roma é centro do mundo, atualmente.

— Sim, você está certo – Isinu concordou – Mas, algo me chamou a atenção, sua semelhança com o nosso o mestre, o Senhor dos ventos, Enlil.  Você seria um dos filhos dele?

— Não – mentiu Alex.

— E de quem você é filho?

— Minha família é de terras distantes, vivemos isolados nas ilhas do mar de fogo – explicou Alex

Isinu espreitou com dúvida, analisando, parecia não acreditar naquela história.

— Para mim, ainda acho muito estranho, um jovem imortal, como você, viajar sozinho com uma mortal. Não consigo identificar a sua origem, às vezes, você parece um dos nossos, um oriental, mas outra sinto como você fosse um ocidental.

— Eu sei que nessa situação delicada entre o oriente e o ocidente, minha presença pode ser suspeita, mas eu juro, que estou aqui só de passagem – Alex esclareceu, com meia verdade.

— Que situação delicada seria essa, meu jovem? – Isinu perguntou, encarou com os olhos em fogo e Alex percebeu que falou demais, tentou pensar em uma saída, mas não conseguiu. – Responda! Que situação delicada seria essa, meu jovem! – Isinu insistiu, já se levantando, na sua mão apareceu uma espada curva, era uma cimitarra dourada e ele a encostou na garganta de Alex, que ficou acuado, junto a borda da piscina, ao ver aquela situação, Jessica perdeu a vergonha, levantou a cabeça e estendendo a mão.

— Não! Espere! Eu posso explicar! – gritou, Isinu voltou-se para ela a espera. — Nós viemos do futuro — revelou, quase como um sussurro.


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